It's your eyes that make me smile, oh yeah oh yeah

Wasting time, hanging out, oh yeah oh yeah

These teenage years, no they don't last, oh yeah oh yeah

These teenage lips, they speak too fast, oh yeah oh yeah

Liverpool – 1955

Sirius Black sempre dissera a James Potter que sua casa era um cartão postal. Mureta de cerca viva bem cuidada, garagem sem portões ou grades, um belo sobrado branco e azul, dois andares e um sótão limpinho, localizado no meio do quarteirão. "Só falta um selo no canto de cima", ele brincava.

Mas para os dois vizinhos e melhores amigos desde que conseguiam se lembrar, a melhor parte de Potter's Place era o grande quintal aos fundos. Grama sempre verde como se tivesse acabado de brotar, sombra vinda das árvores do jardim dos Evans, espaço suficiente para jogar rugby quando estivessem entediados e uma escada de tijolos para a porta da cozinha, recanto da mais talentosa - e criativa, os garotos admitiam - mestre-cuca da cidade: a mãe de James.

- Sinto-me faminto. A Sra. Potter está em casa, James? – Sirius ofegou, cansado de correr. Jogou-se ao lado do amigo nos degraus da pequena escadaria, a mão pousada sobre o lado direito da barriga.

- Não. Meus pais saíram para uma exposição, ou coisa parecida. – o outro respondeu, dando de ombros.

Sirius encarou-o como se ele tivesse ganhado colorações verdes e assumido vir de outro planeta.

- Estamos sozinhos em casa?

- Ainda não tinha percebido? – James disse, descrente. Rolou os olhos com a comemoração exagerada de Sirius que se seguiu e se levantou, as mãos postas nas costas, alongando o corpo. – Sirius, nós não vamos dar nenhum baile ou financiar jogos de carta enquanto meus pais estão fora; não se iluda.

- James! – o amigo exclamou, frustrado e indignado. – É nossa chance!

- Hey. Só porque seus pais não têm mais confiança em você desde que a polícia apareceu no Grimmauld's Place por sua causa, não quer dizer que os meus não acreditem em mim. Eles encontrarão a casa exatamente do mesmo jeito que a deixaram, certo? Desculpe.

- O que eu posso fazer? A casa é sua mesmo. – Sirius deu de ombros, conformado. Levantou-se, passou pelo amigo e empurrou a porta entreaberta da cozinha, entrando na casa. – Vou me sentir à vontade!

James gargalhou e se encostou à parede, os braços cruzados no peito e os olhos no céu claro de verão. As nuvens fofas, quase de algodão, tranqüilizavam seu coração em tempestade. Sorriu ao sentir a brisa leve batendo em seu rosto e sentiu vontade de correr para o meio de seu quintal, abrir seus braços o máximo que conseguisse e girar, girar e girar, até que o vento finalmente o levasse para voar.

- Hey! James!

O rapaz despertou de suas fantasias infantis ao perceber o menino franzino que vinha entrando no Potter's Place através da garagem. Quinze anos, cabelos escuros e lisos, verdadeiramente escorridos por toda a testa, um jeitinho tímido.

- John! – James reconheceu-o, caminhando em sua direção, a mão escorregando pelo corrimão da escada. – A que devo a visita? Sua tia está melhor?

- Superando. – o garoto suspirou, cabisbaixo. – Ela realmente gostava do tio George. Nós todos gostávamos.

- Novamente, meus sentimentos. Quer um suco, um pedaço de bolo? Sirius Black está lá dentro aproveitando sozinho a despensa cheia de minha mãe.

John riu, pondo as mãos nos bolsos da calça simples.

- Não, muito obrigado. Na verdade, eu vim aqui para te fazer um pedido, James. Um convite, melhor dizendo.

O rapaz estranhou e acenou com o braço, mostrando a escada e indicando para sentarem-se ali. Acomodados um ao lado do outro, James observou a dança ansiosa dos dedos de John, uma mão passando por cima da outra nervosamente, mirando fixamente o chão verde a sua frente.

- Pode falar. – ele incentivou, falando com cuidado.

- É que... você toca violão, não toca? – John disparou, de súbito. Seus olhos brilhavam.

- Sim, mas só o realmente essencial.

- Bom. Eu vim oferecer a você o posto de guitarrista da banda que estou montando. Você aceita?

James mordeu o lábio inferior, sem saber o que fazer. Abriu a boca algumas vezes, ainda elaborando mentalmente o que falar, antes de finalmente responder:

- Olha, John, não fique ofendido ou magoado comigo. Mas eu realmente não posso. Não terei tempo para me dedicar, estou ajudando meu pai nos negócios. E tocar skiffle não é pra qualquer um, eu sou um violonista bem básico.

- E se tocarmos algo menos elaborado? Por favor, James!

