N/a: Gente perdão pela demora,eu tive um blockeio criativo,ou algo do tipo. Não conseguia escrever e tals. Mas finalmente meu cérebro resolveu funcionar e até demais.

Mais uma vez gomen.-Pedindo perdão feito louca igual a mulher dona da pousada do fruits basket- Ò.Ó

Algumas coisas ficaram meio "lalari voadoras" no ultimo capitulo,cof cof digo,ficaram um pouco confusas,desculpem mas as vezes esqueço que vocês não podem ler minha mente o.õ. Eu acho que esclareci tudo,qualquer coisa p.m.,review,orkut ou até aviãozinho de papel. o.õ.

Espero que não tenham me abandonado! No final comento as reviews. Enjoy!!!

N/a 2: Agradeço do fundo do meu rim a Ná-chan,que gentilmente me ajudou a betar a fic,mesmo que eu tenha a conhecido há poucos dias atrás e tenha abusado de sua bondade. Obrigada flor,adorei conhecê-la!

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Concupiscência

do Latim concupiscentia

s. f.,

desejo ardente de bens ou gozos materiais;

lascívia;

luxúria;

apetite sexual.

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Kei chegara exatamente há duas semanas atrás, portanto as investigações do serial killer religioso corriam ao mesmo tempo. Durante esse curto período Matt e Mello se aproximaram bastante do padre, conversavam muito todos os dias e se davam incrivelmente bem. Kei também fazia o possível para se aproximar de Near, que agora, graças à investigação passava mais tempo com eles. Jyuji podia ser descrito como amável, atencioso e bem humorado. Em seu pouco tempo de permanência no lar Wammy já havia conquistado a simpatia de quase todos. Passou a dar aulas de musica e ajudar nas aulas de arte.

As reuniões para investigação do caso ocorriam toda noite um pouco após o jantar no quarto do padre que foi transformado numa espécie de 'QG', ou mais precisamente uma bagunça atolada de imagens, papéis, anotações sobre hipóteses e até notebooks.

Nada de novo acontecera no caso, e já tinham bolado todo o tipo de teoria possível e imaginável. Continuavam com isso por obrigação, e aquilo se tornara tedioso. Numa noite de quinta-feira, Mello acabou adormecendo em cima da mesa enquanto os outros tentavam se ocupar de algo.

"A chuva caia pesada sob a terra criando pequenas poças próximas àquela tradicional casa de caça. Ao redor, árvores enormes balançavam furiosamente com a ventania, a água passava insistente por entre os galhos. Seria uma visão gloriosa se não fosse naquele dia. Puxava uma corda, com força, esta se encontrava amarrada a uma garota, devia ter lá os seus quinze anos, olhos claros, e logicamente desesperada. Tinha os braços totalmente imobilizados, chorava, e mesmo assim ele continuava a arrastá-la com descaso mata adentro, sem qualquer vestígio de compaixão ou arrependimento. Não estava muito certo quanto à convicção daquilo em particular, era algo como uma substituição, era necessária, mas talvez Deus não visse isso. E este era seu maior e talvez único medo. Contudo, seguiria em frente. Andava rápido em direção a casa e arrastava a vitima como um animal selvagem recém-capturado, ela vez ou outra tropeçava no chão lamacento, seu corpo já possuía pequenas feridas, e era erguida com violência, nunca a olhava nos olhos; culpa?

Já caminhavam sob a chuva há horas, o corpo mal agüentava, a tempestade não dava trégua, se misturavam as lágrimas em sua face. Barulhos de animais como uma música, insetos, a visão da construção de madeira ao longe que parecia nunca chegar. À medida que se aproximavam, foi possível distinguir o contorno de um outro homem magro, apoiado numa viga da casa de braços cruzados. Sempre fora muito apegada ao catolicismo e até hoje julgava que podia confiar em seus presbitérios. Doce engano. Mais uns dez passos e foi capaz de ver sua batina como a de seu seqüestrador, e seus olhos amarelos brilhantes, como os de um gato, ameaçador. Logo alcançaram a casa, o padre de olhos dourados aguardava em silêncio, de perto pôde perceber que seu olhar estava longe de ser cruel e era na verdade pesaroso, e palavra 'culpa' quase podia ser lida em sua face. Olhava-o com alguma esperança de ajuda, mas ele evitava seus olhos assim como o outro que a arrastava, apenas ficou em silêncio. Os dois homens apenas trocaram olhares sérios, o que veio com ela abre uma porta na casa suja de madeira e a joga lá dentro impiedosamente, entrava logo em seguida, mas o outro segurou seu braço.

-Eu não posso permitir tal coisa – cheio de incerteza, e com o choro entalado na garganta.

-Você me deve um favor e sabe disso – puxando o braço das mãos do outro – ou você prefere ter a sua vida destruída? – ameaçador.

Mais nenhuma palavra foi proferida. A porta fechou atrás do homem com um baque. O padre agora segurava um terço entre as mãos e rezava desesperado. Porque as coisas tinham ido nesse rumo? Como conviveria com aquela cena para o resto de seus dias? Rezava enquanto chorava, pedia perdão e que um raio atingisse aquela casa. Eles mereciam a morte.

Em meio aquela cortina de água surgiu uma jovem desconhecida, provavelmente uma moradora local.

-Posso me abrigar da chuva aqui? – sorria, afinal pessoas da igreja transmitem certa confiança não?

Tudo que o desesperado cúmplice pode fazer foi tampar a boca da garota e suplicar:

-Vá embora, não diga nada, não olhe para trás, só vá. Por favor.

Preocupada com aquele tom e olhar, apenas obedeceu assim que ele a soltou, sentindo que aquilo salvara sua vida, achou melhor correr pra longe dali o mais rápido que suas pernas permitissem. E dentre a sua fuga pode ouvir um grito mórbido. Correu o máximo que conseguiu, sumindo na mata.

E novamente vislumbrou a faca em suas mãos, o sangue, a carne dilacerada, os olhos opacos, ânsia e choro, a transgressão".

-Por quê? – foi tudo que foi capaz de dizer antes de ser acordado por Kei e Matt aturdidos. Mais uma vez estava suado e chorando. Olhou em volta, Near também estava lá quieto e observando. Sua pele alva lembrava a pele da garota. Lembrou do sangue, do cheiro dele, sentiu ânsia de novo, colocou a mão sob a boca e foi cambaleando para o banheiro sob aqueles olhares preocupados. Sentou-se no chão ao lado do vaso sanitário, observando a água e seu fundo, as lágrimas ainda caíam, juntou os cabelos molhados com as mãos trêmulas e o vômito veio. Seguiu assim boa parte da noite. Sentia-se incapaz de falar qualquer coisa.

