Capitulo cinco – vinte
James acordou, mas não conseguiu se obrigar a abrir os olhos. Tateou pela cama e tudo que encontrou foi o vazio. E então ouvi 'o barulho' vindo do banheiro.
Sentindo-se totalmente desperto, abriu os olhos e levantou, indo para o banheiro da suíte de casal, onde encontrou Lily, abraçada ao vaso sanitário, no vômito matinal que substituía o 'bom dia James' há sete meses. Suspirou e foi segurar os cabelos vermelhos da esposa enjoada.
Se não estivesse realmente feliz por faltar pouco tempo para ser pai, ele provavelmente reclamaria do mau-humor, dos desejos e da manha de Lily. Mas ele não só não reclamava como fazia tudo ao seu alcance para garantir o conforto da grávida.
Lily ficou em pé e olhou para o marido, que lhe deu um beijo suava na testa. Lavou a boca e o rosto suado e se deixou carregar de volta para a cama, onde se deitou e bocejou longamente.
- Acordei você? – perguntou virando o rosto para olhar o marido deitado ao seu lado.
- Não, só me fez levantar. – ele respondeu, sorrindo e começando a mexer nos cabelos vermelhos dela, fazendo-a fechar os olhos. – Vou preparar o café. – murmurou em seguida e levantou, deixando Lily, que conservava os olhos fechados, na cama.
James pegou os óculos na mesa de cabeceira e desceu as escadas, desviando a tempo dos chinelos de Lily, parados na estrada da cozinha roxa extremamente limpa. Pegou o leite e o cereal de aveia, a única coisa que a esposa conseguia comer sem vomitar, e colocou sobre a mesa. Desistira de levar o café na cama para ela, pois sempre se encontraram nas escadas, ela descendo e ele subindo.
Um minuto depois, Lily estava na cozinha, parecendo mais enjoada do que estivera ao acordar. Empurrou a vasilha com o cereal sem cerimônia e foi se sentar no sofá, sem dizer palavra. O bebê estava deixando-a cansada sem sequer ter nascido.
O rapaz pegou a vasilha com o café da manhã dela e se sentou ao seu lado, sorrindo marotamente. O olhar dela, porém, o fez desistir de dar-lhe comida na boca; por mais infantil que parecesse, ela sempre aceitava.
- O que foi? – ele perguntou, começando a se sentir preocupado. Ela nunca ficava tão quieta daquele jeito.
- Nada, só estou com sono. – respondeu após bocejar mais uma vez.
James sorriu e começou a mexer no cabelo da esposa. Ele e Lily estavam casados há quase dois anos e depois de muito evitar ela tinha se descoberto grávida. Ele ficara eufórico quando soube, mas não conseguia parar de pensar no futuro que a criança teria, mergulhada na guerra que destruía o mundo bruxo. Mesmo assim, nos raros dias em que acordava antes da esposa, ficava a admirando, a enorme barriga que carregava o primeiro filho dele.
- Eu estava pensando, - ele começou, só continuando depois que Lily resmungou para mostrar que o ouvia. – o neném é um menino e nós ainda não pensamos em um nome.
Lily se sentou com dificuldade e o olhou, visivelmente chocada. Pegou o prato com aveia da mão dele e começou a comer, sentindo fome de repente.
- Eu pensei que você quisesse que o nome dele fosse James. – lembrou após alguns segundos.
- Eu quero. – ele confirmou. Ela olhou para ele com os olhos estreitados e ele prosseguiu. – Mas James Potter Filho ou James Potter II é muito estranho.
- E você pensou no quê? – ela perguntou, apontando para ele com a colher cheia de cereal de aveia. – Colocar no meu bebê um nome do meio?
- Nosso bebê. – ele corrigiu e beijou-a na barriga. – Pensei em colocar James como nome do meio.
Lily assentiu e continuou a comer o cereal em silêncio, sem prestar muita atenção no marido. James, porém, deixava a mente navegar por todos os nomes que já tivesse ouvido na vida. Era seu filho, não podia ter um nome qualquer.
- Pads disse que meu nome é estranho. – se lembrou, observando a esposa atentamente.
Ela gargalhou tão abertamente que teve que colocar o prato de cereal na mesa de centro para se recompor. Olhou para o marido com lágrimas de riso nos olhos verdes.
- Jamie, o nome dele é Sirius. – lembrou-o ainda rindo. – Ele não pode falar muita coisa sobre nomes estranhos.
- É, você tem razão. – ele riu. – Mas ainda assim não resolve o nosso problema.
