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Uma vez procurei no dicionário pela palavra amor: a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação. Acho que a maioria dos nossos tão aclamados problemas filosóficos são, na verdade, problemas lingüísticos. Não nego que o dicionário estivesse correto, talvez estivesse mesmo, só não chegava perto de definir por completo: arrastava os pés na superfície, mas não os molhava. O amor na prática é sempre o contrário.

Não sei o que significa uma eternidade, vivo no presente não é mesmo? Mas acho que, se você procurar bem, vai encontrar alguém que o faça desejar viver para sempre. O amor é uma vela? Depende, depende do tipo de amor. Eu acredito em todos eles, acredito no passageiro, no duradouro e no eterno e nos outros tantos. Perfeição é um ponto de vista, a perfeição no ponto de vista comum é um mito. Todos os amores, para mim, são perfeitos. Até os piores.

A velha frase: O amor não tem regras. Não tem, porque é livre. Porque, de todas as coisas, é o mais importante. O homem está condenado à liberdade. O homem está condenado a amar. Mostrem-me mil mulheres, e posso amar cada uma delas de maneiras diferentes. Mas meus pés só tocaram o fundo do oceano uma única vez. E de lá não sairão, pois estarei pregado a areia, mesmo quando não houver mais areia.

Amar e simplesmente amar.

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A lua brilhava redonda no céu negro. Negro como um enorme véu de azeviche, posto ali por mãos firmes, no propósito de ocultar um grande mistério. A única brecha, a única ligação com aquele segredo místico era a figura pálida e romântica da lua cheia.

Remo não sabia o que pensar, ou como agir. O amor o fizera mais prisioneiro do que jamais imaginou ser possível. Quando o corpo é aprisionado, podemos esquecer; o dia seguinte sempre pode guardar uma surpresa, mas quando a alma é feita cativa, ou seremos muito felizes ou seremos muito infelizes. No seu caso talvez estivesse fadado à infelicidade. Sempre fora assim, não? Desde o princípio, quando ainda era uma criança e por um erro tolo salvara o menino egoísta do seu poço. Não poderia se referir aquele garoto por seu nome verdadeiro. Ele não era Sirius, simplesmente não era. Cada escolha que tomamos, mesmo as mais insignificantes, significam um passo, um passo em direção ao abismo. Todos podem caminhar da maneira que quiserem, ou da maneira que os for possível, mas no fim, cairão no mesmo vazio. Sorte daquele que se elevar sobre as nuvens, que caminhar pelos céus e cair com a mesma graça na qual se elevou. Remo nunca tivera a pretensão de sonhar.

Uma carruagem ou outra se aproximavam de tempos em tempos, despejando seus homens e suas mulheres naquela ruela londrina tão polida. Os olhares eram menos ferozes agora que ele estava vestido de maneira adequada. Até um pouco complacentes. Se você pretende mendigar, comece comprando um belo par de sapatos brilhantes.

Ali, debaixo do poste de luz alaranjada, estava seguro. Greyback podia ser audacioso, mas não era tolo. Se aproximar e levar Remo aos berros ou sobre a ameaça de uma navalha seria o mesmo de pedir um mandato de prisão. Ele tinha seus meios, sempre tivera, cedo ou tarde Remo teria de se render: Enfim seu sonho espocaria como uma bolha e ele poderia voltar a velha vida de beijos sem amor. Suspirou. Provavelmente a bolha já espocara. Seu príncipe era um cão disfarçado e não havia mais nada a se fazer. Será que não seria mais certo caminhar até fora do seu circulo de proteção, abrir os braços, e esperar por ser abocanhado por Greyback?

Até um apaixonado de vez em quando tem medo.

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-Sirius! –James gritou ao reconhecer o amigo no meio da multidão.

-O que aconteceu? –questionou o outro, se aproximando. –Sua cara está péssima.

-Sinto informar, mas a sua também não está nada agradável. –replicou. –Olhe, algo terrível aconteceu a Lílian. O ranhoso, infelizmente, sabe mais do que consegui arrancar. Vamos até a casa dos Evans comigo?

Sirius arregalou os olhos, muitas surpresas para uma noite só, pensou. Por trás de suas costas quase conseguia sentir os olhares de Lucy e sua família. O que o grande Conde Orion Black faria ao ver o seu primogênito sair do baile sem explicações prévias? A situação exigia que ele se arriscasse a descobrir. E Remo? Queria mais que tudo ir atrás dele, mas a verdade é que lhe faltava coragem. Ele era o culpado. E essa espécie de dor que sentia lhe torturava o coração. Certamente seu Moony, que agora não tinha mais tanto direito de chamar de seu, voltaria para o chalé de estudos na Farley-street. De manhãzinha correria até lá, prometeria nunca mais largá-lo e jamais deixaria que Greyback se aproximasse.

