AVISO: este capítulo contém yaoi (relações amorosas explícitas entre homens). O aviso já foi dado no resumo desta fic, mas a autora quis reforçá-lo, para evitar futuras indisposições com leitores. Portanto, não ouse incomodar-me.

Para quem não se importa ou gosta de yaoi, boa leitura.


Sa$suke ficava inquieto cada vez que Itachi passava por ele, vestindo um avental cuja estampa dizia "beije a cozinheira". Não sabia donde Sakura tirou aquela idéia maluca. Não sabia quais eram as verdadeiras intenções da amiga. E não sabia como aceitou fazer parte daquilo.

Talvez porque não tenha aceitado, mas sim, conformado-se.

Pela cara de Sai, que descia as escadas pisando duro, este se encontrava na mesma situação de Sasuke.

- Ohayo. – o desânimo impregnado na voz de Sai era quase palpável. Puxou uma cadeira ao lado do Uchiha e desabou nela.

- Você sendo civilizado comigo na primeira vez que me vê no dia? Algo aconteceu... – Sasuke despejou a ofensiva, sem se preocupar muito nas conseqüências. Na verdade, as reações de Sai, que estava muito sensível desde que se hospedaram na casa dele, distrai-lo-iam das suas suspeitas de conspiração que o atormentavam. A única coisa que Sai fez, porém, foi virar o rosto para o outro e afundar ainda mais na cadeira.

- Ok, eu confesso: você está me assustando. – Sasuke juntou as sobrancelhas, criando uma ruga de preocupação e desconfiança na testa.

- Sasuke, você sabe que eu não gosto de você, certo? – Sai estava sério. Sasuke anuiu a cabeça. – Mesmo assim, eu te aviso: não se case.

Sasuke arqueou uma sobrancelha, mostrando que não tinha entendido o recado.

- Falo por experiência. – Sai continuou diante da reação do outro. – Casar é um pesadelo que nem um idiota como você merece ter. Se os livros tivessem dito isso antes, eu não teria enfiado-me nisso.

- Suponho que você e Sakura andam tendo problemas, acertei?

- Não temos problemas, e você sabe porquê? – Sasuke continuou calado, e Sai prosseguiu. – Porque ela decide as coisas por si só, e eu que me vire! O casamento é uma relação servil entre marido e mulher!

- Quando eu me lembro do Sai que você era e comparo com o que você é agora, chego a me assustar. – o Uchiha falou isso com sinceridade, sem abandonar o tom sarcástico, é claro.

- É o casamento! Estou lhe dizendo!

- Não briguem, crianças. – Itachi pôs-se na frente dos dois, com as mãos na cintura e ainda vestindo o avental ridículo.

- Não estamos brigando. – Sasuke e Sai responderam ao mesmo tempo.

- Acho bom! Temos muito trabalho e pouco tempo.

- Eu não colaborarei com algo a que me oponho. – Sasuke respondeu com desprezo. Itachi devolveu o olhar de desprezo ao irmão mais novo e, em seguida, olhou para Sai, esperando alguma atitude deste.

- Não olhe para mim. Estava, agora há pouco, tentando convencer Sakura de desistir dessa bobagem trabalhosa.

- Como desistir se os convidados já devem estar chegando?

- Nós podíamos trancar as portas e as janelas e fingir que não estávamos em casa. Se, mesmo assim, alguém tentasse entrar, nós ligaríamos para a polícia, alegando tentativa de assalto. Pensando bem... Nós poderíamos ligar para a polícia de uma vez, assim, tudo já estaria resolvido! – os Uchihas olharam para Sai, duvidando, seriamente, do juízo mental do mesmo.

- Não há escapatória, Sai, conforme-se. De qualquer maneira, ainda tenho muita coisa para fazer e não posso perder tempo. – Itachi ajeitou o avental e girou o corpo na direção da cozinha. – Se não ajudarão, ao menos, tratem de se arrumar!

- Tudo bem, mamãe. – Sai e Sasuke responderam em uníssimo novamente, ambos com cara de deboche, mas Itachi os ignorou como de costume.

- Tomara que se percam no caminho. – Sai rogou a praga bem baixinho. – Minha casa não é a casa da mãe Joana!

- Perca as esperanças, Sai. Sakura os fez organizar um grupo de viagem e disponibilizou um mapa da região. Eles chegaram, e chegaram de uma vez só.

Sai estremeceu. Logo depois, olhou nos olhos do outro:

- Eu já te falei sobre o pesadelo que é o casamento?

