Titulo original: Reflections of us

Autor(a): Caranina

Tradutora: SrtaKinomoto

Disclaimer: Nada aqui me pertence, nem os personagens, nem a história, os quais pertencem a seus criadores, produtores e a autora.

Sumário: TRADUÇÃO. A primeira vez que Naruto vê Gaara ele vê a si mesmo refletido naqueles olhos que encaravam a janela. GaaNarGaa com um pouco de Kaka/Iru.


Gaara estava alastrado no assoalho olhando para o teto em branco. Em algum lugar distante um telefone tocou, mas ele ignorou. Notou a preocupação na voz da sua irmã quando ela falou com a secretaria eletrônica. Isso não importava, em algumas horas ela estaria ali com um irritado Kankurou a tira colo, logo, atender ao telefone era desnecessário. Com um suspirou o jovem catou em um bolso de suas agora arruinadas calças pretas, retirando um maço de cigarros e um isqueiro com dedos instáveis. Quando ele apertou uma das varas entre seus dedos e ascendeu, seu estomago fez sua presença conhecida. Ignorando, Gaara permitiu que seus olhos seguissem os redemoinhos e espirais de fumaças enquanto trazia o fumo aos seus lá os olhos, ele imaginou a nicotina sendo bombeada através de suas veias. Seu corpo tinha alcançado seu limite. Ele gostava desse sentimento, o adormecimento da sua mente vinha da exaustão total. Derrubando o cigarro no chão, ele girou seu olhar para a pintura que agora secava em um canto do quarto enquanto deslizava para a escuridão que só vinha desse modo.

"Kankurou."

"É, eu sei." Kankurou murmurou enquanto se abaixou para pegar seu irmão menor.

"Não o acorde." Temari disse enquanto girava e se dirigia a cozinha. Rolando seus olhos, Kankurou se dirigiu a sala de visitas com sua carga enquanto Temari começou a mexer na cozinha.

"Ele esta inconsciente." Kankurou murmurou enquanto aceitava a caneca que Temari o entregou. Ele estava sentado em uma poltrona no pé do sofá enquanto o mesmo acomodava o inconsciente Gaara.

"Deveríamos acordá-lo e tentar enfiar alguma comida abaixo da garganta dele ou deixá-lo dormir primeiro dessa vez?" Kankurou perguntou enquanto olhou fixamente no torço pálido de seu irmão. Quando tinha sido a ultima vez que ele tinha estado lá fora, na luz solar?

"Deixe-o dormir. Eu preciso ir fazer compras de qualquer modo, não tem comida decente nessa casa como o usual." Temari respondeu enquanto tocou delicadamente algumas mechas vermelhas dispersas. Ela somente ousava tocar seu irmão mais novo durante uma de suas crises.

"Você viu isso?"

"Como eu poderia não ter visto?" Temari respondeu. "Impressionante como sempre."

"É." Kankurou concordou enquanto rasgou seu olhar longe de seu irmão. "Eu me pergunto o que diabos ele quer fazer com esse."

"Eu vou estar de volta logo."

"Somente seja rápida."

Agarrando sua jaqueta do armário do corredor onde ela o tinha jogado mais cedo, ela saiu. Ela entendia Kankurou. Nenhum deles queria ser deixado sozinho com ele mais do que o necessário, mesmo que ele estivesse atualmente deitado em um sofá alheio ao mundo ao redor.

"Você está acordado." Temari disse enquanto sorriu gentilmente para um Gaara agora acordado. Gaara a ignorou enquanto lentamente se sentou, sentindo a faísca de vida em seu estomago. Estremecendo ele ficou em seus pés e se dirigiu ao banheiro sem reconhecer seus irmãos. Kankurou fez um movimento para ajudá-lo quando ele tropeçou, mas foi rapidamente parado por um brilho do ruivo. Com um encolher de ombros, o irmão mais velho recuou a cozinha.

"Você esta com fome?" Temari perguntou preocupada enquanto ela olhou seu irmão agarrar o punho de uma cadeira próxima para se firmar. Olhou com as sobrancelhas franzidas o aperto de Gaara na cadeira. Quando tinha sido a ultima vez que ele tinha comido?

