Doce Lar.

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Capítulo um: Sagrado Matrimônio !


Era um dia frio, sombrio e nebuloso. Assustadores e imponentes relâmpagos cortavam os céus e assustavam reles mortais como eu. Ou pelo menos eu desejava que fosse. Mas não era.

O dia estava ensolarado, a grama verde, asas de borboletas farfalhavam e eu conseguia ouvir os malditos passarinhos cantarolando como se quisessem acompanhar o ritmo dos músicos que agora afinavam seus instrumentos. Em Londres, onde basicamente 364 dos 365 dias do ano eram nublados, frios e nebulosos. Parecia que o dinheiro de Edward Potter conseguia comprar até os raios de sol e o verde da grama.

Meu salto afundava na terra a medida que eu a pisoteava, andando pra lá e pra cá, impaciente, nervosa. O dia havia chegado. E as coisas não estavam do jeito que eu havia planejado. Não houvera desistência de nenhuma das partes ou alguma catástrofe impedira de acontecer. Estava acontecendo. Agora. E parecia um maldito conto de fadas. Parecia tão perfeito que chegava a revirar meu estômago.

-Lily? – uma voz mal-humorada e familiar me despertou de minhas divagações. Petúnia me examinava com uma carranca carregada. Seu estado de espírito, se não semelhante ao meu, deveria estar pior. Pelo menos eu não deixava transparecer tão claramente. – A Karen quer nos ver.

Eu ri, praticamente gargalhei.

-Você vai parar de chamá-la de mamãe agora? – perguntei, divertida. Percebi que era a primeira vez que eu achava algo tão engraçado naquele dia. E, ironicamente, Petúnia era quem havia me feito rir.

Petúnia revirou os olhos, impaciente e indiferente. Deu-me as costas e começou a contornar o gramado em direção à uma grande e imponente casa. Uma das muitas dos Potter, e a escolhida para a realização da cerimônia do quarto casamento de Edward Potter e, conseqüentemente, o segundo casamento de Karen Evans. Meu estômago se contorceu novamente. Por mais que eu tentasse desviar o meu pensamento disso, era tudo no que eu conseguia pensar. Comecei a seguir Petúnia meio que entoando um mantra para mim mesma. Ela está feliz. É isso que importa.

Petúnia me conduziu a um dos quartos no andar superior da casa. Quando entramos nossa mãe estava lá dentro. Os cabelos quase tão ruivos quanto os meus estavam presos em um coque enfeitado com flores e onde pendia um véu branco. Os olhos azuis saltaram da sua própria imagem que ela até então estivera analisando no espelho para a porta, onde estávamos paradas eu e minha irmã. Sorriu, insegura. Aproximou-se de nós duas, a longa cauda do vestido se arrastando pelo chão.

Petúnia tentou conter seu desagrado com relação não só a toda a situação, mas também ao vestido de mamãe. Ela era totalmente contra nossa mãe se casar de branco. Mamãe, obviamente, não sabia disso, apesar de saber, pelos olhares de desaprovação e o semblante rabugento de sua primogênita, que ela era totalmente contra toda a história de casamento. Não que eu fosse a favor. Eu achava sim que mamãe estava se precipitando. Mas eu gostava do Sr. Potter. Meu único problema era em relação a outro Potter, o filho dele. È claro que tinha também a minha convicção de que papai era o verdadeiro amor da vida dela. No entanto, eu tentei deixar tudo isso de lado. Pela felicidade da minha mãe.

-Eu estou tão nervosa. – admitiu mamãe, largando-se em uma poltrona, abruptamente. Logo percebeu que o gesto foi um pouco brusco de mais e avançou para o espelho para ver se não havia destruído por completo o penteado. Vendo que o cabelo continuava intacto, voltou-se para nós novamente.

Petúnia não pretendia quebrar seu voto de silencio e estragar a pose impassível, então eu me vi na obrigação de dizer algo.

-Vai dar tudo certo, mãe. Você não tem certeza de que é isso que você quer? – minha voz conseguiu sair calma e firme.

Mamãe assentiu.

-Eu só... Estou preocupada com vocês. Tenho a impressão de que não é exatamente o melhor pra vocês... e, bem, o dever de uma mãe é sempre buscar pelo melhor para o seus filhos.

Eu suspirei.

-Está ótimo para m... nós. E eu acho ótimo que você esteja pensando em você. Já perdeu muito tempo pensando em nós. – eu retruquei. Olhei para Petúnia, esperando que ela confirmasse minhas palavras, mas esta continuou em silencio, como se fosse uma televisão no 'mudo'.

Karen sorriu.

-Vocês realmente não se importam de irem morar com Edward?

Eu nunca havia sido uma boa mentirosa, mas estava pronta para responder um falso e gordo 'Não' quando Petúnia pareceu sair de seu estado de mutismo.

-Eu não vou realmente morar na casa dele. – respondeu, arrogante. – Vou para a faculdade, ou será que você se esqueceu?

O sorriso de mamãe se desbotou ligeiramente.

-Claro que não me esqueci, querida. Mas vai vir sempre para os feriados, não vai?

Petúnia ignorou-a como se ela nunca houvesse proferido palavra alguma.

-Por mim está tudo bem, mãe. Mas nós temos de voltar. A cerimônia vai começar. – eu depositei um beijo na bochecha dela e a abracei. – A gente se vê, espero.

Ela assentiu, e lançou um olhar receoso para Petúnia, que já estava deixando o quarto.

-Lily? – minha mãe me chamou enquanto eu dava os primeiros passos no corredor.