- Então a banda não seria nos modelos que você tanto sonha. Eu te escuto tocar todos os dias, John, você mora aí do lado. É óbvio que você nasceu para isso e eu não serei aquele a limitá-lo; eu não livrarei o mundo do verdadeiro John Lennon.

James pôs uma mão no ombro do garoto, que sorriu conformado.

- Tudo bem. Talvez você esteja certo. – John disse, levantando-se e tirando a sujeira das calças. – Mesmo assim... obrigado. Preciso ir, tia Mimi deve estar precisando de mim.

- Até a próxima, John. Boa sorte!

James ficou observando o menino afastar-se, até desaparecer na Menlove Avenue. Foi quando Sirius finalmente saiu da casa, um sorriso no rosto e aparência satisfeita.

- Sua mãe é realmente um anjo na cozinha. – ele comentou, feliz. – Com quem estava falando? Ouvi vozes.

- John Lennon. – James respondeu, simplesmente.

- Hm. Esquisito. Essa é a primeira vez que ouço falar do garoto desde a morte de George Smith.

- É, ele ainda está meio abalado.

- Mas e a – HEY!

James assustou-se com o berro de Sirius e virou-se rapidamente, acreditando que o amigo vira um ladrão pular a cerca. No entanto, o sorriso maroto que ele ostentava e seus olhares de esguelha para o amigo chamaram a atenção unicamente para o jardim do vizinho e sua filha estancada próxima à macieira.


Sirius Black era alertado pelas mães e conhecido entre as filhas como a perdição de toda jovem decente e de família. Talvez fossem seus cabelos fora do tamanho padrão, negros como seu sobrenome, ou o brilho gélido de seus olhos azuis; quem sabe a arrogância de seus parentes, ou a malícia em seus sorrisos. Lily Evans só sabia que deveria mantê-lo à distância; o que, estranhamente, não lhe era um problema.

A dificuldade sempre estava ao lado direito dele, na pessoa de James Potter. Educado e inteligente aos senhores, gentil e prestativo às senhoras, misterioso e ilusório às senhoritas. Lily o encontrava todos os dias, por cima da cerca entre suas casas, praticando rugby com Sirius ou lendo velhos romances de aventura, sentado nos degraus. Por vezes, surpreendia-o dedilhando um violão antigo, murmurando melodias lentas. Seus cabelos despenteados aceleravam a pulsação da garota involuntariamente e seus olhos castanhos quase verdes (ou seriam verdes quase castanhos?) nela despertavam curiosidade suficiente para perder seu precioso sono.

Embora no cotidiano Lily parecesse a James tão indiferente que açulou seu interesse quase obsessivo, na medida adequada para as normas sociais. Cordiais "Bom dia, Srta. Lily", "Como vai, Sr. Potter?", enquanto os corações de ambos aceleravam-se a ponto de assustar.

- Boa tarde, Srta. Lily. – sorriu Sirius, cumprimentando-a educadamente com um aceno de cabeça, ao mesmo passo que puxava James pela manga da blusa para mais perto da cerca, indiscreta e quase violentamente.

Lily caminhou para perto dos rapazes, segurando nas duas mãos a alça de uma bolsinha delicada como a sua imagem. Altura mediana e cintura fina, vestido de seda azul e meia-calça branca, os cabelos indecentemente rubros comportadamente presos numa trança jogada em seu ombro e olhos inacreditavelmente verdes.

- Boa tarde, Sr. Black, Sr. Potter. – ela respondeu, no rosto desenhado uma expressão de estranheza.

James mirava-a com um brilho estranho no olhar. Ele quase não piscava, entretido no que parecia ser o memorizar dos traços da moça. A vermelhidão nas bochechas dela era um sinal de que de certo já o percebera, mas não se acovardara.

- Como está, Lily? – ele finalmente perguntou, depois de levar um cutucão nas costas de Sirius. – Srta. Lily– James corrigiu-se imediatamente, após um chute em sua canela.

- Passo muito bem, obrigada. Espero que a Sra. Potter tenha se recuperado do resfriado.

- Oh, sim. Seu chá foi muito útil, eu e meu pai lhe somos muito gratos por este favor.

- Não foi nada. Sua mãe e eu somos amigas, companheiras de quando os homens de nossas casas vão trabalhar. Fiquei muito feliz por ajudá-la.

Lily sorriu ternamente e James sentiu um baque seco contra o peito. Sirius voltava sua cabeça de um para o outro, como se acompanhasse uma discussão, mas apenas percebia que a conversa morrera.

James não poderia perder uma oportunidade única como aquela.

- Srta. Lily, James gostaria de falar-lhe em urgência sobre um assunto de suma importância. A sós. Então, eu estou me retirando. Com licença. – Sirius informou, rapidamente, as mãos postas para trás e os dedos cruzados em figa.

Ao ver o amigo se afastar, James virou-se e começou a murmurar por ajuda, os orbes arregalados em desespero.

