Capítulo inspirado na música Miss independent - Kelly Clarkson

Gostaria da opinião dos leitores para melhorar a fic, mais explicações nos comentários finais.

Boa leitura!


Cap 10 - What happened to Miss Independent?


Abri os olhos assustada para logo depois fechá-los por causa da claridade. Demorei alguns segundos para perceber que estava deitada em uma maca com uma luz ofuscante bem no meu rosto enquanto uma moça admirava o trabalho que fez.

"Tudo não tinha passado de um sonho? Mas tudo foi tão real!"

"Agora você pode ir para o salão se trocar, já está quase na hora da grande festa!" A moça que não tinha a mínima noção do nome disse com um sorriso enquanto colocava um espelho na frente de meu rosto. Não consegui ver a imagem no espelho e muito menos retribuir o sorriso tamanha minha confusão.

"Que sonho louco era aquele?"

"Tente não chorar, suar ou comer algo até a hora das fotos, ok?" Piscou um olho como se esse fosse o segredo para a cura da Ébola...

"Posso respirar?" Ok, eu sei que fui uma grossa, mas meu humor não é o dos melhores quando sou acordada.

"Desde que você não espirre..." Ela pareceu não ligar para minha mal criação. "Agora se aprume! Já esta quase na hora!" Apontou para a saída do salão.

"Heeeeey." Fingi, bem porcamente, empolgação enquanto pulando da maca. Meio grogue do sono, agradeci a mulher e dei alguns passos tortos antes de conseguir recompor meu equilíbrio e andar normalmente, na porta um homem abriu a porta de um taxi num gesto cortês, recusei com a cabeça e segui caminhando até minha casa.


17:00


Depois de ter perdido preciosas horas de sono, passado fome, quase morrido de tédio e tido um sonho bizarro finalmente estava pronta e entrando na minha adorada casinha!

"Uau!" Meu irmão exclamou quando me viu entrar em casa. "Conseguiram te deixar bonita!" Falou mordendo um suculento pedaço de croissant. Olhei para aquele salgado como se ele fosse o anel do poder e eu o Smeagol.

"Pena que nada consegue te deixar bonito irmãozinho." Numa atitude totalmente conveniente para minha idade tentei roubar o 'precioso' das mãos dele.

"Não preciso ficar bonito, já tenho quem me ama pelo que eu sou..." Respondeu com um sorriso superior tirando o salgado do meu alcance. Abri a boca para responder, mas não consegui pensar em nada. Só precisava chegar um pouquinho mais perto...

"Cala a boca!" Falei, conseguindo enfim roubar um pedaço substancial do lanche do meu irmão.

"Kagome o que você esta fazendo!" Dei um pulo com o grito que minha mãe deu. "Você vai estragar sua maquiagem!" Falou tirando o pedaço de croissant da minha mão.

"Eu to com fome!"

"Tome suco. E de canudinho!" Disse colocando meu precioso pedaço em cima da mesa, Souta rapidamente o pegou e colocou na boca com um sorriso vitorioso. "Ora essa, que idéia de girico. Essa menina não tem o mínimo de juízo..." Saiu da cozinha reclamando com as paredes da minha falta de feminilidade.

"Como eu adoro ser homem." Souta sorriu.

"Merda..."


18:15


Tédio, do latim taedium. Era o que sentia vendo televisão esparramada no sofá de uma forma totalmente desconfortável para não estragar o cabelo.

"Kagome o que você esta fazendo!" Minha mãe gritou. No susto o controle remoto voou uns dez centímetros e o esforço de pega-lo no ar resultou num tapa que o jogou longe. "Você precisa se arrumar!" Ralhou parando na frente da tv.

"Mas já não é isso que eu tenho feito desde as nove da manhã?" Falei esticando o pescoço para ver o Pernalonga enganar o caçador burro.

"Deixe de besteira, você precisa se vestir. Já esta quase na hora da festa!" Jogou uma coisa dourada no meu colo, só depois fui perceber que a coisa era um vestido.

"Ainda são seis horas mãe!" Reclamei indignada.

"E a senhorita tem que estar no salão as oito no máximo."

"Droga..." Levantei do sofá arrastando o vestido como se ele pesasse demais para carregá-lo de uma forma digna para uma roupa de festa.

