CAPÍTULO 1: PARE DE PENSAR
Onde é que ele está? – Hermione andava de um lado para o outro na sala escura. A cada cinco minutos olhava para o relógio. – Por que não chega? - um aperto no peito a fazia pensar no pior. – Não faz isso comigo, Rony! Por favor! – desesperada ela se jogou no sofá. Fazia força para não chorar antecipadamente.
Finalmente a maçaneta virou. Hermione se levantou na mesma hora e correu para frente da porta. Rony apareceu, ensopado por causa da chuva. Hermione pulou em seu pescoço e o abraçou fortemente. Chorou aliviada.
Assustado com tal recepção Rony a abraçou de volta. Era reconfortante estar em casa, senti-la em seus braços, mas era triste vê-la naquele estado.
Calma Mione... Eu já estou aqui... Está tudo bem... – ele dizia acariciando os cabelos dela.
Ah, Rony! – ela falou finalmente, aos soluços. – Eu fiquei tão preocupada! Você não chegava nunca! Eu logo imaginei...
Shhh! Não diga nada! – ele a interrompeu delicadamente. – Não se preocupe mais... – lhe depositou um beijo nos lábios. – Eu já cheguei, já estou bem... Esqueça isso...
Eu tive tanto medo...
Eu sei, me desculpe... – ele a segurou pela mão e a levou para o meio da sala, para fugir do frio que entrava pela porta aberta. – Nós tivemos alguns problemas na Ordem. Houve um ataque em Surrey.
Eu sei! Eu vi na televisão, por isso me preocupei tanto! Você estava lá?
Cheguei depois... Foi horrível. Várias vítimas, todos trouxas, mas nós conseguimos prender alguns comensais.
Que bom... – sussurrou. – Eu não saberia o que fazer sem você, Rony!
Nem eu sem você, Mione... – ele sorriu. – Eu te amo, e vou estar sempre perto de você, ouviu?
Ouvi... – ela sorriu de volta, depois o beijou. – Acho bom estar mesmo!
Vou estar! – ele a puxou para mais perto e a beijou novamente.
Hermione jogou os braços em volta de seu pescoço. Sentiu um arrepio de frio quando sentiu o corpo molhado encostado ao seu.
Você vai pegar um resfriado... – falou em meio ao beijo.
Então é melhor eu tirar essa roupa! – ele sorriu e a afastou para tirar a camisa molhada. Em seguida a agarrou novamente.
Não foi bem isso que eu quis dizer! – ela sorriu.
E daí?! – ele a pegou nos braços e a levou até o quarto do casal.
A jogou na cama e beijou-lhe os lábios carinhosamente, depois com mais intensidade, sentindo o toque desejoso da língua dela na sua. Sem muita paciência tirou a camiseta do pijama que ela usava, para depois encher seu corpo de beijos, primeiro delicados, depois mais ardentes, começando pelo pescoço, descendo para o colo e chegando aos seios, onde se demorou propositadamente, sugando e lambendo seus mamilos, do jeito que ele sabia que ela gostava.
Hermione agarrava os cabelos dele cada vez que sentia sua língua quente tocar sua pele sensível. Rony voltou a beijar-lhe os lábios e ela aproveitou para acariciar suas costas, arranhando aqui e ali enquanto direcionava suas mãos para a calça dele.
Rony ficou de joelhos entre as pernas dela para soltar ele mesmo o fecho do cinto e tirar a calça incômoda. Seu sexo ainda sob a cueca mostrava bem seu estado de espírito. Hermione deslizou uma das mãos pelo seu peito, desceu para o abdome até chegar ao cós da peça e baixá-la lentamente. Ela sabia que aquela lentidão de movimentos o deixava impaciente, ansioso. Era exatamente o que ela queria. Tão lentamente quanto levou a peça até seus joelhos, ela subiu suas mãos pelas coxas dele, se demorou mais ainda próximo à virilha, admirando cada reação que ele esboçava. Ele agora tinha os olhos fechados, imaginando qual seria o próximo movimento dela. Hermione fechou delicadamente a mão em torno de seu membro rígido, fazendo-o soltar um gemido de expectativa, deslizou a mão da base para ponta uma vez, para satisfazer sua vontade, depois o surpreendeu envolvendo-o com os lábios, e tocando-o lentamente com a língua.
