Every You & Every Me

Autor: Rebeca Maria

Categoria: spoilers até a 3ª temporada e alusão da 4ª.

Advertências: Futuro smut, Angst.

Classificação: M/MA - Nc17

Capítulos: E este é o vigésimo sexto

Completa: Sim

Sinopse: "É sempre tudo sobre você e tudo sobre mim, Temperance! Sempre. Eu quero fazer com que seja tudo sobre nós!"


Every You & Every Me

Capítulo 26

Every Us

Booth & Bones

Romance

Smut


EVERY US

"É sempre tudo sobre mim e tudo sobre você, Temperance." – ele falou, com a voz rouca e baixa. Sexy. Ela prendeu a respiração quando ele aproximou os lábios do ouvido dela – "Sempre!" – ele baixou os lábios e beijou levemente a curva do pescoço dela para depois voltar a olhar para ela, com a boca a centímetros de distância da de Brennan – "Eu quero fazer com que seja tudo sobre nós!"

Ele fechou os olhos, e Brennan pôde parar por alguns segundos para olhar o rosto dele. Estava meio tenso, meio contorcido. Os músculos numa expectativa que ela podia ler apenas pela expressão dele.

Ela ergueu a mão e tocou o rosto dele. Booth não abriu os olhos, mas virou levemente a face até que sua boca beijasse a palma da mão dela. Brennan passou a mão por todo o rosto dele. Sentindo a pele e a barba por fazer. Passou as pontas dos dedos pelo nariz e pelos lábios de Booth, e sentiu-o prender a respiração. Então ela retraiu a mão por alguns segundos, em que ele permaneceu com a respiração presa e com os olhos fechados.

Então ela espalmou a mão sobre o peito dele, por cima da camisa, do lado esquerdo.Tum. Tum. Tum.Repetidas vezes. Muito rápido. Ela baixou a cabeça, olhou para a própria mão.

"Faça." – ela sussurrou, com a voz tão baixa que só quem estivesse tão perto dela, como Booth estava, ouviria. E então ela ouviu-o soltar a respiração.


"O que é isso?"

"Partículas de terra."

"Ok, partículas de terra no fêmur. E o que significa?"

"Que a vítima foi encontrada num lugar com muita... terra."

"Certo."

"Eu já tenho o desenho do rosto da vítima."

Doc farejou ao redor. Latiu uma vez. Sentou e ficou olhando para os ossos. Um segundo depois ele ergueu-se, colocando as patas em cima da mesa de análises e, rapidamente, apanhou o fêmur com certo cuidado entre os dentes e saiu correndo. Parou quando chegou à frente de Temperance Brennan e largou delicadamente o osso aos pés dela.

"DOC!!!!" – ela ouviu as crianças gritarem e olhou para a plataforma, onde estavam Parker, Julie e Luccas próximos à mesa de análises, vestindo jalecos azuis iguais aos que ela usava.

No mesmo instante, Booth apareceu na porta e andou até as escadas da plataforma, parando quando viu os dois filhos e a afilhada olhando para ele.

"Oh, Deus, vocês transformaram meus filhos em squints."

Por trás de Booth, Angela apareceu com um jaleco azul e colocou sobre os ombros dele.

"Você devia saber que nós transformamos todos vocês em squints. E você foi o primeiro, só não era oficial até agora." – Booth sorriu e subiu com Angela até a plataforma – "Vem, vamos tirar uma foto." – ela posicionou uma câmera no tripé e mandou-os se organizarem.

Booth abraçou-se a Brennan, e Parker e Luccas ficaram à frente deles. Hodgins abraçou Angela e segurou Julie no colo. Doc pegou um lugar bem no meio. O flash disparou.

"E este, pessoal, é o esquadrão squint."

x.x.x

"Todas as crianças crescem. Peter Pan não. Ele mora na Terra do Nunca e junto com a fada Sininho ele foi visitar seus amigos: Wendy, João, Miguel e a cachorra Naná. Peter levou-os para conhecer a Terra do Nunca. E com a mágica de Sininho eles saíram voando." – ela parou e franziu o cenho.

Parker e Booth pararam junto à porta e observaram Brennan na cama de Luccas, com ele apoiado em seu peito e ela lendo o livro dele de Peter Pan. Doc entrou no quarto e subiu na cama de Luccas, ficando ao pé dos dois, acomodando-se para, ao que parecia, continuar ouvindo a história.

"Você sabe que é impossível alguém não crescer, certo? Quer dizer, salvo anões, que tem um problema de crescimento, mas fora isso, é impossível parar o tempo e não crescerem. Você sabe disso, não sabe, Luccas? E você sabe, ninguém pode voar. Quero dizer, não sem a ajuda de um avião ou um objeto adequado para o vôo. E não existe o pó de..." – ela correu os olhos rapidamente no livro e voltou a olhar para o filho – "...Pirililimpimpim."

O garoto olhou para a mãe e sorriu abertamente. Ergueu-se um pouco e olhou fundo nos olhos dela. Deu um beijo rápido na bochecha dela e depois voltou à posição em que estava, apoiada no peito da mãe.

"Papai conta histórias melhor que você." – ele disse, divertido.

"Mas isso é errado, Luccas. Como pode um lugar fazer parar o tempo só porque um capitão com um gancho quebrou todos os relógios?"

"Eu conto história melhor que você, mamãe."

