Epílogo - The Way You Make Me Feel
I think yesterday
And all the times I spent being lonely
I watched the young be young
While all the singers sung
About the way I felt
A porta fechou-se com uma força que teria derrubado a plaquinha de "Aqui vive uma família do rock'n'roll" se James não tivesse se prevenido e fixado-a com um prego. As marcas no calendário se aproximavam do fim do mês; de fato, já era dia 24.
Ele nem precisava de datas para perceber que Lily estava de TPM.
- Bom dia, amor da minha vida. - ele sorriu, divertindo-se ao ver as bochechas da garota adquirirem o rubor característico de sua raiva.
- Você sabe que eu odeio quando me chama assim, Potter. - Lily bufou, a cabeça ruiva ainda inclinada para cima, apoiando-se na porta.
- Bom dia, minha flor. - James disse, pondo o violão que antes tinha sobre as pernas ao seu lado no sofá.
- Errado de novo. - os olhos fechados ainda franziam a testa dela.
- Bom dia, minha ruivinha. - James ergueu-se, pondo-se preguiçosamente a caminhar na direção de Lily, usando apenas as boxers listradas com que dormira na noite anterior.
- Cala essa boca, James.
Lily finalmente abriu os olhos. O verde deles brilhava numa raiva quase injustificada. A garota encarou os olhos divertidos do rapaz à sua frente, enquanto ele enlaçava a sua cintura com firmeza e a puxava para um beijo rápido.
- Bom dia, Sra. Potter.
Ela ergueu uma única sobrancelha, aparentando desprezo. Então fechou os olhos e suspirou pesadamente, rendendo-se ao abraço.
- Bom dia, seu panaca.
James gargalhou, afundando o rosto na curva do pescoço da esposa.
- Adoro seu bom humor matinal.
Lily afastou-o e deu-lhe um leve tapa no ombro.
- Morra, Potter.
James entrelaçou os seus dedos com os de Lily e puxou-a delicadamente pela mão, conduzindo-a até o sofá. Colocou o violão, que ainda tinha o cheirinho de novo, no chão e ajeitou-se entre as almofadas, enquanto Lily jogava os sapatos pela sala e depois deitava a cabeça em seu colo.
- Noite difícil na Coyote? - ele perguntou, enquanto brincava com os fios ruivos da garota.
- Mais ou menos. Você sabe como eu fico nessa época...
- Cólicas de novo?
- Não, pelo menos isso. - Lily sorriu. - Só enjoo e dor de cabeça. Mas é tudo culpa sua, Potter!
James arregalou os olhos, assustado ao vê-la sentar-se tão rápido.
- Minha culpa? Como assim?
- Você nunca corre comigo quando eu estou assim! - Lily exclamou, indignada, batendo na perna do rapaz.
- Lily, eu já falei o que penso sobre isso. Simplesmente não faz sentido sair para correr quando você sente cólicas!
- James, meu pai sempre me mandava dar cinco voltas na fazenda quando eu estava assim. E eu sempre melhorava!
- O seu pai é pirado, Lily, aceite isso! - James exclamou, sem conseguir conter o riso. - Olha só. Eu sei de algo que vai te fazer melhorar. Espera, fica quietinha aí! - e se levantou num pulo, colocando-se a correr e então sumindo para dentro de um dos quartos.
- Mas eu não posso ficar parada quando estou assim! Eu tenho que me mexer! - Lily gritou, mas seu tom se desanimou em desistência.
James logo voltou, caminhando apressado, uma pasta preta nas mãos. Lily olhou-o, sem compreender, enquanto ele sentava-se no chão e punha-se a folhear as páginas, furiosamente à procura de algo.
- AHA! - ele gritou, sorrindo feliz. Esticou o corpo um pouco e o seu braço alcançou o violão que repousava apoiado no sofá. - Lily, eu consegui! Eu finalmente aprendi!
- Aah, não, James! - ela muxoxou, encolhendo os ombros.
- O quê? - ele se surpreendeu.
- É aquela música que você vem escutando há um mês?
- Sim, qual o problema?
- Eu ODEIO essa música!
- O que você tem contra Plain White T's? - ele parecia ofendido enquanto fazia biquinho e cruzava os braços.
- Não é nada pessoal, James. Essa música me faz ficar tonta, só isso.