-Certo, Prongs, vamos sim. No caminho lhe conto o que aconteceu comigo. –completou, tentando chamar menos atenção possível enquanto se retirava do salão.

Acabaram saindo pelos fundos, onde a luz era parva e a rua levemente grosseira.

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Remo apareceu em frente ao casarão antes do que esperava. Estava disfarçado de nobre e sozinho. O observou com um apetite voraz, quase feito um lobo, se ele desse um passo em falso, Greyback pularia imediatamente em seu calcanhar, em seu peito, o agarraria e o levaria até o porto, onde lhe daria o merecido castigo. Mais uma marca no corpo esguio de seu escravo. Mas Remo não saiu debaixo do poste. Que pena. Mas era só uma questão de tempo.

A garota ruiva dormia numa cama no extremo do aposento, suava bastante, pelo calor e pelo efeito do veneno que a fizera adormecer. Ele não se importava, ela era só sua isca, talvez faturasse até algum dinheiro no final das contas também. Pela janela alta e por trás das cortinas cinzentas ficou olhando para Remo por mais alguns instantes, depois, chamou por Louis, seu servo escrivão, e ordenou que escrevesse duas notas iguais com os seguintes dizeres:

A senhorita Evans roubada está comigo, não se preocupem, não toquei um dedo em sua pele macia, mas posso fazê-lo de bom grado se não me entregarem o que eu peço: Primeiro, a redenção de Remo, segundo o precioso quadro A família Gohin que se encontra aí dentro dos aposentos dos Evans. Entreguem-me a pintura pelas mãos de Remo, ninguém mais, ele sabe onde me encontrar. Ah, lembrando que não sou uma das almas mais pacientes desse mundo, mas lhes dou três dias.

-Muito bem. Entregue um dos bilhetes para aquele homem ali. –informou Greyback apontando para o cabisbaixo Remo na calçada em frente. –E mande Leopold entregar o outro na casa dos Evans, e informe que se ele demorar lhe arranco as bolas e o obrigo a mastigá-las como chá das cinco.

-Sim senhor. –respondeu Louis, não tão assustado por já estar acostumado as perversidades de seu chefe. Não era um escravo, estava mais para um mafioso e isso também ajudava a não temer tanto Greyback.

-Mais uma coisa, mande Regnault preparar a carruagem, estamos voltando para o porto.

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Poderia um homem amar outro homem por mais de uma noite?

Quando fechava os olhos, podia ver a maior de suas cicatrizes. Quando fugiu a primeira vez pensou ter perdido tudo. Por isso fugiu mais. Não se importava com as feridas, não depois do ferimento que Greyback lhe fez na primeira das suas luas cheias. Se permanecesse em silêncio por tempo suficiente, recolhido em si mesmo, ouvia os gritos finos, sua garganta se enchia de pedras, e mergulhava na dor da culpa. Sabia o que Sirius deveria estar sentindo. Sabia o que era destruir uma vida. Mas ele lhe estendia a mão, queria salvá-lo. Remo não poderia fazer o mesmo.

Sirius o empurrara e o deixara cair, mas antes de vê-lo se estatelar no chão de ladrilhos escuros, estendera sua mão, chorando em arrependimento. Remo não conseguiu segurá-la imediatamente. Quando você é empurrado e ignorado, não é tão fácil esquecer. Mas Sirius tinha as chaves, ele era seu mais novo carcereiro: Amava seu assassino e seu messias, messias pois lhe prometia a ressurreição. Estava disposto a aceitar suas desculpas? Sim, porque era humano e estava apaixonado. Infelizmente, havia Greyback.

-Me mandaram te entregar isto, rapaz. –murmurou uma voz áspera, cortando seu circulo protegido de luz alaranjada e lhe entregando um pedaço de papel amarrotado.

-Não precisa fingir para mim. Sei quem é seu chefe. –respondeu Remo, desdobrando a folha e a lendo mentalmente.

Como bem sabia, era realmente uma questão de tempo. Só esperava que entre o mais cedo e o mais tarde, o escolhido fosse a segunda opção.

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-Sirius, espera, como assim você era o garotinho da história? –perguntou James, boquiaberto.

-Eu mudei, todos mudam, não? Um filho de um conde sempre nasce meio mimado, mas não quero diminuir minha culpa. –respondeu, olhando para a janela da carruagem enquanto ela corria pelas ruas de Londres. –Eu desejava atenção, sabe?