Brennan parecia indignada de verdade e sua expressão mostrava o rosto de uma criança confusa sobre alguma coisa que era difícil demais para entender. Na porta, Booth e Parker riram com gosto, chamando a atenção dos dois na cama. Luccas juntou-se às gargalhadas e Brennan olhou para eles ainda mais indignada.

"Sério, o tempo não para, e pessoas não param de crescer por causa de relógios quebrados. Isso é errado."

x.x.x

"Vocês não moram juntos, Brenn. Vocês não são casados. Não está na hora disso mudar?"

"Casamento é uma instituição falida, Angela. Mais de 50% deles terminam em divórcio. E o Booth entende que eu preciso do meu próprio espaço às vezes. Os meninos também entendem isso. E de qualquer jeito, nos últimos 5 anos eu não me lembro de termos dormido separados muitas noites."

"Vocês tem dois filhos, se amam e não moram juntos. E eu lembro que alguns anos atrás você nem mesmo queria ter filhos. Por que não pode mudar de opinião quanto a casamento também?"

"A gente conseguiu chegar até aqui desse jeito, Ange, e está tudo funcionando bem. Não vamos mudar agora. Além disso, você sabe muito bem que a opção ter filhos foi algo bem delicado pra mim."

"Ok, eu não vou mais tocar nesse assunto, mas vocês deveriam dar o próximo passo, sei lá, qualquer coisa." – Brennan suspirou, olhando para a amiga e dando um meio sorriso.

"Eu vou pensar nisso, ok? Mas antes preciso aprender a contar histórias para o Luccas antes de dormir."

"Qual foi a dessa vez?"

"Uma sobre o tempo não passar porque relógios foram quebrados e crianças pararam de crescer. Elas voavam também. Era meio absurdo. E totalmente errado."

"Peter Pan?" – Brennan confirmou – "Brenn, querida, você deveria parar de questionar as histórias e simplesmente contá-las."

Brennan parecia ter uma resposta pronta, e estava prestes a falar quando seu celular tocou e ela atendeu.

"Eu estarei aí em alguns minutos, Sra. White."

"Aconteceu alguma coisa?"

"É o que eu vou descobrir assim que chegar na escola." – Brennan disse, retirando as luvas e jogando no lixo – "Se Booth aparecer, não conte para ele onde eu estou. Eu converso com ele de noite."

"Ele ainda não sabe que Parker sabe todos aqueles golpes e coisas do tipo, sabe?"

"Na verdade não. Ele também não sabe que Luccas sabe um pouco."

x.x.x

Flashback

Luccas olhou atentamente para o beco entre um prédio e outro da sua escola. Todos os dias ele via aquele menino estranho passar para o lado de lá. Parker já tinha contado sobre isso. O nome do garoto era Robert Milles, e era um dos que sempre enchia o saco de Parker desde antes de Luccas entrar na escola.

Decidido, o pequeno entrou no beco e passou até o outro lado, a parte dos fundos, onde ninguém ia, e ele tinha certeza que era até proibido. Quando chegou ao fundo, viu Milles parado de frente para a grade, segurando um pedaço de madeira, e viu um pequeno gato amarrado perto dele.

Milles ergueu a mão que segurava o pedaço de madeira e Luccas deu alguns passos à frente, parando e então cruzando os braços.

"Você sabia que a maior parte dos assassinos adultos maltratava animais quando eram pequenos?"

A mão de Milles parou a meio caminho e abaixou lentamente. O garoto girou nos calcanhares e olhou curioso –e ameaçador- para Luccas.

Ele era visivelmente maior do que Luccas, e o pequeno pensou que era até maior do que Parker. Milles andou alguns passos até parar de frente para ele.

"E o que eu tenho a ver com isso, moleque?"

"Você não devia fazer isso."

"Você vai impedir?" – Milles perguntou, curvando-se um pouco para baixo até que seus olhos estivessem bem à frente dos de Luccas.

Luccas sorriu. Era um sorriso fino e que sempre indicava que ele ia aprontar alguma. Ele descruzou os braços, olhou profundamente nos olhos de Milles e, antes que ele pudesse perceber, o pequeno garoto enfiou dois dedos nos olhos dele, fazendo-o cair para trás.

Sem perder tempo, Luccas correu até o gatinho preso e soltou-o, e antes que pudesse levantar-se e fugir, sentiu Milles cair por cima dele e fazê-lo rolar no chão. Agora ele estava com o garoto maior por cima, segurando seus braços e quase o impedindo de se mover. Ele podia usar as pernas, mas eram curtas demais e a posição não ajudava com o movimento, nem muito menos com a força.

Foi então que tudo aconteceu muito rápido. De repente, Luccas viu um vulto passar, carregando Milles para longe. O garoto caiu de costas no chão e havia outro garoto, loiro, em cima dele. Parker.

"Não se mete com o meu irmão." – Parker falou, com raiva, acertando um soco no rosto de Milles, que tentou defender e acertar um soco em Parker, mas teve a mão detida a tempo – "E quando você for chorar para a diretora" – ele continuou, pausadamente e se levantando – "Se você citar o nome do meu irmão, eu pego você depois. Essa briga é minha e sua, Milles."

Milles saiu correndo em direção ao beco. Parker virou-se e ajoelhou na frente de Luccas, verificando se estava tudo bem.

"Você está bem? Ele te machucou?"

"Eu estou bem."

Parker levantou-se e começou a andar em círculos, passando a mão nos cabelos e no rosto, tentando aliviar a raiva que sentia no momento. Quem conhecesse o pai de Parker e Luccas, veria que o gesto era bastante característico.

