Capítulo 03 – Descobertas e Mudanças

- Eu estou com febre? – Foi a primeira coisa que Lily disse ao se sentar no costumeiro lugar da sala, ao lado de Mary.

- Hm, Deixa eu ver. – Disse a garota se virando para Lily e colocando a mão em sua testa. – Não parece, por quê? Mas seus olhos estão vermelhos, o que está sentindo?

- Enjôo. Um tanto quanto... zonza. – Disse fazendo beiço de quem iria chorar. – Acho que eu vou voltar a chorar agora.

- Você estava chorando, por quê? – A amiga se preocupou. "Deuses, agora eu vou ter que repetir a cena do café da manhã aqui. Oh, o que a sabe-tudo está olhando? Afinal, o que estava fazendo a Mary conversando com ela antes de eu chegar?".

- Ah, eu... Eu não sei, eu estava tomando café da manhã com o Potter,e então ele me ofereceu paz e eu quebrei a regra de convivência número três, e ai eu meio que surtei e eu praticamente berrei pra ele todos os meus problemas e...

- Você estava tomando café da manhã com o Potter? Então você quebrou a número nove também... – Mary me interrompeu chocada. "Grrr, ela tinha que me interromper pra perguntar isso, ainda mais com a sabe-tudo, com a maior cara de pau observando toda a nossa conversa. Mary, você vai morrer mais tarde!".

- É porque eu tive que ir até a sala do Dumbledore com ele, e então nós descemos juntos pra tomar café foi... acidental.

- Mas você tomou café da manhã com o Potter? – "Okay, ela claramente não está entendendo que a gravidade da situação não está nesse ponto.".

- MARY! A gravidade da situação não está no café da manhã, está no meu surto. Eu praticamente contei metade da minha vida pro Potter... PRO POTTER. Porque você não estava lá. Aliás, você não esteve presente o verão inteiro, não é?

- OOOOOOOOh. – Mary finalmente parecia ter entendido a gravidade da situação, sabe-tudo matinha uma expressão passiva durante toda a conversa. – O que exatamente você contou pra ele?

"É impressão minha ou ela só perguntou isso para não me responder por que sumiu o verão todo?".

- Bem. Tudo. Eu contei sobre a Petúnia e que ela vai casar e que ela me chama de aberração e como eu não conversei com a minha mãe e como eu queria ter conversado com a minha mãe... eu... eu... realmente... tudo, sabe?

- Oh Lily, eu sinto muito. – Mary disse dando tapinhas no braço da amiga.

- Eu não entendi. O que é estranho, eu normalmente entendo tudo, e antes das pessoas falarem. – Anne se pronunciou. - Qual é o grande problema afinal?

"Não entendeu o que? Você não é a sabe-tudo?".

- O que você não entendeu? – "Porque eu perguntei isso?".

- Qual é o grande problema em contar algumas coisas para o James? Sabe. – Ela olhou para ele no fundo da sala que parecia tentar entender o que Sirius falava. – Ele é um grande amigo, e normalmente tem soluções para os problemas mais improváveis. Você devia parar de dizer que o odeia tanto e começar a dizer a verdade.

- A verdade... – Respirou fundo. – Anne, querida, é que eu o odeio. Só isso.

- Aham, eu odeio Dia das Bruxas. – Disse virando-se para frente.

Lily chegou a abrir a boca para responder a Anne, mas McGonagall entrou na sala e um silêncio mortal se instalou por alguns minutos enquanto ela arrumava sua mesa e escrevia o tópico da aula na lousa.

Quando a aula já estava no meio, e McGonagall dissertava sobre animagia Lily estava perdida em pensamentos. "Fala sério, essa professora é louca, só pode ser, quem normal iria querer que um bando de jovens de 17 anos se transforme em algum tipo de animal, ela só pode estar de brincadeira.".

- Vocês não irão se transformar! Irão estudar apenas os princípios da teoria e entender a mágica em si. – Completou ela. "Oh, graças! Ela não tem parafusos a menos, que Merlim seja louvado!".

Lily então sentiu algo batendo em seu braço e o puxou instintivamente contra si e viu uma pequena bolinha de papel rolando para fora da mesa, agarrou-a antes que caísse e olhou para trás, tentando identificar o autor de tal ataque.

Lily,

Já que vai ter um baile, que tal irmos juntos?