"Daqui a pouco estamos saindo." Disse olhando sua imagem no espelho. "O Inuyasha vai vir te buscar." Minha mãe avisou ignorando minha birra.

"... Mil vezes droga..." Continuei lamentando enquanto subia as escadas como se meus tênis fossem feitos de chumbo. Ficar um tempo a sós com o Inuyasha era tudo que eu não precisava hoje.

Por que eu aceitei fazer parte dessa festa mesmo?


"Não se atreva!" Falei olhando o reflexo de Sesshoumaru sentado na minha cama. O desgraçado não perdia uma oportunidade de encher meu saco.

"Eu não disse nada." Cruzou os braços com um sorriso de escárnio no rosto.

"Mas pensou..." Fingi não me importar com essa rara demonstração de humor dele. Ele estar sorrindo só poderia significar uma coisa, que eu estava extremamente ridículo.

"Eu não tenho o direito nem de pensar o quanto você esta patético com esta roupa?" Apertei as mãos para não voar no pescoço dele.

"Cala essa boca!" Falei tentando arrumar o colarinho idiota que insistia em ficar torto. "Que se dane..." xinguei abrindo o primeiro botão da camisa. "A Kagome me enfiou nessa idiotice, nada mais justo do que ela arrumar essa porcaria." Peguei o lenço que acompanhava a roupa e pus de qualquer jeito no pescoço. "E essa também..."

"Quanto stress irmãozinho, você esta indo para uma festa, lembra-se?" Sesshoumaru falou se divertindo com minha raiva.

"Sesshoumaru é sério, cala a sua maldita boca!" Falei perto de ter um ataque de nervos.

"Se eu não te conhecesse Inuyasha pensaria que todo esse nervosismo é devido à abstinência sexual."

Eu juro, com toda as minhas forças, que pensei em cometer um irmãocídio nesse momento. Mas como sou uma pessoa controlada e calma simplesmente finquei minhas garras na palma de minhas mãos.

"Ou..." Continuou sorrindo. "Pelo fato de ficar a noite inteira perto da pessoa amada." Respirei fundo tentando me acalmar.

"Ainda bem que você me conhece..." Fingi indiferença ao seu comentário.

"Ainda bem mesmo. Seria estranho o arredio Inuyasha ter finalmente sossegado e aprendido a suportar outra pessoa além dele mesmo." Usei cada fibra de paciência que existia no meu corpo para não atravessar o quarto e tirar aquele sorriso prepotente à porrada.

"Você não tem uma namorada pra encher o saco não?" Perguntei domando meu instinto assassino e tentando mudar o foco da conversa para o único assunto que deixa ele sem graça, Rin. "Em vez de ficar aqui amolando a minha paciência, vai lá e faz ela se arrepender um pouquinho de ter pedido pra ficar com você." Minha tática deu certo. Sesshoumaru finalmente levantou e saiu do quarto, para aparecer segundos depois na solera da porta sorrindo.

"Ah... Antes que eu me esqueça Inuyasha..." Pegou o celular e tirou uma foto. "Você está muito ridículo com essa roupa." Saiu antes que o sapato que joguei tivesse a oportunidade de acertá-lo.

"Sesshoumaru imbecil... Festa imbecil! Até parece que estou gostando daquela garota... Imbecil..." Tirei aquela roupa medonha e coloquei de volta no cabide... Não iria andar por lugares que eu era conhecido com aquela fantasia idiota.


19:00 - Casa da família Higurashi


DING DONG

Ouvi a campainha mas nem dei atenção, estava mais ocupada tentando fechar cada maldito botão do vestido. Droga de Facebook que atrasa as pessoas procrastinadoras!

DING DONG... DING DONG

"Ninguém vai atender a porta?" Berrei do meu quarto.

DING DONG, DING DONG, DING DONG, DING DONG...

"Droga…" Bravejei desistindo de fechar o vestido depois da sétima Ding donguizada. Por que ninguém abria a porta pra esse ser infeliz? Bufando sai do quarto segurando o vestido para que não caísse e desci a escadas.

"Mãe? Souta?" perguntei para as paredes. Nada, lembrei que já tinham saído. Provavelmente estavam na festa, já que a Hitomi teria um chilique se o 'príncipe dela' chegasse depois das oito, como eu provavelmente iria chegar...

DING DONG...