Depois do ocorrido Matt contou a Kei sobre o outro sonho de Mello, e falou sobre a óbvia hipótese de esse também ter sido um sonho desse tipo. O padre ficou intrigado, e decidiu que contataria L, mas primeiro precisava conversar com o loiro sobre esse segundo sonho e o que ocorreu nele. A sexta-feira foi dedicada a esse assunto, Mello contou seus dois sonhos com detalhes, e ficaram atentos à TV, rádios, e qualquer outro meio de comunicação que pudesse confirmar aquela 'premonição', mas não houve nada. Talvez fosse somente um sonho. Por via das dúvidas, durante a próxima semana ficariam atentos a qualquer notícia que pudesse levá-los a crer que aquilo não fora coincidência.

O final de semana chegava e dariam uma pausa nas investigações por motivo de um 'evento especial'.

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-Cretino

-Mesmo eu sendo um cretino você me ama.

-Cretino é uma ótima palavra pra te descrever não acha? – brincando

-Ah é? Porquê? – colocando a mão numa das pernas de Mello, próximo à virilha.

-Porque você dá em cima de qualquer coisa que mexa e respire – tirou a 'mão boba' dali – ou melhor dizendo, você transa com qualquer coisa que se mexa e respire.

-Que mentira descarada! Beleza também conta! – levou um tapa assim que acabou de falar – Que foi? Você é uma gracinha, se você me satisfazer sexualmente eu juro que não te troco por ninguém – um empurrão.

-Pára Matt! – dava mais um tapa na mão do amigo que passeava por suas coxas e ameaçava avançar mais.

-Porque? – e avançou sob a boca do loiro que logo o empurrou, podia ter alguém por perto, afinal estavam no meio do jardim. Mello sentado num balanço e o ruivo no chão de frente a ele.

-Você quer que nos vejam?

-Porque não?Sexo ao ar livre é até legal sabia?

-Matt... – reprovando.

-Posso te abraçar pelo menos? – eram óbvias as segundas intenções, mas até que se pudesse comprovar julgou que seria maldade negar.

-Tá Matt, que seja – o ruivo ficou erguido sob os joelhos e abraçou forte o outro, prestando atenção no perfume e maciez de seus cabelos, colocou a mão na perna direita do loiro, tendo certeza ele estava querendo lhe matar, mas quem se importa? Era divertido provocá-lo. Subiu um pouco a mão e ficou tocando toda a extensão com as pontas dos dedos, provocando arrepios em Mello.

-Pára com isso! – e não estava exatamente zangado, talvez inseguro.

-Eu só vou tocar sua coxa, calma – sussurrou provocante e debochado no ouvido do outro. Continuava a tocar de leve a região. Mello sentia que seu corpo esquentava com o toque, e sentia como se um turbilhão de borboletas voasse em seu estômago. Tinha algo errado com isso.

-Pára Matt... – com a voz fraca, mas sem interromper o ruivo.

-Eu queria fazer muito mais que isso – traduziu suas vontades no pescoço do amigo e simultaneamente subiu seus dedos para dentro da bermuda de Mello, tocando sua virilha. Toda ação tem uma reação: foi empurrado e caiu sentado no chão.

-Chega – um atordoado e corado Mello afirmava.

-Olha pra mim – virou o rosto do outro e olhou fundo em seus olhos – Eu te amo, é sério.

-Você não vai me convencer a nada assim – mostrando a língua e rindo, o ruivo também riu.

-Isso tá errado Mello, nessa hora você devia dizer – e se posicionando teatralmente – 'Eu também te amo Mail Jeevas, por favor me faça seu'.

Os dois caíram na gargalhada.

-Você é um cretino mesmo.

-Sou é? Parecia que você tava gostando – e colocando a mão na perna do outro novamente.

-Tira a mão daí! – dando tapas na mão de Matt, que tirava e voltava às mãos para as pernas de Mello, tentando ir o mais longe que a bermuda permitia enquanto o outro tentava impedi-lo, irritado e aos tapas. De repente Mello parou e ficou estranhamente congelado. No segundo andar, numa das janelas, Near! O Near que queria matar. O Near que queria devorar. Matt virou para ver o que acontecia, e ficou abismado com o que houve a seguir, Mello colocou o dedo do meio na ponta língua e olhou provocante para o albino. O ruivo decidiu entrar no jogo, fosse ele qual fosse, quaisquer fossem os riscos e as apostas. Sorriu para Near e mordeu o lábio inferior de Mello que o puxou para um beijo bastante empenhado. O loiro mantinha os olhos abertos e grudados em Near. O garoto de roupas alvas mantinha a mesma inexpressão de sempre. Mas Mihael sabia que o afetava de alguma maneira. Foram longos e terríveis cinco minutos de amassos assistidos por Nate. Aquela visão provocava um desejo estranho pra ele. Possuir Mello, poder dizer que ele era seu. Mas pensava que nada no mundo seria capaz de fazer seu corpo agir sozinho e formar uma expressão. Do mesmo modo que se pôs a observar a cena, se retirou dali. Em silêncio, em branco. Passava-se em sua mente que certas pessoas nasciam com tal energia, magnetismo e brilho que simplesmente arrastavam as outras naquele mar de sensações, até mesmo as pessoas como ele.

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Umas cinco da madrugada, o sono já havia chegado e ido embora várias vezes. Nunca imaginara estar naquela posição com outro garoto, ou até mesmo ter esse tipo de relacionamento com um.

