Himitsu
por Pitty M. de Moraes
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"Quantas vezes você pode torcer a vida de uma pessoa até que ela se quebre por completo?"
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Prólogo -
Neji andou silenciosamente no meio da neve, sendo guiado através da eletricidade pelos movimentos do esquadrão ANBU ao seu redor. O vento cortante soprava fios de cabelo congelado contra seu rosto, e enquanto dava passos em cego sua mente revirava em giros desagradáveis.
Deu mais um passo, ignorando o embrulho no estômago e a vontade esmagadora de gritar. Agarrou-se a um fio fino de sanidade para não despencar de vez no precipício infinito de sua consciência. Passo. Passo. Passo. Um precipício daqueles daria uma bela queda.
Então...
Eu já sabia desde o começo que teria que ir até lá de qualquer jeito.
Tenho que ir.
Mas...
Passo. Passo. Passo.
Não consigo.
Tropeçou em um buraco na neve e não cambaleou por muito tempo, já que uma mão o resgatou do contato inexistente contra a superfície, - fazendo-o voltar sobre os próprios pés. Ele se sobressaltou por um instante, mas recompôs a máscara de frieza no segundo seguinte, enviando um olhar glacial aleatório a quem quer que o tivesse ajudado.
Ele era um ninja de Konoha, não precisava de ajuda. Simplesmente não precisava. Estabilizou-se, soltando o fôlego que não percebera estar prendendo.
Porém, apenas por fora. Por dentro ainda estava em completo caos.
Talvez...
Talvez eu devesse fazê-los voltar e deixar Tenten vir comigo. Só até os portões de Kumo, depois ela retornaria à Konoha.
Mas, Kami, e se ela pegar Tenten também? Eu não conseguiria viver comigo mesmo depois disso.
Mas Tenten nunca teve o que ela procura, não é...?
Passo. Passo. Passo.
O que eu devo fazer?
Sem que percebesse, ele começou a tremer. Não estivera muito controlado durante todo o caminho, mas agora havia perdido total domínio sobre os tremores. A comitiva parou de andar de repente, fazendo-o alarmar-se outra vez quando uma voz encontrou lugar em meio ao ar rarefeito.
"Aqui estamos, Ouji-sama." Um dos Ansatsu sentenciou, algo que por pouco o vento não deixou passar batido. Neji arregalou os olhos dando um passo inconsciente para trás. "Os portões de Kumogakure."
N-n-não posso...
"Você pode." Foi o que sua mente racional constatou em resposta, inutilizando seu impulso opressivo e inexplicável de vomitar, gritar, sair correndo ou tudo aquilo junto.
Não...
"Sim, você pode."
Neji sacudiu a cabeça e abriu a boca para falar. Ela estava seca, e ele teve que engolir a saliva algumas vezes até que sua garganta estivesse molhada o suficiente para produzir algum som.
"Não posso."
Alguns o olharam de lado, sem compreender. O líder da comitiva fez sinal para que os portões se abrissem, e o solo de pedra da Vila Oculta da Nuvem os recepcionou.
Não posso.
Não sou forte o bastante.
"Sim, você é."
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Prólogo/終わり