- Já. – Sasuke rodou os olhos diante do drama do anfitrião. – Vamos, levante-se. É melhor nós nos arrumarmos, afinal, se não pode contra eles, junte-se a eles.

- Você tem razão... – Sai declarou, vencido.

Os dois se levantaram e, lado a lado, subiram as escadas. Quando se separam para ir aos seus respectivos quartos, Sasuke segurou Sai pelo ombro.

- Você sabe se Naruto está bem? – indagou quase inaudível, a franja cobrindo os olhos de propósito.

- Porque não estaria?

- Ele passa a maior parte do tempo trancado no quarto e, bem, isso não é típico dele.

Sai se virou e ficou frente a frente a Sasuke, que ainda evitava encarar o marido de Sakura.

- Ele me disse que está cheio de trabalho. As tais palestras dele, sabe.

- Ah, sim. Obrigado pela...

- Sasuke. – Sai interrompeu Sasuke, e este ergueu o rosto com o chamado. – Mesmo com tudo que eu te falei sobre o casamento, nunca me passou pela cabeça divorciar-me de Sakura. Você sabe o porquê? Porque eu a amo. Ela me faz bem, deixa-me à vontade, encanta-me, faz-me tornar espontâneo, como eu nunca fui. Seria idiotice abandonar essa oportunidade maravilhosa de ser feliz.

Sasuke arregalou os olhos ligeiramente. Desde quando Sai se tornou tão expansivo e sentimental?

- Estou falando isso, porque eu vejo que você está - digamos que - indo por um caminho errado.

- "Caminho errado" ?

- Não se faça de desentendido. Você é idiota, mas não é burro.

- Não faço idéia do que você está falando. Fiz uma simples pergunta e eu só queria uma simples resposta. – Sasuke respondeu, seco e objetivo. Deu um passo em direção ao quarto, embora continuasse falando. – Sobre o "você é idiota, mas, não burro", levarei como um elogio. Até mais.

Sasuke entrou no quarto, fechando a porta do recito em seguida.

- Se fosse só isso, porque essa reação covarde? – Sai fez a pergunta retórica em meio a um suspiro.

- Está falando sozinho? - Naruto saiu do quarto e viu Sai murmurando algo no corredor.

- Não, não. Só estou confuso com essa agitação toda.

- É mesmo, o almoço. – Naruto abriu um sorriso radiante. – Ótima idéia da Sakura-chan, por sinal! Coincidiu com a minha folga das palestras e não teria melhor jeito de aproveitá-la senão com os amigos.

- Diga-me uma coisa: você não achou estranho essa vontade súbita dela de reunir os amigos que ela não vê há anos? – Sai deixou de lado as ações de Sasuke e voltou às suas suspeitas.

- Não. Na verdade, considero totalmente normal. – Naruto assumiu um ar profissional e prosseguiu. – É natural que as mulheres fiquem sensíveis quando estão tão perto da maternidade. A saudade aflorou, e Sakura-chan sentiu a necessidade de reencontrar os velhos amigos.

- Mas você não acha estranho esse empenho todo dela? E a pro-atividade de Itachi em ajudá-la?

- Mulheres são perfeccionistas, ainda mais se tratando de festas e reencontros. E Itachi... Bom, ele só está cozinhando, não é? – Sai meneou a cabeça. – Ele sempre morou sozinho, portanto, deve ter aprendido a cozinhar bem e decidiu ajudar a anfitriã, que está grávida e precisa de descanso.

- Pois eu acho que há algo a mais nesse almoço, só não sei o que é. – Sai soltou o ar e relaxou os ombros. – Mas, talvez você tenha razão. Até eu fiquei mais sensível com essa gravidez...

- Estou falando. Provavelmente, você está estressado com a expectativa de se tornar pai, e o zelo que tem com a sua mulher o faz ver coisas onde não têm.

- Você tem resposta para tudo, heim. – Sai disse, de braços cruzados, diante da lógica de Naruto.

- Eu não tenho resposta para tudo, tudo é que tem resposta. – Naruto sorriu, satisfeito com a própria esperteza. – Descerei para ver se Itachi precisa de ajuda. Até mais, Sai-kun.

- Até mais, Naruto-kun. – Saiu viu o rapaz loiro chegar ao topo das escadas e descê-las rapidamente. Lembrou-se da argumentação de Naruto e preferiu acreditar nela a continuar com suas idéias. Andou até o próprio quarto e, quando adentrou, encontrou a mulher deitada na cama de casal, dormindo.