J.P.

"Ótimo, além de gritar para todos da escola pedidos para sair, agora ele também manda bolas assassinas de papel. Pelo menos a pergunta mudou.".

Lily virou seu tronco para trás e alcançou o olhar do Potter, que estava indeciso entre olhar esperançoso para ela e envergonhado para o pergaminho em sua mesa. Ela sorriu e o rapaz a olhou mais esperançoso ainda, então ela ergueu o braço, com o indicador levantado balançou-o fazendo um gesto de negativo. O garoto se jogou no encosto da cadeira arrancando um outro pedaço do pergaminho e Lily voltou-se para frente novamente. Mary a olhava curiosa, então ela apenas passou o bilhete de Potter para o lado da amiga.

M.S.: COMO ASSIM JÁ QUE VAI TER UM BAILE? VAI TER UM BAILE? QUE LEGAAAAAL e... Lily você é louca? Porque não vai com ele? Ele é tão gato. Você é uma boba.

"Eu mereço, agora minha amiga vai se juntar ao grupo "O Potter é ótimo, queremos casar com ele e ter filhos suficientes para povoar Hogwarts de cabeças iguais a dele.". Eu realmente mereço. Sério, devo ter sido eu quem ateou fogo na fogueira de Joana D'arc, só pode ser.".

L.E.: Olha aqui, senhorita Stam, eu não sei que tipo de lavagem cerebral você fez nos últimos tempos, mas o Potter não é um poço de doçura, pode achar bonito e tal, cada um tem o seu gosto, mas ele é galinha... e arrogante e... e prepotente, e isso você não pode negar. Você sabe muito bem disso. Então pare com isso já ou eu mesma vou lá te inscrever no grupo "Amamos e Potter e queremos casar com ele e conseqüentemente odiamos Lily Evans." Okay? PARE. E eu explico depois essa história de baile...

M.S: Lily, pra começo de conversa eu duvido que esse grupo exista, segundo que eu só acho que você devia dar uma chance pro rapaz, afinal ele não é tão mal assim. E eu não quero casar com ele, eu tenho namorado. O que é isso? Outro bilhete dele? Eu quero saber sobre o baile!

"Urgh, eu vou gritar com o Potter depois da aula, a McGonagall já está me olhando feio. Acho que ela percebeu, TUDO CULPA DO POTTER! ELA VAI ME TIRAR PONTOS E ME EXPULSAR DA AULA DELA, E VAI FALAR MAL DE MIM PRO DIRETOR E TODO O MUNDO MÁGICO, EU NUNCA VOU CONSEGUIR UM EMPREGO, MINHA VIDA ESTÁ ACABADA. "

- Calma, Mary, eu ainda nem abri. – Lily sussurrou quando a amiga tentou surrupiar o bilhete de Potter da mão dela.

Lily,

Porque não? Afinal, nós vamos ter que passar um bom tempo juntos planejando ele, e... bom, a gente vai ter que ficar junto lá também, afinal, os problemas que podem acontecer são nossa responsabilidade, então já que vamos ter que passar a noite juntos, porque não? Vai, eu até ajoelharia, mas não vou porque se não a McGonagall me mata e eu sou muito jovem e bonito para morrer, mas eu posso pedir pro Sirius fazer olhar de cachorrinho.

J.P.

Lily olhou para trás e viu que agora James parecia ter decido encarar o que restou do pergaminho dele. Sirius ao seu lado parecia ter entrado em seu décimo sétimo estágio de sono. "Como ele se pode dar ao luxo de perder explicação sobre matéria tão importante? Não que eu esteja prestando atenção, mas é diferente, eu pretendo estudar depois, coisa que eu duvido que ele faça.".

Potter,

Você colocou as palavras muito bem. Nós já vamos ter que passar tanto tempo juntos, porque eu desperdiçaria meu Baile para ver apenas sua cara arrogante de novo? Mesmo se você se ajoelhasse ou Black estivesse em condições de fazer olhar de cachorrinho... eu duvido que fosse funcionar... Então, porque você não desiste? Já está cansando tudo isso, não?

L.E.

Lily aproveitou que McGonagall estava de costas escrevendo algo na lousa e jogou o bilhete para Potter, e pareceu acordar de um transe quando o papelzinho bateu em sua cabeça. Passou o bilhete do rapaz a amiga e começou a responder o dela.