Então ele parou e olhou seriamente para o irmão. Luccas se retraiu um pouco, mas manteve a postura orgulhosa e o olhar de desafio herdado da mãe.

"Você tem que parar com isso, Luccas." – Parker falou, um pouco mais alto do que planejara e um pouco mais brusco também – "Você precisa parar com isso, porque você não tem idade nem força pra bater nos meninos mais velhos. E eu não vou te defender o tempo todo."

"Eu podia me defender sozinho. Eu ia conseguir!" – Luccas parecia bastante convicto do que dizia.

"Claro que podia, pirralho." – havia um tom de brincadeira na voz de Parker, escondido em algum lugar atrás de toda a seriedade do assunto – "Eu vi quando você estava prestes a virar jogo, se você sobrevivesse ao soco que Milles ia dar."

"Eu ia derrubá-lo antes." – Parker deu um tapinha na cabeça de Luccas.

"Cresce, pirralho. Depois você fala em derrubar alguma coisa."

"Mas mamãe me ensinou a colocar o dedo nos olhos de alguém. Isso... desarma, foi o que ela disse."

"É, mas ela nunca te disse para não arrumar briga quando não fosse necessário."

"Ela já disse isso pra você?"

"Bom, não. Quem disse isso foi o papai. Ele também disse que mamãe nunca diria isso, porque ela não tem senso de perigo."

"Papai também nunca me disse isso." – Parker agarrou Luccas pelo pescoço e esfregou a cabeça dele com o punho fechado.

"Eu estou dizendo isso a você, Luc."

"Ai, Parks, isso dói. Para!"

"Promete que não vai mais brigar." – ele disse, repetindo o gesto na cabeça do irmão.

"Eu vou tentar. Agora para!" – Parker fez uma terceira vez – "Ai, Parks, eu vou contar pra mamãe!"

"Bla bla bla, Luc!"

x.x.x

"A senhora entende que isso não pode mais acontecer, Sra. Brennan?"

"Dra. Brennan." – ela consertou.

Brennan ponderou o que a diretora dizia. E para falar a verdade, ela não entendia porque aquilo não devia mais acontecer, quando na verdade quem era o culpado não era Parker. Ou Luccas.

"A senhora está me dizendo, Sra. White, que eu devo punir os meus filhos porque Parker quis proteger o irmão mais novo de um garoto que obviamente tiraria vantagem do Luccas?" – a Sra. White piscou alguma vezes, mas não falou mais nada – "Porque até onde eu entendo, a situação não tem a ver com Parker sendo agressivo, mas sim com o garoto Milles sendo agressivo com uma criança de quatro anos. Não é justo punir o Parker porque o Milles não sabe bater."

"Você está estimulando a agressividade do seu filho, Dra. Brennan. Partir para a violência nunca é a melhor solução."

"Eu suponho que você tenha chamado os pais do Milles aqui, certo? Para falar que o filho deles estava querendo bater no meu filho de quatro anos e o irmão o protegeu."

"Bom, eu..."

"A senhora disse que houve uma briga?" – Brennan levantou-se exasperada – "Mas não disse o motivo da briga?"

"As coisas não func..."

"É claro que as coisas funcionam desse jeito, Sra. White. Eu já passei por muita coisa para saber que muitas vezes só se resolve dessa forma. É uma questão de evolução. Os machos lutam entre si, as fêmeas lutam entre si e só os mais fortes sobrevivem. E no caso da espécie humana, muitas vezes, os mais fortes lutam para proteger os mais fracos. E isso não mostra um caráter agressivo, mas sim um caráter extremamente bem apreciado pela população. Honra. Dignidade. Lealdade. Proteção. A senhora não entende isso?"

Brennan não deu tempo para a diretora falar. Ela simplesmente abriu a porta e saiu. Parou no corredor, em frente ao garoto loiro –de mais ou menos doze ou treze anos- que estava sentado de cabeça baixa.

"Você está com raiva." – Parker disse – "Não precisa mentir. Você é péssima mentindo e até o Luccas sabe quando você está mentindo." – ele fitou o olhar de Brennan e sorriu. Segundos depois ela sorriu de volta.

"Não use esse sorriso charmoso comigo, Parker."

"Mas meu pai usa ele sempre, e costuma funcionar."

"É, eu também já falei pra ele não usá-lo, mas não adianta. Vocês Booths são terríveis, até o Luccas já sacou que esse sorriso funciona comigo." – Parker riu.

"Sacou?"

"Não é assim que vocês usam?" – ela perguntou confusa – "Como em 'Sacou, bro' ou 'Sacou, mano'? No sentido de entender?" – Parker riu abertamente.

"Você está menos squint, Bones." – ela o olhou, meio divertida meio indignada.

"Até tu, Parker?"

x.x.x

Brennan passou na sala de Luccas e o tirou da escola mais cedo, junto com Parker. Os três foram sorridentes para o carro e para casa.

"Mamãe, por que a gente vive de uma casa pra outra?" – Luccas apoiou-se no meio entre os bancos do motorista e passageiro e olhou atentamente para a mãe. Os olhinhos azuis brilhando, esperando por uma resposta.

"Porque nós não somos casados, Luccas."

"O que é casados?"

"É casamento. É uma instituição falida que a maior parte da população ainda insiste em seguir, atrasando a evolução da espécie humana." – Luccas franziu o cenho e então olhou para o irmão, no banco do passageiro.

"Mamãe quis dizer que é quando duas pessoas vão numa igreja, dizem sim para um padre, vão morar juntas na mesma casa, e usam um anel."