"Não ainda." veio a resposta lacônica enquanto ele lentamente fez seu caminho até o banheiro. Sua voz era rouca do desuso.

"Eu vou ter alguma coisa pronta quando você estiver pronto." Ela disse suavemente sem esperar uma resposta antes de prosseguir para a cozinha para reaquecer o alimento que tinha preparado. Temari e Kankurou se sentaram em silencio enquanto escutaram o som distante da água correndo. Eles esperaram pacientemente enquanto o som parou somente para ser seguido momentos depois por um Gaara agora limpo de tinta, vestindo em calças pretas lisas e uma camisa vermelha escura. Temari tomou como sugestão para colocar a comida que ela havia preparado na frente deles. Os irmão comeram em um silencio nervoso, o mais novo parecendo estar ignorante ao incômodo dos outros.

"Gaara...o que você quer fazer com esse?" Kankurou perguntou quebrando o silencio incômodo enquanto olhou seu irmão com atenção. Ele tinha aprendido de maneira dura a nunca tocar nas pinturas de Gaara sem saber explicitamente o que Gaara queria. Ele ainda tinha cicatrizes daquele dia. O dia que ele tinha entendido um grunhido de um semi-consciente Gaara como permissão para mover a pintura para a galeria de arte que os irmão possuíam e o único lugar onde o trabalho de Gaara era posto para a exposição e vendido. Para encurtar a historia, Kankurou tinha passado seis semanas em um hospital com uma concussão, quatro costelas quebradas e uma ferida de faca. Assim ele tinha aprendido sua lição e continuou a encarar os olhos de seu irmão.

"Faça o que você quiser." Gaara sussurrou enquanto mastigava lentamente.

"Você...você tem certeza?" Temari perguntou. Sua resposta foi um relance irritado. Gaara não gostava de se repetir.

"Certo. E se nós adicionássemos a próxima mostra?" Kankurou perguntou nervosamente enquanto ele olhava de relance de Gaara para Temari e de volta. Esperando por uma objeção do ruivo que nunca veio, Temari assentiu.

"Nós podemos fazer isso." ela disse forçando um sorriso. Gaara continuou comendo em silencio enquanto ouviu seu irmão e irmão planejarem os detalhes da próxima mostra. Os irmão tinham aberto a galeria três anos atrás usando algum do dinheiro sangrento que seu pai tinha deixado para trás. Nenhum deles queria depender particularmente dos fundos que tinham herdado de um homem pelo qual eles não tinham nenhum amor. Tinha sido idéia de Gaara, uma que tinha surgido ao olhar fixamente a pintura recém terminada de uma tempestade rasgando um navio a fragmentos. O tema era comum, mas possuía uma áurea de assombro que fazia a pessoa que olhava se perder no momento que estava congelado na pintura. Tinha somente algumas horas, mas ele já estava pronto para destruí-lo.

"Quando você acha que isso vale?" Gaara tinha perguntado sem rodeios a seu irmão e irmã quando esta aprestes a queimar sua mais nova realização. Temari e Kankurou tinham estados preparados para testemunhar a morte violente de outro trabalho. A ultima coisa que eles esperavam era serem perguntados quanto aquilo valia. Isso tinha sido a três anos atrás e a galeria tinha crescido de uma pequena loja de canto a uma das galerias mais conhecidas da cidade de Konoha. Tinha sido uma oportunidade deles começarem de novo quando eles tinham se movido primeiramente para Konoha, embora Temari ainda tivesse duvidas de quão eficaz a mudança tinha sido.