"Acho que a adolescência é uma fase difícil mesmo". Supunha que ter problemas quanto a sua sexualidade nessa época, em especial de sua vida, fosse normal ou até mesmo aceitável. A culpa era de Matt. Na verdade não, estaria sendo descarado demais vendo as coisas dessa maneira. A essas alturas seu ego já admitia que teria 'atacado' Near de qualquer maneira. Mas não que se orgulhasse disso. Ele queria negar aquilo desesperadamente. Aquilo era definitivamente bizarro, e nem ele mesmo entendia essa atração louca e repentina por aquele que mais odiava no mundo. Talvez fosse mesmo gay. Gay. Que palavrinha infeliz. Como esta se tornava horrível ao pensar no que ela significava. Seus olhos, pesados de sono, focalizavam a tela da TV que mostrava o videogame que o ruivo jogava concentrado. "Que hobby idiota. Eu odeio isso". Estava sentado no chão em meio às pernas do amigo e tinha as costas apoiadas no peito deste, os braços de Matt o 'abraçavam' enquanto segurava o controle. Estavam os dois de frente ao móvel que guardava a TV no lado esquerdo do quarto, e perdido em seus pensamentos o jogo passou a um borrão de cores e barulhinhos irritantes, que por algum razão agora havia silenciado, piscou voltando à realidade. O ruivo largara o controle e agora o abraçava, fez menção de virar parar indagar se o sono havia vencido, mas foi interrompido pelos lábios macios de Matt, sua língua morna e especialmente gostosa naquele momento, os movimentos eram circulares e vagarosos, brincavam com isso, e como de costume, costume recente mais precisamente, as mãos do ruivo não ficavam paradas, começava acariciar os cabelos do loiro, seu pescoço, cintura e discretamente seu baixo ventre, como uma provocação e um teste, teste de reação, queria saber se já tinha permissão para tocá-lo após aquela longa e torturante semana em que se encontravam todos os dias após o jantar e antes da reunião do 'QG' no quarto para trocarem beijos e iniciar aquilo que logo acabaria em atividade sexual. Mais uma vez desceu a mão àquele lugar e se demorou mais ali. Mello se sentia nervoso e encurralado com aquelas atitudes repentinas e seu coração disparava. Continuavam se beijando. Admitia estar excitado com o toque, mas é assim que os homens funcionam não? Reagem ao toque. Não era necessariamente gay. Ainda. Sentiu a ereção de Matt atrás de seu corpo. Sentiu vontade de tocá-lo também. Não aprovava exatamente o rumo das coisas, mas deslizou sua mão entre suas costas e o abdômen de Matt, descendo e atingindo aquele ponto rígido. "Que sensação estranha". Tocou a região de novo com certa pressão e o ruivo soltou um gemido quase inaudível. Como diabos ele podia encarar aquilo com tamanha naturalidade? Sentia uma pressão entre suas pernas, o outro começava a abaixar sua samba-canção, diga-se de passagem a única peça de vestia, afinal o calor ainda era intenso. Aquela ação lhe deu um frio na barriga, retirou a mão do outro dali.

-Eu não posso fazer isso!

-E eu não agüento mais isso – chateado – Você tem me torturado durante UMA SEMANA.

Aquela atitude 'garotinho na puberdade' irritava Mello, ele não era obrigado a nada! Matt tinha que entender que não estava preparado pra isso, e se não entendesse que fosse pro inferno! Aquele primeiro passo era o mais importante, ele mudaria muita coisa. Ergueu-se e desligou o videogame e a TV deixando Matt no escuro.

-Mello! Eu tava na última fase! Você tem idéia de quão difícil foi chegar lá?

Não respondeu, apenas se jogou em sua cama. O ruivo pegou cigarros e saiu batendo a porta. Ficou acordado olhando pra parede.

Mail desceu as escadas como um perfeito gato, sem fazer qualquer ruído, entrou numa sala de estar e abriu uma das janelas daquelas de guilhotina, uma conhecida a qual sabia que não rangia. Pulou para o enorme jardim dos fundos iluminado pela lua minguante e um começo de amanhecer no horizonte.

Odiava o fato de ser tão paciente. Quem sabe numa situação daquelas, força resolveria? "babaca". Murmurou sobre si mesmo. Ele JAMAIS faria isso. Acendeu um daqueles "maravilhosos rolinhos de tabaco, nicotina e não sei quantas mil substâncias tóxicas". Olhou uma daquelas figurinhas asquerosas atrás da caixa do marlboro, "como diabos vendem esses pacotinhos de veneno às pessoas?" - franzia a testa e olhava feio a caixinha. Sorriu, se sentiu patético. Caminhou até um dos balanços onde sempre ficava com Mello. Porque tinha que lembrar dele agora? Sentia o perfume dele em sua pele. Só agora parou para pensar que estava só de samba-canção. "Mas quem se importa?". Correu os olhos por todas as janelas de Wammy's house como que por instinto para verificar se ninguém o observava. Para sua surpresa encontrou um vulto branco o observando no segundo andar. Que coisa mais estranha. "Eu queria saber que merda ele ta fazendo acordado essa hora". Resolveu fazer um discreto aceno com a mão. Para surpresa maior ainda Near correspondeu apoiando a mãozinha aberta no vidro da janela. Ele era de certa forma bonitinho. Trazia consigo noutro braço o que parecia ser um bichinho de pelúcia. Não desgrudava os olhos de Matt, isso o fazia querer adivinhar seus pensamentos. Um cachorro uivava na rua. "Que assustador. Mello me chamaria de bixa como sempre" Riu. Apagou o cigarro quase no filtro no banco de madeira do balanço, e o jogou na grama verde sob seus pés descalços. Levantou-se, deu uma olhada no garoto parado lá como um fantasma e foi para cama com seus "pensamentos inúteis".

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-Finalmente sábado! – Mello espreguiçava-se logo após despertar. Olhou para cama ao lado a procura do melhor amigo, mas a cama estava arrumada e não havia nem sinal dele no quarto. Olhou o relógio sob o criado mudo, marcava uma e cinco – Puta que pariu, porque ele não me acordou? – foi-se embora uma boa parte do seu bom humor matinal. Resolveu tomar um banho, abriu a janela e se demorou um pouco olhando o céu completamente sem nuvens, aquilo lhe trazia uma sensação boa. Passou as mãos pelos cabelos ajeitando-os, foi para o chuveiro. Saiu do banho, por incrível que pareça cantando, enrolou uma toalha na cintura e abriu a porta que dava para o quarto para que o vapor saísse e permitisse que se olhasse no espelho. Enrolou uma toalha no cabelo e escovou os dentes. Soltou os cabelos louros e penteou-os, a franja já atrapalhava um pouco a visão. Pegou uma tesoura na gaveta e cuidadosamente cortou um pouquinho das pontas. Foi para o quarto se vestir. Vestiu roupa íntima e um macacão jeans, mas só até a cintura, colocou uma camiseta preta, sentiu-se muito quente com ela. Tirou e a jogou na cama. Foi até o banheiro e mais uma vez pegou a tesoura, cortou uns quatro dedos da parte de baixo. Vestiu de novo. Agora esta deixava parte de sua barriga à mostra. Ajeitou a parte de cima do macacão. De certa forma achou que estava um pouco feminino, mas era preferível do que passar calor. Estava satisfeito consigo mesmo naquele dia.

Algum tempo depois o ruivo volta ao quarto, tinha passado a manhã toda com Kei no jardim conversando. Com certeza o desmemoriado Mello tinha esquecido que dia era hoje. Abriu a porta e deu de cara com o próprio pintando as unhas de preto. Isso mesmo: pintando as unhas! Estava embasbacado com aquilo. Teve que perguntar para ter certeza que não era uma miragem.

-Que merda você ta fazendo?

-Pintando as unhas – como se fosse a coisa mais absurdamente comum e óbvia do mundo.

-Tá, que seja Mello – supostamente deveria estar acostumado com essas bizarrices do loiro – Você por acaso lembra que dia é hoje?

-Hum... Sábado?

-Sim, e?

-E o que? Fala logo.

-Dia da adoção!

-Nossa tinha me esquecido completamente disso – e disse uma série de palavrões amaldiçoando sua memória e aquela porcaria de dia.

-A gente tem que descer, os casais estão chegando.