- Tonta? - o rapaz fez uma careta de surpresa.
- É, ela me dá umas náuseas. O ritmo dela tem umas espécies de círculos, quando eu tento acompanhá-la eu... eu me perco.
James continuou encarando a garota, os olhos cor de folha seca brilhando como se fizessem um pedido. As mãos grandes repousavam no corpo do violão, à espera.
- Tudo bem, seu idiota. - Lily suspirou, derrotada. - Toque pra mim.
Ela sentiu o coração aquecer ao ver os lábios do rapaz desenharem um sorriso feliz. Ele inspirou profundamente antes de curvar-se sobre o instrumento e começar a firme, porém delicadamente dedilhar as cordas, traçando uma melodia suave. Lily sentiu os pêlos do braço se arrepiarem quando ouviu a voz grave e insegura de James começar a sussurrar os versos apaixonados de Hey There, Delilah.
- If every simple song I wrote to you would take your breath away, I'd write them all... - e então ele parou, assustado ao perceber as feições pálidas da garota. - Lily?
Ela apoiou-se nas almofadas e levantou-se, aparentando estar um pouco tonta. James ergueu-se e pôs as mãos nos ombros dela, tentando segurá-la, mas Lily logo o afastou. Com os dedos sobre a boca, ela saiu cambaleando em direção ao banheiro. Antes que o rapaz pudesse perceber, ela batera a porta com força e trancara-se.
- Lily? LILY! - James batia furiosamente na porta fechada, angustiando-se com os ruídos que vinham de dentro.
Passaram-se alguns segundos até que James ouviu o som da descarga e então do fluxo forte de água jorrando da torneira. Lily logou saiu, o rosto lívido e um pouco molhado, porém ligeiramente mais corado.
- Lily! - James exclamou, preocupado, puxando-a para um abraço. - Você tá bem?
- Tô, tô, já melhorei. Meu jantar de ontem já era, mas eu tô bem. - ela suspirou, cansada. - A culpa é sua! - Lily bufou, empurrando-o com a força que lhe restava. - Já não bastava essa droga de menstruação estar atrasada há eras, a porcaria desse enjoo, não poder correr para melhorar, você ainda vem tocar essa música? Merda, James, assim eu não aguento!
Era como se o rapaz ainda estivesse processando a súbita explosão da esposa; sua boca estava entreaberta, seus olhos piscavam repetidamente.
- Lily. - James sussurrou, mortificado. - A sua menstruação está atrasada?
- Há um mês. - ela respondeu, assustada com o tom dele.
- E você anda tendo enjoos?
- O tempo todo. E você ainda vem com essa de --
- Lily! - James a puxou para si, gargalhando. - Você percebe o que está dizendo? Lily, você está grávida!
- James, não viaja. - Lily sorriu, placidamente, pondo a mão no rosto do rapaz. - Foi só a música.
- Você tá grávida! - ele a abraçou mais forte.
- James, foi a porra da música! - ela gritou, chacoalhando-o pelos ombros. - Eu... eu não tô... eu...
- Você está grávida, Lily Potter. Aceite.
A garota boquiabriu-se e fraquejou nos braços do rapaz. Abraçou-o com força, agarrando-se aos fios negros em sua nuca.
- E agora? - ela sussurrou, assustada.
- Agora a gente decide se esse é o primeiro do nosso time de futebol ou da banda de rock.
Agora sim é o FIM.
Hora do Oscar: Thankyouverymuchto InfallibleGirl, Kakau C., Cams, Luhli, Caroline Evans Potter, Tah Halliwell, Pam Weasley, Naa Potter, Lady Aredhel Anarion, Lethicya Black e Jaque Weasley. (montinho em todas)
Nota da Dressa: COMOFAS que Tiger Lily já tem um ano? Tô ficando velha, fala sério. Não importa, essa fic tem um lugar tão especial reservado no meu coração que eu nem sei descrever. Acho que por isso - e também porque a musa inspiradora da fic, Tiger Maira, fez aniversário e eu tava pobre de novo HAHAHA - esse epílogo saiu numa quinta-feira em que eu não estava a fim de prestar atenção na aula. Não é bem a minha menina dos olhos, mas vá lá. Como eu disse lá em cima, agora sim é o fim. May the force be with you, young Jedis. Câmbio desligo.