Gaara era elogiado como um gênio pelo que ele criava ainda que ninguém soubesse quem tinha criado aquelas peças a venda na galeria. Suas pinturas sempre eram assinadas usando o pseudônimo Shukaku e ele nunca tinha visitado a galeria ou as exposições que haviam a cada poucos meses para mostrar seus trabalhos mais recentes junto com os dos outros artistas que tinham sido adicionados a galeria com o passar dos anos. As perguntas a respeito de Gaara não eram toleradas e os visitantes da galeria aprenderam isso rapidamente. Tornou-se uma novidade, o recluso e misterioso gênio que criava as obras primas que pareciam prontas para pular de suas telas a qualquer instante. O publico amava o mistério que cercava a criação das pinturas e frequentemente levantavam teorias próprias sobre como ele era. Honestamente ele não se importava com o que as pessoas pensavam do seu trabalho, ele pintava para si mesmo e somente para si mesmo. Pintar era um escape, o mantinha são em certo nível. Era tudo que ele tinha. Derramaria tudo o que sentia na tela; deixava suas emoções fluir com a tinta, o único escape que ele sempre teria. Se pessoas queriam dar dinheiro por suas criações então deixe-as dar, ele as destruiria no fim de qualquer jeito. Ele não se importava com o que acontecia com elas, desde que saíssem da sua vista. As únicas que ele mantinha eram as pinturas que refletiam sua alma. Essas eram aquelas que eram trancadas em seu estúdio e deixadas lá. Essas eram aquelas que o faziam ficar acordado por dias somente para acordar com o choro quieto de Temari e um cansado Kankurou pairando não muito longe dele. Essas eram pinturas que tinham causado a cicatriz que ele tinha feito em sua testa uma década atrás e ainda doía como se fosse recente. Essas eram as pinturas que ele nunca venderia.

Empurrando seu prato para longe, Gaara se levantou.

"O que você esta fazendo? Você mal tocou na sua comida." Temari disse com as sobrancelhas franzidas enquanto olhou de relance para o prato que Gaara tinha empurrado afastado. Kankurou prendeu sua respiração enquanto seu irmão mais novo congelou. Ele disparou um apavorante olhar de relance em sua irmã enquanto via que ela tinha percebido seu erro. Ela simplesmente não podia manter a boca fechada algumas vezes.

"Saiam daqui e levem isso com vocês." Gaara colocou para fora antes de andar silenciosamente para o quarto. Ele tinha acordado em um modo particularmente ruim, aparentemente ele não tinha estado exausto o bastante porque ele tinha sonhado. Sem esperar ser dito uma segunda vez, Kankurou saiu rapidamente do seu assento e foi para o estúdio de Gaara.

"Você tinha que irritá-lo, né." ele rosnou para sua irmã enquanto agarrava os lados da tela, cuidadoso para não tocar na pintura.

"Não começa. Olha pra ele, quanto tempo você acha que ele vai durar nesse ritmo? Ele não come, ele não dorme. Ele esta ficando pior Kankurou. Ele é meu irmão mais novo Kankurou e não tem jeito-"

"Corta essa Temari. Ele é meu irmão mais novo também. Você não é a única que esta preocupada com ele. Eu sei em que estado ele está. Eu estou aqui toda vez que ele tem uma crise; você não acha que eu vejo o que ele esta fazendo a si mesmo? Você nunca pergunta o que ele esta fazendo merda! Sabe disso! Se Gaara quer sair sem comer então você o deixa fazer isso, merda. Você sabe o que acontece quando você tenta fazer ele fazer algo que ele não quer." Kankurou sussurrou asperamente enquanto se diria a porta da rua com Temari em seus calcanhares.

"Então o que? Nós simplesmente vamos deixá-lo morrer de fome?" Temari cuspiu, completamente irritada em ambos os seus irmãos.

"Não é o que eu disse, mas se você quer mantê-lo de fazer exatamente isso nós precisamos ficar no seu lado bom, não o irritar! Pelo menos quando ele esta de bom humor podemos forçar alguma maldita comida em sua garganta, mas quando você vai e o irrita e provavelmente vai tentar nos matar antes que nós possamos sequer falar uma palavra!"

Temari deu a Kankurou um olhar.

"Não acha que esta sendo injusto com ele? Ele não tem sido violento em meses."

"E eu gostaria de manter desse jeito muito obrigado."

Mordendo sua língua, Temari seguiu sua irmão para a porta da frente. Ela sabia que Kankurou estava certo. Simplesmente por que Gaara não tinha posto ninguém no hospital ultimamente não significava que eles podiam abaixar a aguarda. Se quisessem que Gaara continuasse a permiti-los na sua vida eles precisavam se manter alertas. Isso era mais fácil de fazer do que falar quando eles não sabiam o que iria afeta-lo. Ainda, ele era seu irmão mais novo e Temari seria amaldiçoada se deixasse que ele a deixasse. Temari suspirou em frustração enquanto fechou a porta atrás dela.