Rony sentiu as pernas estremecerem, retesou o corpo para se manter firme sobre os joelhos, enquanto ela o sugava com vontade, fazendo-o ter sensações indescritíveis. Arrepiou-se quando sentiu as mãos dela subirem pelo lado de seu corpo e arranharem de leve suas costas. Sentiu que não resistiria muito mais tempo, mas achou que não seria justo acabar daquele jeito.
Hermione... – sussurrou rouco.
Delicado e hesitante a afastou de seu corpo e a fez se deitar novamente. Sorriu ao perceber a interrogação em seu olhar. Desceu da cama para poder tirar de uma vez a cueca, depois se inclinou sobre ela e começou a tirar a calça do pijama, ao mesmo tempo em que arrastava a calcinha e depositava-lhe beijos molhados em cada parte de seu corpo que ia sendo descoberto.
Hermione se arrepiou com a expectativa do que viria a seguir. Rony agora acariciava suas pernas, tão lentamente quanto ela havia feito, e ela entendeu porque ele ficava tão irritadiço com aquilo. Mas afinal seus dedos chegaram ao seu destino. Rony a tocava com movimentos circulares, fazendo-a se contorcer de prazer e tocando muito de leve sua parte mais sensível, para deixá-la cada vez mais excitada. Hermione agarrava com força os lençóis, sentindo que seu coração pifaria a qualquer minuto, de tão rápido que batia. Quando achou que não poderia haver sensação melhor do que aquela, sentiu a língua morna tocar sua intimidade, e não teve tempo de segurar o gemido de prazer que escapou de sua garganta.
Mas Rony não queria que ela sentisse aquilo sozinha. Quando sentiu que ela não se conteria mais, parou o movimento, fazendo-a gemer de decepção dessa vez. Então elevou seu corpo até seus rostos se encontrarem. Hermione o olhava como se ele não tivesse terminado o dever de casa. Sorrindo ele a beijou, e enquanto ela decidia se o perdoava por aquilo, ele a penetrou, fazendo-a gemer em seus lábios. Ele aumentava o ritmo quanto mais ela gemia, quanto mais o corpo dela se remexia sob o seu.
Hermione enlaçou suas pernas ao corpo dele, para deixá-lo mais perto, mais encaixado, até senti-lo não resistir mais. Até ela mesma não resistir mais. Seus corpos relaxaram ao mesmo tempo. Suas respirações ofegantes só eram sobrepostas pelo barulho da chuva no telhado, que só agora eles ouviam.
Rony se soltou ao lado dela na cama, ofegando satisfeito. Hermione se virou para seu lado, apoiando o rosto em seu peito e acariciando-o com uma das mãos, enquanto ele acariciava seus cabelos.
Eu te amo, Rony... – sussurrou.
Eu também te amo... – ele respondeu.
Os dois ficaram alguns minutos em silêncio, ouvindo o barulho da chuva, até que Hermione falou:
Nunca mais faça isso...
Isso o quê? Amor com você? – perguntou zombeteiro.
Não seu bobo! – ela sorriu e se debruçou sobre ele. – Nunca mais fique tanto tempo longe sem me dar notícias! – o beijou.
Nunca mais... Eu prometo... – ele respondeu sério.
Eu fiquei com medo que não pudesse conhecê-lo...
Conhecer quem? – ele perguntou interessado.
O bebê que eu estou esperando... – ela sorriu radiante.