Tomei um susto quando a campainha tocou de novo. Se for o Souta querendo pegar alguma coisa que esqueceu, juro que dou tanto cascudo nesse pirralho que ele nunca mais vai esquecer suas chaves!

"O que você quer?" Abri a porta com tudo. Só não espera que uma coisa, ou melhor, uma pessoa, que estava apoiada nela caísse em cima de mim me derrubando junto com ela no chão.

"Você sempre atende a porta mal humorada ou é só um privilegio meu?" Perguntou zangado.

"Inuyasha? Você está atrasado!" O empurrei com força.

"Me desculpe. E que mal podia esperar para tocar sua campainha e ser recepcionado por uma louca que sempre me recebe com patadas!" Disse mal humorado enquanto saia de cima de mim e foi fechar a porta.

"Você ainda não está arrumado e nós já estamos atrasados! A Hitome vai matar a gente!" Levantei brava. Inuyasha me olhou indiferente, como se nem ligasse para minha cunhada, mas em poucos segundos ele fazia uma cara de espanto. "O que foi?" Perguntei.

Ele continuou me olhando sem piscar e tive a impressão que sua boca abriu um pouquitinho também. Estava começando a ficar preocupada com esse estado débil dele.

"Você... Seu vestido... Ele..." Balbuciou ainda me olhando, segui seu olhar e vi que o corpete do vestido escorregou pelo meu ombro e deixou grande parte do meu busto a mostra.

Ah, quem eu quero enganar? Estava quase pagando peitinho na frente do Inu! Isso só não ocorreu porque usava um daqueles sutiãs invisíveis (tipo invisible bra sabe?), mas mesmo assim ficava um decote muito grande e a cara de tacho do Inuyasha tinha o dom de me envergonhar mais ainda.

"Pará de me olhar com essa cara!" Mandei segurando o vestido no meu corpo novamente.

"Ah tá, claro..." Inuyasha virou de costas parecendo tão envergonhado como eu.

"Não acredito nisso..." Resmunguei tentando fechar sozinha, mas obtendo o mesmo sucesso de antes.

"Quer ajuda?" Perguntou ainda de costas.

"E claro que nã... Ah, fecha logo isso." Fiquei de costas para ele. Iria dizer que não, mas a dor nos meus braços causado pelas tentativas fracassadas me fizeram mudar de idéia.

Senti as mãos dele tocando de leve as minhas costas enquanto fechava cada um daqueles ganchinhos e cada pêlo do meu corpo se eriçava quando isso ocorria.

Sem perceber fechei meus olhos e comecei a lembrar do sonho. Como tinha sido bom! Será que beijar o Inuyasha era tão bom quanto na fantasia? Será que se eu o beijasse ele gostaria?

"QUE PORCARIA EU ESTOU PENSANDO!"

"Pronto" Inuyasha falou se afastando quando terminou de fechar o ultimo fecho da roupa.

"Porque você ainda não esta pronto?" Perguntei tentando ignorar a falta que sentia do seu toque.

"Eu até comecei a me vestir mas não tive coragem de sair na rua desse jeito." Disse apontando para um cabide coberto por uma capa que estava esquecido no chão. conclui que ela provavelmente caiu no chão quando Inuyasha caiu sobre mim. "Aonde posso me trocar?"

"Pode ir para o meu quarto." Ele assentiu com a cabeça e subiu as escadas. "Droga. Esqueci os sapatos!" Subi as escadas correndo antes que o Inuyasha começasse a se trocar para pegá-los.

A porta estava entre aberta, quando levantei meu punho para anunciar minha presença vi que ele tirava a camiseta. Meus olhos se fixaram em seu corpo, e, diga-se de passagem, QUE CORPO! Benza Deus... Aquele era um tanquinho que toda mulher deveria ter em casa!

"Como você é gostoso..." Sussurei antes que conseguisse frear minha língua. Senti meu coração parar de bater quando suas orelhas se mexeram como se tivessem captando algum som.

"Crap!"

Mordi minha língua para me punir por ter esquecido as orelhas.

"Me espionando?" Um sorriso presunçoso adornava seu rosto. Meu coração deu mais uma vacilada e todo o sangue do meu corpo resolveu parar no meu rosto.

"Não intencionalmente..." Assumi enquanto torcia que toda aquela maquiagem tivesse alguma serventia e escondesse a vermelhidão.