"Mamãe usa um anel." – ele apontou para o dedo da mãe, mostrando o anel que Booth lhe dera alguns anos atrás.

"Mas papai não."

Quando Brennan estacionou o carro na garagem de seu apartamento, Luccas saiu correndo para ficar apertando o botão do elevador e Parker foi checar a caixa de correio. Ela passou uma a umas as cartas e, além de cobranças, apenas uma sobre a viagem dela de expedição para as Ilhas Galápagos dali alguns meses e outra sem remetente, mas com o nome dela como destinatário.

Booth chegou cerca de duas horas depois, trazendo comida tailandesa para ele e Brennan e sanduíche para os meninos. Sentaram-se à mesa, conversaram, sorriram.

Brennan sempre aproveitava esses momentos entre os três homens de sua vida. Doc latiu. Quatro, por assim dizer. Parker não era seu filho, e se ela fosse analisar, eles não tinham nenhum parentesco na verdade. Mas ao longo de seis anos eles tinham se aproximado a ponto de parecerem mãe e filho, e ela sempre sorria quando ele a chamava de mãe. Luccas era uma cópia cuspida de Booth, exceto pelos olhos, que eram tão claros como os dela. Mas o sorriso e as expressões, e mesmo o gosto por meias exuberantes e super coloridas, não negavam o parentesco entre eles. O gênio do caçula, ao contrário, não negava o parentesco com Brennan. Booth era um caso a parte. Porque até hoje, depois de seis anos de relacionamento e nove de parceria no trabalho, ele ainda era o seu melhor amigo, o seu amante... e algo mais, que ela nunca soube nomear. Ele sempre seria algo mais.

"Posso mostrar uma mágica?" – Luccas falou alto, chamando a atenção de todos para ele.

"Não existe esse negócio de mág..." – Brennan começou e Booth imediatamente a calou, olhando para o filho.

"Ela quis dizer 'vá em frente, filho'." – ele falou com um sorriso – "Você sabe como sua mãe fala complicado de vez em quando."

Luccas levantou-se da cadeira e chamou todo mundo para sentar no sofá. Ele ficou de frente para os pais e o irmão. Apanhou um saquinho de papel pardo vazio em cima da mesa e um vidro de ketchup.

"Não vá quebrar o vidro, Luccas." – o menino sorriu.

"Eu tenho o saco e o vidro, e vou fazer o vidro desaparecer." – ele mostrou cada um e mostrou o saco vazio e botou o vidro de ketchup dentro do saco – "Alacazam. Sinsalabim!!! Abracadabra!"

"Essas palavras não exis..." – e mais uma vez, Booth calou-a.

Luccas olhou para eles e então virou o saco, segurando-o pelo fundo. Nada caiu de dentro dele.

"Ninguém vai acreditar nesse truque, Luccas." – Brennan falou, dando-se conta logo em seguida quando Booth a olhou de cara feia.

"Não gostaram?" – o menino fez uma cara triste, suspirou e então amassou o saco e o jogou no colo da mãe.

Eles olharam para o saco, desamassaram e abriram. Não havia nada lá dentro. Olharam para Luccas novamente e ele estava de braços cruzados, sorrindo largamente para eles.

"Isso não faz sentido nenhum." – Brennan ponderou, ainda olhando para o saco vazio – "Nenhum."

"Bones, isso é uma mágica, não é pra fazer sentido mesmo."

"Como você fez isso, Luccas?"

"Um grande mágico nunca conta seus segredos, mãe."

x.x.x

"Eles já foram dormir?"

Booth olhou para Brennan, vestida apenas numa das camisetas dele, e sorriu. Avançou três passos e colocou-a contra o seu corpo. Beijou-a longa e tortuosamente, por vários minutos, até que ambos se separassem sem fôlego.

"Ok, vou assumir que isso seja um sim."

Ele colocou-a contra a parede, pressionando todo o seu corpo contra o dela. E então as mãos dele estavam em todos os lugares. No pescoço, nos ombros, na cintura, tirando a camiseta do corpo dela e então tocando ambos os seios. Ela fechou os olhos e deixou a cabeça pender para trás bem quando sentiu os lábios de Booth em um de seus seios. Mordeu o lábio inferior, impedindo que um gemido escapasse.

"Quão silenciosa você pode ser, Temperance?"

Esta era uma pergunta corriqueira agora. Ele sempre perguntava isso para provocá-la, e sempre aparecia com uma coisa nova para desafiá-la a ser mais silenciosa. Poderia ser um beijo no pescoço, mais longo que o habitual, poderia ser um toque mais profundo e sexy, poderia ser alguma palavra, poderia ser um olhar. Algo novo e inesperado sempre aparecia para fazê-la gemer um pouco mais alto.

Ela tinha certeza que Booth não tinha intenções de acordar nenhum dos meninos e fazê-los entrar no quarto deles enquanto eles estavam fazendo sexo –ou fazendo amor-. Brennan sabia quão constrangedor era ser pega num desses momentos por uma criança –ingênua e inocente, diga-se.

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Flashback

"Trancou a porta?"

"Quão silenciosa você pode ser, Temperance?"

Ele olhou para ela, deitada na cama, e sorriu. Aquele sorriso que dizia a ela que ele estava aprontando alguma. Aquele sorriso que a deixava nervosa apenas pela expectativa que ele trazia.