-Fazer o quê – fechando o esmalte, já tinha acabado. Achou o amigo um pouco seco – Você tá bravo ou algo assim?

-Só esperando você crescer. Você vem ou não?

-Aham – indo em direção a porta e saindo com o ruivo. Ficaram em silêncio até chegarem ao saguão de entrada.

Havia muita gente por todos os lados, a verdade é que o lugar estava um caos. Era possível ouvir um turbilhão de vozes indistinguíveis, as crianças hoje estavam agitadas, correndo, brincando e esbarrando onde não deviam. Tinham permissão para permanecer somente no primeiro andar. Para exposição, como bichinhos em exposição numa vitrine de pet shop. Como se estivessem à venda. Era isso que Mello pensava, odiava esses dias.

Roger estava com os nervos à flor da pele, tentando controlar toda aquela "manada de bichinhos descontrolados", mais um dos pensamentos do loiro. Ele andava por entre os convidados e os órfãos tentando lembrar a eles que eles eram supostamente educados e gentis. Esbarrou nos amigos de cara amarrada.

-Ah que bom que encontrei vocês, queria, queria não, quero que se comportem! Sejam cordiais e gentis, e Matt – com olhar severo – Não fume em hipótese alguma!

-Tá, pode deixar – obviamente estava mentindo e o senhor sabia, mas não tinha tempo para dar mais um sermão, apenas se afastou e foi atender um casal que acabara de chegar.

Encontraram Kei sentado embaixo de uma árvore no fundo do jardim, foram se sentar com ele na grama seca pelo sol de verão. Cumprimentaram o padre e cada um sentou de um lado deste. Matt irritado e o outro achando melhor manter distância.

-Vocês brigaram?

-Não. – ao mesmo tempo, mas estava estampado em seus rostos.

-Vocês realmente esperam que eu acredite nesse 'não'? O que aconteceu?

-Nada... – disse Matt olhando feio pro loiro – ele é infantil demais e isso me incomoda.

-Vai se foder Matt!

O mais velho coçou a cabeça se perguntando se devia ou não insistir naquilo, podia acabar piorando as coisas. Resolveu por deixar pra lá e sugerir que jogassem cartas. Pelo que tinham lhe dito eles eram melhores amigos desde muito pequenos, provavelmente desavenças às vezes eram normais. Mello não quis jogar, ficou olhando o jogo, ou supostamente, seu olhar estava perdido, sua cabeça em outro lugar, tinha uma expressão contente e travessa. O ruivo fumava. Ele e o loiro não se incomodavam em serem comportados ou serem "educados e gentis" nesses eventos que ocorriam de meses em meses. Já não tinham esperança alguma de serem adotados, adolescentes serem adotados não era algo comum, ainda mais problemáticos como eles. Sorriu ao pensar nisso. Quando eram pequenos se arrumavam especialmente para esses dias, eram simpáticos com aqueles 'candidatos a pais', esperavam ansiosos por aquela droga de dia, e muitas vezes choravam ao final deles. Um segredo que só eles partilhavam. Uma lembrança que doía, mas preferia pensar que isso era 'coisa de criança', e fingir que aquilo não o atingia mais. Foi tirado de seus devaneios quando Kei tirou o cigarro de sua boca e deu uma longa tragada, como se matasse saudade daquilo, se assustou.

-Mas o que...? – Mello também estava estupefato.

-Digamos que eu fui um adolescente bastante irresponsável, – sorrindo – eu preferia que mantivessem isso em segredo – olhou para Matt com uma das sobrancelhas erguida e o cigarro entre os dentes – Truco.

E seguiram jogando por um bom tempo, o padre se mostrava um bom amigo e um tanto... estranho pra um religioso não?

-Mihael, porque manteve essa cara perversa todo esse tempo? Que você está maquinando aí?

-Você verá. Preciso de diversão hoje. – e se levantou deixando os dois curiosos embaixo da sombra da árvore.

A inteligência às vezes é um ótimo remédio para o tédio, pensava enquanto ia à cozinha pegar o que precisava para seu plano maléfico. Pegou algumas garrafas plásticas de dois litros, encheu uma delas com água, pegou um pacote de açúcar na dispensa. Roubou a chave da dispensa onde ficavam os produtos de limpeza, que estavam sempre trancados para não haver acidentes com as crianças, pegou um frasco com cloro. "Abençoadas aulas de química, abençoados neurônios".

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O fim da tarde caía, algumas pessoas começavam a acertar as papeladas de adoção, quatro órfãos estavam indo para a primeira parte do longo processo que seria. A algazarra ainda permanecia. Até que se pôde ouvir o primeiro estrondo.

Algo havia explodido no segundo andar, numa das salas, fazendo muito barulho e fumaça. Algumas mulheres e crianças gritaram com o susto. Roger desorientado tentava acalmar a multidão assustada dizendo que certamente não ocorrera nada grave. Em vão. A segunda explosão aconteceu logo em seguida, igualmente estarrecedora. A gritaria e o pânico tiveram seu início. Uma nuvem negra de fumaça surgia das janelas do segundo andar supostamente vazio. Uma terceira explosão e foi recomendado que evacuassem o prédio. E se seguiram mais duas explosões, muita fumaça e barulho, aos poucos todos deixavam o local. O orfanato se encheu daquela nuvem sufocante. Kei e Matt se aproximaram da mansão parar ver o que acontecia, e rezavam para que aquilo não fosse obra do loiro, o ruivo sabia que ele seria sádico o suficiente. Cerca de dez minutos depois Mello saia do orfanato com algumas pessoas, tossia muito, mas mantinha um olhar diabólico e satisfeito. Os olhares do religioso e do amigo sobre ele eram de censura.

-Você teve alguma coisa a ver com isso Mihael? – por mais que aquilo parecesse óbvio, ele não era a favor da justiça grega.

-O que você acha? – respirando com dificuldade.

-Eu nem sei porque perguntei – olhar reprovador.

-Eu não fiz nada oras, eu sou só uma vitima.

-Não seja cínico – Mello apenas sorriu e desafiou um 'inocente até que se prove o contrário'

O padre apenas acenou com a cabeça e se afastou dos dois. O ruivo fumava enquanto olhava a mansão que cuspia fumaça por quase todas as janelas, arrancando olhares horrorizados sobre seu vício dos adultos próximos. Então riu.

-Você perdeu a melhor parte, as mulheres gritando desesperadas por causa de uma fumacinha.

-Eu vi algumas. – sorrindo – pelo menos a gente se livrou daquela gente chata mais cedo.

-É – confirmou contente.

-Você viu o Near?

-Não, não o vi o dia todo.

-Que droga, queria ter visto se a cara de nada dele mudou com o susto.

Sentaram-se na grama.

-Você realmente ta muito encrencado se souberem.

-Eu sei, mas eu não sou burro entende?