"Obrigado pelo elogio." Disse vindo em minha direção.

Fiquei indecisa entre correr ou ficar pra ver o que aconteceria. Provavelmente era assim que uma presa se sentia sendo encurralada por seu predador...

"Disponha." Disse recuando alguns passos quando a distância entre nossos corpos era pequena demais para ser considerada segura. Seu sorriso aumentou, se é que isso era possível, quando minhas costas encostaram na parede do corredor.

Fechei meus olhos aceitando seja lá o que ele pretendia fazer comigo. E sendo sincera comigo mesma, o 'seja lá o que ele pretendia fazer comigo' era o que eu esperava a muitos anos!

Num momento senti seu hálito no meu rosto e em outro já não sentia mais. Abri meus olhos e o vi sua mão aberta com um pernilongo recém morto na sua palma. Agora eu tinha certeza absoluta que a maquiagem não cobria a vermelhidão de meu rosto e nem suavizava meu olhar assassino.

"Você estava achando que ia te beijar, não?" Sorriu enquanto colocava a camisa da fantasia me privando de uma das melhores visões da minha vida.

"Você é um idiota!" Desabafei com raiva. Quem ele achava que era para brincar comigo daquele jeito!

"Sou um idiota, mas você esta louca para beijar."

"Não vale a pena discutir com você..." Fui pegar meus sapatos fazendo questão de bater meu ombro em seu braço. Infelizmente descobri que isso era o mesmo que topar com um tronco de árvore.

"Quem cala consente." Ele disse enquanto fechava os botões da camisa.

"Nem sempre, às vezes quem cala ignora!" Disse lutando com meus olhos para que não acompanhassem as mãos dele.

"Por que você não assume logo?" Falou enquanto retirava os sapatos. "Se você pedir com jeitinho... talvez eu possa realizar seu desejo..." Provocou abrindo o botão da calça. Mordi meu lábio e tentei focar minha atenção em seu rosto.

Como eu odeio esse cara!

"Se eu quisesse te beijar já teria feito isso a muito tempo..." Blefei. Tive a impressão de ouvir um sonoro MENTIROSA vindo da minha consciência, mas ignorei. "Você não é tão especial quanto pensa." Forcei um sorriso convencido. Para mim o sorriso iria parecer muito falso e patético, mas aparentemente estava enganada. O sorriso presunçoso do Inuyasha vacilou.

Yeah!

"Prove!" Falou abrindo o ziper da sua calça jeans de uma maneira bem sensual para minha sanidade.

"Quê?" Perguntei genuinamente confusa.

"Prove que não sente atração por mim." Inuyasha falou com uma cara muito estranha. Como se nem ele acredita-se no que tinha acabado de falar.

Levantei uma sobrancelha.

"Você cheirou meia chulezenta?" Perguntei achando que o comportamento dele estava sendo influenciado por algo tóxico... "Por que teria que te provar isso?"

"Tem razão. Você não tem que me provar nada..." Falou entrando no quarto e parando de costas para mim. Por um segundo tive a impressão de ter visto seu rosto com um tom avermelhado, mas qualquer impressão e pensamento foi extinto quando ele abaixou a calça e revelou um belo par de pernas e claro, uma outra parte mais interessante. Parecia que o traseiro dele era um imã e que meus olhos eram feitos de metal.

"Aham..." Balbuciei enquanto admirava a paisagem.

"Você pode parar de secar a minha bunda?" Perguntou ficando de frente para mim, me dando outra região anatômica para olhar.

"Você viu meus peitos, só estou retribuindo." Falei forçando meu olhar para seu rosto. Não sou tão cara de pau para olhar para quando o dono de me encarava.

"Estamos mudando o foco da conversa.." Cruzou os braços

"Que foco?" Perguntei sem ter certeza sobre o ele estava falando. Meus neurônios só se concentravam em partes do Inuyasha que estavam sendo cobertas com muito pouco pano.

"De você ser uma covarde!"

Tipo... Hãn?

"Você é uma covarde por não querer assumir que sente atração por mim" Explicou quando viu minha cara de interrogação.

"Por que eu teria medo de assumir isso?"

"Não sei por quê.. Quem sente o medo é você, só você pode responder essa pergunta."

"Eu não sinto nada por você!" Falei meio alterada.