Rony se soltou no travesseiro, Hermione ficou observando-o, tentando entender a reação dele. Então ele começou a rir feito bobo. Ela riu também, aliviada, largando-se sobre o corpo dele. Mal teve tempo de percebê-lo agarrando seus braços e jogando-a na cama, ficando por cima.
Você está falando sério? – ele sorria. Uma lágrima pingou de seu rosto, no rosto de Hermione.
Claro que estou! – ela respondeu secando as que ainda rolavam no rosto dele.
Eu não acredito! – ele exclamou e desceu o rosto até a barriga dela, a acariciou e depois depositou-lhe um beijo carinhoso.
Um trovão mais alto a acordou e ela abriu os olhos para o quarto escuro. Sentou-se num impulso e encontrou os olhos de Rony, ele dizia alguma coisa. Ela se assustou e tampou o rosto com as mãos. Seu corpo tremia. Ela estava se sentindo patética, mas não tinha coragem de abrir os olhos novamente. Tinha medo do que veria. Aos poucos seu coração voltou a bater normalmente. Mais calma ela decidiu abrir os olhos. Não havia ninguém ali, apenas seu reflexo no espelho.
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Pesadelos de novo?
Não... – ela respondeu cansada. – Sonhei com ele... – falou servindo-se de um pouco de café. – Acordei com um trovão e tive a impressão de...
Foi só impressão, Mione...
Eu sei, mas... Toda vez que chove eu o vejo... Ou acho que vejo... Depois não consigo mais dormir.
Se eu pudesse não deixaria você sentir essas coisas... – Gina falou penalizada.
Eu sei... Se eu pudesse não sentiria mais... Mas é difícil...
Fazia tempo que você não o via, não é?
Não via quem? – Harry entrou na cozinha.
Bom dia amor... – Gina o beijou carinhosamente.
Você sonhou com ele de novo? – perguntou preocupado.
Hermione meneou a cabeça tristemente. Harry suspirou.
Não precisam ficar com essas caras! – ela falou tentando tranqüilizá-los. – Eu já me acostumei com isso...
Se eu não te conhecesse diria que você gosta desses sonhos! – Harry falou reprovador.
Claro que gosta! – Gina falou. – Até eu gostaria de sonhar desse jeito! – sorriu maliciosa. – Foi a vez em que você contou que estava grávida?
Foi! – Hermione sorriu encabulada.
E o que isso tem de mais? – Harry perguntou confuso. Hermione ficou vermelha. – Ah, qual é? Você contou para Gina! Por que eu não posso saber?
Por que não é da sua conta! – Gina respondeu.
Harry ia começar a reclamar, mas foi cortado por três vozes eufóricas:
Bom dia!!!
Puxa vida! Bom dia crianças! – Gina respondeu alegre. – Acordaram com a corda toda, hein?
Oi mãe! – um garotinho de uns quatro anos escalou um dos bancos ao lado de Hermione no balcão, e a beijou.
Bom dia, amor.
Ele foi imitado por um outro garoto da mesma idade que a beijou do outro lado do rosto.
Bom dia para você também! – ela respondeu depois de beijá-lo, conjurando duas tigelas de cereal na frente deles.
Nesse meio tempo uma garotinha de olhos claros, um pouco mais nova, escalava o colo de Harry para poder alcançar seu prato de cereal devidamente conjurado.
Dormiu bem, linda? – Harry perguntou carinhoso.
Um hum! – respondeu de boca cheia.
O que é que vamos fazer hoje, tio? – um dos gêmeos perguntou.
Ele vai nos ensinar a voar! – o outro respondeu.
Ah! Eu também quero! – a menina avisou.
Meninas não voam! – o primeiro interveio.
Quem disse?! – Gina se intrometeu. – Eu voava! E muito bem!
Viu? – a garotinha mostrou a língua.
Ninguém vai voar! – Hermione interveio. – Vocês são muito novos!