L.E.: Esse é o último bilhete que eu vou mandar, Mary, McGonagall vai perceber daqui a pouco e ai toda a minha vida vai pro Lixo. Dumbledore nos encarregou de escolher uma atividade para o dia das Bruxas e o Potter veio com essa idéia "brilhante" de baile e o diretor aceitou. Ele é louco, eu te disse. E eu não vou nem falar sobre os seus outros comentários sobre o Potter, muito menos sobre esse seu namorado, o qual eu nem conheço e NUNCA ouvi falar, sabe? Porque minha amiga simplesmente me abandonou as férias inteiras. Afinal, onde raios você estava?

M.S.: UM BAILE? Uau. Um baile no dia das Bruxas? E vai ser a fantasia? Diiiz que vai ser a fantasia? E Dumbledore não é louco, a idéia de um baile é realmente genial. É Genial. - "É eu sei que é genial, dá pra parar de repetir isso?". – Mas Lily, eu ainda acho que você é uma boba por não ir com ele, ele está certo, vocês vão ter que passar uma boa parte do Baile juntos, é desperdício tentar ir com outra pessoa. E bom... Melhor eu não contar onde eu estive durante as férias agora, ou você vai dar um grito e me bater e bem... Aí McGonagall vai REALMENTE fazer toda sua vida ir pro lixo...

L.E.: MARY STAM ONDE VOCÊ ESTEVE O VERÃO TODO?

M.S.: Pensei que aquele fosse o último que você ia mandar. Ai deuses, outro do Potter?

Lily olhou feio para o papel que havia caído na mesa. Olhou para trás e Potter mais uma vez encarava o pergaminho. "O que será que tem de tão interessante naquele pergaminho, hein?". Viu quando Lupin se inclinou e falou alguma coisa com ele. Potter apenas levantou o olhar e encarou o amigo por alguns segundos, depois olhou para o papel novamente e balançou a cabeça negativamente respondendo alguma coisa, depois de falar levantou o olhar e ficou encarando McGonagall.

L.E: Você quer fazer o favor de me responder? É, é do Potter sim, vou ler, dá licença?

Lily abriu o papel e percebeu a tinta levemente borrada, ele devia ter amassado antes dela secar.

Lily,

Você sabe que mesmo que você vá com outra pessoa ao baile, ninguém vai gostar da idéia de 'dividir' você comigo, mesmo que seja para assuntos de monitoria.

J.P.

Lily revirou os olhos, seu pergaminho tinha acabado então ela se inclinou para pegar mais um na mochila quando o sinal tocou. Mary começou a jogar todas as coisas dentro da mochila e estava quase saindo quando Lily segurou seu braço.

- Agora você não me escapa. Onde esteve o verão todo? – Disse ainda sussurrando. A amiga caiu na cadeira, desapontada e com culpa expressa por toda sua feição.

- Não... me... mate, ok? Você promete? – Lily assentiu com a cabeça.

- Desde que não tenha sido na casa do Potter fazendo um plano de "Como matar a Lily em 30 dias", acho que estamos ok. – Mary apenas sorriu fracamente.

- Eu estava na casa da Anne. – O Queixo de Lily foi até o chão depois dessa revelação. Ela soltou o braço da amiga que suspirou como se tivesse tirado um grande peso de suas costas. – Eu tenho que ir, disse que ia encontrar o Ted antes da próxima aula.

Lily juntou suas coisas com a mínima vontade de sair da sala. Queria se enterrar ali.

"Agora eu já sei muito bem de onde ela tirou todas aquelas idéias de 'O potter não é tão mal, você devia dar uma chance para ele'. Ora, pelo amor de merlim. Ela passou o verão na casa da garota que é mais apaixonada pelo Potter do que todas as meninas da escola JUNTAS. Deuses, eu só não entendo porque raios ela continua me jogando pra cima do Potter... e agora faz a minha amiga fazer isso. É UM COMPLO, UM COMPLO. Ótimo, o Potter está me esperando na porta.".

Lily jogou a mochila nas costas e saiu em direção à porta, estava decidida a ignorar a presença de Potter nela, mas foi impossível.

- E então? – Ele perguntou antes que ela saísse.

- E então o que? – Tentou se fazer de desentendida.

James encostou-se no batente da porta e levantando a perna apoiou o pé do lado oposto impedindo a passagem da garota.

