Bom, está minha primeira fic e ela será yaoi. Quero alertar logo antes que haja algum mal-entendido e alguém se sinta injuriado ou qualquer coisa do gênero. Como ainda estou desenvolvendo a história, o número de capítulos bem como seu andamento não terá a assiduidade que eu gostaria, mas vou tentar. Espero que agrade àqueles que, assim como eu, não tenham problemas com yaoi.
Antes de dar prosseguimento à fic, preciso declarar - de próprio punho - que não detenho a posse de nenhum dos personagens de Naruto, que foi criado por Kishimoto Masashi, e que todos os direitos quanto à propriedade intelectual da obra ,Naruto" pertencem ao seu criador.
E, como não poderia deixar de fazer, quero agradecer a dois amigos meus, Tici e Deidara.
- Tici, por ter lido meus rascunhos toscos no caderno de DIP e ter visto algum futuro nessa história bizarra; incentivando-me a continuar a escrever enquanto ela mesma copiava as aulas para depois me passar. Obrigada pelo apoio e atenção.
- Deidara, por ter me dado base para desenvolver a personalidade do Deidara, digo, sua personalidade. Obrigada por ter-me ensinado a filosofar com o Martelo. Ou seria ,obrigada por ter-me ensidado a filosofar com uma banana de dinamite"?
PRETO E BRANCO
Capítulo Um
-Como se Nasce-
Nunca fui desses de se apaixonarem perdidamente por alguém, minha única e grande paixão é a Arte; é a arte que me deixa vivo e a única razão pela qual vivo. A arte que é finita, a que sintetiza o propósito do homem, a que o consome e se mescla a ele numa massa única de corpos e almas para, ao final, destruir-se e destruí-lo: a arte explosiva, a MINHA arte, un!
Faço faculdade de artes plásticas na Universidade de Konoha e, mesmo que deteste esta cidade, a melhor universidade está aqui devo admitir, un. Estudo no CAO – Centro de Artes e Ofícios, mas chamamo-lo carinhosamente de CAOs, porque, de fato, a entropia aqui reina, e eu adoro!
Hoje seria meu grande dia, minha primeira exposição realmente séria e eu estava honestamente nervoso, apesar de nunca ter duvidado de minha originalidade e potencial artísticos, podem achar-me convencido, mas acredito que o primeiro passo para o sucesso deve vir de um auto-elogio e de uma autoconfiança afinal, quem irá acreditar em você se você mesmo não se acredita, un?! Muitos críticos estavam presentes e iriam avaliar nossas criações, atribuir notas e – eu tinha ouvido o pessoal comentar – estaria rolando até um possível contrato com uma galeria de artes até famosinha, ou seja, era o MEU dia, un!
Estava bem feliz, meu sensei havia dito que as chances de se fechar um contrato com a galeria numa exposição desse porte eram bem razoáveis e que ele contava comigo e com meu rival, digo, colega, Sasori, pois era bastante provável que um de nós dois conseguisse, o que era horrível para mim porque a antipatia entre o Sasori e eu era recíproca, un.
Tínhamos verdadeiros embates épicos eu e o Sasori. Brigávamos muito. Um que quisesse afirmar a superioridade de sua arte ao outro. Ele insistia em dizer que a arte foi feita para durar e ser eternizada e blá blá blá, uma balela ridícula afinal, a arte é a expressão sublime da vida e, assim como ela, tem um tempo: nasce, cresce e morre.
- Nada dura para sempre, mas apenas o tempo necessário para fazer do BANG final, inesquecível, unn! Infelizmente, essa concepção tão simples parece demasiado complexa para certas mentes obtusas, un. – eu lhe disse numa certa manhã.
- De fato... existe mentes tão obtusas que mal sabem diferenciar a arte de um mero apanhado de coisas mal-feitas...
- O quê você ta querendo insinuar baixinho, un, isso foi uma indireta? – eu estava me irritando.
- Não, foi uma direta mesmo.
Ficamos nos encarando e lançando olhares de ódio um pro outro e, quando nos preparamos para voltar a brigar, uma garota muito bonita de cabelos azuis interrompeu-nos:
- Tá bom, tá bom vocês dois. Nem eu, nem os colegas e muito menos o professor estamos a fim de participar da briguinha idiota de vocês.
Era a Konan, minha melhor amiga, uma das poucas pessoas que valiam a pena conversar. Ela era a melhor aluna de nossa turma e já tinha sido monitora por dois anos consecutivos; gostava das aulas dela e inúmeras vezes a incentivei a seguir a carreira docente e irritava-a dizendo que suas aulas eram melhores do que sua arte, ao que ela me respondia com uma tapa e uma frase:
- Minha arte não é simples dobradura de papel, não é apenas Origami. Minha arte consiste em dar vida ao papel, em tornar o bidimensional em tridimensional, o abstrato em concreto, o trivial em fantástico!
Ela se empolgava muito quando falava de sua arte, mais ainda porque, de fato, o que ela fazia era MESMO inacreditável, un!
Toda delicadeza de sofisticação de seus origamis davam-me uma vontade absurda de explodi-los, un! Ver a chuva de cinzas incandescentes... Ah! Isso sim seria realmente arte! Mas ela nunca me deixou explodir nenhuma de suas dobraduras e isso me frustrava um pouco.
O professor indicou cada um dos stands que ocuparíamos, o meu estava um pouco afastado dos demais porque minha arte... bem, ela é um tanto pouco convencional, un! Então, precisaria de mais espaço. Levei as esculturas, telas, colagens, tudo. A exposição seria um estouro! Estava ansioso.