Eles não vão voar realmente, Mione! Vão ficar bem pertinho do chão! – Harry tentou.
Eu acho melhor não! – ponderou.
Também acho! É perigoso. – Gina completou.
Ah, não! Mas eu quero!
Eu também!
Eu também!
E a confusão estava armada. Por fim Hermione e Gina concordaram em deixar as crianças voarem. Harry enfeitiçou a vassoura para que não alcançasse mais de um metro do chão. Eles ficaram decepcionados, mas sabiam que seria o único jeito de voarem.
Enquanto Harry se desdobrava para fazer uma das crianças sair da vassoura para que a outra pudesse montar, Hermione relembrava a noite que passara em seus sonhos. Gina a observava quieta. Queria poder ajudar, falar alguma coisa, mas não sabia o que fazer.
Pare de pensar nisso, Mione... – falou calmamente. – Ele não vai voltar...
Hermione se sobressaltou. Depois baixou a cabeça envergonhada. – Eu gosto quando sonho com ele, sabe? Sinto-me como se ele estivesse aqui de novo, mas... Ao mesmo tempo eu não queria mais sonhar... Vê-lo nos meus sonhos e aí acordar para realidade... É como reviver o dia seguinte à morte dele... Todos os dias.
Eu também sinto muita falte dele e, apesar de ter perdido um irmão e não um marido, eu imagino como isso deve ser triste. Quantas vezes eu não tive a sensação de que seria a última vez que eu veria o Harry? Mas você tem que continuar sua vida, Hermione!
Mas eu estou continuando! Sei que eu me afundei uma vez, mas agora eu faço o maior esforço para seguir em frente. Eu estou criando meus filhos, voltei a trabalhar...
Mas a noite se entrega as lembranças e se afunda nessa depressão de novo!
Eu tento, Gina! Mas eu não consigo controlar os meus sonhos! Eles simplesmente vêm! – falou descontrolada.
Harry sentou ao lado delas, em silêncio. Não era muito bom com palavras, principalmente quando se tratava de consolar Hermione em relação a Rony. Geralmente ele contava algo engraçado que Rony fizera, mas nem sempre a hora era certa. Ás vezes era melhor apenas ficar calado.
Ela se deu conta da presença de Harry. Preocupada desviou o olhar para as crianças – Harry você deixou... – os três estavam voando, cada um em uma vassoura. Seus pés não ficavam mais do que trinta centímetros longe do chão, e eles pareciam se divertir muito. – Aquela é a vassoura do Rony?
Harry ficou sem graça. – É... Você me deu...
Eu sei! – ela sorriu. – É que faz tanto tempo que eu não a vejo...
Mark leva jeito no quadribol! – falou orgulhoso. – Acho que vai ser um bom goleiro na Grifinória!
Hermione sorriu: - Andrew também me parece muito bom...
Ele é! – Harry se apressou. – Mas desconfio que ele tem um pé atrás com o que não se pode aprender em livros... – ele sorriu. – É um pouco inseguro...
Essa parte ele puxou do Rony! – ela se defendeu. – Lembra quando ele achou que havia ganhado aquele jogo porque você havia colocado uma poção no suco dele?
Lembro! – eles riram juntos.
O Rony era um barato! – Gina falou. – Me lembro exatamente da cara dele quando recebeu o distintivo de monitor!
É verdade... – silêncio.
Eu acho que você deveria arranjar um namorado... – Harry falou.
Gina e Hermione olharam para ele perplexas.
O quê? – Gina perguntou.
Outra pessoa! Outro cara! – ele prosseguiu. – Não vale a pena ficar tanto tempo sozinha! Aposto que Rony ia querer isso!
Não ia não! – Gina falou. – Ele era ciumento demais, mas eu concordo com o Harry! – Hermione a olhou completamente confusa. – Eu estou para te falar isso há um tempão, mas não sabia por onde começar.