O silêncio caiu sobre os dois novamente e Lily terminou seu cereal parando ocasionalmente para rir do marido. Ele e Sirius pareciam duas crianças quando se viam ou se falavam. Sentiu a saudade apertar o coração e uma lágrima teimosa escorrer dos olhos. Limpou-a com rapidez e cutucou James com delicadeza.
- Será que você poderia pegar aquele nosso álbum de fotografias? – perguntou em um fio de voz. – Saudade dos tempos de escola.
Ele confirmou e subiu as escadas de dois em dois degraus para pegar o grosso álbum no armário do quarto do casal. A ruiva estava comendo outra tigela de cereal quando ele voltou à sala e tinha os olhos marejados.
- Se você chorar eu pego de volta. – falou estendendo o álbum para ela, que o agarrou e limpou as lágrimas no instante seguinte.
Sentou-se ao lado dela e começou a passar as páginas vagarosamente. As fotos eram na maioria do ultimo ano de Hogwarts, quando eles haviam começado a namorar, finalmente. Algumas fotos com os marotos e uma série de fotos de cenas do dia a dia, como Lily estudando e James jogando quadribol.
Ela gostava da seqüência de fotos tirada por James dela e dos outros marotos: fazendo língua, rindo, jogando bolas de neve uns nos outros e atacando o moreno de óculos com bolas de neve. A câmera teve que ser consertada com magia depois desse dia. Fizera cópias das fotos para todos e cada uma delas tinha os nomes deles como recordação.
As preferidas de James eram as fotos que ele tirava de Lily sem que ela visse. Na maioria delas, a ruiva estendia a mão para a câmera no final, tentando se esconder do flash quando já era tarde demais.
Ela riu quando reviu a foto feita a imagem e semelhança de um desenho de James: os dois sentados debaixo de uma árvore no pôr-do-sol e ele pode sentir que ela começaria a chorar em um futuro bem próximo. Tirou o álbum das mãos dela e o colocou com extremo cuidado sobre a mesa de centro.
- Então, - tentou voltar ao antigo assunto. – como você se chamaria se fosse menino?
- Thomas, se eu me lembro bem. – ela respondeu rindo. – Mas eu acho um nome muito feio. Thomas.
- Então não. – ele descartou.
O nome deveria ser bonito, suave e tinha que combinar com James e com Potter, assim como o nome dos dois combinava. Não poderia ser um nome feio, já que o neném seria lindo, claro, levando em conta os pais que tem.
- Richard? – Lily sugeriu após quase um minuto. – Richard James Potter. É bonito.
- É esquisito. – ele falou sem hesitar. – Meu filho merece mais que isso.
- Nosso filho. – ela o lembrou rindo.
Ele a beijou suavemente nos lábios e a abraçou, voltando a mexer nos cabelos dela, distraído pelos pensamentos. Não via a hora de ver a carinha do bebê, de poder brincar com ele, ensiná-lo a voar e a pregar peças como ele fazia.
- Charles! – Lily exclamou, tirando-o do devaneio em que ele estava mergulhado.
- Charles é o nome de um dos filhos dos Weasley. – ele a lembrou. – O bebê deles está com uns dois meses agora. Se chama Ronald, eu acho.
- Então Ronald também está fora? – ela perguntou falsamente inocente. James a olhou com as sobrancelhas erguidas, fazendo-a rir. – Você também não está ajudando! – ralhou.
Ele corou instantaneamente, fato que não foi ignorado pela ruiva. Ela se virou para olhá-lo e sorriu, indicando que ele deveria falar.
- Eu não sou bom com nomes. – ele desconversou.
Levantou do sofá e levou a tigela de cereal para a cozinha, respirando o mais fundo que podia. Escorou no armário da cozinha e se assustou quando Lily gritou 'James Potter pare de se esconder', ainda sentada no sofá.
Ele voltou para a sala, arrastando os pés, e sentou novamente. A ruiva sorriu e deitou no sofá, usando-o como travesseiro, como já fizera diversas vezes.
- Pode começar a falar. – ela disse e James entendeu que aquilo fora uma ordem mascarada.
- Eu já disse que sou ruim com nomes. – ele repetiu tentando soar convincente. – Eu não dei nome nem para a minha coruja na escola.
- Pensei que você fosse dizer que o nome da sua coruja era um exemplo. – ela riu. Quando viu que o marido não estava rindo, mudou de estratégia e jogou um beijo para ele. – Mas 'Malizeia' não é um bom nome.
- Não é engraçado. – ele riu, porém. – Foi meu pai e ele sim tinha um gosto péssimo pra nomes.