- Acho que agente devia escolher nossas fantasias. Particularmente eu gostaria de te ver fantasiada de Eva, mas não sei se estou inclinado a ir de Adão.

- Que tal você ir de fantasma e sumir na minha vida?

- Hm. Será que existe um feitiço para atravessar a parede? Seria genial, poderíamos fazer um bom uso dele. – Disse com um sorriso sacana atravessando-lhe a face.

- É? Deve ser legal mesmo, porque você não tenta isso agora? – Dizendo isso empurrou o garoto pelos ombros, com toda sua força fazendo-o chocar contra a parede oposta do corredor. – Ih, não deu certo. Tcha-au. – E saiu o mais rápido que pode pelo corredor deserto.

Com um leve sorriso nos lábios e gargalhando internamente, Lily seguiu para a aula de poções.

"Do que eu posso ir fantasiada, hm, ainda bem que eu sei desse baile antes de todos, assim posso ser bem criativa e não vai ter ninguém fantasiado igual! Lalalalalaa... mas espera ai, desde quando eu e o Potter decidimos que vai ser a fantasia e... ooooopa."

- Você é Lily Evans, não é? – Perguntou o pequeno garoto com quem nossa monitora-chefe tinha acabado de trombar. "Maldito pirralho anão!" Pensou.

- Sou, por quê?

- Me pediram para te entregar isso. – Ele estendeu para ela um pergaminho dobrado. – Tchau!.

- Ei ei, pode ir parando ai. – O garoto se voltou para ela novamente. – Quem é você? E quem mandou você entregar isso.

- Raul Kensky, mas acho que isso não faz diferença. – Ele parou de falar por um momento. – Eu não sei o nome do moço que me mandou entregar e eu tenho que ir, tchau.

- Avisa pra ele que já existem corujas! – Ela gritou bem emburrada.

- Pode deixar! – O menino gritou já ao longe.

"Quem ele pensa que é para responder assim para a monitora-chefe? É óbvio que importa o nome dele, e qual seria o problema se não importasse? Grr, é sempre bom saber o nome de um pirralho disposto a fazer coisas assim sem muitas perguntas. Ta vendo, é muito útil saber o nome dele. Deixa eu ver o que tem nesse papel..."

Lily,

Sou um admirador secreto

Mas adoraria se aceitasse ir ao baile comigo.

Ass: Anônimo

Ps: não grite com o James

"OOOH. COMO EU ODEIO AQUELE GAROTO. Pelo amor de Merlim, ele não pensa? Nós somos os únicos que sabemos do baile, não, ele não pensa mesmo, isso é a prova CONCRETA. Mas, espera aí, eu deixei ele não faz nem cinco minutos, como ele arranjou tempo de escrever isso, arranjar alguém pra me encontrar que veio pelo lado oposto ainda por cima... hm, não, na-na-ni-na-não, isso não está certo. Ele não pode ser tão esperto assim, pedir alguma coisa, ou mais tempo se passou do que eu pensei... impossível.".

- IMPOSSÍVEL. – Ela gritou ao chegar na masmorras onde teriam a aula de poções. – TOTALMENTE E COMPLETAMENTE IMPOSSÍVEL. – Todos que já estavam na sala a observavam, inclusive alguns com quem ela tinha cruzado no corredor apareciam na porta para ver os gritos dela.

Uma Lily completamente confusa e alheia às pessoas que a observavam andou até um James confortavelmente sentado em seu lugar de costume, ao lado de Sirius Black. James tinha se voltado para ela e mantinha as sobrancelhas levemente levantadas.

- Você. – Ela disse entre fortes respirações. – Como? Eu estava lá, e você estava lá e eu sai antes e você me mandou isso e você chegou primeiro, e o pirralho veio pelo outro lado. Ah. Aaaaaaaaah. – Ela jogou o bilhete na mesa dele e respirou fundo tentando manter a calma. – Comopodeporfavormeexplica!?

- Hm... Oi? – Ele olhou pro bilhete e depois pra ela e então. – Eu não enviei isso. Mas acho lindo como você não conseguiu para de pensar em mim, ele disse sorrindo bobamente para ela com o queixo apoiado na mão.

- Hãn! – Lily levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos, sua típica cara de "Eu sei que você está mentindo, Potter." Que era exatamente o que se passava em sua cabeça. – Leia o bilhete Potter, é óbvio que foi você.