-Não vou lhe censurar nem nada, aquele não é mais você Sirius. Não adianta se martirizar, o passado não muda, a única coisa que você pode fazer agora é mudar o futuro. –Prongs sorriu, apesar da sua dor, seu sorriso era verdadeiro.

-É o que vou fazer. Remo será a pessoa mais feliz desse mundo, e não o faço simplesmente pela culpa.

-Quando eu brinquei que você estava apaixonado, não pensei estar certo. –comentou James.

-Mas eu estou, é difícil de acreditar, mas eu o amo de verdade. –Sirius admitiu, com o ar sério, desviando o olhar da janela e fitando James com firmeza. –Eu amo o Remo, Prongs.

-Eu sei. –respondeu ele, dando tapinhas no ombro do amigo. –Eu sei, e pode contar comigo. No que depender de mim, vocês dois serão muito felizes.

Continuaram conversando sobre a sociedade inglesa e seus preconceitos, começaram a fazer planos, mas quando o coche finalmente parou, James se arremessou para fora dele, apressado.

-Prongs, espera, são onze da noite! –exclamou Sirius, pulando da carruagem e correndo atrás do amigo, os fios negros voando as suas costas.

-E daí? –James deu de ombros. –Se você não vier comigo, eu vou do mesmo jeito.

-Não, eu vou, só me deixa cuidar disso certo? –disse ele, se adiantando em frente à porta de entrada, e antes que James pudesse rebater alguma coisa, bateu duas vezes pausadamente. Uma criada apareceu após meio minuto, mechas do cabelo ruivo pulando de sua touca branca, seu tom de voz era de curiosidade e surpresa ao perguntar seus nomes.

-James Potter e Sirius Black. –respondeu Sirius.

Ela assentiu e os pediu para esperar um instante. James estava cada vez mais ansioso e se Sirius não estivesse ali, era capaz de entrar sem esperar por anunciamento algum. Por cima da casa uma fumaça negra voava se misturando ao céu estrelado, sinal de que apesar da hora, os Evans ainda deveriam estar acordados.

-Padfoot, algo terrível aconteceu com a Lílian, eu posso sentir.

Sirius o fitou como um pai fitaria um filho aflito, ou melhor, como um irmão. Imaginava o que era a dor de saber que alguém que se ama está sofrendo ou em perigo. Moony estava na mesma situação não estava? Pedia aos céus que ele tivesse chegado a salvo no chalé de estudos. Com relutância afastou seus pensamentos de Remo e se voltou para o presente. A criada estava mais uma vez parada a sua frente.

-Podem entrar, senhores. –ela avisou, os conduzindo para sala de visitas.

A salinha era agradável, não eram uma família de grandes posses, mas tinham seu dinheiro: Um piano no canto, uma estante com livros, jarros de flores na janela e na mesinha de centro, um grande quadro retratando uma luxuosa mansão parisiense na parede azul-clara.

-Senhor Black, senhor Potter. –cumprimentou surpresa a Senhora Evans ao adentrar na sala de visitas. –Meu marido está descansando em seus aposentos, espero ser suficiente para ajudá-los. O que vêem tratar?

A senhora Evans vestia um encantador, mas simples vestido verde petróleo, e já despira suas jóias.

-Sei que meus pais não são tão conhecidos da senhora, mas escutei um abominável boato e vim lhe oferecer minha ajuda e pedir esclarecimento de minhas dúvidas. –respondeu James, seriamente. Um James sério era bastante esquisito.

Padfoot interveio em seu socorro:

-Senhora Evans, perdoe-nos por aparecer aqui às onze da noite, mas James decidiu me acompanhar quando em nome de meu pai decidi vir lhe prestar minha colaboração e preocupação.

Ela estava atônita, então, sentou e suspirou.

-Os senhores já estão sabendo? Não queria que a história se espalhasse, entendem? Pode sujar completamente a reputação de minha filha. Até mesmo Petúnia que está na casa de minha irmã foi poupada de ser informada.

-Nós entendemos, e posso lhe assegurar que nenhum de nossos pais sabe sobre o ocorrido e se preferir, não contaremos. –disse Sirius.

-O que aconteceu exatamente? –deixou escapar James em todo o seu nervosismo.

-Os detalhes, você diz? –indagou a mulher, entrelaçando os dedos em concha e os colocando sobre o colo.

-Sim, se a senhora puder nos informar. Como sabe meu pai é influente, e portanto o sou também. –respondeu Sirius. –Posso ajudar.