Vocês estão malucos! – ela falou. – Arrumar outra pessoa?
E por que não? – Harry perguntou. – Você ainda é nova, bonita... Qualquer um se interessaria por você!
Harry! Que homem ia se interessar por uma viúva, com dois filhos e que é viciada em trabalho?
Muitos! – Gina interveio. – Tem um curandeiro lá no hospital que...
Nem continue! – ela se levantou de repente e atravessou o quintal para entrar em casa, mas foi interceptada pelos filhos que a fecharam em suas vassouras.
Olha mãe! Nós aprendemos a voar! – Andrew falou.
Eu vi... – ela disfarçou com um sorriso.
Tio Harry falou que eu vou ser um bom goleiro, mãe! – Mark se gabou.
Claro que vai! – Hermione o acariciou na face. – Só precisa confiar em si mesmo. – ela tentou andar.
Eu não sei se quero ser jogador... – Andrew confessou. – Você acha que o papai ficaria chateado?
Claro que não! – Hermione afirmou. – Vocês dois devem fazer o que tiverem vontade. Isso é que vai deixar o pai de vocês orgulhoso. Agora mamãe precisa entrar, ok?
Tá tudo bem? – eles perguntaram ao mesmo tempo.
Está sim... – ela respondeu paciente. – Só estou com um pouco de dor de cabeça...
Eles deram de ombros e voltaram a voar. Harry soltou um pomo e os desafiou a pegarem. A brincadeira durou a tarde inteira e foi Kelly quem o capturou primeiro.
Hermione passou a tarde trancada em seu quarto. Harry e Gina não quiseram incomodá-la. Achavam que talvez ela pudesse pensar no assunto.
Perto da hora do jantar ela finalmente saiu do quarto para fazer os meninos tomarem banho. O casal percebeu que ela tinha chorado, mas não comentaram nada. Ela também não fez questão de conversar.
Hermione entrou no banheiro com a missão de banhar seus filhos sem banhar a si própria. Era sempre uma batalha perdida, já que eles faziam a maior algazarra em baixo do chuveiro. Pelo menos assim ela se divertia um pouco e se esquecia de Rony.
Ai! Finalmente! Hora de fechar o chuveiro! Olha como vocês me deixaram!
Ah não, mãe! – eles protestaram. – Ainda tem um pouco de sabão na minha orelha!
Tem nada! – ela jogou a toalha para eles se enrolaram.
Você está mais triste hoje... – Andrew falou chateado enquanto ela secava seus cabelos.
Quem disse que eu estou triste? – ela tentou tranqüilizá-lo.
Papai não gosta de te ver triste... – Mark completou.
Quem disse isso? – Hermione parou a meio caminho de enfiar a camisa pela cabeça dele.
Ele! – Andrew respondeu.
Vocês sonharam com ele? – Hermione perguntou preocupada.
Não! Ele nos falou ontem à noite! – Mark explicou.
Hermione perdeu a paciência: - Seu pai não pode ter falado nada porque ele está morto! E os mortos não falam!
Tio Harry falou que tem um monte de fantasmas em Hogwarts! – Andrew rebateu.
Mas o seu pai não é um fantasma! – falou penteando os cabelos de Mark.
Ai, mãe! Ta puxando! – ele protestou.
Desculpe... – ela se redimiu. Sentou-se no chão para poder ficar na mesma altura que eles. – Eu sei que vocês sentem falta do pai de vocês. Eu também sinto, mas vocês não podem confundir os sonhos com a realidade!
Mas... – Andrew tentou.
Se o pai de vocês fosse um fantasma eu também poderia vê-lo! Assim como o tio Harry, a tia Gina e todo mundo! Mas ele não é... E eu não quero mais ouvir vocês dizerem que o viram, ok?