Lily finalmente tinha se acalmado e começou a notar a multidão que observava a cena.

- Não tem nada para ver são só assuntos de monitoria! Vão fazer lição! – Berrou e aos poucos todos foram voltando sua atenção para atividades aleatórias. – E então? – Disse olhando pra ele com a mesma expressão de antes.

- Eu juro que não fui eu. Essa nem é a minha letra, que aliás você conhece.

- Potter. – Começou ela calmamente. – Escuta direitinho. – Disso isso inclinando seu tronco para frente e se aproximando mais do que devia dele. Percebeu quando Sirius arregalou levemente os olhos mas decidiu continuar com seu plano mesmo assim. – Só nós dois sabemos que isso... – Indicou com a cabeça o bilhete sobre a mesa. – vai acontecer. Então quem poderia me mandar além de você?

- E se... – Se aproveitando da situação James se aproximou mais ainda dela e sussurrou em seu ouvido. – Dumbledore estiver apaixonado secretamente por você? – Rindo ele voltou para uma distância razoável dela. – Tenho que admitir que seria uma bela concorrência.

Lily voltou a se postar ereta e com uma virada esvoaçante foi para seu respectivo lugar. Fechou os olhos tentando se acalmar. "A letra. Como eu não pensei na letra? Ele tem toda razão. Ele costuma escrever em letras de forma mas não todas maiúsculas como estava no papel, e estava diferente, menos caprichada. Apesar de que não podemos considerar a letra dele caprichada já que é um puro garrancho, mas aquela estava pior do que tudo. Mas também, ele teve que escrever correndo, e se ele pediu pro pirralho escrever para me confundir mais ainda. HÁ. É tudo parte do plano secreto dele pra me enlouquecer e fazer eu desistir de ser monitora-chefe achando que Dumbledore está atentando contra meu pudor..."

Lily abriu os olhos para encontrar novamente uma cena absurda. Mary conversava com Anne como se tivessem sido amigas a vida inteira.

- Acho. – Disse interferindo a conversa de Anne e Mary. – Que eu vou surtar.

- Eu previa isso. – Anne disse na lata, os olhos azuis faiscantes.

- Sabe, eu não sou muito sua amiga, portanto você não vai ajudar desse jeito.

- Ah, era pra eu ajudar? Pensei que eu não fosse muito sua amiga.

- Ouch. – Soltou Lily ao se sentir chutada por Mary por baixo da mesa. "Maldita!". – Que foi?

- Foi sem querer... – Mary disse, mas dava para notar em sua voz a ironia.

- Eu hein... depois dizem que eu que sou louca... ou pelo menos eu acho que dizem... - Ela parou por um momento. – As pessoas dizem isso? – Perguntou encarando as duas garotas a sua frente.

- Dizem. – Disse Anne. – Professor. – Falou ao avistar Slughorn na entrada da sala.

- Estou cansada de aulas e esse é o primeiro dia.

- Lily, o que está acontecendo? – Mary parecia realmente preocupada.

- Eu estou surtando. Deve ser TPM, mas o fato é que eu estou surtando. – Respondeu fazendo um bico enorme. – E o Potter só torna tudo mais irritante e... melhor agente parar de falar.

- Quando você nasceu você tinha olho azul? – Anne perguntou. Lily inclinou levemente a cabeça. "Que pergunta mais aleatória.".

- Ah, acho que era verde mesmo. Por que a pergunta?

- Minha mãe tinha olho azul quando nasceu e depois virou verde, e todo mundo achou que o meu ia ficar verde também, mas ele acabou azul mesmo. Esquisito, não é?

"Esquisito eu estar conversando com você. Mas minha vida virou uma novela mexicana mesmo. Talvez eu devesse me mudar para Cuba, será que lá é permitido bruxos?".

- Vamos começar? Por favor, quero que prestem atenção a poção de hoje vai ser bem complicada, provável que poucos irão conseguir fazer, por isso vamos fazer a mesma poção por duas ou três aulas. – A maioria da sala soltou um suspiro de resignação ao saber que além de fazer uma poção difícil, iriam ter que repetir várias vezes. – Garanto que mesmo com a repetição poucos vão ser bem sucedidos. A poção que vamos estudar e aprender a fazer é a Felix Felicis¹. – Um burburinho de empolgação emanou da sala ao saber a poção. – Como vocês devem saber, e suponho pelas conversas suponho que saibam mesmo. Felix Felicis é a poção da boa-sorte, é bem literalmente isso, faz a pessoa ter sorte. É extremamente difícil de ser feitas, pessoal, portanto vamos trabalhar muito duro para conseguir prepará-las, pois é catastrófica se erramos sua fórmula.