Booth deitou-se na cama sobre ela, puxando o lençol por sobre o corpo dele, e beijou-a tão suave e lentamente que apenas isso fez o coração dela acelerar e sua mão tremer. Ela aceitou e retribuiu o beijo, passando os braços ao redor do pescoço dele e, instintivamente abrindo um pouco as pernas e flexionando os joelhos. Dessa forma ele poderia se encaixar bem melhor nela –se eles não estivessem de roupa, claro.

Ela sentiu as mãos dele passarem por baixo do cós da calça que usava e da calcinha. Ele tocou-a gentilmente, apenas provocando. Ele viu a expressão dela mudar, os olhos se fecharem, o sorriso nos lábios aparecer.

"Mais..." – ela disse, apenas num fio de voz, que só Booth, por estar tão perto, poderia ouvir.

De alguma maneira ele conseguiu tirar a camiseta que ela estava usando. E então Booth pôde tocá-la com a mão entre as pernas dela, com os lábios trilhando beijos do ouvido dela, passando pelo pescoço até parar num dos seios, enquanto a outra mão passeava pela lateral do corpo dela até o pescoço, e descia novamente até envolver o outro seio.

Aquilo era 'mais', certo? Não para Booth. Não para o que ele conhecia de Brennan. Ele deixou que dois dedos deslizassem para dentro dela. Devagar. Gentilmente. Ela arqueou o corpo, fazendo com que Booth envolvesse ainda mais o seio dela com a boca e apertasse um pouco mais forte o outro com a mão.

Ela gemeu. E imediatamente mordeu o lábio inferior, lembrando-se que não podia gemer tão alto.

E então os toques cessaram, e Brennan sentiu apenas os lábios de Booth nos seus. Num beijo que contrastava com todos os toques dele até ali. Não era um beijo gentil, nem calmo, nem suave. Era quase agressivo.

Esse beijo percorreu por todo o corpo dela. Demorou-se no pescoço, deixando uma marca ali. Atentou-se a um e depois o outro seio. Desceu pela barriga enquanto as mãos de Booth tiravam com que a calça e calcinha que ela vestia. E por último ela sentiu aquele beijo, agressivo, forte, demorado, entre as pernas dela. E dessa vez ela não foi capaz de impedir o alto e longo gemido que escapou de seus lábios.

Booth parou o beijo quando sentiu que ela estava bem perto do orgasmo. Ele ergueu a cabeça e olhou para ela, que o olhava confusa e na expectativa. Então ele levou os lábios até a boca dela e beijou-a. Daquela primeira forma suave e gentil e profunda. Ela tentou tornar o beijo mais rápido, mas ele não deixou.

Antes que ela percebesse, e enquanto ele a beijava naquele ritmo lento e tortuoso, ele deixou que três dedos deslizassem para dentro dela, rápidos, ritmados, fortes. De uma certa forma, agressivos como o beijo dele naquele local tinha sido.

O beijo dela parou. As unhas dela fincaram nas costas dele. O corpo dela tremeu. E o gemido dela só não foi bem alto porque foi abafado pelos lábios dele. Aquilo, como ele gostava de chamar, era o efeito surpresa que ele tinha sobre Temperance Brennan.

Ela respirou profundamente, ainda sentindo o orgasmo fazê-la tremer e vibrar. Abriu os olhos e sentiu quando Booth tirou os dedos de dentro dela e sorriu. O sorriso charmoso. As mãos dele foram para as pernas dela, fazendo-a abri-las um pouco mais para, então, unir-se de verdade a ela.

Ele moveu-se uma e duas vezes, olhando para ela. E quando começou um ritmo mais forte e acelerado e profundo, ela fechou os olhos. Booth levou os lábios até o ouvido dela.

"Mamãe?"

Brennan congelou. Abriu os olhos em horror, apenas para encontrar Booth de olhos fechados e com uma expressão de pânico no rosto. E ela podia jurar que tinha lido nos lábios dele as palavras "Por favor, senhor, meu filho não".

"Mamãe?"

Ela ouviu de novo. E a voz era bem infantil e chorosa. Era Luccas. E ela não podia simplesmente ignorá-lo e fingir que estava dormindo, certo?

Booth mexeu-se, desencaixando-se de Brennan e rolando para o lado, tomando o cuidado para que o lençol não saísse de cima do corpo dele nem, com o movimento, de cima do corpo dela.

Eles se olharam. Um olhar de pânico e constrangimento. Sentaram-se na cama juntos, ela levando o lençol para cima do corpo para cobrir os seios. Olharam para Luccas, no auge de seus 3 anos, que os olhava, além de choroso, com uma curiosidade enorme aparente em seus olhos.

"Aconteceu alguma coisa, parceiro?" – Booth tentou manter a voz o mais casual possível, mas ele teve certeza que ela saiu trêmula.

"Sonho ruim. Posso dormir com vocês?" – ele olhou na expectativa para o pai e a mãe e, quando Booth olhou de um lado para o outro à procura das roupas, Luccas seguiu o olhar dele.

"Luccas, querido..." – Brennan começou – "Papai e eu estávamos... uhm... bom, você pode esperar apenas alguns minutos lá fora para seu pai e eu organizarmos o seu lado da cama?"

Luccas sorriu e Brennan tinha certeza que havia algo mais naquele sorriso do que ela podia perceber. Ele saiu sem reclamar, fechando a porta atrás de si. Booth levantou-se, apanhando as roupas dele e as dela.

"Não deveria ser tão ruim depois da primeira vez que isso acontece." – Brennan comentou, enquanto se vestia.