-Você vai queimar no mármore do inferno sabia? – soprando a fumaça do cigarro na face do amigo, que retribuiu com um soco.

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-Ahn... Kei eu queria, bom eu quero conversar com você.

-Você veio confessar que causou toda aquela confusão?

-Hum, não. Eu já disse que não fui eu – mesmo que tentasse não passava convicção.

-Então eu não quero ouvir – andava de um lado a outro no quarto arrumando uma série de livros espalhados por todos os cantos, desviando de Mello.

-Não seja tão frio comigo – doce.

-Então fala, mas estou ocupado – continuando a organizar os livros.

-A primeira coisa, eu queria que você me explicasse uma coisa em que eu fiquei pensando, como você está no caso e tal, como é possível que eu tenha supostamente uma família e esteja aqui?

-Eu vou tentar explicar – escolhendo as palavras – eu não sei se você sabe, mas a família da sua mãe não aprovava o relacionamento dos seus pais. Porque, seu pai era um padre e...

-E engravidou a minha mãe, e deixou o celibatário para se casar com ela.

-Sim, e eu odeio ter que te dizer isso, mas o fato é que quando uma criança perde os guardiões legais os parentes têm a opção de ficar ou não com essa criança, e quando não quer ela vai pra adoção entende? – dizia de maneira suave, tentando não o ferir mais do que o necessário.

-Não venha com esses olhos de pena pra cima de mim – e fazendo uma careta e depois sorrindo – eu já imaginava isso.

-Fico feliz que isso não te afete... – um pouco aliviado – sobre o que mais gostaria de falar Mihael?

-Hum, essa outra coisa é mais complicada, é algo que você definitivamente não pode contar ao Roger, é meio que uma confissão.

-Tudo bem, pode falar.

-Se tivesse um confessionário aqui seria mais fácil – cabeça baixa.

-Nós podemos improvisar se está difícil assim dizer – olhando o quarto, tentando buscar algo para ajudar – eu vou ficar dentro do banheiro e você aqui do lado da porta, pode ser?

-Melhor que nada – se posicionaram, e sentaram-se no chão, rentes a porta de madeira – Huum como eu começo? É algo como 'padre eu pequei' não?

-Eu presumo que sim, mas sinta-se à vontade para fazer da maneira que achar melhor.

-Tá, eu vou começar pela parte menos pior da coisa. Outro dia, eu e o Matt fugimos do orfanato.

-Fugiram?

-É, mas não era uma fuga pra sempre, era apenas pra dar uma volta.

-E onde foram?

-Nós fomos numa boate.

-E o que houve lá?

-Nós, bom, bebemos. Muito. E ai o Matt me disse um monte de coisas estranhas, e me encurralou numa parede e ficou muito perto de mim e – essa era a parte mais difícil.

-E...? – certa curiosidade.

-Ele me beijou.

-E você correspondeu?

-Sim... – um rubor tomando-lhe a face – Você acha que isso quer dizer que eu sou gay ou algo assim?

-Eu não sei dizer...Você já se interessou por garotos antes?

-Acho que não – preferia morrer a dizer em voz alta, ou ao menos audível que sentia uma atração louca por Near.

-E garotas?

-Talvez desejo, eu nunca gostei de uma.

-Eu imagino que só o tempo dirá isso Mihael. Vocês já fizeram sexo?

-O que? NÃO!Você é um padre, não deveria me perguntar isso!

Kei riu.

-Vocês estão na puberdade, é algo normal querer fazer sexo nessa idade. Eu não concordo com tudo que a Igreja dita, apesar de que eu finjo isso boa parte do tempo.

-Bom, a verdade é que o Matt tenta o tempo todo. Mas eu não sei como me sinto sobre isso.

-Olha Mihael, eu conheci dois garotos que eram amigos de infância como vocês, e tiveram o primeiro beijo um com o outro, e um deles hoje em dia está casado e sua mulher está grávida. Então isso pode ser só uma fase entende?

-Pode ser... – repetindo deprimido, como se tentasse acreditar – Qual é a minha punição?

-Você realmente se arrepende disso?

Pensou um pouco, ficou em silêncio, não estava exatamente arrependido, a palavra mais correta seria preocupado.

-Eu... Não sei

-Então eu não posso fazer nada, você não deve pedir perdão pelo que não se arrepende não?

-É, eu acho que não.

-Mas não se preocupe, isso não é algo errado ou doença, qualquer que seja sua escolha não muda quem você é.

-Obrigado...Por tudo. Posso perguntar mais uma coisa?

-Claro.

-O que aconteceu com o outro garoto?

-O que?

-Da sua história sabe? O garoto que você conhecia...

-Quem sabe... – sua voz continha melancolia.

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Se você não gosta de chuva não more na porcaria da Inglaterra, pensava. Quando se mora num país conhecido por chover em média a cada três dias, e mais ou menos 156 dias por ano tem que se amar chuva. "Mas que porra é essa?".Olhava a cortina de chuva fina lá fora. Bom, pelo menos talvez, sim talvez, o famoso sotaque britânico charmoso compense. Ou o famoso jeito 'educado e polido' e a mania de puxar assunto sobre a merda do tempo 'Como está agradável este dia fresco de chuva não acha?'. Desde quando isso é charmoso? Pro inferno com toda essa baboseira de tempo carregada de sotaque britânico.

Vamos aos fatos. Ao plano mirabolante maquinado por aquele Q.I. acima da média. Não era exatamente a coisa mais esperta que pensara na vida, na verdade beirava a mais estúpida. "Mas que se foda". Ultimamente tinha a boca mais suja que nunca, estava tenso, uma pilha de nervos, ou melhor, uma pilha de nervos ao quadrado. Não se lembrava de muitos dias em que não tivesse feito jus a sua fama. Talvez ele fosse um sádico perigoso mesmo. "E que se foda de novo!". Era cedo, e um dos últimos dias daquele verão quente como a merda do Saara. O dia estava realmente um 'agradável e típico dia britânico'. Focalize o plano. Ia para Londres com Kei. Logicamente sob permissão de Roger. Aliás o pobre Roger que ultimamente estava a ponto de arrancar os cabelos e rasgar dinheiro por não ter provas da culpa de Mello no 'atentado terrorista'.

Precisava comprar um presente para o aniversário de Matt que se aproximava. E colocar em prática o plano. A chance de o plano dar certo era de aproximadamente 40? Era um bom número para alguém totalmente perdido. Kei tinha alguns assuntos na cidade, então apenas pegariam o trem juntos e depois cada um por si. Encontrariam-se no final da tarde para voltar a Wammy's house. E assim foi, quinze minutos de espera no saguão de entrada e o padre apareceu com uma maleta e um chapéu. Totalmente: inglês. "Hoje é um ótimo dia pra amaldiçoar Winchester e o resto desse país". Pegaram um táxi até a estação, e pegaram o trem. A viagem demorou cerca de uma hora e meia. Durante ela, conversaram sobre o que fariam, Mello apenas disse que compraria um presente para o amigo, e Kei que visitaria um amigo com quem tinha assuntos pendentes, nenhum deles parecia querer dizer o que realmente ia fazer.