Sai ficou admirando a esposa, encantado pela paz que o rosto dela transparecia. "Ah, o amor nos deixa tão patéticos!", pensou com franqueza.

Tratou de arrumar-se sem fazer nenhum barulho, afinal, não queria acordar Sakura e tinha de estar perfeito, pois "mulheres são perfeccionistas".

Enquanto isso, Itachi finalizava o seu trabalho na cozinha. Mesmo sendo um pequeno almoço, tudo tinha de estar impecável, isto é, conforme o plano. Só precisa de uma vistoria de sua cúmplice, para saber se estava tudo em seu lugar. Por falar na cúmplice, onde ela estava?

- Yo, Itachi! Precisa de ajuda? – uma cabeça loira apareceu na porta da cozinha.

- Não, obrigado. Já está tudo pronto, Naruto-kun. – Itachi desamarrou o avental com que cozinhava. – É melhor você ir se arrumar.

- Tem certeza? Só não ajudei antes, porque estava cheio de trabalho, mas estou livre agora.

- Não é necessário. – Itachi deu um pequeno sorriso. – Você é tão prestativo, Naruto-kun. Já está pronto para casar, sabia?

- Ora, que isso, Itachi. – Naruto abaixou a cabeça, levemente corado.

- Não seja modesto. – Itachi se aproximou, encurtando perigosamente a distância entre os dois. – Provavelmente, não casou por falta de pretendentes qualificados. Mas, nisso, nós podemos dar um jeito, não acha?

- Er, bem, eu... preciso me arrumar, não é? – Naruto recuou um passo para trás, seguido de outro e mais outro. – Eu vou subir para o meu quarto, Itachi-kun.

- Tudo bem. Aproveite e veja se Sakura está lá em cima e, se ela estiver, diga que eu gostaria que ela viesse aqui.

- Ah, claro. Eu vou indo, então.

- Até o almoço, Naruto-kun.

Naruto sorriu e se retirou de lá. Pensou no que acabara de acontecer enquanto subia pelas escadas. Itachi estava, claramente, dando em cima dele, mesmo sendo Naruto o ex-namorado de seu irmão mais novo.

Se bem que Sasuke não demonstrava querer uma reconciliação. Além disso, foi ele quem terminou o namoro, fato que já acontecera há muito tempo, e não parecia se arrepender de ter feito-o. O mais aconselhável para Naruto, portanto, seria seguir em frente. Ainda nutria algo especial por Sasuke, mas, se não era correspondido, era melhor desistir desse sentimento. E Itachi era bem atraente, inteligente, gostava de Naruto e estava à disposição. Não seria má idéia engajar-se em um novo relacionamento, certo? Não, não seria. Mas, Naruto sabia que seria má idéia usar outra pessoa para esquecer alguém, ainda mais quando a tal pessoa era tão parecida com esse alguém...

Estancou no meio do corredor, lembrando o pedido que Itachi fizera. Balançou a cabeça freneticamente, a fim de espantar os pensamentos que tivera. Encheu os pulmões de ar e, com ar ainda preso, bateu na porta do quarto do casal Haruno.

- O que foi? – foi Sai quem abriu a porta.

-Sakura-chan está aí?! – Naruto falou bem alto, fazendo Sai estremecer e Sakura acordar sobressaltada. – Ohayo, Sakura-chan! Itachi pediu para que você fosse lá embaixo, na cozinha.

- Quê? Itachi está pegando fogo na cozinha? – Sakura ainda estava um pouco desnorteada.

- Não, amor. Itachi pediu que você fosse na cozinha. – Sai tranqüilizou a esposa e olhou feio para Naruto, ainda falando com a moça. – Foi isso que esse escandaloso quis dizer.

- Ei! Não sou escandaloso! – Naruto se defendeu, fazendo o típico bico de contrariedade.

- Ah, tá. Daqui a pouco, eu vou, Naruto-kun. – Sakura falou, espreguiçando-se na cama.

- Ok. Eu vou arrumar-me agora. – Naruto despediu-se e rumou para o quarto. Sai fechou a porta e voltou a vestir a roupa que tinha separado. Sakura observou o marido e se lembrou de que tinha um almoço para organizar.

- Já é bem tarde, não é? – Sakura indagou e Sai balançou a cabeça positivamente. – É melhor que eu desça logo. Pode ajudar-me, Sai-chan?