"Quando Parker pegou a gente, tivemos que explicar muita coisa."

"É, aquela posição não ajudava muito para escondermos algo, e ele já tinha o que? Sete anos?"

"Oito." – Brennan fez um movimento com a cabeça e mordeu o lábio inferior - "Ele não vai ficar traumatizado, vai?"

"Sexo é uma coisa natural. Em uns dez anos ele vai estar consciente disso." – ela finalizou, num tom cético.

Ela vestiu a última peça de roupa que faltava e checou se Booth tinha feito o mesmo. Ele foi até o armário e apanhou uma roupa de cama nova e começou a trocar os lençóis. Então ela abriu a porta e Luccas saltou nos seus braços.

"Quer me contar sobre o pesadelo?" – ela perguntou, colocando-o na cama e deitando-se de frente para ele. Booth deitou-se do lado de Luccas, e ficou olhando para o filho e para Brennan.

"Não." – ele negou, num sussurro. Luccas apoiou-se nos braços de Brennan e colocou uma das pernas sobre o corpo dela. Ela sorriu para o filho e depois olhou para Booth – "Vocês estavam fazendo coisas de adulto, não estavam?"

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"Trancou a porta?" – ela perguntou.

Booth parou o que estava fazendo e olhou para ela. Sorriu. Afastou-se, foi até a porta e trancou. Depois voltou a pressionar o corpo dele contra o dela. Brennan levou as mãos até a calça dele, fazendo-a deslizar pelas pernas de Booth junto com os boxers. Ela estava apressada, e ele podia dizer isso apenas pelo brilho no olhar dela. Um brilho mais escuro e uma expressão um pouco mais agressiva do rosto dela diziam tudo o que ele precisava fazer.

Erguê-la contra a parede. Beijá-la. Unir-se a ela sem cerimônias. Rápido. Forte. Profundo. Nunca parar de beijá-la. Dessa forma, os gemidos dela –e os dele- eram abafados e quase inaudíveis.

E esse era um daqueles momentos rápidos. Em que não era preciso falar nada, nem seduzir, nem enrolar. Era quando eles queriam apenas estar perto um do outro, queria sentir tudo o que sentiam quando estavam daquela forma. E queriam rápido. Agora. E depois também.

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Brennan deixou a cabeça pender para trás, numa risada gostosa e solta. Para os outros era bastante raro ver Brennan agir assim. Para Booth era algo natural e profundamente belo.

Ele apoiou a cabeça no ombro dela e girou até que pudesse olhá-la. Naquela posição em que estavam, na banheira do apartamento dela, com ele apoiado no peito dela, não era muito fácil fazer isso. Mas o costume era algo que agia a favor deles. E o tamanho da banheira ajudava nos movimentos também.

"Eu prefiro quando você está apoiada em mim." – ele disse, beijando-a de leve. Ela manteve o belo sorriso no rosto.

"Isso é comum em todo macho alpha." – ela bebericou um pouco mais do vinho e sorriu novamente – "Porque dessa forma, vocês podem abraçar a fêmea. É um gesto protetor. Como eu disse, comum de macho alpha."

Dessa vez Booth riu junto com ela. Pegou a taça da mão dela e bebeu o resto do vinho. Ela inclinou-se um pouco na borda da banheira para apanhar a segunda garrafa de vinho, e a esvaziou ao encher a taça novamente.

Ela bebeu mais um gole. Depois levou os lábios até o pescoço de Booth. Ele deixou a mão passear na coxa dela enquanto sentia o beijo dela, forte, demorado. Certamente haveria uma marca ali no dia seguinte. Depois, junto com o beijo, sentiu a mão dela no seu peito, bem acima do seu coração. Tum. Tum. Tum. Ela nunca se cansaria de fazer aquilo. Os dedos dela foram gentis até o lado direito do peito dele e tocaram de leve a cicatriz dele. Era outra coisa que ela fazia algumas vezes.

Os dedos dela tocaram a água e brincaram por meros segundos ali, depois subiram até o rosto de Booth, e ele apanhou um dos dedos com a boca, chupou-o com vontade, fazendo Brennan deixar de beijá-lo e olhá-lo, quase em êxtase. Ele deixou o dedo dela e olhou-a. Ela estava sorrindo e os olhos dela brilhavam. Ela o fez tomar um generoso gole de vinho e depois tomou o que restou na taça. Ele a observou beber o vinho por alguns segundos. Ela sempre bebia com elegância, e olhando para ele. Viu a taça nas mãos dela brilhar. Viu os olhos dela brilharem ainda mais.

Ela estava levemente alta. Ele estava levemente alto. Era o suficiente para o corpo deles estarem aquecidos, meio trêmulos, inebriados. Brennan inclinou o rosto para beijá-lo. E ele levou as duas mãos para o rosto dela. Aquele beijo, aquele beijo eterno que os elevava e os fazia perderem a atenção em qualquer coisa que não fossem eles próprios. Aquele beijo do qual eles nunca se cansavam. O beijo que os fazia perder o chão e desejar nunca voltar a tê-lo.

Booth ainda tinha as mãos no rosto dela, impedindo-a de quebrar o encanto do beijo. Brennan aproveitou para passar as mãos dela nos ombros dele, nos braços, e afundar-se na água, tocando o peito e a barriga até envolverem suavemente o membro dele. Ele apertou um pouco mais o rosto dele, aprofundando ainda mais o beijo –se fosse possível- quando sentiu as mãos dela subindo e descendo, num ritmo suave e lento que era intensificado pelo movimento da água morna e agradável da banheira.