Mas eis que surgem os estudantes de Direito do CCJ (Centro de Ciências Jurídicas)... Aiaiai... POR QUE, Kami-sama, por que a exposição é aberta ao público, hmm? Todos aqueles mauricinhos, engomadinhos, de terninho e gravatinha, falando um juridiquês de baixa qualidade e exibindo seus Vade Mecums atualizados; achando que só porque citam Ulpiano em latim são a ELITE PENSANTE do país... Blargh, que merda, hmm!
- Porra! Lá vêm os aspirantes a urubu. Será que só sou eu ou mais alguém queria que a exposição fosse privada?
- Não é só você não, Konan, eu também não queria que eles viessem, mas fazer o quê, hmm? – dei de ombros.
- Enfim... E então, artista, como vai a preparação da sua exposição? Pelo visto você ainda nem começou. Quer ajuda? Olha que o Sasori já terminou a dele, hein?! – ela tentou me provocar.
- Un? Ah! Obrigada, Konan, mas minha expo já ta toda pronta. Esqueceu que sou um artista caótico, hmm? – falei sério e ignorando a provocação dela.
- É verdade... É que olhando você assim tão sério e concentrado QUASE me fez achar que você era normal.
- Ah! Assim você me ofende, hmm! Normal, eu? Sai pra lá! Você que é certinha demais, hmm. – fingi aborrecimento.
- Obrigada, sou metódica. – ela se fingiu de superior.
- Um dia você vai me deixar explodir seus origamis e aí sim acordará para o que é o verdadeiro objetivo da arte, un! – abri os braços como se pudesse abraçar o mundo – Você ouvirá o BANG de seus sonhos e verá as cinzas deles caírem lentamente, como lágrimas... – filosofei.
- Só por cima do meu cadáver! – ela profetizou, rindo, enquanto me dava um ,pedala". – Vem cá, oleiro terrorista! – e me abraçou, afogando-me em suas clavículas pois eu sou uma cabeça mais baixinho do que ela, hmm. Que triste!
- Solte-me, Madonna do Papel! – empurrei-a brincando.
Ficamos rindo um do outro e eu quase tinha esquecido da exposição, quando um garoto ruivo e sem sobrancelhas balbuciou quase inaudivelmente:
- Entropia...
Parei o que estava fazendo e me dirigi a ele:
- Como? O que você disse hmm?
O garoto olhou-me como se não me visse. Sua expressão não demonstrava nada, acho que nem expressão ele possuía, hmm! Seus olhos estavam semi-cerrados e, quando me fitou, pendeu leve e lentamente a cabeça para um lado, como seu eu também fosse uma obra de arte a ser analisada; porém, ele parecia um doente mental - ou será que ele sofria de ausência, hmm? – Sei lá! Só sei que o garoto movia os lábios como se estivesse falando muito baixo com alguém. Ele era bizarro, hmm!
- Ei, moleque, o que você falou un?
O garoto ruivo, de repente, sacudiu a cabeça vigorosamente como se se despertasse de um feitiço. Olhou bem em minha direção e, como se um raio o tivesse trazido de volta à vida, ele disse:
- Ahn... Como? Ah! Perdoe-me sempai, eu estava apreciando estas peças e todo o caos que delas emana me fez pensar em entropia. Queria saber quem foi o artista que as fez.
Enchi-me de orgulho nesta hora, enchi os pulmões de ar e:
- Fui ê...
- Finalmente achei! Onde você estava? Vamos, estão todos esperando.
Maldito aluno de direito! Na hora em que fui me apresentar para o meu fã em potencial, chega esse urubu engomadinho de cabelo lambido e o arrasta pelo braço un.
- Eu estava apreciando a exposição e me detive nesta peça, sempai.
- Peça? Esse monte de lixo?! Já ta mais do que na hora de você rever seus conceitos quanto à arte, hein?! A única ,peça" com a qual você deveria se preocupar eram as peças de um auto de processo! – o garoto riu alto e forçado.
LIXO? Como assim?! Escutei certo?
- Lixo un?
- Sim, lixo. Impossível essas esculturas tão primárias serem consideradas arte! Até mesmo o mais mentecapto curumim da taba mais recôndita do País da Árvore consegue golfar uma coisa mais bonita do que isso! Para mim, não passa de lixo da pior qualidade. O artista – não, o COITADO – que fez isso deve ser um zero à esquerda!
Acho que não preciso definir minha reação unn. Fiquei com tanta raiva, tanto ódio que minha mente esvaziou; blackout total unn, e a única coisa – ridícula- que fiz, foi chorar.
Era terrível, mas quando algo me contrariava ou aborrecia demais, minhas glândulas lacrimais ganhavam vida própria e, por mais que e tentasse segurar, chorava vergonhosamente.
Aquilo não era verdade, ele não estava rindo de mim. Não existiam todas aquelas pessoas se agrupando à nossa volta e a Konan não estava histérica ao meu lado. Não. Eu não estava ali, aquele não era eu chorando, aquele não era eu dizendo: ,vou te mostrar o lixo unn!", assim como aquele não era eu voando no pescoço de um cara o dobro da minha altura e o triplo de minha massa corporal. Também não era eu sentado na barriga do cara e enfiando um de meus ,lixos" na boca dele e dizendo ,Ka..."
- DEIDARA, NÃO!
Um grito alucinado de minha amiga me fez virar em sua direção e, em seguida, senti um cruzado de direita que me fez voar. Logo depois, invertemos as posições. Eu que estava em baixo e sofrendo as conseqüências.
O mundo à minha volta estava silencioso e não vi e nem ouvi mais nada, apenas meu ódio; que começou a desaparecer à medida que o mundo, também foi desaparecendo para mim.
A última imagem que visualizei foi aquele garoto do cabelo lambido e prateado por cima de mim, sorrindo, punho em riste e dizendo:
- Você está morto, moleque!
Maldita autotutela unn. E maldita autodefesa!