Sai terminou de vestir a camisa social e pegou a mulher no colo. Colocou-a na cadeira de rodas desdobrável. Passou pelo corredor, chegando às escadas. Desceu cada degrau com muito cuidado. Terminando o lance de degraus, deu-lhe um beijo na testa e deixou que Sakura seguisse sozinha até a cozinha.

Compraram o objeto por necessidade prática, já que Sakura não conseguia ficar quieta, mesmo ela estando cansada, e Sai não podia carregá-la todo tempo. A mulher, no começo, sentira-se quase ofendida, mas, percebeu que estava cada vez mais difícil andar e, até mesmo, ficar em pé. Acabou aceitando por fim, sem maiores resistências.

Ela viu a figura do marido sumir aos poucos, enquanto ele refazia o caminho feito para levá-la até ali, só que invertido. Tentou levantar-se da cadeira de rodas, ma a o peso concentrado na barriga a fez desequilibrar-se e voltar a ficar sentada.

- Pode deixar que eu a levarei até a cozinha, Sakura-san. – Itachi surgiu por trás e empurrou a cadeira de rodas.

- Arigato, Itachi-kun. Mas, o que você queria que eu visse?

- Nada em especial, só para ter certeza que está tudo ao seu agrado. A comemoração é sua, sabe.

- Não precisa ficar tão preocupado, é só um almoço. E estamos juntos nisso, lembra-se?

- Ah, claro. – Itachi sorriu para a moça, que devolveu o sorriso com uma ponta de malícia.

Aproveitaram que estavam sozinhos e repassaram as ações daquele dia.


Os corações de Naruto e de Sai aceleraram quando viram o grupo de convidados entrar pela porta, aos poucos. O primeiro se exaltou, porque notou o tamanho da saudade que sentira daquelas pessoas; o segundo, porque sentiu uma estranha sensação de ter a própria casa sendo invadida por uma gangue.

- Testuda! – Ino estapeou todos que a atrapalhavam chegar à amiga. – Você está tão bonita! E que barrigão! Está bem próximo da hora, não é?

- Está, sim, Ino-porquinha! – as duas deram um abraço apertado. - Eu exijo que você aceite meu convite para ser madrinha das minhas filhas!

- Achei que fossem meninos. – Temari apareceu em meio às pessoas, junto com Shikamaru. – Também exijo que faça o parto conosco, Sakura.

- Temari! Shikamaru! Faz tempo que não os vejo! – Sakura reparou que o casal estava de braços dados. – Perdoem a minha curiosidade, mas vocês dois estão namorando?

- Na verdade, estamos casados. Chamo-me Nara Temari agora. – Temari entrelaçou ainda mais o próprio braço com o de Shikamaru.

- Não acredito que Shikamaru se casou! – Naruto intrometeu-se na conversa, visivelmente surpreso com a notícia que foi dada. – Shikamaru, achei que você fosse um caso perdido!

- Pois é... – Shikamaru deu um bocejo e descansou a cabeça no ombro da esposa.

- Ele o ofende, e é isso que você diz? – Temari disse, esperando que a reação do marido fosse mais enérgica.

- Bom, eu tive de dispensar a minha soneca da tarde para ficar dirigindo até agora, pois ninguém conseguia usar o mapa de maneira adequada... Estou cansado demais para pensar em uma resposta; além do que, pensar em respostas é muito problemático... – Shikamaru escondeu o rosto no pescoço da loira e jogou o peso do corpo nela, que teve de se equilibrar para não cair.

- Também, o que eu queria. Estamos falando de Shikamaru! – a loira empurrou Shikamaru para o lado, fazendo-o voltar à posição ereta e retirar o peso do corpo masculino dela.

Enfim, depois de alguns contra-tempos (como Ino quase matar Sasuke sufocado por um abraço; Kiba e Shino trocarem um beijo rápido em público e causarem comoção entre as mulheres; Hinata ser abraçada, calorosamente, por Naruto, e isso despertar um acesso de ciúmes em Neji; e Shikamaru conseguir dormir no sofá, mesmo com uma festa acontecendo ao seu lado), todos se cumprimentaram e esperavam o almoço ser servido, sentados à mesa.

- Lembram-se de Deidara-sensei? – Ino perguntou, quebrando o silêncio que se instalara. Todos estremeceram. – Então: ele pediu Sasori-sensei em casamento!

- Jura? – Sakura ficou boquiaberta com o que acabara de saber. – Eu sabia que ali tinha, mas não sabia que eles já tinham avançado tanto...

