De fato, Basilisk não me pertence. Mas eu posso garantir que sou a reencarnação do Hyouma.


A Dor do Mundo

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Se há uma incrível crueldade no mundo, somos apenas os frutos que nasceram dela.

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A espada perfurou sua carne e tocou o limite de sua alma. Nos braços, num último e desesperado ato, ele carregava o amor de sua vida, o amor de toda a sua cruel existência sob a Terra. Nos olhos estava a marca de seu destino como Shinobi. O destino de todo homem do mundo... a morte estava estampada no brilho fora de foco, a morte deitava com ele às margens do rio e os levava com ela para algum infinito desconhecido até mesmo pelo amor de ambos.

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Houve, há séculos, uma promessa que uniu duas almas numa só, a promessa de permanecerem juntos até o último e sôfrego segundo. Uma estranha combinação de corações de cores distintas. O azul e sombrio Kouga com a vermelha e intensa Iga. A última promessa cumprida juntou eternamente os corpos mortos de dois jovens pássaros. O plano era morrer juntos... Viver não fazia parte de seus destinos.

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Num fim de tarde, abraçados pelo crepúsculo laranja e infinito, Gennosuke e Oboro deram fim a uma guerra e partiram para a eternidade, envoltos de um amor proibido, indesejado e por muitas vezes abominado por intrusos que insistiam em adentrar suas mentes.

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Se de fato eram uma alma só, quem sabe a morte fosse o bem-feitor daquele sentimento, e os fizesse renascer em algum tempo pacífico onde nenhuma lâmina poderia ser cravada entre eles, nem empunhada por nenhum deles para mais uma vez os separar. Quem sabe a morte lhes desse a chance de poder nascer na complexidade de uma alma e cruzar o mundo como amantes que eram sem a dor de deixar pelo caminho o sangue daqueles que amam.

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O mundo se envergonha da crueldade que deu de presente a alguns de seus filhos. Aqueles que sentem prazer em levantar uma espada e guiá-la na direção do peito de um humano provido de algum amor. Assim, Deus nada tem a ver com os homens. A natureza é a única a abençoá-los com suas maldições e com seus dons. A culpa é do verde e carismático mundo, possuidor da alma mais cruel já vista nesse universo cinza.

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Talvez - apenas talvez - um dia a Natureza se arrependa de ser tão cruel com almas irmãs que jamais deveriam ter sido separadas. Talvez a Natureza peça perdão aos homens quando eles desistirem de se vingar dela.

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E, enquanto isso, a água do rio leva o sangue e os sentimentos deles embora.

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N/A: Ia ser um POV do Tenzen, mas eu tive a estranha vontade de ver o último episódio de Basilisk, e não fui capaz de ignorar os arrepios que Gennosuke e Oboro provocam em mim. Espero que tenham gostado.

Mandar Reviews faz bem à saúde. Talvez isso explique a minha gripe.