Botaram os pés numa Londres como sempre abarrotada de pessoas com pressa, estavam no centro da cidade. Combinaram local e horário de volta, se despediram e Kei logo sumiu em meio a multidão. Mello seguiu para uma biblioteca enorme que ficava em frente uma praça ladeada por grandes árvores de um verde vivo que cintilava com os pingos da garoa, havia bancos de ferro em estilo antigo, um senhor estava sentando sob um deles forrado com uma sacola de plástico, lia um jornal enquanto fumava seu cachimbo. Mihael caminhou lentamente até seu objetivo. Entrou na majestosa construção que exalava um forte cheiro de madeira e papel velho. Deixou a mochila que levava consigo no guarda-volumes e adentrou um dos enormes corredores que cortavam o local. Ali era extremamente organizado e silencioso. Dois corredores principais formavam uma cruz, e estes eram subdivididos em pequenos corredores onde havia diversas estantes em madeira mogno abarrotadas de livros sobre os mais variados assuntos, em cada corredor uma placa indicativa sobre seu conteúdo. Nos fundos, mesas grandes e compridas onde leitores concentrados se acomodavam. O lado direito possuía pequenas mesas com computadores e máquinas com todos os arquivos de jornais do acervo da biblioteca. Uma plataforma de madeira cortava o alto teto, numa espécie de segundo andar aberto, nas duas extremidades, escadas. Era cercado por um corrimão de madeira. Lá ficavam os banheiros, máquinas de xérox e uma pequena sala de leitura com pufes. Toda a extensão era bem iluminada por grandes vitrôs em cores claras, e casa mesa de leitura possuía uma pequena luminária anexada.

Durante boa parte do tempo que permaneceu lá andou pelos corredores a procura dos livros que queria. Depois procurou uma mesa no canto mais escuro e deserto que pôde encontrar, afinal já era bastante constrangedor ler sobre o que estava lendo sozinho, curiosos numa hora dessas não era exatamente o que precisava. Acomodou-se e acendeu a pequena luminária da mesa. Foi explorar os livros. Os temas? Era essa a pior e mais absurdamente vergonhosa parte. Por onde começar? O conteúdo era teoria sobre sexo, e principalmente sexo entre homens. Era impressionante o que se podia achar numa biblioteca. A seleção também incluía literatura gay e até o Kama-Sutra. Onde estava com a cabeça? Suspirou. No momento isso era necessário para, erm... entender um pouco mais a situação. Nunca antes tinha pensado muito em como dois caras faziam sexo. Ele podia até saber aonde, mas não exatamente como. Começou a leitura. Cada vez ficava mais espantado e irritado ao pensar que Matt já havia feito tudo isso com um estranho, um só? Não, sabe-se lá quantos. Ouviu um barulho às suas costas, estava tão concentrado nas figuras de um livro particularmente pornográfico que quase caiu da cadeira com o susto. Era apenas uma velha e rabugenta bibliotecária limpando uma das estantes com um espanador. Ela fez um sinal pedindo silêncio e o olhou feio.

- Desculpe... – sussurrou e voltou a sua leitura no mínimo interessante.

Permaneceu ali até o começo da tarde quando se sentiu instruído o bastante e seu estômago roncava por comida. Deixou os livros sob a mesa e fez questão de distanciar-se deles depressa. De volta as ruas foi almoçar numa loja de doces. Nada melhor e mais saudável do que chocolate para matar a fome.

Eram duas da tarde e decidiu ir ao distrito que vendia roupas, acessórios e cds de rock. Caminhava por entre as lojas pensando no que comprar pra Matt, encontrava os mais exóticos por todos os lados. Descrevê-los? Poderia tentar. Punk's mergulhados em xadrez, correntes, e muitos spikes, cabelos coloridos em cortes escandalosos, dreads, piercings, tatuagens, roupas rasgadas, em cores que iam de preto a roxo berrante, algumas pessoas eram quase um show de circo ambulante. A toda hora vendedores o paravam oferecendo serviços de body piercing e tatuagem. Até gostava da idéia, e muito. Mas fazer um era perda de tempo, tinha certeza que assim que Roger pusesse os olhos o faria tirar e ficaria de castigo até uns 50 anos, na melhor das hipóteses.

Passando por uma das lojas loucas daquele distrito viu uma coisa que julgou que ficaria perfeita em Matt. Maldade? Talvez. Mas a verdade é que aquilo parecia ter sido especialmente confeccionado para ele. Entrou na loja sem pensar duas vezes.

Uma coleira preta em couro com argolinhas de metal cravadas, como aquelas para se fechar um cinto repousava no pescoço de um manequim bastante bizarro que a vitrine exibia. Uma garota de cabelo rosa chiclete o atendeu. Acabou comprando mais de uma coisa lá. Tinha metade da grana que o tal mafioso deu a Matt naquela outra ocasião, dinheiro que não queria aceitar, ia devolver o máximo que pudesse em presentes então. Comprou um par de luvas em couro marrom escuro, e uma camiseta preta com os dizeres 'born to be wild', e obviamente a 'coleira'. Seria um enorme prazer colocá-la no pescoço do ruivo. Saiu da loja e foi procurar mais uma coisa. A segunda e ultima parte do plano.

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Ainda andando por aquele distrito, acabou topando com uma loja um tanto exótica, sob ela pendia um grande e escandaloso letreiro em vermelho onde se lia 'SEX SHOP'. Pensou longos minutos antes de entrar ali. Nunca teria se imaginado entrando numa loja dessas. Mas não agüentava mais aquela confusão em sua cabeça, e qualquer coisa que ajudasse era bem-vinda. A situação era drástica e pedia medidas drásticas. Respirou, tomando coragem e adentrou o recinto escuro banhado em luzes roxas e ultravioletas. Tocava uma música com uma batida eletrônica e violino.