- Foi o acontecimento do século, menina! – Ino ficou tão animada que se debruçou sobre a mesa para se fazer ouvida. – Estávamos no meio do expediente, no hospital, quando Deidara-sama fez a declaração para Sasori-sama, no meio da recepção do prédio! Ainda lembro o que ele disse: " Sasori-danna, quero juntar minha escova de dentes com a sua – e nem pense em dizer 'não', senão eu jogarei uma bomba em você aqui mesmo!". É, acho que foi isso...

- E aí? – Sakura e todos que prestavam atenção a história bebiam as palavras de Ino.

- Sasori-sama ficou estático, e Deidara continuou falando, dizendo que o amava e que, com ele, aprendeu que a arte nem sempre precisava ser um estouro e blá, blá, blá. Sasori-sensei só conseguiu fazê-lo calar-se com um beijo, mas Deidara-sama ficou tão feliz que queria explodir o prédio de qualquer jeito. No final, os dois foram levados presos, já que Deidara-sama queria explodir o carro da polícia, com ou sem policiais dentro, e Sasori-san era a única pessoa que conseguia controlá-lo, se é que você me entende.

- Nossa, que coisa de filme! – Sakura, que já estava surpresa, ficou mais abismada ainda, como todos os outros. – Mas ficou tudo bem, não é?

- Ficou, sim! Kakashi-sensei deu um jeitinho e conseguiu fazer a diretora do hospital retirar a queixa contra os dois. E, por falar em Kakashi-sensei, Deidara-sensei disse que tomou o namoro dele com Iruka-sensei como inspiração.

- E Kakashi-sensei tomou como inspiração aquele livrinho pornográfico que nunca largava. – Naruto disse, com uma gota na cabeça.

- Nossa, não tinha consciência dessa quantidade de professores gays que nós tínhamos... – Neji falou, abraçando Hinata pela cintura possessivamente, enquanto olhava, desconfiado, para Naruto.

- Eles não podiam manifestar-se, pois Orochimaru-sensei já estrapolava o limite de viadagem permitido. – Sasuke comentou, e todos, mais uma vez, estremeceram com a menção do nome do professor.

- Sinceramente, Orochimaru é o que eu chamo de "surreal". Ele não conta! – Ino declarou, desafiadora. – Casais gays são kawais, e tenho dito! Vejam Kiba e Shino: são contidos e muito fofos juntos!

Shino manteve-se impassível com a fala da loira, já Kiba corou dos pés à cabeça. Este, para desviar o foco de atenção dos dois, perguntou se a comida demorava muito. Felizmente, Itachi e Sai aproximavam com os pratos.

O barulho que os talheres faziam era amenizado pelas conversas à mesa, que ainda tinham como assunto a época de universitários. Mesmo assim, Sakura não pôde deixar de notar que, desde que os convidados chegaram, Itachi e Sai falavam a sós, em um canto da casa ou da mesa de jantar.

E Sasuke evitou Naruto o máximo que podia, e vice-versa. Pelo que foi visto, era chegada a hora de pôr o plano em prática!

Sakura procurou Itachi com o olhar. Quando o viu, fez um breve movimento com a cabeça. Itachi baixou a taça de vinho na mesa, disse algumas palavras a Sai, levantou-se e foi para a cozinha; quando voltou de lá, meneou a cabeça para a moça de cabelos róseos.

- Pessoal, o que vocês acham de comer a sobremesa lá fora? – Sakura perguntou, sorridente.

- Não seria trabalho demais, já que estamos instalados aqui dentro? – Hinata indagou, grudada a Neji.

- Não seria, não, Hinata-chan. Fora que, aqui, está ficando abafado, e eu quero mostrar meu jardim a vocês.

- Então, vamos. – Temari se levantou e pegou a pilha de pratinhos de sobremesa por baixo, erguendo-a. – É melhor não contestarmos o desejo de uma grávida.

- Obrigada, Temari-chan. – Sakura agradeceu, ainda sorridente. Esperou que boa parte das pessoas já estivesse no quintal quando decidiu levantar-se. Como sempre acontecia, não conseguiu fazê-lo sozinha. – Sai-chan, ajude-me aqui, por favor.

- Claro. Eu buscarei a cadeira de rodas e...

- Pode deixar que eu pego, Sai. – Itachi interrompeu Sai. - Mas eu preciso que alguém vá arrumar a mesa...