- EI JAMES. – Anne gritou. – Você podia tomar pra ver se consegue consertar o seu cabelo. – A sala inteira explodiu em risadas, a gargalhada emanava de todos, menos de nosso querido monitor-chefe. Por alguns minutos Slughorn perdeu o controle da sala risonha.

- CERTO, CERTO. Comentário muito espertinho, Senhorita Symon. Apesar de não aprovar a piada é bem esse o espírito da poção. O senhor Potter seria sim capaz de ter um cabelo normal, decente, digno de uma pessoa civilizada – Algumas pessoas começaram a rir novamente. - se tomasse uma poção feita corretamente.

Anne sorriu vitoriosa, enquanto nosso monitor-chefe a encarava com uma expressão mortal. Slughorn se virou e começou a escrever no quadro os ingredientes e o passo a passo de como preparar a poção.

- Bom, concentração pessoal, vamos lá. Como a poção demora seis meses para ficar pronta, pois deve ficar cozinhando em fogo lento nós vamos trabalhar ela por um mês, daqui a um mês vocês terão uma chance de fazer a poção corretamente, deixaremos elas cozinhando em outras masmorra, em seis meses eu vou checar as poções, quem tiver acertado as poções receberá um crédito extra nos NIEM's, Acho importante adiantar que é proibido usá-las em competições oficiais, eventos esportivos e inclusive em provas e exames, PORTANTO nada de usar no torneio de quadribol, ou nos NIEM's.

- Ágoras vamos aos ingredientes. – O professor falou virando-se para a lousa.

Lily pegou dois pergaminhos da mochila e em um ela escreveu um bilhete para Mary, e no outro começou a anotar a matéria.

Lily: É por isso que a chamamos de sabe-tudo, ela sabe exatamente o que comentar.

Mary: Foi muito engraçado. Só achei estranho, Slug não ter tirado pontos da Grifinória, ele não parecia nada contente por ter perdido o controle da sala.

Lily: Mary!,É o Slug! O SLUG! Ele nunca ia tirar pontos de quem tirou sarro do Potter. Por mais que seja alguém que mereça.

Mary: Lily! Não fala assim dela. Ela é uma pessoa muito legal, fique sabendo.

Lily: AH É? POR ISSO QUE FOI PASSAR O VERÃO INTEIRO NA CASA DELA E ESQUECEU DE ME CONTAR, FOI? Aliás, o que diacho estava fazendo você lá?

Mary: Diacho? Merlim, você mora no campo agora? Vai virar fazendeira?

Lily: HÁ.HÁ. Como você é engraçada, aaah, me deixa com as minhas gírias camponesas em paz e responde logo a pergunta.

Mary: Nossa, você ta realmente quase surtando. O que ta acontecendo Lils?

Lily: MINHA MELHOR AMIGA NÃO FALA COMIGO.

Mary: Você brigou com a Sophie?

Lily: Não se faça de burra. Você sabe que eu 'to falando de você.

Mary: Mas eu estou falando com você agora.

Lily: Então aproveite esse momento e me diga. O que foi fazer na casa da sabe-tudo.

Mary: Lils, eu realmente não quero ter essa conversa no meio da aula de poções.

Lily: E depois você me pergunta por que eu estou quase surtando...

Mary: Vamos mudar de assunto. Mas antes eu só queria deixar registrado. Eu sei que você odeia a Anne por que ela é amiga do Potter e tal, mas ela é muito legal Lils, você devia dar uma chance pra ela.

Lily:O que aconteceu com o "Não quero ter essa conversa no meio da aula de poções"?

Mary: Certo, estou mudando de assunto. O que foi aquela insinuação pra cima do Potter antes de você sentar?

Lily: Que insinuação? Eu estava apenas, e unicamente, tirando informações dele.

Mary: É informações, suor e outras coisas com 'ões' no fim...

Lily: MARY!

Mary: Sério, o que foi aquilo? E toda aquela gritaria?

