Desde que eu me entendo por gente - ou por monstro - ninguém nunca se aproximou de mim. Eu tentava, eu lembro que eu tentava. Mas não dependia só de mim, porque todos tinham medo. De mim.
Então, porque me aproximar? Porque tentar?
Me perguntava isso todos os meus solitários dias, quando era menor. Naquela época, não me julgava melhor nem pior, apenas queria alguém. Mas esse alguém nunca veio. Nunca vai vir.
Por isso, passo a maior parte do meu tempo, em cima de uma árvore, de um telhado, de um cama. Sozinho. Sempre sozinho.
Eu gosto da vista daqui de cima. De cima de uma árvore. As pessoas estão sorrindo, se divertindo. Com as pessoas queridas.
Estranho.
Para elas, uma pessoa querida é certamente especial. Mas é algo tão comum, que não faz muita diferença. Eu queria ter alguém especial. Me sinto idiota, idiota. "Eu queria ter alguém especial". Eu pensei isso? Sinceramente...
Para eles, para aqueles que estão lá em baixo e para os que estão ao seu lado, essas pessoas são só mais uma. Elas nunca foram solitárias. Nunca sentiram a dor de não ter ninguém, de ser rejeitado, de ser temido, excluido, de ser jogado de lado quando tudo o que você quer é justamente o contrário. Porque, ao invés de se afastarem, vocês não vieram até mim e me abraçaram? Não me disseram "não chore, estaremos aqui"?
Depois de tudo, o que me restou foi justamente o que eu nunca quis. Ser um monstro.
Eu não era um monstro.
Nunca fui.
Eu gostava das pessoas, gostava delas.
Gostava.
Mas elas nunca gostaram de mim. Nunca. Talvez seja por isso... Não. É por isso, e só por isso, que hoje eu prefiro, ao invés de tê-las comigo, tirá-las de todos.
É uma sensação ruim. Tirar a vida de alguém. Acabar com tudo o que ela era, o que ela foi e o que ainda poderia ser.
Principalmente com o que ela poderia ser.
"Gaara?"
E, porque diabos, alguém sempre atrapalha meus pensamentos?
O ser humano da vez é aquele que eu tentei matar, e que, irônicamente, eu salvei. Rock Lee. Ele parece um ET, eu acho. Está com aquela roupa verde estranha, que o faz parecer um sapo.
Ridiculo.
Com um balão. Balão vermelho. Ah, é verdade, há aquele festival, e é hoje, lá em baixo. Deve tê-lo tirado de lá. Daquele festival risonho, cheio de barulho, de pessoas felizes.
E está me encarando.
Odeio quando me encaram.
"O que você quer, Rock Lee?"
O que você quer, Rock Lee, para, sem a menor cerimonia, se meter no meio dos meus pensamentos depressivos sobre não ter alguém? Alguém com quem estar lá em baixo, justamente como você, comprando um balão?
"Balão."
"Quê?"
"Vamos comprar um balão pra você também, Gaara."
:D Háh. Fanfic em resposta ao desafio do Fanart com a Shuuchan! \O/
Eu, particularmente, gostei o.õ
E descubri que eu adoro escrever coisas depressivas.
São mágicas. XD
\O/ Enfim, obrigada por ler, e Shuu k3, obrigada por jogar comigo. Teamo.
Sábado, 1 de Março de 2008, às 21:24;
- Romani