Eles se entreolharam inconformados, mas acharam melhor concordar. O jantar foi silencioso e rápido. Eles foram dormir logo, já que viajariam na manhã seguinte, logo cedo. As férias haviam acabado e era hora de voltar para a rotina. Hermione se deitou depois de contar para os filhos mais um episódio de "As aventuras de Martin Miggs, o trouxa pirado", que um dia, do nada, eles pediram que ela lesse e aí se viciaram.
Mas ela não conseguia dormir. Ficara preocupada imaginando que seu abatimento pela morte do marido estivesse afetando seus filhos. Também não parava de pensar no sonho que tivera, e na imagem que vira quando acordou. Aquilo lhe dava calafrios. Mas a imagem de Rony só aparecia nas noites de chuva, e aquele dia não estava chovendo, então ela podia ficar tranqüila. Convencendo-se de que precisava dormir ela se virou de lado para se acomodar. E lá estava ele. Foi uma fração de segundo e ele desapareceu. Ela se sentou com o susto, mas se acalmou mais rápido que antes.
Eu estava pensando nele! Foi por isso que o vi! Só por isso... – ela se deitou novamente e fechou os olhos. Demorou, mas o sono veio.
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Ô mãe! A gente vai ter que voltar para a escola agora? – Kelly perguntou do banco de trás do carro.
Claro que vão! As férias acabaram! Acabou a mamata moçada! – Gina respondeu.
Mamata?! – os gêmeos perguntaram ao mesmo tempo.
Acabou a folga... – Hermione explicou.
Por falar em acabou a folga... E aí, Hermione? Você vai aceitar a promoção do hospital ou não? – Harry perguntou.
Ai... Ainda não sei... O salário é mais alto, mas o expediente também aumenta. Eu vou ficar com pouco tempo para os meninos! Menos ainda!
É... Não é fácil... – Gina concordou. – Ao mesmo tempo acho que seria bom você mudar um pouco de ambiente...
Eu sei... Mas preciso pensar melhor...
Ah! Esqueci de te falar! – Gina virou-se para trás de repente, assustando Hermione e as crianças. – Eles vão ministrar de novo aquele curso sobre poções, Hermione! Eu acho que você deveria ir! Eu iria, se não fosse o bebê. Se meu medi-bruxo descobre que eu viajei quilômetros de carro com esse barrigão...
Ele já sabe...
O que?
Eu deixei escapar, mas ele ficou mais tranqüilo quando soube que eu estaria junto...
É sempre bom ter uma cunhada medi-bruxa! – Harry brincou.
E então? Pede para adiarem um pouco a promoção e vai fazer esse curso! Você era louca para fazê-lo. Economizou meses por ele...
Eu sei... Mas eu perdi o ânimo...
Perdeu o ânimo porque na época... Bom... É a sua chance!
Que curso é esse? – Harry perguntou.
Um curso avançado sobre poções. Sabe como é. Cada dia inventam uma poção nova para uma doença nova. Nós temos que nos atualizar. Dura três meses... O problema é que você teria que ir para os Estados Unidos...
Estados Unidos?!
Isso é longe? – Mark perguntou.
Muito! – Hermione respondeu. – Do outro lado do oceano!
Nossa! – eles exclamaram.
É longe para os trouxas! Você poderia deixar os meninos em casa, ou na casa da mamãe e poderia aparatar sempre para vê-los!
E incomodar vocês?
Não seria um incômodo! – Harry afirmou.
Logo o bebê nasce! Vocês teriam que cuidar de três crianças e um recém-nascido...
Se o problema é esse os deixe na Toca!
A sra Weasley vai adorar ter de quem cuidar de novo! – Harry ajudou.
Hei! Ninguém pergunta o que nós achamos, não? – Andrew interrompeu.
Oh, me desculpe! Diga sr Weasley! – Gina brincou.
Nós íamos passear por lá também? – ele sondou.
Hum... – Hermione colocou a mão na testa, indignada.
Ah vai, mãe! Ia ser legal! – Mark incentivou.