- Você está fugindo do assunto James. – ela o censurou. – Eu já sei a história do dia em que sua mãe decidiu chamá-lo de James. Mas que história nós vamos contar para o nosso filho se você fica evitando o assunto?
- Não estou evitando, eu só acho que você deveria escolher. – ele revirou os olhos.
- Mas eu não tenho idéias! – ela retrucou, começando a se irritar. – Você quer que o nosso filho se chame Malizeio? É minha única idéia.
Ele gargalhou e depois ficou mortalmente sério. Se Sirius achava que James era um nome feio ele mal podia imaginar a cara de desprezo/desgosto/riso do amigo se sequer ouvisse 'Malizeio'.
- Você tem que ter pensado em algum nome. – ele insistiu. – Você é mulher! Sonhos com o casamento, filhos... Só um nome.
Lily bufou e revirou os olhos.
- Não Jimmy, eu nunca pensei em um nome porque eu estava ocupada demais pensando em me formar pra poder trabalhar, comprar uma casa e deixar de morar com meus pais. – ela lembrou. – Agora confesse que você tem um nome para o nosso bebê.
- 'Tá, eu confesso. – ele corou. – Eu sei que não é normal os homens pensarem em nomes pra crianças, mas eu gosto de Harry.
Os olhos verdes de Lily brilharam e ela se sentou o mais rápido que pôde com a enorme barriga para atrapalhar. Sorriu e o beijou.
- Harry James Potter. – disse olhando para a barriga. – Você tem um nome agora. Eu já posso parar de dizer bebezinho e neném, Harry.
- Você gosta? – ele perguntou ansioso. Ela confirmou e ele sentiu que fogos de artifício explodiam dentro de seu peito, tamanha a felicidade.
Eufórico, ele subiu as escadas de dois em dois degraus, como sempre, e abaixou-se para olhar debaixo da cama do casal, de onde tirou uma pasta com folhas em branco e alguns lápis. Desceu correndo e por pouco não tropeçou no carpete e escorregou no tapete da sala.
Sentou no bando em frente ao sofá e sinalizou a Lily que a desenharia. Ela sorriu e sentou de lado, na posição que dava maior destaque a bela barriga de grávida. James ficou olhando para ela por um minuto inteiro antes de começar a desenhar.
As linhas do desenho eram suaves e caprichosas, cada pedaço do grafite que ele usava no pergaminho continha um pouco da euforia que ele vinha experimentando desde que Lily dissera que ele seria pai. Ele sorria abobalhado enquanto desenhava, e a modelo o acompanhava, radiante de felicidade.
Ele demorou cerca de dez minutos para completar o desenho, somente a grafite e com alguns lugares esfumaçados. Deu atenção especial à barriga de sete meses, delineando-a belamente.
Foi sentar-se ao lado da esposa quando finalizou o desenho. Ela deitou a cabeça sobre o ombro dele enquanto ele assinava o desenho com as letras de costume, J.P. Sorriu para ela antes de adicionar a legenda L.E.P. e escrever "Harry James Potter" bem ao lado da barriga.
- Espero que ele seja tão talentoso e especial quanto você. – Lily sussurrou.
- Espero que ele seja feliz. – James completou, beijando-a em seguida.
Guardou o desenho na pasta e tomou a esposa pela mão, a levando para o jardim em frente à casa. Juntos eles estavam protegidos de tudo.
Ene/Aa: Então, o fim. 'Ahh', aham. Espero que vocês tenham gostado da fic tanto quanto eu gostei de escrevê-la, o que quer dizer 'realmente muito bastante demais' não que isso faça algum sentido. Obrigada a todos que comentaram até aqui, vocês fizeram a minha felicidade. Origada aos que lerem escondidos, deixem uma review no ultim capitulo, por favor. Se não souberem o que falar digam 'oi, gostei bastante, bjs' que eu já vou ficar feliz. Eu queria agradecer especialmente ao "arthurcadarn", porque eu ri da review dele até cair, porque foi muito espontanea. Então obrigada.
Obrigada do fundo do meu coraçãozinho. Não me abandonem. Vou postar fic nova "Banana Split", uma UA, hoje ainda, de verdade, prometo. E outra fic, Jogada de Mestre, só com os marotos em umas semanas. E tem Sine Die ainda, que foi atualizada já e o povo que lê está gostando bastante, tirando o pouco que drama que tem. Por favor, não me abandonem, eu sou carente. IAOHSOAIH É sério.
BjOx enormes, obrigada por terem lido, de verdade, me deixa muito feliz. Comentem!!