Ela parou o beijo e olhou para ele. Os olhos dele brilhavam numa intensidade arrepiante. Ela sorriu, como sorrira antes. Leve. Solta. Feliz. As mãos dela não pararam, tocaram-no até que ele pusesse a mão sobre as dela e a fizesse parar. E com uma das mãos e uma expressão suave no rosto ela disse a ele que não pararia. Não queria parar.

"Somos nós dois, Booth. Como sempre tem sido. Sempre nós. Tendo nossas conversas, matando o tempo, tentando resolver os mistérios de assassinatos. Fazendo amor. Criando nossos filhos. Tentando fazer do mundo um lugar melhor." - ela respirou fundo, fechou os olhos e abriu-os novamente. Booth apenas olhava - "Como anda sua vida, Seeley?"

Booth contorceu o rosto numa expressão confusa por um segundo, principalmente quando viu uma lágrima solitária descer pelo rosto dela e juntar-se à água da banheira. De alguma forma ele soube que a pergunta era retórica. E ele tinha certeza que aquela lágrima era de felicidade.

Nós dois. Como sempre tem sido. Sempre nós. – as palavras ecoaram diversas vezes na cabeça dele e ele não pôde deixar de sorrir.

Ela aumentou o ritmo de uma das mãos dela, enquanto a outra buscou algo fora da banheira. Booth não percebeu o movimento dela. Estava mesmerizado, encantado e fascinado pelo olhar de Brennan.

Então o movimento da mão dela cessou. Ela ergueu-se ligeiramente e passou por Booth na banheira, ficando de frente para ele, e ainda assim bem próxima. Ela apanhou uma das mãos dele entre a sua e Booth pôde sentir um pequeno objeto metálico entre a mão dele e a dela.

Ainda olhando para ele, ela guiou-o para que ela pudesse deixá-lo deslizar para dentro dela, dessa forma ficando sentada no colo dele.

Ela olhou para Booth e sorriu. Um sorriso manhoso que ela apenas usava com ele, e mais ninguém. Ela deixou a mão dele e levou as duas mãos para os cabelos, soltando-os e deixando-os cair em cascata sobre os ombros. Ele colocou as mãos na cintura dela, subiu lentamente até apenas tocar de leve a curva dos seios, os ombros e o pescoço, e desceu até onde poderia posicioná-la para poder guiar seu ritmo.

Brennan colocou as duas mãos sobre as dele, entrelaçando os dedos de Booth com os seus. E então ela o fez erguer as duas mãos, ainda entrelaçadas às dela. Ela olhou para a mão direita dela, junto com a esquerda dele e viu o anel que ele lhe tinha dado alguns anos atrás. Ele a seguiu com o olhar.

"Nós." – ela apenas movimentou os lábios, sem emitir qualquer som.

Depois ela olhou para a mão esquerda dela. Então ele viu o brilho prateado em seu próprio dedo. E olhou surpreso para ela.

"Nós." – ela disse, dessa vez num sussurro.

Quando aquele anel tinha ido parar no dedo dele? Ele não podia precisar, mas se fosse dar um palpite, tinha sido quando ele colocara a mão sobre as dela tentando fazê-la parar de tocá-lo. Ou então, quando ela entrelaçara os dedos aos dele debaixo d'água. É, com certeza um desses momentos.

Ele sorriu para ela, admirando o anel prateado em seu dedo, quase igual ao dela, exceto que o dele não tinha uma pedra brilhante. Mas tinha a mesma inscrição: Nós.

Brennan tirou a atenção dele do anel quando começou a movimentar-se para cima e para baixo, num ritmo que foi acelerando a cada segundo. Até voltar a ser lento e tornar-se cadenciado. Ele colocou as mãos nos quadris dela, fazendo-a parar cada vez que ele estava o mais profundo nela. Ele sabia que ela gostava disso.

A cabeça dela pendeu para trás, dando a Booth o acesso que precisava para levar seus lábios ao pescoço de Brennan. Alguns segundos depois ela o afastou e o fez olhar para ela.

Ela gemeu quando ele a fez subir e descer e parar quando ele estava o mais profundo dentro dela. E quando ele fez isso uma vez mais, o corpo dela tremeu violentamente. E o corpo dele seguiu-a no orgasmo.

Ficaram naquela posição por algum tempo. Ele abraçado a ela e vice-versa. Sentindo as respirações se acalmarem.

"Temperance?" – ele sussurrou, fazendo-a olhá-lo – "Eu am..." – ela colocou o indicador sobre os lábios dele, impedindo-o de continuar.

"Shhh. Não diga." – ela disse, com a voz mais suave e inebriada que ele já tinha ouvido – "Se você disser muito, vai perder o sentido e nem mesmo vai parecer real." – ela pausou e beijou-o brevemente.

"Mas você sabe, não sabe?"

"Eu sei." – ela mordeu o lábio inferior e depois prosseguiu – "E você sabe que um anel é só um anel, certo?"

Eles sorriram um para o outro. Olharam-se, cúmplices. Levantaram-se, e Booth a ajudou a sair da banheira para que ela não caísse por conta de todo o álcool em seu sangue. Embrulharam-se na mesma toalha. Ele vestiu a cueca samba-canção e ela uma das camisetas dele. Deitaram-se em silêncio, um de frente para o outro.