Olha o que você fez, Gina! – Hermione riu.
Acho que seria ótimo para você, Mione! – Harry enfatizou. – Novos ares, coisas novas em que pensar, um monte de pessoas diferentes!
Pode ir parando, sr Potter!
Não custa pensar no assunto! – Gina tentou.
Vai ser bom deixar as coisas um pouco para trás... Deixar a casa, ver coisas novas e, quem sabe, conhecer alguém! – Harry insistiu.
Alguém quem? – Mark desconfiou.
Um namorado... – Andrew sussurrou e Hermione se assustou.
Vocês não se importariam se a mãe de vocês tivesse um namorado? – Gina sondou.
Papai vive dizendo que ela devia conhecer alguém... – Mark disse displicente.
Gina olhou sem entender para Hermione, Harry a observou pelo retrovisor do carro.
Eles estão com essa mania de dizer que o vêem! – ela falou irritada.
Não é mania! – Andrew se defendeu.
Ok, já chega!
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Você tem mesmo que ir, mãe? – Mark perguntou choroso.
Vocês dois me incentivaram! O que houve agora?
É que nós vamos sentir saudades! – Andrew explicou.
Oh... Eu também vou sentir muita saudade de vocês, mas eu realmente preciso desse curso. Vai ser bom! Além disso, eu vou falar com vocês sempre pelo espelho e vou aparatar sempre que tiver um tempinho. Olha! A vovó chegou!
Oh, Hermione! – a sra Weasley vinha correndo esbaforida. Estava mais gorda ainda. – Desculpe o atraso, querida! Como vão meus queridos? – ela deu um beijo estalado em cada um dos netos e um abraço em Hermione.
Como vão Weasleys! – cumprimentou o sr Weasley.
Oi vô! – os dois cumprimentaram.
Como vai sr Weasley? – Hermione perguntou.
Vou bem... – respondeu. – Então você vai mesmo?
É... Vou!
Espero que aproveite, querida! Você queria tanto ir, mas... Bom... Aproveite e mande notícias sempre, ouviu? E não se preocupe com os meninos! Fred e Jorge prometeram me ajudar com eles!
Oh! Era o que eu temia! – risos.
Sra Weasley? Sua chave sai em um minuto. – um rapaz do departamento de turismo mágico veio avisar.
Obrigada... – ela falou com um aperto no coração. – Venham cá, meus amores! – ela se abaixou com os braços abertos. – Se comportem direitinho, hein? Obedeçam a vovó e o vovô e os tios de vocês, menos os gêmeos! – ela sorriu. – Eu vou sentir saudades! – ela os abraçou bem apertado.
Nós também vamos, mamãe! – eles disseram em coro.
Amo vocês!
Nós também!
Ela se separou deles, deu um abraço nos sogros e seguiu o funcionário do ministério. Ainda teve tempo de dizer:
Mandem lembranças ao Harry e Gina! Peçam para me mandarem uma foto do Kevin!
Mandaremos, querida!
Tudo que ela sentiu em seguida foi a conhecida fisgada no umbigo e então desapareceu do saguão do Ministério. Os Weasley partiram sem olhar para trás. Os avós tentavam consolar os netos prometendo doces e muita diversão.
Instantes depois de terem saído, um homem chegava apressado com uma mala na mão.
Ainda dá tempo? – perguntou impaciente ao mesmo funcionário que levou Hermione.
Desculpe senhor. A chave acabou de partir... – respondeu educado.
Então me arrume outra, oras! – falou soltando com impaciência a mala no chão. – Droga! – ele olhou para o rapaz que permanecia estático. – O que está esperando? Cadê minha chave.
Não é tão simples...
Quanto vai custar? Eu tenho compromissos! – ele abriu a carteira e tirou alguns galeões de lá.
Disfarçadamente o rapaz aceitou o dinheiro e o encaminhou até outro cômodo para providenciar uma chave de emergência.