Gaara ouviu as vozes de seu irmão e irmã desaparecerem com o fechamento da porta da frente. Se eles queriam perder o tempo deles se preocupando com ele então estava tudo bem para ele desde que eles ficassem fora de seu caminho. As vidas eram deles; eles podiam fazer o que diabos quisessem com elas desde que eles não tentassem o parar de viver sua vida do jeito que ele que eles entendessem essa única coisa então ele não teria que prejudicá-los. Procurando em seu armário, o ruivo vestiu calças pretas e uma camisa marrom. Puxando um casaco, ele colocou suas chaves, carteira, cigarros e isqueiro em seu bolso e saiu. Ele precisava de uma distração de seus fantasmas. O ar fresco soprou em sua pele fazendo-o tiritar ligeiramente. Não tinha saído por mais ou menos um mês e o ar que acariciava sua pele pálida era bem vindo. Era tarde, as ruas estavam quase vazias. Isso era como Gaara gostava. Ele odiava o alvoroço do dia enquanto as pessoas cuidavam de suas vidas patéticas. Acendendo um cigarro, Gaara começou a andar. Ele ainda estava cansado, mas no momento ele realmente não se importava. As poucas pessoas que passavam simplesmente olhavam de relance para ele antes de seguirem seu caminho.

Não estava certo de quanto ele tinha andado ou quão tarde era quando ele encontrou. Estava escondido confortavelmente em um canto com sua entrada secundária mais adiante. Sem pensar Gaara entrou. Normalmente não visitava lugares como esse, mas esse lugar o tinha atraído. Talvez fosse o vazio do restaurante ou talvez fosse simplesmente o fato de que estava em um lugar diferente de onde vivia. Uma jovem com cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo o cumprimentou na porta.

"Um...eu sinto muito, mas nós estamos fechando em 30 minutos e a cozinha já fechou por essa noite." Ela disse polidamente encarando o ruivo. Gaara dispensou seu comentário e permitiu que seus olhos vagassem pelo restaurante. Era um lugar singular. Ele supôs que era o tipo de lugar que as pessoas chamariam de romântico. As mesas estavam arrumadas para dar a sensação de privacidade a seus consumidores. A iluminação era suave e elegante, causando sombras nos lugares certos.

"Chá." Ele disse simplesmente enquanto consultou o restaurante com os olhos. Vendo uma mesa vazia em um canto afastado, ele andou até lá e se sentou não se incomodando em esperar uma resposta da garota. Com um suspiro resignado, a garota foi buscar o chá.

"Qual o problema Ayame?" Naruto perguntou quando uma Ayame frustrada entrou na cozinha.

"Ele não vai sair." A menino de cabelos castanhos disse exasperada. "Ele só se sentou lá, mesmo eu tendo dito que nós vamos fechar em 30 minutos!"

"Por que você simplesmente não pediu para ele sair?" Naruto perguntou confuso enquanto continuava a colocar os ingredientes para fora. Ayame olhou para Naruto como se questionasse sua sanidade.

"Tão ruim assim? Certo, eu vou cuidar disso. Por que você não vai pra casa e eu fecho essa noite? Ino já foi? Diga ao velho que eu espero que ele melhore logo."

"Ela saiu a uma hora atrás. Não tinha ninguém aqui mesmo então eu disse para ela ir. Muito obrigado Naruto e eu vou dizer a ele." Ayame disse enquanto acenava e saia da cozinha.

"Sem problema." Naruto respondeu sorrindo enquanto a menina saía. Com um suspiro, o loiro removeu seu avental e deixou a cozinha. Rastreou o restaurante procurando pela fonte da frustração de Ayame. Uma massa de cabelo vermelho chamou sua atenção e Naruto se dirigiu para ele. Quando estava a ponto de pedir para o homem sair, Naruto viu o reflexo de seu rosto no vidro através do qual ele estava encarando. Gaara parecia permanecer alheio ao fato de que estava sendo encarado enquanto continuou a olhar pela janela. Naruto olhou de relance aos pálidos e magros dedos envolvidos em torno da xícara do agora morno chá. Sem dizer uma palavra Naruto girou ao redor e se dirigiu para a cozinha. Ele entendia agora porque Ayame tinha hesitado em pedir para o ruivo sair. O loiro reapareceu alguns minutos depois segurando duas bacias e hashis. Ele colocou uma bacia e um par de hashis na frente do jovem antes de se sentar.