Ele com a mão na cintura dela. Ela com a mão no peito dele. Tum. Tum. Tum.

x.x.x

Ela acordou assustada. Sentou-se na cama rapidamente e sentiu sua cabeça rodar e doer. Abraçou-se aos joelhos. Respirou profundamente. A imagem de Booth ainda era bastante vívida.

Sentiu uma mão tocar suavemente seu ombro e ergueu a cabeça para fitar Booth com uma expressão preocupada ao seu lado.

"Sonho ruim?" – ele perguntou, baixinho e com a voz gentil.

A resposta dela foi a que ele esperava. A mão dela tocou o peito dele, bem acima do coração. Tum. Tum. Tum. Ela respirou profundamente, com os olhos fechados.

"Fazia tempo que não acontecia." – ela falou, quando se abraçou a ele.

"Eu estou aqui, ok? E não vou a lugar nenhum." – ele reafirmou, colocando o dedo sob o queixo dela e fazendo-a erguer a cabeça até que o encarasse.

"Ok."

E ela mal terminou de falar quando eles ouviram um grito vindo do lado de fora. Brennan e Booth levantaram-se rápido e correram até o quarto de Luccas. Parker já estava na porta e Doc estava parado imóvel ao lado do pequeno de 4 anos. Ele estava abraçado aos joelhos e chorava audivelmente.

Brennan abaixou-se perto dele, tocando-o de leve no ombro, fazendo-o olhar para ela.

"Papai..." – ele disse, ainda olhando para a mãe.

"Eu estou aqui, parceiro." – Booth entrou no campo de visão de Luccas e o garoto atirou-se no pescoço dele, abraçando-o.

"Sonho ruim, meu amor?" – a voz de Brennan soou suave perto dele e olhou mais uma vez para a mãe e depois para o pai.

E então ele faz algo que chocou tanto Booth quanto Brennan. Levou a mãozinha delicada até o peito de Booth, do lado esquerdo. Tum. Tum. Tum. E não falou mais nada. Quando ele se certificou de que o pai estava ali, apenas abraçou-o mais forte, afundando o rosto no pescoço dele. Chorou durante muito tempo. Até que o choro e a s lágrimas foram reduzidos a longos e profundos suspiros.

"Vamos pra cama." – ela sussurrou – "Ele pode dormir com a gente hoje."

Booth passou com o filho pela porta e por Parker e Doc e foi para o quarto de casal. Brennan passou por Parker e olhou para ele com um sorriso, apanhando a mão do garoto.

"Você teve um pesadelo com meu pai também, não teve, mãe?" – Parker perguntou.

Ela olhou-o curiosa. Parker não era seu filho, mas ela encantava-se cada vez que ele a chamava de mãe. Para ser bem sincera, tinha sido Parker que a tinha ensinado a ser mãe. E ela ficava fascinada cada vez que ele conseguia ler os pensamentos dela como Booth fazia.

"Eu tive, Parker, mas não é nada, ok?" – ela abaixou-se até ficar da altura dele e sorrir olhando nos olhos de Parker. Ele sorriu de volta, com o mesmo sorriso que ela conhecia tão bem do pai dele – "Vamos dormir?"

Quando Brennan e Parker chegaram ao quarto, Booth estava deitado com Luccas apoiado em seu peito. Luccas segurava um livro à frente dos olhos e aparentemente lia uma história para o pai.

"E então, quando Lady estava em perigo, Vagabundo apareceu para salvar a cadelinha. Lady se encantou com a bravura de Vagabundo e começou a se apaixonar." – Luccas parou de ler e olhou para o pai – "Bravura?"

"Coragem." – Brennan disse, chamando a atenção dos dois e sorrindo e logo ela e Parker juntaram-se a eles na cama – "Continue a história, querido. Você conta melhor que eu." – o pequeno sorriu e voltou ao livro.

"Vagabundo levou Lady a uma cantina de seu amigo Tony. E naquele em dia em especial, Tony preparou uma deliciosa macarronada e cantou para os dois. E ali começou um grande romance."

Luccas parou de ler e olhou para o pai. E então viu que ele olhava para a mãe, e vice-versa. E sorriam um para o outro também. O garoto estava acostumado a ver aquele olhar entre os dois. Ele ainda não sabia tão bem o que significava, mas gostava na mesma de observá-los.

Ele deixou o livro sobre o colchão e virou-se, apoiando a cabeça no peito do pai, chamando a atenção dele. Booth olhou para o pequeno, que já fechava os olhos, e sorriu, e depois olhou para Parker, que já dormia abraçado a Brennan. Ele sorriu para ela mais uma vez, calmo e gentil, e acomodou-se na ponta da cama, enquanto Brennan deitou-se do outro lado.

"Isto é nós, Booth." – ela falou, gesticulando e mostrando os filhos e eles.

Doc apareceu na porta e resmungou algo, chamando a atenção deles. Booth e Brennan olharam, apenas para dar de cara com o olhar de cachorro abandonado do enorme pastor alemão. Booth sorriu, fazendo um gesto com a cabeça e mandando o cachorro subir na cama com eles. Doc subiu e acomodou-se aos pés das duas crianças. Booth olhou divertido para Brennan.

"Seu cachorro é chato." – ele disse – "E isto" – ele gesticulou novamente para todos que estavam na cama – "É que é nós."

Brennan abraçou-se a Parker, Booth abraçou-se a Luccas e, de alguma forma, as mãos de Booth e Brennan se encontraram no meio e se entrelaçaram.

Nós.

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FIM

Este final é um cliché. Mas se eles não funcionassem, eles não seriam considerados clichés, certo? xD