- Fica calmo e faça tudo como nós ensaiamos. E se esquecer alguma coisa... fale o que estiver sentindo na hora. – Sirius sussurrou, piscando um olho e desejando-lhe boa sorte.

O baque da porta de casa fechando-se trouxe James de volta para a realidade. Ele voltou-se para Lily, que o encarava, francamente curiosa.

- Srta. Lily. – James começou, inspirando fundo, mordendo o lábio inferior nervosamente. Trêmulo, puxou a delicada mão da moça, sentindo sua maciez e entrelaçou seus dedos aos dela, surpreendendo-a. Há muito oficializara para si mesmo que aqueles dois pontos do mais puro verde eram o seu porto seguro; e foi neles que James se apoiou para prosseguir. – Eu peço de prontidão que me perdoe pelo meu atrevimento e ousadia, mas creia na minha sinceridade. Eu tento e tento, mas nada do que eu faço parece certo aos seus olhos. Mas acredite quando eu digo que a razão do meu persistir em amadurecer, durante esses últimos três anos, foram mérito exclusivo da força que sua opinião exerce em mim. Acredite quando eu confesso que tudo que qualquer um nesta vizinhança comente, de bom ou de ruim sobre mim, tudo foi feito para engrandecer-me aos seus olhos. Acredite quando eu assumo que você é a única que faz meu coração bater rápida e lentamente ao mesmo tempo. Acredite quando eu digo que embora tenha lutado contra um sentimento que não consigo controlar, eu falhei miseravelmente e me apaixonei de uma maneira tão profunda e intensa que me sinto num caminho sem volta. Acredite quando eu declaro à senhorita, aos meus e aos seus pais, aos meus e aos seus amigos, a todos os meus e todos os seus familiares, ao mundo que nos rodeia, acredite que eu a amo e admiro ardentemente.

James estava ofegante e trêmulo de seu discurso, assim como Lily. Ela parecia chocada, os lábios entreabertos e a respiração cortada.

- Perdoe-me por isso. – James sussurrou.

Por suas mãos unidas, ele puxou-a para si delicadamente, acomodando-a entre seus braços, cuidando para a cerca não a machucar. Levantou o rosto de boneca rara de Lily, delicadamente, e roçou seus narizes, os olhos de ambos fechados, arrepios correntes nas espinhas. James acariciou a bochecha da garota com o polegar, arrancando um suspiro involuntário. E então, tocou seus lábios com os seus próprios, com simplicidade e lentidão.

- James, Sirius! Chegamos! – o rapaz ouviu a voz da mãe, gritada do interior de sua casa.

Lily e James separaram-se imediatamente, as bochechas da moça afogueadas como seu cabelo.

- Meu pai sempre chega do trabalho às seis da noite. Ele toma um banho e ouve um pouco do rádio antes de termos nosso jantar. Esta seria uma hora propícia para o senhor aparecer à nossa casa e pedir minha mão em noivado. – Lily informou, num sorriso tímido.

James concordou com a cabeça e sorriu abertamente. Andando de costas, acabou por encontrar Sirius aos degraus da porta dos fundos.

- Eu sei que sou jovem, mas se tivesse que escolher entre ela e o sol, eu seria um idiota noturno. – James suspirou, enquanto os dois observavam Lily atravessar o jardim de volta à sua casa.


Música do Capítulo: Oh Yeah – The Subways. (nem é minha favorita haha)


Hora do Oscar: Thankyouverymuch to InfallibleGirl, Tiiza, Jhu Radcliffe, Lika Slytherin, Rose Anne Samartinne, Nath Mansur, Kah Stonoga, Jaque Weasley, Luhli, Lady Yuuko e Virginia Potter. Ufa! Meninas, virei texugo aqui, okay? Lufa TOTAL! Muitíssimo obrigada! Meus olhinhos brilham de felicidade toda vez que tenho a oportunidade de conferir as reviews! Só quem escreve sabe o quanto é bom, o quanto é gratificante ver o retorno dos leitores.

Nota da Dressa Dizem que não se deve ter filhos favoritos, mas eu tenho um carinho muito grande pela participação de John Lennon nesse capítulo. HAHA Ele inclusive ganhou o Prêmio Especial de Melhor Vizinho! Agora, falando mais sobre Trailers e meus outros projetos. Esta fanfic ainda tem dois capítulos programados, mas sabem o que me ocorreu? Ela é inacabável. A História nunca pára, e Trailers é do mesmo jeito. E o que isso significa? Na oportunidade remota de eu não ter nada pra fazer (o que no preparatório para vestibular/intercâmbio é meio difícil haha), eu posso escolher uma época aleatoriamente e publicar outro capítulo!

Cansei de fazer promessas, mas estou sendo pressionada a terminar e publicar KnocktheDoorandRun até seu aniversário. HAHA Estou me planejando para cinco de maio, ok? E coisinhas aleatórias também. Me aguardem! HAHAHAHA

Próximo Capítulo: Sessenta reviews?