"Eu comeria isso antes que ficasse frio se eu fosse você." Naruto disse quando soltou seus hashis e ruidosamente atacou seu próprio ramen. Acordando com a voz, Gaara olhou de relance para o menino que sugava seus macarrões e então para a bacia fumegante na frente dele, confuso.

"É ramen de porco, minha especialidade e favorito. Experimente. Eu ainda estou para conhecer alguém que não goste do meu ramen." Naruto disse orgulhosamente enquanto olhou o ruivo na frente dele. Gaara olhou para o menino que tinha se imposto em seu espaço pessoal, mas não fez menção de tocar na comida posta em frente a ele.

"Sabe, nós fechamos a uma hora."

Gaara piscou nele e olhou seu relógio. Era quase meia noite.

"Não se preocupe. Você pode compensar comendo o ramen." Naruto riu enquanto apontou para a bacia. Lentamente Gaara soltou seus dedos da xícara de chá e pegou seus hashis. Ele hesitou enquanto inspecionou o conteúdo da bacia.

"Não se preocupe não tem veneno ai e é grátis também."

Naruto observou enquanto Gaara trouxe gradualmente alguns macarrões a boca e provou.

"Bem, o que você acha?" Naruto perguntou expectante. Gaara ignorou a pergunta. Como se finalmente vindo a uma conclusão, o ruivo atacou a bacia na frente dele.

"Bom, não é? Ramen tem que ser a melhor comida já inventada. Eu podia viver disso mas é claro que Iruka não me deixaria, mas eu como isso toda chance que eu tenho. É isso que é tão bom sobre trabalhar aqui. Eu posso ter ramen de graça. Claro que o velho estabeleceu um limite. Ele disse que o colocaria fora do negócio se ele me deixasse comer tanto ramen quando eu quisesse. Iruka diz que eu tenho um buraco negro em meu estômago."

O loiro estava começando a raspar em seu nervos com a vibração incessante, mas o ramen era bom e ele não tinha tido uma refeição própria em dias então Gaara decidiu deixá-lo continuar. Na verdade o único motivo que ele não tinha esmurrado o loiro na frente dele por falar com ele era o ramen que agora estava enchendo sua garganta.

"A propósito meu nome é Naruto, qual é o seu?"

"Eu não poderia me importar menos com qual seu nome é." Gaara disse ao abaixar a bacia agora vazia.

"É, você não é o único." Naruto sussurrou enquanto trazia sua própria bacia até os lábios e a sugava. Gaara observou o menino sob a guise de um brilho mortal. Ele tinha uma massa de cabelo loiro que ficava sem ordem sob a sua cabeça. Abaixando a bacia, Naruto sorriu quando pegou Gaara brilhando nele, parecendo imperturbável pelo comentário anterior e ao olhar que lhe era atualmente visado. Gaara permitiu que seus olhos passassem rapidamente pelo rosto do menino. Três finas cicatrizes se alinharam em cada bochecha do menino lhe dando um ar ligeiramente feroz. Embora o efeito não fosse ruim, ele era apelativo. Surpreendentes olhos azuis o encaram de volta brilhando com diversão. Gaara permitiu que seu olhar atravessasse aqueles olhos. Naruto remexeu-se sobre o forte olhar.

"Bem...por mais divertido que comer com você seja eu preciso fechar. Desde que você aproveitou tanto meu ramen, por que você não volta amanha e eu farei mais pra você. Embora você vá ter que pagar dessa vez. Então talvez você estará disposto a me dizer o seu nome." Naruto disse brilhantemente enquanto ficava de pé.

"Não tenha a idéia errada só porque eu permiti que você sentasse comigo e o animei por comer esse lixo que você colocou na minha frente. Saia do meu caminho." Empurrando o menino de lado, Gaara saiu do restaurante. Balançando a cabeça, Naruto pegou as duas bacias.