'Foi mais que atração
E cobiça física?
Seus quadris, minha imaginação,
Esse primeiro e inconcebível toque

Que eu estava planejando,
O que eu estava esperando,
Como fui embaraçado
Se você soubesse o que eu estava pensando

E whoa quando ele começou
Meu primeiro pensamento foi amor
E não apenas luxúria
Quando ouvi sua voz senti calor

Na noite eu vi você
Você estava aquecendo os baixos
Seu cabelo cobria o seu rosto'

Um funcionário lia uma revista em quadrinho pornô, sentado atrás do balcão, distraído. A aparência dele? Por Deus... era quase promiscuo só olhar pra ele. Fazia Mello se sentir desconfortável. O rapaz tinha o cabelo raspado feito um 'moikano' e este era tingido de vermelho, seus olhos estavam maquiados em preto, tinha uma argola no nariz com uma corrente pendurada que terminava noutra argola na orelha, orelhas aliás que eram mais argolas do que orelhas. Sua camiseta era de redinha e deixava transparecer seus piercings do mamilo e do umbigo. Usava uma calça de couro preta e justa com um buraco bem entra as pernas, deixando a mostra sua 'tanguinha' vermelha. E o loiro estava realmente pensando em deixar a loja, mas antes que pudesse correr dali, percebeu sua presença e logo viria em sua direção, mas se antes se virou para guardar a revista numa estante, mostrando que a sua calça também tinha um buraco no 'traseiro'. "Socorro" Foi tudo que pode pensar. Conforme o rapaz se aproximava sentia que estava sendo levado pra forca.

-Oi. Posso ajudá-lo? – indagou gentilmente.

-Ah eu...erm – corando e tentando olhar para qualquer lugar, o que não era menos pior, na loja que não fosse aquele 'cara' a sua frente – euqueroumvideo – disse rápido, querendo acabar logo com aquele momento patético em que teve a patética idéia de entrar naquele lugar patético!

-Olha, nós temos muitos vídeos... – o vendedor sorriu percebendo o nervosismo do outro – Desculpa, posso perguntar seu nome?

-Mello. – ainda tentando não olhar aquela 'coisa' a sua frente, mas sem ser rude.

-Eu sou Korcha, como o cara do videogame sabe? Chrono Cross? Conhece? Dizem que eu me pareço com ele – até que o cara não era tão ruim assim, era simpático.

-Conheço, eu tenho um amigo viciado em videogame. Você realmente se parece. – um pouco tenso ainda

-Não se preocupe Mello, eu não mordo, a não ser que você queira.

O loiro quase teve um acesso de sabe-se lá o que. Arregalou os olhos e engasgou, começando a tossir com vontade, o vendedor riu.

-Eu to brincando, calma. – dando tapinhas nas costas para ajudar o loiro à supostamente desengasgar – Como eu ia dizendo, nós temos muitos vídeos aqui, pode ser mais especifico?

A face de Mihael agora se tornou escarlate. Porque diabos era tão difícil dizer?

-Euqueroumvideo gay – disse o mais rápido e baixo que pode, quase num sussurro.

-Agora sim! Vem comigo! – guiando o loiro até uma saleta que ficava atrás de uma cortina vermelha atrás do balcão. O lugar era emerso numa luz verde néon – Eu suspeitei que gostava de meninos, meu instinto nunca falha. – mostrando a língua.

-Quê? – indignado. Estava sendo chamado de gay por um funcionário de sex shop, aonde as coisas iam parar?

-E não gosta? – parecendo confuso.

Por um momento pensou em mostrar o quão mal educado poderia ser, mas depois refletiu sobre o que estava fazendo ali: comprando um filme pornô gay num SEX SHOP! Não faz sentido, se acalmou.

-Eu não sei, talvez sim – indicando um certo desânimo na voz.

-Deixa pra lá – gentilmente – o que vai querer?Temos de tudo aqui: caras fortões, delicados, orientais, crossdresser¹, sm², ruivos, loiros, morenos, altos, baixos... é só escolher – completa naturalidade.

-Hum – olhou algumas das capas dos filmes, até achar alguma que fosse pelo menos razoável, os atores eram bonitos e a foto da ilustração não tão explicita – acho que este está bem.

-Ótima escolha, algo mais?

-Eu quero um normal também.

-Aqui – Korcha indicou outra prateleira na sala, capas igualmente pornográficas. Contendo desde loiras siliconadas a mulheres peludas. O que fez Mello pensar que algumas pessoas realmente tinham o gosto inusitado.

-Cara, alguém compra isso? - se referindo as "mulheres mata-atlântica".

-Por incrível que pareça sim, as pessoas tem muitas fantasias e fetiches.

-Que horror! – rindo.

-Sou obrigado a concordar – sorrindo – mais alguma coisa Mello?

-Acho que não.

Foram até o caixa, o loiro pagou os filme e Korcha lhe deu preservativos coloridos de sabor dizendo o quanto eles podem ser divertidos fazendo com que Mello tivesse mais um acesso de tosse. O jovem lhe deu um cartão antes que saísse da loja.

-Ah, obrigado Korcha.

-Nada, – piscando – me liga quando precisar de algo, qualquer coisa. - colocando na face uma expressão que lembrava Matt. "Pervertido".

-Pode deixar – sorrindo e indo embora em direção a próxima estação, já era hora. Estava feliz e aliviado pela segunda e mais difícil parte do plano ter sido bem sucedida.

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O calor maçante continuava, e o sol ainda se fazia presente, apesar de ocasionais chuvas de verão no fim da tarde. Os dois amigos como sempre estavam matando aula de educação física, e dessa vez nem se deram ao trabalho de se esconder, estavam no quarto enquanto reclamavam daquela "merda de aquecimento global". O loiro bebia uma garrafa de água gelada 'suada' que pingava por todo seu peito nu, tinha arrancado sua camiseta enquanto fazia um drama sobre estar morrendo por causa do calor, Matt fumava jogado em sua própria cama, estava igualmente sem camiseta com a cabeça e os ombros encostados na parede, e metade das pernas pra fora da cama, olhava o outro bebendo água e se levantou, indo em direção a ele. Foi avançando sob ele, olhando sério, se debruçando sobre Mello, o loiro apenas o olhava desconfiado.

-Que você quer?

-Água – expressão pervertida.

-Toma – tentando dar a garrafa ao ruivo, e ficando irritado.

-Com a boca – sorrindo sensualmente, fazendo com que o outro corasse – eu te ensino – pegou a garrafa e deu um gole, encostou os lábios aos de Mello, os dois abriram a boca e Matt passou o liquido gelado vagarosamente para a boca do outro, fazendo questão de encostar as línguas frias assim que o outro engoliu a água, se afastou, ainda com a perversão estampada, e o loiro já abria a boca para reclamar de algo.

-Agora me dê água. – passando a garrafa de volta para o outro.