"Então prova!" Ele se alterou também

"Não tenho que te provar nada!" Praticamente gritei chegando mais perto. "Que discussão infeliz!" Dei um passo para trás me afastando.

"Você não quer provar porque sente algo!" Pegou meu braço impedindo que me afastasse mais.

"Por que eu preciso te provar algo? Por que é tão importante você saber sinto algo ou não?" Inuyasha pareceu pensar por alguns segundos, como se nem ele mesmo tivesse uma resposta. E eu também não tinha certeza se estava preparada para ouvi-la.

"Porque... sim." Fiquei meio desapontada com a resposta. "Só pra provar que continuo irresistível" Abriu um sorriso prepotente e soltou meu braço.

"Pif...Coitado de você."

"Já sei!" Falou como se tivesse descoberto a solução para uma charada difícil. "Você é lésbica!"

"Quê? Lógico que não. Que idéia idiota!"

"Pode assumir Kagome, agora tudo faz sentido." Sorriu como se tivesse descoberto que o ovo veio antes da galinha. Revirei os olhos e soltei mais um 'pif' bravo.

Em dois passos acabei com a distância entre nós. Sem nem perceber peguei seu rosto, nada delicadamente diga-se de passagem, e juntei nossos lábios. Mas não fiz só isso, quem dera a minha sanidade que fosse só isso, forcei minha língua para dentro da boca dele e senti a dele entrando na minha.

Assumo, aliais, nem preciso assumir porque todos já sabem. Não tinha a mínima idéia do que estava fazendo! Não sabia se ficava parada esperando o Inuyasha fazer todo o trabalho, se era eu que deveria fazer todo o trabalho ou se os dois tinham que trabalhar. Na dúvida acabei copiando os movimentos dele e fazendo figas mental para que estivesse certa.

Outro problema que tive que lidar foi com o oxigênio, ou melhor, a falta dele. Todo livro de romance mela cueca que li existia uma pausa para respirar. Fiquei meio desesperada quando meu oxigênio estava acabando e a bendita pausa não acontecia. Ate tentei forçar uma, mas quando me mexi e tentei empurrá-lo o Inuyasha me abraçou e mudou o ângulo do pescoço enquanto me prensava na parede, fazendo o pouco ar dos meus pulmões escapassem pelo nariz, me deixando consideravelmente mais desesperada.

Gemi tentando avisar o Inuyasha que já não estava agüentando e que precisava respirar, mas quem disse que ele entendeu? Pelo contrario, colocou a mão na minha nuca e aprofundou ainda mais o beijo. Quando já estava a ponto de socá-lo no ombro senti um ventinho morno batendo na minha bochecha proveniente do nariz do Inuyasha. Fiquei meio fula de descobrir que ele estava respirando normalmente enquanto eu estava quase morrendo sem ar!

Tentei puxar o ar pelas narinas e fiquei impressionada em como era fácil fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Descobrir que era possível respirar e beijar ao mesmo tempo relaxou meu corpo e soltei um suspiro de alivio. Infelizmente, ou felizmente se for olhar por outro ângulo, o Inuyasha achou que o suspiro era de satisfação e que o relaxamento da minha musculatura do abdômen era por estar adorando.

A prepotência masculina chega a ser patética.

Depois que meus neurônios conseguiram passar pela nevoa de desespero e nervosismo, consegui raciocinar com mais precisão. Minha primeira constatação foi que fiquei tempo demais preocupada com a minha respiração e não dei atenção a outros fatos, como estar colada na parede com o Inuyasha e que o mesmo estava me abraçando um tiquinho forte com uma mão enquanto a outra passeava pela minha parte traseira, vulgo bunda e a apertando.

Meu primeiro impulso deveria ser o de me afastar, dar um tapa na cara dele e ir embora. Era isso que a minha mãe esperaria de mim, mas eu não sou trouxa né... Se ele podia apertar a minha por que eu não poderia retribuir? Apertei a bunda, afinal nunca tive vocação para freira

Se minha mãe visse que a única filha dela estava beijando o namorado pela primeira vez desse jeito provavelmente ficaria escandalizada. Mas se servir de desculpa, já namoro com ele a meses.

Alguns segundos, minutos ou horas depois, não sei dizer ao certo, finalmente nos separamos arfando e com os lábios um pouco inchados. A partir daí seguiram-se uns segundos de silencio constrangedor acompanhados com a cara de paspalho dele e provavelmente minha também.