- Pode deixar que eu ajudo Sakura sozinho. Eu... – Sai tentou terminar a fala de antes.

- Isso, Itachi-kun, vá pegar a cadeira de rodas. – quem interrompeu Sai, desta vez, foi Sakura. – Naruto-kun, Sasuke-kun, vocês podem ir até a cozinha para pegar a toalha de mesa e os talheres?

- Por que nós dois? – Sasuke questionou, suspeitando daquela situação. – Um só bastaria.

- O teme tem razão, Sakura-chan. – Naruto concluiu, parecendo pouco à vontade com a missão que lhe foi dada.

- Porque duas cabeças pensam melhor do que uma! Agora, andem! – Sakura respondeu, finalizando a discussão.

- Hai... – Sasuke e Naruto, um tanto inconformados, moviam-se para a cozinha a passos lentos.

- Sakura, o que está acontecendo aqui? – Sai perguntou, com uma das sobrancelhas arqueadas. – Espere, não me conte. Eu nem quero saber o que você e Itachi estão planejando. Não faça esta cara: pensa que eu não percebi que os dois andam de segredinhos pelos cantos?

- Amor, você é muito perspicaz. Estou orgulhosa!

- E você é maquiavélica, mulher. Até conseguiu levar o Itachi para o lado da escuridão... Por falar nele, onde ele está?

- Não sei... Mas, você disse que buscaria a cadeira de rodas para me ajudar, lembra?

- Sim, eu lembro, mas o Itachi... – Sai estancou quando percebeu as intenções da esposa. Fitou a nos olhos e suspirou, resignado com a mulher que tinha.

Naruto e Sasuke mal repararam na cena protagonizada pelo casal, de poucos instantes atrás. Na vagareza em que andavam, chegaram ao destino quando a sala de jantar já estava bastante vazia.

Estavam vasculhando as gavetas e os armários do local, à procura do que lhes foi pedido, quando ouviram um baque forte, seguido de um som fraco, atrás de si.

- Eu sabia! – Sasuke soltou o que tinha na mão e avançou na porta. – Itachi, eu sei que foi você! Abra essa maldita porta!

- Calma, Sasuke. O vento deve ter fechado a porta. – Naruto aproximou-se da porta e tentou abri-la, não conseguindo. – Certo, deve haver uma explicação para isso... A porta deve ter emperrado!

- Não seja ingênuo, Naruto. – Sasuke acalmou-se, mas ainda estava zangado. – Como a porta foi fechada pelo vento, se todas as janelas estão fechadas? Foi obra daquele meu irmão desnaturado... E da Sakura também! Quando eu sair daqui, eu pegarei o primeiro vôo para fora do país!

- Nossa, eu nunca te vi tão exaltado assim. – Naruto estava pasmo com a reação do moreno, sempre frio e quieto. – Por acaso, trancar-se comigo foi o que te deixou tão abalado assim?

- Não se dê tanta importância, Uzumaki. – foi a primeira vez que Sasuke chamou Naruto pelo sobrenome desde que se reencontraram, uma formalidade que eles nunca tiveram.

- Então, não dê chilique à toa, Uchiha. – e foi a primeira vez que Naruto foi frio com alguém. – Nós podemos pular a janela.

Tentaram abrir as janelas, mas todas estavam trancadas. Naruto lembrou que Sakura costumava guardar as chaves das janelas em um pote, na cozinha mesmo; o pote, no entanto, estava vazio.

- Eu devia ter dado ouvidos às teorias conspiratórias de Sai. – Naruto lamentava, encostado a pia.

- E eu deveria ter dado ouvidos às minhas teorias conspiratórias. – Sasuke passou as mãos pelo cabelo negro. – Eu não suporto a idéia de ter de esperar alguém vir abrir essa joça de porta!

- Sabe, olhando por outro ângulo, eu acho que é uma boa chance para nós conversarmos sobre certas coisas...

- Você precisa estar trancado com alguém para conversar, dobe?

- Quando esse alguém é o meu ex-namorado, que me contou uma estapafúrdia para se afastar de mim e, agora, finge que eu não existo... Nessas condições, a resposta para a sua pergunta é "sim", teme.

- Não quero falar sobre isso. – Sasuke cruzou os braços e olhou para o lado.

- Você nunca foi assim, Sasuke! Por que está se esquivando desse jeito?

- Naruto... – Sasuke fechou os olhos, amaldiçoando Itachi por tê-lo posto naquela situação, de propósito ainda por cima.

