Quando morrem as palavras

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Essa fic estranha é um presente para o Aldebaran
Naruto não é meu, nem nunca vai ser. E daí?

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"O pecado mora ao lado e o paraíso paira no ar..."
(Engenheiros do Hawaii – Parabólica)

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As palavras se suicidavam antes de sair dos lábios e eram esquartejadas por gemidos roucos. O juízo chutava a porta do céu e gritava com os anjos para que saíssem do caminho; a loucura apresentava-se de forma encantadoramente sedutora, invadia o paraíso e subjugava os santos. A insanidade os jogava no nirvana, a carne os tornava Deuses.

E em meio a uma jaula de desejos, ambos se perdiam entre os próprios dedos e lábios, impregnados um no outro, algemados na vontade demente de devorar os sentidos em um momento epilético de prazer, algemados na cama, no espaço dos suspiros, no quarto mudo que não compartilhava com o mundo lá fora o que ouvia.

E o quarto ouvia seus nomes... murmurados sem fazer nem um sentido. O quarto ouvia os suspiros, os risos e o ranger de madeira do móvel em que se encontravam os corpos ávidos e torpes dos dois rapazes.

- Estou exausto... - sussurrou um deles, com seus cabelos loiros colados à fronte molhada. - vamos dar um tempinho, Kiba...

- Sem essa, Naruto! Fazia tempo que não tínhamos um tempinho pra gente... vem cá, vem. - A voz insinuante do moreno evocava os mais intensos delírios de seu corpo.

E as bocas se encontravam, intercalando o cansaço dos pulmões. Os olhos fechavam-se para não parecerem estúpidos quando se reviravam no instante que precedia os arrepios.

Kiba e Naruto estavam em um estado de quase sonho, que é quando nossos corpos ultrapassam os limites da necessidade, tocam a vontade de querer superar a capacidade física e apertam com força o prazer de se entregar completamente à luxúria.

Suas línguas se tocavam com calma; eles sabiam dispor do tempo que quisessem. Eram os Deuses das próprias vontades.

Quando caía o anoitecer, a janela trazia o prelúdio de uma madrugada fria. Mas o cobertor sequer precisava marcar presença para aquecê-los. Bastava a pele, o abraço e o movimento. Tudo o mais se jogava da ponte. Restavam apenas eles em um quarto mudo.

- Gosto mesmo de você, Kiba. – disse Naruto, quase enxergando um pedacinho do firmamento estrelado pela janela.

- Você gosta de todo mundo – comentou o moreno.

- Gosto mais de você – ponteou o loiro.

- E o que faria por mim? – desafiou, oferecendo um de seus sorrisos caninos, lotado de idéias malucas.

- Até milagres! – e riu.

- Quero ir pro paraíso. Pode me levar até lá?

- Não pela forma padrão, usada por kame-sama, mas posso dar meu jeito, dattebayo!

E de novo as palavras morriam, dando lugar à rouquidão do êxtase e à dança dos minutos notívagos em que o calor respondia a todas as expressões por eles. Os sorrisos eram desenhados nos rostos, em traços vivos.

O suicídio do verbo era a razão pela qual viviam os suspiros. Não existiam formas gramaticais suficientes nesse mundo para descrever o paraíso, mas Kiba tinha certeza que o estava vendo.

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N/A: UAU! Impressão minha ou essa fic tem mais metáforas que o Novo Testamento? O.O'

Dan, meu caro, eis a Kiba/Naruto que prometi a você há quarenta e dois séculos. Sei que o tamanho não justifica o tempo... Mas eu sei que você é um cara legal e vai relevar esse detalhe ínfimo.

Eu quero reviews. E quem quiser favoritar sem mandar reviews, sério, vá favoritar o diabo! Ele não exige reviews! Exisge tua alma, mas isso é detalhe. RÁ! Reviews, cacetambs!