"Yeap.. Acho que ficou claro minha sexualidade..." Falei a primeira frase que surgiu na minha mente, mas isso não pareceu capaz de tira-lo do estado de choque. Aproveitei o momento stand-by dele para me afastar sem maiores constrangimentos. Peguei meus sapatos e praticamente corri ate a porta. "Ate mais..." Disse fechando a porta.

Andei o mais rápido que consegui e ao mesmo tempo tentei não dar pinta que estava fugindo. Sei que se ele quisesse me alcançaria em dois tempos, mas tinha que tentar abrir uma distância segura pela minha sanidade.

Só parei quando estava na sala. Encostei-me a parede procurando um ponto de apoio, meu coração estava super acelerado e parecia que só agora tinha caído a ficha do que tinha acabado de fazer e o quanto fui ousada.

Eu beijei o Inuyasha! Meu primeiro beijo foi com ele!

Minha nossa senhora das solteiras desesperadas, eu beijei o cara mais desejado da minha faculdade e fui correspondida!

Eu sou foda!

Respirei fundo umas três vezes tentando acalmar meus batimentos cardíacos, parecia que todo o nervosismo que não tive no momento do beijo estava caindo sobre meus ombros. Coloquei uma mão no peito tentando acalmar mais meu coração e o tremelique que estava me dando.

TRIIIM TRIIIIIM

Dei um pulo com o telefone tocando. "Alô" Atendi com a voz um pouco tremida.

"VOCÊ AINDA ESTÁ EM CASA!" afastei o telefone da orelha por causa do grito da minha cunhada.

"É que tivemos um imprevisto Tomi, o carro do Inuyasha quebrou." Menti

"EU NÃO QUERO SABER! VOCÊS JÁ DEVERIAM ESTAR AQUI!" Afastei o telefone um palmo da orelha. "EM DEZ MINUTOS ESTOU PASSANDO AI PRA PEGAR VOCÊS, ESTEJAM PRONTOS!" Desligou antes que eu tivesse oportunidade de responder. Nunca pensei em dizer isso, mas coitado do Souta por ser namorado dela hoje.

Me armei de coragem e subi as escadas para chamá-lo. Pelo menos não teria que ficar sozinha num carro com ele.

"Inuyasha você esta pronto?" Falei encostada na porta.

"Quase." Veio a resposta abafada

"A Hitome disse que vai passar aqui em cinco minutos para pagar a gente.." Falei pra porta.

"Por que ela faria isso se eu tenho carro?" Perguntou abrindo a porta.

"Alguém pode ter dado a entender que o seu carro estava quebrado para justificar um atraso." Disse inocentemente.

"Hum... Estou com um pequeno problema aqui... Me ajuda!" Suspirei fundo e finalmente o olhei. "Você pode amarrar essa coisa no meu pescoço e prender meu cabelo?" Perguntou segurando uma fita azul e um lenço branco que parecia ser de seda.

"Na teoria eu posso..."

"A teoria é melhor que nada." Colocou a fita em minhas mãos antes que pudesse completar minha frase e ficou de costas.

Me controlei para não bufar. Será que esse cara não percebia que eu não estava nem um pouco à vontade de ficar nesse quarto com ele?

Passei meus dedos em seus cabelos tentando tirar algum possível nó e é claro, para tirar uma casquinha. Inuyasha é a única pessoa que conheço que não tinha o mínimo cuidado com o cabelo e mesmo assim tinha os fios impecáveis. Talvez essa fosse uma das vantagens de ser yokai, seus cabelos são inquebráveis e sem pontas duplas. Fiz um rabo de cavalo frouxo para ele não parecer mais gay do que já estava parecendo e prendi com a fita.

"Pronto senhor." Disse terminando de fazer o laço. Ele se virou, levantou a gola da camisa e me deu o lenço. Não tinha idéia de como arrumar aquilo, mas já que ele pediu..

"Ta enforcando." Ele reclamou.

"Para de frescura, to fazendo o possível." Disse apertando um pouco mais que o necessário por maldade, claro.

"Você parece estar querendo me matar, isso sim." Pegou minhas mãos me impedindo de fazer o nó.

"Se acha isso peça ajuda a outra pessoa." Puxei minhas mãos.