"De nada." Ele chamou enquanto observava a figura de Gaara recuar.

Gaara estava alastrado no assoalho do estúdio encarando o teto. Estava cansado, mas como sempre o sono era um somente um breve memória. Pouco a pouco ele analisava o que tinha acontecido, tentando compreender suas ações. Por que ele tinha entrado no restaurante em primeiro lugar? Por que ele não tinha saído quando o loiro tinha se sentado primeiramente? Por que o menino tinha colocado o ramen na frente dele em primeiro lugar? Inferno, ele nem sequer gostava de ramen mas tinha devorado como um cão faminto. Então por que ele estava implorando mais pelo ramen que esse cara tinha feito? Provavelmente por que ele não tinha comido por muito tempo. Era simplesmente natural que seu corpo tivesse ânsias. Ele estava realmente tão faminto para aceitar comida de um perfeito estranho? Temari tinha cozinhado o bastante para pelo menos uma semana. Era verdade que Gaara não podia se impedir de assumir o fato de que o ramen do cara provava melhor do que o que Temari cozinhava. Gaara rosnou nas perguntas não respondidas e comentários desnecessários. Mais ele pensava nisso, mas irritado ele ficava. Levantando a seus pés, ele tirou sua camisa e agarrou o pincel mais próximo em frustração.

"Ei Naruto, aqui tem um pedido pra você." Ino disse ao entrar na cozinha com um pedido na mão.

"A essa hora da noite?" Naruto perguntou irritado. A única vez que eles recebiam pedidos tão tarde era no fim de semana e era somente quinta feira. Naruto suspirou enquanto olhava para o pedido.

"É, algum ruivo assustador."

"Ruivo huh?" Com um sorriso largo Naruto foi trabalhar. "Eu vou levar isso para ele Ino." A jovem mulher olhou o loiro curiosamente antes de se dirigir novamente para fora.

"O que você quiser Naruto." Ela não iria reclamar. Com um aceno ela voltou a limpeza das mesas.

Gaara se sentou na mesma mesa da noite passada antes de olhar pela janela, seus dedos mais uma vez envolvidos em uma xícara de chá que estava lentamente ficando fria. Os únicos outros consumidores no restaurante eram um jovem casal que não pareciam poder manter suas mãos um do outro. Gaara disparou um brilho particularmente desagradável quando a mulher riu um pouco alto demais.

"Aqui esta você." Naruto disse enquanto colocava a bacia na mesa. Gaara encarou a bacia por um momento antes de pegar seus hashis.

"Então você gostou do meu ramen tanto assim, né?" Naruto sorriu torto enquanto se sentou em seu regular lado oposto. Gaara o ignorou e começou a comer; somente que dessa vez ele resistiu ao impulso de arar através da bacia de ramen e preferivelmente comeu cuidadosamente lento.

"Você não fala muito, fala?"

"Você só fala demais." Gaara murmurou entre mordidas. Um baixo burburinho travou a atenção de Gaara fazendo-o levantar o olhar de sua bacia. O loiro estava rindo; seus olhos azuis faiscando brilhantemente quando ele encarou o ruivo de volta. Gaara inclinou sua cabeça ligeiramente no som. Quando tinha sido a ultima vez que ele tinha realmente ouvido alguém rir em sua presença?

"Você não é a primeira pessoa a dizer isso." Naruto disse enquanto continuou a observar o menino comer.

"Gaara."

"Huh?"

"Meu nome...é...Gaara."

"Prazer em conhecê-lo Gaara. Eu sou Naruto."

"Eu já sei quem você é." Gaara disse, seu olhar dizendo claramente que Naruto não deveria ser muito brilhante.

"Oh sim, eu te disse meu nome ontem, né." Naruto disse acanhado enquanto friccionou a parte de trás da sua cabeça. Gaara rolou os olhos enquanto continuou a comer. Esse cara era realmente tão denso?

"Ei Naruto, posso ir? Minha carona esta aqui." Ino chamou enquanto deslizou em sua jaqueta. Naruto olhou de relance ao redor do restaurante notando que não tinha ninguém mais lá.

"Claro Ino. Eu vou fechar pelo resto da semana também. Teuchi machucou as costas e Ayame tem que cuidar dele então ela não vai ficar para fechar."