-Bem, não adianta esconder mais nada de vocês, eu imagino. –comentou a Senhora Evans, levemente aborrecida. –Foi hoje de manhã, enquanto experimentávamos vestidos. Lílian foi dar uma mensagem minha ao cocheiro e não retornou. O homem disse que não viu nada e estamos nisso desde então, temo em chamar a policia por causa dos escândalos que isso trazem, mas não quero viver sem meu tesouro.

Ela estava quase em lágrimas, os olhos esverdeados molhados, o lábio inferior tremendo. Foi então que ouviram batidas na porta e um dos criados foi atendê-la, seria Ranhoso? Aquela hora da noite, seria o mais provável. O rapaz que abrira a porta apareceu desacompanhado de qualquer visitante, só com uma carta em mãos, parecia nervoso, entregou-a para sua madame e ficou ali parado, caso ela quisesse lhe perguntar algo.

-Quem lhe entregou isso?! –bradou a Senhora Evans um minuto depois, aturdida. –Por Deus, quem lhe entregou este maldito bilhete?

-Estava jogado embaixo da porta, madame. Não havia ninguém do lado de fora quando abri a porta, só uma carruagem dobrando à esquina e desaparecendo.

-O que é? –James perguntou quase num sussurro, se aproximando, talvez até mais transtornado que a mulher. Ela o passou o papel ainda em estado de choque, mordendo os lábios e fitando seu empregado com uma mescla de fúria e indiferença. Ele não era o culpado e ela estava encurralada.

-Padfoot, lê isso. –murmurou depois de ler e reler a nota.

E não é que o lobo os alcançara?

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Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, há tempo, eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com seu carinho e lembrei de um tempo. Porque o passado me trás uma lembrança do tempo que eu era criança, e o medo era motivo de choro, desculpa para um abraço ou um consolo.

Hoje eu acordei com medo, mas não chorei, nem reclamei abrigo. Do escuro eu via o infinito sem presente, passado ou futuro. Senti um abraço forte, já não era medo, era uma coisa sua que ficou em mim. De repente a gente vê que perdeu, ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua que vai ficando no caminho, que é escuro e frio, mas também bonito, porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás. 1

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Será o corpo humano feito para amar? Será esse o grande mistério, afinal? O erro está em viver buscando as coisas erradas, viver esperando para morrer e então amar. Viver sem amor. Não viver. Não amar.

Mas, Remo não queria pensar sobre isto. Não agora que se via forçado a deixar tudo para trás. Não havia saída, só uma estrada em linha reta que levava a Greyback. Teria de esquecer esse breve sonho que fora Sirius, essa sua curta férias de verão. Abrir os olhos, e esquecer. Mas, ele sabia que não era possível. Sabia que Sirius estaria eternamente em seus pensamentos. E quando a situação fosse tão inumanamente insuportável, buscaria força nessas lembranças. Com sorte se encontrariam em outra vida, uma mais fácil dessa vez.

O mensageiro de Greyback havia escapulido enquanto ele estava absorto no bilhete, mas não fazia diferença; suspirou e levantou. A lua cheia continuava lá, o censurando, o obrigando a fazer o que deveria fazer: Se entregar. Mas antes tinha de passar na casa dos Evans e pegar o tal quadro, entretanto não conhecia o endereço e o jeito era voltar para a Farley-street e esperar por James... ou, Sirius. Porque só a menção daquele nome já fazia seu coração disparar? Céus, ele estava perdido. Havia perdoado Sirius, mas isso não significava o fim de seus problemas. Claro que não. Não havia fim para seus problemas. James lhe dera algumas moedas, provavelmente o suficiente para alugar um coche, só que no momento ele preferia andar.

As casas ricas de Londres vibravam ao som das melodias de Mozart, com a sua suavidade, com a sua música que de um modo inexplicável é capaz de cativar as pessoas. Diziam que Bach era mais profundo, o glorificavam por sua incomparável técnica composicional, mas Remo preferia a alegria do primeiro. Não que entendesse realmente de música.

Violinos, pianos, oboés, flautas, coros. Uma vez já fora a uma ópera, num desses surtos repentinos de bondade que Greyback tinha. Bem, não era exatamente bondade; era provável que ele o tivesse mandado com a intenção de mostrá-lo as pessoas, atrair clientela. Será que quando ficasse velho poderia ir embora? Será que Sirius esperaria? Sua vida no porto a partir de então seria somente um estado de espera. Não tentaria fugir. Não agora que Sirius existia para ele. Greyback era excepcional em encontrar uma boa punição para fugitivos, e nada melhor do que torturar e matar pessoas importantes para seu castigado. Remo já havia passado por isso uma vez e não suportaria de novo, principalmente se o alvo fosse Sirius.