Lily: Apenas mais um surto da louca monitora-chefe. É sério que todos dizem que eu sou louca?

Mary: Hm... na verdade algumas pessoas dizem sim, mas elas só dizem isso porque você grita com o Potter. Eu andei averiguando, sabia que mais cedo ou mais tarde você ia perguntar e eu precisava de informações.

Lily: Andou averiguando, é?

Mary: Sim, então. A maioria acha você uma pessoa agradável, mas detesta as suas brigas com ele e gostaria que você aceitasse logo sair com ele para acabar com isso.

Lily: Hm, de onde será que veio essa idéia? Olhos azuis... cabelo preto... um metro e sessenta e poucos...

Mary: Pelo contrário, a Anne acha que se você saísse com ele só para "se livrar" iria piorar o problema, porque segundo ela se você aceitasse um ai que o Potter não iria largar do seu pé mesmo.

Lily: Claro, porque é muito do feitio dele ter segundos-encontros.

Mary: Foi o que me ocorreu, mas ela me disse que com você ele é diferente.

Lily: E você acreditou? Ela estava vendendo o peixe dele pra você, ai você repassaria para mim.

Mary: Nossas conversas sempre me dão fome. De qualquer forma, eu acho que ela estava sendo bem sincera. Como eu disse, você só tem que dar uma chance pra ela.

Lily: Você vai desistir eventualmente, não vai?

Mary: Não.

Lily: Droga.

Mary: O que foi a insinuação para cima do Potter, afinal?

Lily: Ah. Sabe a coisa do Baile?Então... Vou resumir: Ele me esperou na hora de sair da sala para perguntar se eu ia com ele pela milésima vez, ai que eu empurrei ele na parede e depois eu sai correndo, não correndo, mas andando rápido. Estava lá eu descendo feliz as escadas quando um anão do primeiro ano me pára para entregar um bilhete mais ou menos assim 'Lily, sou seu admirador secreto, mas adoraria se fosse ao baile comigo, ass: anônimo, ps: não grite com o James.' E é óbvio que ele mesmo mandou isso, afinal, só nós três sabemos do baile e o que me intrigou foi como ele conseguiu arranjar tempo para escrever o bilhete, arranja um pirralho para me entregar e chegar na sala antes de mim! Sendo que eu sai correndo e larguei ele lá atrás! Entende?

Mary: Você sabia que ele conhece muitas passagens secretas , né? Como você acha que eles fazem todas aquelas travessuras sem serem pegos? Aliás, eu acho que é por isso que Dumbledore o escolheu para monitor-chefe ao invés de Remus. O Potter deve conhecer mais passagens secretas do que qualquer pessoa desse castelo e se ele quiser ele encontra qualquer um em qualquer lugar.

Lily: Eu sei! Mas mesmo assim. Aaah, talvez eu seja mesmo louca.

Mary: Pelo Potter?

Lily: VAI SE FERRAR.

Mary: Ah, não fica brava vai, eu preciso de você.

Lily: Precisa?

Mary: Claro. Sem você como é que eu vou fazer uma Felix para mim?

Lily: Juro que te odeio.

Mary: Jurar em falso é feio.

Lily: Não fiz nada de errado então.

Mary: Que feio. O Nariz vai crescer.

Lily: Vou te dar uma detenção.

Mary: Pelo que, posso saber?

Lily: Falta de atenção na aula.

Mary: Então vai ter que se dar uma também.

Lily: Chega. Vou prestar atenção na aula.

Mary: Mas ele só está passando matéria na lousa, e já deve estar para dar o horário mesmo.

Lily: Se eu me der mal eu vou te matar.

Mary: Você sabe muito bem que você não vai se dar mal.

Lily: Se eu tivesse prestado atenção, provavelmente não iria me dar mal mesmo.

Mary: Ai... ai...

Lily: Ui... Ui...

Mary: Mas olha... eu falei sério sobre dar uma chance a Anne.

Lily: Mas por que DIACHO você está insistindo tanto nesse assunto?

Mary: Ah Lils... é complicado.

Lily: Eu tenho tempo, você não vai me deixar prestar atenção no que eu estou copiando mesmo.

Mary: Okay, vamos lá. Preparada?

Lily: Estou começando a achar que não... Mas eu agüento. Manda.