- Por que você trocou de curso? – Naruto encarava Sasuke com firmeza. O loiro precisava de respostas e as queria naquele momento.

- Vocação. – o moreno não pôde fazer coisa alguma, a não ser participar daquela volta ao passado, o qual já devia estar morto e enterrado.

- Como assim "vocação"? Nós estávamos terminando o penúltimo semestre de Medicina e, de repente, você mudou para Direito!

- Infelizmente, eu percebi o que eu gostava de fazer bem tarde. Só isso.

- E por que a descoberta da sua "real vocação" coincidiu com a época que você terminou comigo?

- Coincidências acontecem, oras.

Naruto não acreditava que aquele era o Sasuke de alguns anos atrás. Mesmo assim, insistiu na procura pela verdade:

- E o que você quis dizer com "é bom você me odiar, assim, você descobrirá o que é bom para você" ?

- Eu devo ter lido em alguma propaganda e falado para você se sentir bem. Sinceramente, não me lembro de ter dito isso a você.

- Pois você disse, e você não é do tipo de pessoa que se preocupa com esses detalhes... – Naruto desencostou-se da pia e girou o corpo na direção do outro. – Sasuke, saiba que eu nunca te esqueci...

- Por Kami-sama! Faz quatro anos que nós terminamos! Você precisa de outro fora para perceber que eu não te quero mais?!

- Se fosse outra pessoa, o tempo até poderia ter apagado o que eu sentia, mas é você... – Naruto se aproximava, com os olhos azuis embriagados pela saudade. – Eu quis esquecê-lo, mas eu não consegui, e, agora que sei que você está mentindo para mim, alguma coisa, aqui dentro, reacendeu.

- Dobe! – Sasuke se afastava conforme Naruto se aproximava. O que o loiro dizia trazia à tona emoções que Sasuke fez um incrível esforço para esquecer.

- Se for mais fácil, eu dispenso a verdade para que você volte para mim... – Naruto acelerou os passos, assim como Sasuke. Este, porém, teve de parar, pois a porta da cozinha se encontrava às suas costas. E quando deu por si, Naruto já o enlaçava pela cintura, prensando-o, suavemente, contra a porta.

- Sabe por que eu ainda insisto nesse amor? – Naruto sussurrou no ouvido do outro, que sentiu seus pêlos se eriçarem. – Porque, eu começo... – o loiro fitou o moreno nos olhos. - ... aonde você termina. – desceu o olhar para os lábios de Sasuke. - Nós somos uma coisa só, somos algo inseparável, essa é a verdade, Sa-chan!

Naruto colou os próprios lábios nos do ex-namorado. Este entreabriu os lábios automaticamente, e aquele introduziu a língua com delicadeza, prazer e saudade.

O beijo começou tímido, mas foi ganhando impulso aos poucos. Naruto levou uma das mãos aos cabelos do Uchiha, entrelaçando os dedos nos fios negros, enquanto que a outra se fechava entorno da cintura do mesmo.

Sasuke matinha os olhos abertos, à procura de algo que o fizesse sair daquela sensação de entorpecimento. Falhou miseravelmente quando Naruto mudou o ângulo da cabeça, aprofundando o beijo. Tudo se dissolveu ao redor dele, e só pôde fechar os olhos e ceder àquele momento.

O beijo tornou-se mais faminto, e ambos os rapazes apertavam o abraço, a fim de aproximar ainda mais os corpos, sentir o calor um do outro. As carícias também ficaram mais atrevidas.

Quando uma das mãos de Naruto escorregou para dentro da camisa de Sasuke, este recobrou a razão que perdera. Juntando toda a força de vontade que ainda restava, ele desfez o abraço e afastou o loiro. Tal movimento fez as bocas se separarem, mediante um gemido desgostoso de Naruto.

- Eu... – Sasuke estava ofegante e com a mente ainda anuviada pelo beijo. – Eu não gosto mais de você e eu te evito, porque eu sei que você é infantil demais para entender isso!

- Não, não pode ser... – Naruto apertou o rapaz contra a porta, movido pela dor que sentiu no peito.

- Mas é! – dizer aquilo doía mais em Sasuke do que no outro, mas era um mal necessário, do ponto de vista dele.

Antes que Naruto pudesse revidar, a porta da cozinha se abriu, e os dois caíram no chão. Quando se recuperaram do tombo, encontraram um Shikamaru sonolento os olhando.