"Certo, vejo você amanha." Naruto acenou para a menina antes de virar novamente para ao menino a sua frente.

"Então Gaara você vive por aqui?"

"Por que você quer saber?"

"Só curiosidade eu acho. Não se preocupe não é como se eu fosse perseguir você ou coisa assim." Naruto riu enquanto levantou suas mãos defensivamente.

"Você não poderia mesmo se quisesse." Gaara indicou enquanto afastou a bacia agora vazia. Naruto piscou na indicação.

"...bem, isso é bom de saber."

"Ei, espere aqui um pouco." Naruto disse enquanto pegou a bacia e saiu.

"Não vá a lugar nenhum." Ele gritou sobre seu ombro. Gaara estreitou seus olhos no menino que corria para os fundos do restaurante, irritado no fato que ele tinha ousado lhe dar uma ordem. Ainda sim ele permaneceu sentado. Não era como se ele tivesse qualquer outra reunião de emergência no momento.

"Eu estou pronto." Naruto disse enquanto sorriu ao outro menino. Gaara olhou para cima somente para estremecer na vista diante dele. Naruto estava vestido em jeans azuis escuros e em uma camiseta preta. Entretanto não tinha sido isso que o tinha feito estremecer. Era a medonha jaqueta preta e laranja que o loiro tinha vestido quando disse que estava pronto. A despeito disso Gaara não podia evitar que a jaqueta combinava com Naruto. Talvez por que era tão subtil como uma tonelada de tijolos e exigia atenção. De qualquer modo ele tinha certeza que se qualquer outro usasse isso pareceria um idiota completo.

"Bem, vamos lá, não fique só sentado ai." Naruto disse impaciente. Gaara levantou-se a seus pés calmamente e seguiu Naruto para fora do restaurante.

"São 11:30 agora então eu tenho uma hora antes de precisar ir pra casa. Então...o que você quer fazer?" Gaara não respondeu; em vez disso ele pegou um cigarro de seu bolso e o iluminou.

"Sabe, essas coisas vão matar você." Naruto indicou enquanto encarou o outro menino. A resposta de Gaara foi um olhar que indicava claramente que ele não estava nem ai. Com um encolher de ombros Naruto começou a andar esperando Gaara seguir. Gaara hesitou por um minuto então decidiu que não iria doer seguir. Não era como se Naruto pudesse o machucar de qualquer modo e ele tinha perguntas que precisavam de respostas. Estava frio e o vento que ricocheteava entre seus cabelos com certeza não estava ajudando enquanto eles andavam no silencio amigável. Gaara não podia se impedir de olhar de relance a pessoa andando ao lado dele. Naruto era um enigma. Em vez de tentar escapar de sua presença, Naruto na verdade o procurava. Na verdade quase parecia que apreciava a companhia de Gaara enquanto andava com suas mãos atrás da cabeça e um sorriso ligeiro.

"Ei Gaara quantos anos você tem?" Naruto perguntou se metendo nas reflexões da cabeça ruiva. Sua perguntou acordou Gaara fazendo com que ele parasse e encarasse Naruto. Percebendo que ele não estava recebendo uma resposta Naruto parou e se virou.

"Você tá bem?"

"Sim." Gaara silvou enquanto recomeçou a andar.

"...ok." Naruto franziu as sobrancelhas ligeiramente, mas continuou com sua pergunta anterior.

"Então?"

"Então o que?"

"Você não respondeu minha pergunta...certo então eu só vou ter que adivinhar. Vamos ver..." Virando para o lado, Naruto examinou o outro menino. Ele notou que eles tinham mais ou menos a mesma altura, mas as semelhanças paravam ai. Enquanto Naruto não era de nenhum maneira esquelético, Gaara era extremamente magro, embora isso fosse duro de dizer por sobre as camadas de roupa que o ruivo atualmente desgastava, Naruto se lembrava dos dedos magros que tinham se envolvido ao redor da xícara de chá. Enquanto Naruto tinha uma cor morena saudável por estar constantemente do lado de fora, Gaara era pálido de morte. Deixou uma risada escapar quando pensou que ele era até mais pálido do que Sasuke.