Mary: Na última semana de aula eu estava numa sala vazia com o Ted e nós ouvimos uma confusão no corredor, eu ouvi a voz do Black e por isso acabamos nos assustando, e eu decidi sair dali, para que ninguém nos pegasse juntos. Quando sai eu vi a Anne entrando numa sala mais pra frente e ela parecia estar chorando. Fiquei um tempo indecisa... então acabei decidindo ir atrás dela.

Lily: Continue...

Mary: Ah, Lils, ela tava tão chateada, você não faz idéia do quanto ela chorou. Quando eu entrei lá, ela tentou se acalmar e parar de chorar, mas ela estava tão nervosa que não conseguiu, então eu sentei ao lado dela e eu fiquei abraçada com ela até ela se acalmar. E acredite, demorou um bocado. Ai eu tentei conversar com ela, mas ela não queria falar porque tinha chorado. Eu disse que tinha ouvido uma discussão no corredor, mas não tinha entendido o que era.

Lily: Merlim, FALA LOGO. O que aconteceu?

Mary: Então... esse é o motivo de eu ter passado o verão na casa dela.

Lily: Qual é? Qual é?

Mary: Lils, promete que você NUCA vai mencionar isso com ninguém?

Lily: Prometo.

Mary: Eu fiquei conversando com ela, e ela acabou se abrindo. Ela falou que estava cansada de Hogwarts. Que estava pensando em desistir da escola.

Lily: O QUE? MAS POR QUÊ? Ela não gosta de estudar magia?

Mary: Lils... Ela disse que estava cansada de não ter com quem conversar... Eu sei. Eu sei que assim que você ler você vai pensar 'Mas ela é amiga do Potter', mas é diferente ter amigos homens e mulheres, não é?

Lily: Nossa... eu nunca tinha pensado... Ela parecia tão... É, é diferente sim.

Mary: Ela também me contou... Que os pais dela... Morreram em janeiro.

Lily: Lord das Trevas?

Mary: Disseram que não conseguiram identificar a causa. Mas ela crê que sim. É por isso que eu agi tão esquisito na última semana de aula, eu estava tentando me aproximar dela, e acabou que ela me chamou pra passar as férias com ela, porque se não ela ia ficar sozinha... E eu fui. E Lils, ela é muito engraçada e divertida, você vai adorar ela se der uma chance. E ao contrário do que você pensa, ela fala mais mal do Potter do que você.

Lily: Que bela amiga ela é, hein?

Mary: Não Lils, ela não fala mal dele desse jeito, ela fica tirando sarro dele, nós fomos na casa dele um dia, ela queria fazer não sei o que com o Black e ele está morando na casa do Potter né, então nos fomos lá e nossa, foi muito engraçado.

Lily: Na casa do Potter, é?

Mary: Aliás, ele é rico sabia? Mas, digo, rico meeesmo. A casa dele é enorme, acho que se juntasse a minha casa com a sua e a da Sophie, talvez agente se aproximasse ao tamanho da casa dele.

Lily: Por isso que é idiota então, foi mimado até não poder mais.

Mary: Você vai dar uma chance para a Anne?

Lily: Tá, tudo bem, eu vou tentar. Mas ela tava chorando por isso? E a confusão do corredor?

Mary: eu ainda não sei o que aconteceu, mas foi alguma coisa com o Black mesmo.

Lily: Certo, mas agora é sério, vamos fazer a poção vai.

Lily entregou o pergaminho a Mary que sorriu e dobrou o papel e com um aceno de varinha fez o mesmo virar pó em sua mão.

N/A: ¹ - Agradecimentos ao POTTERISH, e o dicionário da Madame Pince de onde eu literalmente roubei as informações sobre a poção Felix Felicis. (:

Bom, vale também dizer que eu fiquei muito feliz com todos os comentários que eu recebi, apesar de poucos. E eu lamento muiiiiiiiiiiiiiiiiiito a demora toda para postar o terceiro capítulo, mas eu entrei na faculdade esse ano, e esse primeiro semestre foi cheio de adaptações e eu consegui um emprego então a minha vida simplesmente virou de pernas pro ar e eu acabei deixando a fic um pouco de lado. ): Bom, agora no segundo semestre eu estou mais organizada e acostumada com a vida em SP já portanto acho que vou conseguir atualizar mais rapidamente. Logo, logo eu posto o capítulo 4, espero que gostem

REVIEWS!