O mais importante de tudo era não deixar Padfoot se aproximar do porto. O manter trancado em segurança dentro de casa ou algo parecido. Greyback não era um especialista em captar o amor humano, então só conseguiria perceber o que Sirius significava para Remo com provas declaradas, como um beijo ou palavras doces. Doçura lembrava para Remo os tempos de menino; em que amargor e sofrimento eram palavras vagas, mitos de um mundo adulto.

Não demorou a chegar ao chalé de estudos, bateu na porta encantadoramente simples e a criada veio abri-la. Estava vestida com as roupas de dormir, o cabelo completamente preso numa touca, uma vela na mão esquerda; depois de cumprimentá-lo pediu licença para voltar a seus aposentos, o que Remo logo concedeu.

Ele subiu direto para o quarto, deitando na cama de solteiro com lençóis escuros sem mesmo tirar os sapatos. Mas apesar de seu cansaço, não conseguia dormir, pois três imagens lhe invadiam a cabeça sem pedir licença: sua mãe, Sirius e Greyback.

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Sirius estava pálido, o bilhete ainda apertado entre seus dedos. A senhora Evans, entretanto, não lhe deu atenção, estava muito mais preocupada com a nota que acabara de receber, primeiro porque confirmava que sua filha realmente havia sido seqüestrada, segundo porque ela não fazia a mínima idéia de quem era Remo.

-O que acham? –perguntou de repente aos rapazes. –Devo chamar a pólicia?

James olhou para Sirius; se respondesse que não, estaria condenando Remo? Preferiu ficar calado, os olhos baixos, tão confuso quanto todos ali. Lílian era importante, mas o Moony também.

-Não. –finalmente Sirius conseguiu responder. –Ainda não. Nós conhecemos o Remo, vamos tentar dar um jeito nisso, senhora.

-Padfoot... –murmurou James, ainda o fitando.

-Conhecem? –ela pareceu surpresa, mas aliviada. –Ah bem, não quero entregar o amigo de vocês a um bandido, mas a imagem de uma jovem dama é bem mais fácil de ser sujada, vocês entendem.

Não, Sirius não entendia, Moony não valia menos que Lílian, mas, deu de ombros e pediu licença para se retirar e James o seguiu.

-Para onde vamos agora? –indagou, ajeitando os óculos ao passarem pela porta de entrada.

-Preciso voltar para casa antes que meu pai faça alguma coisa. –explicou -Bem, amanhã de manhã no chalé, estamos combinados?

-E se seu pai lhe proibir de sair, Sirius?

-Tanto faz. Eu vou do mesmo jeito. –ele disse, sorrindo de forma marota.

-Ótimo, esse é o Sirius que eu conheço. –exclamou James, sorridente. –Vamos salvar os dois, o Remo e a Lílian, não se preocupa.

-É eu sei, Greyback que nos aguarde, ele não sabe o quanto foi imbecil de se meter com a gente! –bradou Sirius, para o mundo todo ouvir. Ele salvaria Remo, não importa como. Daria um jeito ou não se chamava Sirius Black.

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Em seu sonho a figura obscura de Greyback sorria enquanto suas mãos se ocupavam em fazer jorrar o sangue de uma mulher de rosto retorcido em agonia. Seus gritos eram finos, cortantes, ela chorava, pedia socorro, mas sabia que não adiantava nada. Em um canto Remo observava tudo, amarrado a uma árvore, os dedos arranhando a madeira, sua garganta se esforçando para urrar tanto quanto a mulher. Tanto quanto sua mãe.

Greyback só sorria e dizia:

-Eu mandei você não fugir, não foi fedelho?

Seus olhos se encheram de lágrimas, ele desviou o olhar: Lá estava a lua, redonda, pálida e indiferente.

Quem dera aquilo tivesse sido só um sonho.

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Hm, ok, não fui tão rápida, mas demorei menos que da outra vez pelo menos .. Eu havia previsto acabar nesse capitulo, mas como viram não vai ser bem assim, porque tipo, não queria fazer um cap. imeeenso e a história se desenvolveu mais do que imaginei, mas de qualquer jeito, ela já está chegando no seu final :)

Espero que estejam gostando, eu me esforço de verdade ;D Comentários por favor, eles me fazem muito felizes, sério mesmo!

Obrigada a todos que comentaram o/ vocês fazem meu dia e me dão vontade de continuar a fic :) Até o próximo capítulo.

1 Cazuza, Frejat: Poema.