"Pare com isso!" Gaara agarrou em irritação. Ele estava rapidamente se tornando desconfortável enquanto ele via o loiro o varrer com os olhos.

"Desculpe." Naruto murmurou enquanto um fraco cora apareceu. Ele não tinha pretendido encarar tanto.

"Eu suponho que você tem mais ou menos dezessete, certo?" Naruto continuou em um esforço para quebrar o silencio desconfortável que tinha surgido. Sua única resposta era um assentimento ligeiro que indicasse que ele estava certo.

"Eu sabia. Você é tão velho quanto eu. Sabe eu comecei a trabalhar no Ichiraku a um ano atrás. Eu costumava comer muito lá e o velho finalmente me ofereceu um emprego." Assim começou as divagações de Naruto sobre as muitas aventuras no restaurante. Num primeiro momento Gaara escutou o ritmo da voz do loiro, permitindo que lavasse através dele. Por um momento ele ser pergunto se isso se tornaria um som familiar em sua vida, mas rapidamente suprimiu esse pensamento. Ainda, Gaara tinha que admitir que parte dele tinha se sentido ligeiramente excitado no pensamento. Não foi muito tempo depois que Gaara parou de ouvir de todo. Sua mente tinha voltado a sua tentativa de entender o enigma vibrante ao lado dele e identificar as razões de seu próprio comportamento. A teta de Gaara sulcou em frustração enquanto ele se esforçou para entender porque esse menino tinha adquirido um interesse tão repentino nele e porque em vez de deixar Naruto sangrando ele permitia que ele falasse em suas orelhas enquanto o seguia como um idiota cego.

"Por que?" Gaara perguntou abruptamente. Naruto parou e virou confuso o rosto para encarar o menino ao lado dele.

"Por que o que?"

"Por que...você esta aqui?" Gaara perguntou franzindo as sobrancelhas.

"Por que nós estamos saindo por ai?" Naruto perguntou confuso.

"Não! Não eu quero dizer...comigo...por que você esta aqui...comigo?" Gaara perguntou se esforçando para dar forma a pergunta certa.

Naruto encarou de volta dentro dos olhos verdes que estavam o observando com atenção. Por um momento, ele deixou seus olhos vagarem no rosto do outro notando o brilho da pele lisa do ruivo, pele pálida somente marcada pelos pesados anéis escuros sobre seus olhos. Naruto franziu a sobrancelha ligeiramente quanto ele percebeu o que os círculos queriam dizer. Eventualmente seus olhos cintilaram para o "Ai" marcado asperamente na testa de Gaara. Gaara imediatamente enrijeceu quando travou o reflexo do movimento dos olhos e a breve pergunta que nadou neles. A mudança não passou despercebida por Naruto. Por um minuto a cintilação de divertimento sempre presente nos olhos do loiro desapareceu.

"Por que você?" Naruto perguntou enquanto ele olhou com atenção dentro dos olhos verdes enquanto ele lentamente começou a perceber que entender Gaara significava poder entender o que seus olhos estavam dizendo. Seu rosto era permanente uma mascara sem emoção, mas ele não podia esconder o que sentiu verdadeiramente, em seus olhos. Só era preciso aprender a escutar o que seus olhos estavam dizendo.

"Você parece uma pessoa legal eu acho." Naruto disse quando um sorriso largo foi emplastrado de repente em seu rosto e seus olhos se curvavam para cima. Gaara estreitou seus olhos no menino enquanto apertou os punhos. Olhando de relance para seu relógio, Naruto praguejou.

"Eu tenho que ir. A propósito nos fins de semana o restaurante fica realmente cheio e fica assim até que feche então...bem, vejo você por ai Gaara." Com isso Naruto virou e correu. Gaara observou enquanto a jaqueta laranja desaparecia a distancia antes de se virar na direção de seu apartamento. Nem por um segundo ele tinha acreditado que a resposta de Naruto para a pergunta era tão simples. Em vez de conseguir respostas, ele tinha sido deixado mais confuso. Por que Naruto tinha dito a ele que o restaurante estaria cheio? Gaara zombou, o idiota estava assumindo que ele viria novamente. Gaara nem sequer gostava de ramen.