Epílogo

O sol brilhava forte e alegre naquela manhã, mas ninguém na propriedade dos Crouch parecia compartilhar esse sentimento.
Bartô estava sentado sobre a grama, pela primeira vez sem se importar com a sujeira em suas calças. Tinha um chapéu nas mãos e o olhar tão vazio quanto o coração. À sua frente, um trecho de terra recém-colocado o separava da lápide em forma de cruz, na base da qual se lia:

Ofélia Crouch
14/07/1943 – 01/12/1981
Ela fez o que precisava para ser livre.

O enterro terminara e os sogros de Bartô, que já haviam voltado para casa há mais de uma hora, não entenderam por completo a inscrição. Sobre a data, ninguém perguntou. O óbito de Ofélia fora ali registrado não como o dia em que Bartô anunciou sua morte, mas como o dia em que Júnior foi preso, que foi quando Ofélia realmente deixou de viver. Não, o que intrigou os pais dela foi a escolha do epitáfio. Bartô não quis explicar, mentiu que a escolha fora da própria Ofélia.
Mas a verdade era que a liberdade fora tudo o que Ofélia buscara durante a vida toda, como ela mesma dissera. Seu casamento, seu filho e até sua morte, tudo o que ela fizera tivera a sua liberdade como objetivo. E, finalmente, ela a alcançara. Ironicamente, Ofélia se tornara livre, eternamente livre, apenas a partir do momento em que ela foi para a prisão.
Bartô fechou os olhos e sentiu uma brisa refrescar-lhe a pele suada. Na sua busca de liberdade, Ofélia não só sacrificou a si mesma, mas fez com que Bartô também renegasse a si. E agora ele teria que seguir sozinho.
Seria uma vida nova, da qual ele não se orgulharia nem um pouco. E uma vida difícil, sem amor, nem tampouco liberdade. Uma vida sem Ofélia.


Nota da autora: Eu sempre me interessei pela história dos Crouch, que talvez seja a segunda mais interessante história "paralela" da série, perdendo apenas para a da vida do Snape. Então consegui finalmente colocar em prática esta fanfic sobre eles, que eu venho tentando escrever há um bom tempo. Foi muito difícil e um verdadeiro desafio para mim, já que eu usei um estilo totalmente diferente do meu costumeiro e que esta foi a minha primeira fanfic que não envolveu Weasley algum. Devo dizer que estou muito contente com esta experiência, que eu achei ter resultados muito bons. Espero que vocês também tenham gostado. Agradeço muito à minha beta, Teka Prongs, que me incentivou a fazer isto aqui até o final e à minha melhor amiga e conselheira de fanfics (mas não só de fanfics), Mari Di.