-Sim?

-Você poderia ir procurar o James e os amigos dele? O pessoal da organização não os encontrou, talvez você saiba onde eles estejam. – pediu ela, relutante.

Eu contive um suspiro resignado, mas o meu tom de voz saiu resignado e pouco convincente:

-Sem problemas.

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Muitos poderiam dizer que os meus problemas em relação a James Potter são besteira. Puro e simples preconceito. Ou, até mesmo, inveja. Eu o conhecia há um bom tempo; estudávamos na mesma escola, a diferença é que ele era um veterano, e eu ainda estava há dois anos de distância da tão esperada formatura. Estávamos na mesma classe de Literatura Avançada, no entanto. E mesmo que não estivéssemos (e mesmo que nossos pais não estivessem prestes a se casar) eu ao menos saberia quem ele é. Na Hogwarts Prep, era difícil não saber quem eram James Potter e seu melhor amigo, Sirius Black.

Todas as meninas os consideravam irresistivelmente atraentes e corriam atrás deles. Todos os meninos os admiravam – Potter era o capitão do time de Futebol e Black costumava dar as melhores festas. Todos os professores puxavam os seus sacos – seus pais contribuíam com gordas e generosas doações para a escola e um fato era inegável: eles eram extremamente inteligentes. Ninguém parecia ver um só defeito neles. Bonitos, ricos, inteligentes e atraentes. Eu parecia enxergar neles apenas defeitos: arrogantes, prepotentes e inconseqüentes.

Levei um bom tempo até encontrá-los para chamá-los para a cerimônia, mas não me surpreendi ao achá-los nos fundos da casa, fumando. Respirei fundo e tentei manter a calma enquanto me aproximava.

Potter acabava de dar uma tragada em um maço fino que pegara das mãos de Black e o devolvia para este. Estavam em silêncio. Um pouco afastado deles, e observando com desaprovação, estava Remus Lupin, sempre testemunha muda dos atos mais imbecis dos amigos, como fumar no casamento do próprio pai.

James notara a minha presença desde o início. Mas não se incomodou a me dirigir a palavra, tampouco olhar nos meus olhos. Black estava repassando o cigarro de novo para ele, mas ele balançou a cabeça, negativamente. Então Black e Lupin perceberam que eu estava a observá-los. O primeiro ficou indiferente, como James. Deu mais uma tragada no cigarro, ao invés de jogá-lo fora. A Remus coube apenas um pouco de embaraçamento pela atitude dos amigos.

-Olá, Lily. – disse ele, sem-graça. – Você, ahm, quer se juntar a nós? – acrescentou, logo percebendo que sua escolha de palavras fora desajeitada.

Black riu.

-Não seja tolo, Remus. A resposta dela é óbvia. Agora é só esperar pelo sermão. – falou ele, dividindo as atenções entre seu cigarro e Remus.

Eu corei ligeiramente, apesar de meu esforço para que isso não acontecesse. Sirius fazia referencia ao fato de eu ter repreendido tanto ele quanto James por terem bebido em excesso no noivado de minha mãe.

-Eu já vi que é inútil, Black. – eu respondi, fria. – Nenhuma as minhas palavras poderá algum dia surgir efeito sobre vocês, mais velhos, mais sábios e obviamente mais conseqüentes. É claro que é super normal eu ficar chapada sempre que a minha mãe vai se casar, mesmo ela não tendo se casado tantas vezes quanto o Sr.Potter.

James finalmente resolveu demonstrar-se consciente de minha presença, com um sorrisinho arrogante. Eu esperava um comentário defensivo com relação aos casamentos anteriores de seu pai, mas ele apenas respondeu, em um tom estranhamente simpático:

-Eu não estou chapado. – sua parecia normal, assim como as ações, o que eu estranhei, por que tinha certeza que o tinha visto fumando. – Só estava experimentando.

Obviamente, aquela informação me deixou surpresa, e ao mesmo tempo, descrente.

-Ótima ocasião para experimentar, então. – foi o que consegui dizer ao me recuperar. – A cerimônia vai começar. Estão procurando por vocês. Se vocês quiserem parar de experimentar e ir assistir o casamento, seria uma boa idéia.

Eu dei as costas para eles e fui em direção ao jardim, onde estava montado o altar e onde seria realizado o casamento. Não esperei por eles, mas pude ouvir um par de sapatos pisoteando a grama, possivelmente os de Remus Lupin. Sirius e James esperariam um pouco mais até me seguirem – para dar o devido efeito dramático.


N/A: Essa era uma idéia que já andava às voltas na minha cabeça há muito tempo. Só não sabia como começar, e ainda não sei como desenvolvê-la. Mas fui tomada por um imenso desejo de postar logo antes que eu desista. Anyway, só quero ver como vocês vão recebê-la. É uma UA, como acho que vocês já devem ter percebido, e podem ficar tranqüilas que James e Sirius não são drogados estúpidos ou algo do tipo. James estava falando a verdade, foi a primeira vez que ele experimentou, mas, bem, a Lily que não quis acreditar muito nisso. Quanto ao Sirius... Eu ainda vou me aprofundar no caráter dele. E ele só faz isso às vezes. É claro que não é uma desculpa. Só não quero que vocês fiquem muito chocados. Bem. É por aí. Talvez eu tire do ar daqui a pouco, mas só queria ver alguns comentários com relação à história, à idéia ou a maneira da escrita.

Eu fico por aqui. Acho que vou escrever um pouco mais. hehe. Beijones!