O que aconteceu depois foi rápido e previsível. Em um momento estávamos nos encarando e em outro senti a mão dele puxando minha nuca e juntando nossas bocas. Como disse, mais clichê impossível.

Sem as preocupações e neuras do primeiro beijo eu consegui sentir melhor o que era ser beijada e as reações do meu corpo ao Inuyasha. Cada movimento, arrepio e ate o hálito dele causava uma sensação diferente. O tempo já não importava e o que eu mais queria era não parar tão cedo de beijá-lo.

Provavelmente esse beijo não significasse para ele tanto quanto para mim, mas percebi pela força que ele me beijava, que ele precisava disso tanto quanto eu. Talvez a falta de sexo esteja fazendo mal a sanidade dele.

O beijo terminou, rápido demais na minha opinião, e fiquei sem saber o que fazer. Deveria fazer um hi five ou pegar a mão dele e agir como se isso fosse algo extremamente comum para um casal de namorados não convencionais como nós?

Antes que pudesse me decidir, senti a boca dele fazendo um rastro de beijos do meu rosto ate o pescoço. Toda e qualquer dúvida e sanidade que poderia existir na minha cabeça virou fumaça antes que eu pudesse pensar 'paralelepípedo'.

Senti um puxão nas minhas coxas e perdi o chão quando minhas pernas foram enlaçadas na cintura dele. Não posso dizer que era uma sensação boa não ter meus pés bem fixos no chão, mas também não era uma posição insuportável porque era realmente bom.

E a falta de sentido desse pensamento não fez diferença nenhuma pra mim no momento.

Minha mãe realmente me mataria se visse isso. Principalmente se ela visse que o Inuyasha estava subindo o pano da saia e que eu não tinha força de vontade suficiente para mandá-lo parar...

"Kagome você está ai? Ahn..." Olhamos para a porta assustados, minha cunhada nos olhava com uma cara de quem abriu a porta do forno antes do tempo e acabou solando o bolo. Não pude deixar de reparar o quanto a minha analogia foi apropriada pro momento. "É assim que vocês consertam o carro?" Perguntou cínica

"Eu... ele... nós..." Comecei a balbuciar em pânico.

"Achou ela Tomi?" Meu sangue gelou quando ouvi a voz do meu irmão entrando no quarto. "QUE POUCA VERGONHA É ESSA!"

Não consegui responder e mesmo que conseguisse não poderia formular uma frase. A única coisa que consegui fazer foi apoiar minha cabeça no ombro do Inuyasha e rezar para que ele saísse do estado de choque logo e me colocasse no chão.


Sete minutos. Esse foi o tempo exato do sermão do meu irmão. No oitavo minuto já estava sendo ameaçada com 'a mãe vai saber disso' e recebendo uma lição de moral que só foi interrompido por uma Hitome furiosa por já estarmos atrasados.

Seguimos para o carro e o resto do caminho foi preenchido por um silêncio constrangedor, resmungos do Souta e bufos da Hitomi que tentava salvar a maquiagem na região da minha boca.


Fim de festa, já tinha pagado meu mico da encarnação, dancei relativamente bem com o Inuyasha e me mantive afastado dele o resto da festa. Minha meta do dia estava completa, correto?

Errado! Agora precisava convencer o Souta de não me dedurar. Claro que para isso precisaria da ajuda da minha cunhada que estava tão brava comigo que nem olhava para a minha cara...

"Tome, aproveitou bastante a festa?" Disse com um sorriso cheio de dentes quando finalmente tive uma oportunidade de encontrá-la sem meu irmão.

"Hunf..." bufou me ignorando. Não sabia o que dizer então simplesmente a segui para dentro do banheiro.

"Eu sei que você esta brava comigo por ter feito você sair da sua própria festa para me buscar, me desculpe." Falei genuinamente arrependida.

"Eu não estou brava, eu estou magoada por você não estar aqui no horário que pedi por estar transando com o namorado." Fiquei vermelha, mas não poderia culpá-la por pensar o que era obvio para uma pessoa de fora.

"Hitome, nos não transamos. Realmente estávamos atrasados e quando fui avisá-lo que você vinha nos buscar a gente... meio... que perdeu o controle, sabe?" Disse sinceramente.

"Tudo bem" Abriu um sorriso. "Me conta como foi a primeira vez de vocês." Sentou na pia me olhando.