-Depravado... – reprovando-o com o olhar, mas tomando um gole d'água e esperando que Matt se aproximasse, passava o líquido muito devagar fazendo o ruivo perder a paciência e o beijar, boa parte do líquido caiu por todo o tórax de Mello, o outro sorvia seus lábios fervorosamente, tomando-lhe o ar, fazendo com que interrompesse o ato em busca de oxigênio. Não satisfeito o ruivo partiu para o pescoço do 'amigo'com violência, deixando marcas por onde passava e desceu por seu peito lambendo as gotas de água que agora estavam quentes como o corpo onde repousavam, lambeu e sugou os mamilos com certa técnica naquilo, fez com que Mello gemesse baixo. Sorriu. Desceu mais, até perto do fecho da calça negra, marcou ali com uma mordida, subiu deslizando a língua em linha reta até o queixo do outro, causando um arrepio forte. Voltou à atenção a boca de Mello, contornando-a com a língua e sugando o lábio inferior com os próprios, deslizou as mãos pelo peito do loiro até as calças, abrindo-a habilidosamente, abaixando sua boxer e agarrando seu membro. Mello abriu os olhos que há muito estavam fechados apenas sentindo todas aquelas sensações novas, estava espantado, tentou dizer algo para impedir o outro, mas foi calado por um beijo e um "sh" de Matt, que agora mantinha a boca somente encostada na dele, queria ouvir bem todos os gemidos que arrancaria dele. O masturbava rapidamente, deliciava-se em finalmente poder transpor essa barreira. Sentia as roupas apertadas, se ergueu um pouco e desabotoou as próprias calças, uma parte de seu órgão já despontava fora da peça intima, percebeu que o outro o olhava encabulado, o ruivo sorriu e pegou sua mão levando até a ponta de seu órgão, e fazendo com que ela se movesse sobre ele, soltou um gemido e mordeu a boca, escorreu a mão do outro juntamente com a sua, abaixando a peça e deixando-o exposto, fez com que os dedos do loiro o envolvessem, e começou um lento movimento de vai e vem. Ser tocado por quem se ama é bastante diferente do que por qualquer estranho, se passava em sua mente. Mello permanecia envergonhado e meio perdido sobre a situação, mas sentia-se bem ao ver o que causava a Matt somente por tocá-lo. Começou a mover sua mão sobre o sexo de Matt, que percebeu e voltou a tocá-lo. Beijaram-se. O ruivo se aproximou mais fazendo com que seus membros se tocassem, os dois retiraram as mãos e o ruivo se movia fazendo fricção, excitando-os ainda mais, suavam bastante por causa da alta temperatura do verão somada a atual atividade. Matt uniu os dois órgãos com a mão direita e começou a masturbá-los juntos e rápido.

-Matt, eu vou... – sentia sua área erógena formigar, e um arrepio parecia começar no fim de sua espinha.

-Agüenta ahn mais um pouco – e aumentando a velocidade e pressão.

-Uhn não dá.

Aquela espécie de pressão aumentou a excitação do ruivo, queria gozar junto com o outro, este logo soltou um gemido forte e espremeu os olhos. Matt foi mais silencioso, mordeu os lábios e franziu o cenho. Sujaram todo o tórax de Mello e parcialmente a mão de Matt.

-Não foi tão ruim assim foi? – o ruivo tinha a voz um pouco cansada.

-Não – sem graça, olhando para o lado. Na verdade aquilo estava muito longe de ter sido ruim.

Matt saiu de cima dele, o loiro foi tomar um banho, e ele lavar as mãos. Logo tinham aula.

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Assim que voltaram à sala de aula juntos com os outros alunos que voltavam da educação física, ouviram um grupo de alunos conversando.

-Vocês ficaram sabendo que o Near foi adotado?

Mello perdeu a cor, o ruivo apurou os ouvidos para tentar confirmar o que ouviu. Mas não havia dúvidas. O gêniozinho ia embora dali.

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Antes de comentar as reviews gostaria de dizer,se alguém se interessou, que a música do "sex shop" se chama "desperate guys" e é de uma banda de cyber punk chamada The Faint.

Eu confesso que minha trilha sonora para escrever a fic foi quase que totalmente inglesa.

Gente, a "bomba" que o Mello fez é de verdade. Não tentem isso em casa crianças u.ú!

1 - Crossdressers são pessoas que vestem roupas usualmente próprias do sexo oposto, sem que tal atitude interfira necessariamente em sua orientação sexual. Ou seja, uma pessoa crossdresser não necessariamente pautará sua orientação ou seu papel sexual em função desse seu fetiche por roupas do sexo oposto.

2 - Sm é abreviação de Sadomasoquismo,refere-se a relações entre tendências diferentes entre pessoas buscando prazer sexual. O termo sadomasoquismo seria a relação entre tendências opostas, o sadismo e masoquismo.

O sadismo é a tendência em uma pessoa que busca sentir prazer em impor o sofrimento físico e moral a outra pessoa.

O masoquismo é a tendência oposta ao sadismo, é a tendência em uma pessoa que busca sentir prazer em receber o sofrimento físico e moral de outra pessoa.

Fonte? Wikipédia rox!!! 8D

Respondendo Reviews:

No geral: Gente muito obrigada pelas reviews! Como disse antes vocês são pessoas maravilhosas!

Desculpem ter somente um "semi-lemon" e não o lemon realmente.Eu julguei que ficaria mais real,mas sem dúvida no próximo terá finalmente o lemon Matt x Mello. E futuramente Mello x Near.

Hunf provavelmente vou demorar um pouquinho para postar o próximo graças ao cursinho que não me dará tempo nem para respirar,mas farei o possivel para terminar a fanfic! Não me abandonem geeente! T.T

llana: muito obrigada pelos elogios, fiquei bege meninë :O ashuisas. Huum vou pensar sobre encaixar o Gevanne,apesar de que não sei muito sobre ele.

shamps: espero que agrade com esse capitulo que tem mais m x m :D

Pottynho: sinto muito por ter um,mesmo que semi-lemon o.õ, m x m,mas logo terá um m x n,espero que continue lendo ;D. Desculpe a demora também T.T,já prometi há séculos a fic até por orkut né :(.

Kimi Tsukishiro: suspeitar sempre é bom shauisahsa, tenho planos maléficos para o padre ¬.Espero que tenha esclarecido sobre o fato da familia dele o.õ.

.-xKarlinhax-.: o lemon mesmo ainda não aconteceu,mas espero que esse semi-lemon agrade e cause mais hemorragia nasal o.õ

Raayy: demorei milênios e ainda não escrevi o m x n gomen, mas fique traquila que terá um lemon m x n com certeza.

Romani Keehl: obrigada por ler e comentar .

Suzuki Yui: pode acreditar que ele vai se tornar mais "bitch" ainda :P

Ero-Kitsune21: não foi ele que matou a mulher não,ele tá tendo uma éspecie de sonho premonitório só, acho que nesse cap fica mais claro ;D

The Dark Tenshi: ui obrigada pelo perfeita .

Kagome KC: aaai obrigadaa ..Lemon mesmo só no próximo :X,mas aqui quase tem um.

Anne-chan: obrigada flor!

Mutsuhi Tsunouchi: fico feliz que esteja te divertindo:D

E Will,obrigada pelas reviews como batcafetão o.õ ui shuisasa.

Desculpem qualquer erro de português nas reviews,estou escrevendo de madrugada e mal estou enxergando shusihsasa

Obrigada por lerem!