- Foi você quem abriu a porta? – Sasuke indagou para Shikamaru, um pouco ofegante.

- Eu acordei com a falta de barulho ao meu lado. – Shikamru ajudou Naruto, que olhava embasbacado para Sasuke, a se levantar e continuou. – Percebi que todos tinha ido lá para fora e, quando eu também estava indo para lá, eu ouvi vocês dois da cozinha.

- Alguém te deu a chave para abrir a porta? – Sasuke perguntou novamente.

- Não, ela estava na porta... – Shikamaru olhou para os dois, que se encaravam e estavam com as roupas tortas. – Por acaso, eu atrapalhei algo?

Os dois ficaram calados, de cabeça baixa, e isso já respondia a pergunta de Shikamaru.

- Bem, eu vou lá para fora. – Shikamaru disse, desinteressado.

- Eu vou para o meu quarto. Com licença. – Sasuke falou, encaminhando-se para as escadas. Naruto tentou segurá-lo pelo braço, mas o rapaz desviou e aumentou o ritmo das passadas, quase uma espécie de fuga.

Shikamaru e Naruto viram o Uchiha subir as escadas e sumir pelo corredor, sem olhar para trás.

- Eu acho que eu já vou. Você vem, Naruto? – Shikamaru olhou para o amigo, que ainda sustentava um olhar desanimado para as escadas.

- Não. – Naruto disse, tristonho. – Eu vou para a varanda da frente, fumar um pouco... Pensar um pouco...


Não, eu não morri. Pensando bem, eu quase sucumbi em meio a períodos de provas sucessivos... Mas, estou aqui, firme, forte e de férias!

E peço perdão pela demora: eu sei como é chato ficar esperando atualização.

Gostaria de agradecer a todos que mandaram reviews. Toda vez que eu queria por a fic em hiatus, eu lia as reviews e voltava a escrever.

Por falar em reviews, vamos a elas!


Koorime Hyuuga

Eu sei que está meio tarde, mas eu também te desejo um ótimo 2008.

Pois é, Itachi sabe de tudo, como todo irmão mais velho por sinal... ¬¬

O capítulo anterir foi curtinho, mas espero que este tenha compensado isso!


Anjo Setsuna

Que bom que não desistiu de ler a fic! Você e suas reviews são muita pareciadas por mim.

É Itachi tem culpa no cartório, mas, pelo menos, ele está sendo um bom garoto.

Naruto ajudando criancinhas com câncer seria o cúmulo da fofura! Tô apaixonada por isso até agora! Você se importaria se eu compartilhasse isso em uma fic (com os devidos créditos, claro)?


SuperBlossomPPG

Que bom que gostou do dupla dinâmica Sakura e Itachi! \o/

Também odeio ItaNaru (acho nada a ver), mas o Itachi tá que quer desencalhar.

Itachi: Eu não estou encalhado!

Houki: Quem é o seu par, então? O Kisame, que nem aparceu na fic por sinal?

Itachi: ... ó.ò

Houki: Chora não. Eu vou te ajudar, Itachi-kun.

Itachi: Tô perdido! i.i

Houki: ¬¬


NahXD2208

O capítulo anterior foi bem pequeno mesmo, mas espero que esse capítulo tenha compensado (tanto em tamanho quanto em acontecimentos).

Pode continuar curiosa, pois mais coisas virão!

Obrigada pelo elogio e continue comentando!


Rei Owan

Mais um capítulo! Finalmente!

Também adoro esse casal... Não é à toa que eles monopolizam minhas fics.

Ainda não foi revelado o porquê de Sasuke ter terminado com Naruto, mas tá chegando perto...


Kuroyama Izumi

O nome da fic vem de uma música da banda Moby e, no original, chama-se "Where You End". Foi ela que me deu inspiração par essa fic. E, neste capítulo, está mais explícito o porquê do título, hehe.

Foi quase que Naruto e Sasuke se arranjam. Quase...

Espero que o beijo tenha dado, pelo menos, um gostinho.

Pode deixar que o Naruto e o Sasuke vão para de fumar! o7


Nyuu-neechan

Que bom que gostou da fic! Fico muito feliz em ver que estou conquistando mais leitores!

Tá aqui a atualização. Prometo que não demorarei mais para atualizar.

Só espero poder cumprir a promessa. ¬¬


Recentemente, descobri que eu gosto muito de receber reviews.

Na verdade, desconfio que sou movida a reviews...

Por que será?

Beijones marotíssimos para todos!