"Nós nunca tivemos primeira vez."

"Por que não? Se o Inu for tão insaciável quanto o Souta você vai ter trabalho." Comentou tranquilamente. Não consegui bloquear a imagem do meu irmãozinho, ate o momento virgem, e minha cunhada fazendo sexo. Esse era um tipo de informação que eu poderia viver sem.

"Yuk! Por todos os santos mulher! Se você quer que eu vomite minha bile existe métodos menos traumatizantes!" Falei enojada.

"Hehehe, você fala como se nunca tivesse feito. Espera ai.. Você é virgem Ká?" Arregalou os olhos como se fosse algo antinatural. eu poderia dizer a verdade, poderia mentir ou mandá-la pra aquele lugar, mas o choque só permitiu que ficasse muda. "Que bonitinho... Eu e o Souta também éramos virgens, mas depois de uma festa a gente foi pra casa de uma amiga e..."

"Ok.. Não me traumatize." Falei antes que ela me desse detalhes da sua vida sexual com o meu irmão recém saído das fraldas. "Preciso que você me ajude a controlar a língua do Souta se não nunca terei mesmo a oportunidade de transar com o Inuyasha enquanto minha mãe viver." Pedi num tom de brincadeira, mas sabendo que aconteceria isso mesmo.

"Não se preocupe, sei como manter a língua dele ocupada." Disse com uma olhar sugestivo.

Definitivamente não fazem mais crianças como antigamente...


O caminho de volta para casa foi como o esperado. Mamãe dirigindo e um silêncio constrangedor que ela não conseguia detectar entre o Inuyasha, Souta e eu. Meu irmão estava com a cara fechada, não tenho idéia da chantagem que minha cunhada usou, mas definitivamente deu certo.

Cedo demais pro meu gosto chegamos em casa. Minha mãe logo entrou, mas meu irmão ficou ate que eu fiz um discreto sinal de 'chispa'. Ele foi, mas fez um sinal nada discreto de 'estou de olho em vocês' antes de entrar.

Finalmente tinha chegado a parte da noite que mais esperava e temia. Como ficaríamos agora? Como antes? Eu esperava sinceramente que não.

"Gostou da festa?" Foi o Inuyasha que puxou o assunto.

"É, foi legal. E você?" Disse sem jeito.

Ele não se importou em responder, simplesmente me puxou para um beijo tão afoito quanto o que fomos flagrados.

PI PI

Me assustei com o barulho do alarme do carro da minha mãe trancando o mesmo, olhamos para a janela e lá estava o Souta repetindo o gesto do 'estou de olho em vocês.'

"Seu irmão é pior que um cão de caça." Inuyasha resmungou se afastando. "Acho melhor você entrar. Depois terminamos esta conversa." Deu um selinho rápido e se encostou em seu carro exibindo um sorriso presunçoso para meu irmão que continuava na janela enquanto esperava eu entrar em casa.

Fui direto para o meu quarto e me joguei na cama. Definitivamente. Não ficaríamos como antes, pensei com um sorriso.

What happened to Miss Independent?

No longer need to be defensive

Goodbye, old you

When love is true


Hey!

Finalmente o tão aguardado beijo e um amasso de brinde! rs

Antes de mais nada gostaria da opinião de vcs... O Inu e a Kagome devem pender pro lado romântico ou continuar "realistas"?

VOCÊ DECIDE NOS COMENTARIOS :D

Nem vou perder tempo tentando justificar o atraso, ate porque não existe justificativa de tanto tempo XD. Espero que vocês tenham gostado. Resolvi postar um capitulo bem grande pra compensar o tempo de jejum que causei. Como já disse as reviews de vcs me deu animo pra continuar e vencer o bloqueio/falta de vontade que travava este capitulo... Então continuem mandando por favor!

Muito obrigada a Lory Higurashi, K-tute, Hanari, ptia, Rei Eve Kovik, Aricele, Sereiana, Tirsa, Sacerdotisa, Meyllin, Jhennie Lee, Jessicalpc, Shyu-chan, Faby, Helen, Helen 2(não sei se é a mesma :P), Lilly Angel88... Este capitulo nasceu graças a vcs rs.

Possível nome para o próximo cap:

Amassos

Um abraço e ate o próximo capitulo!

Izayoi-chan