Sasuke: Acredite, milagres acontecem. u.u

Mye-chan, dando cotovelada no Uchiha: Nyaa, que saudades! Mas antes de começarem a leitura do quarto capítulo, recomendo aos que já acompanhavam a fic a relerem os capítulos anteriores, pois foram reescritos. A história é basicamente a mesma, mas alguns detalhes foram modificados, outros acrescidos. Sem mais delongas, tenham uma boa leitura.

Disclaimer: Naruto não me pertence. (Mas esta história sim, então, nem pensem em plagiá-la. Ò.ó)


Marry me!

Capítulo 4


Fazia um dia agradável em Tókio: céu azul quase sem nuvens, o sol brilhando esplêndido no seu ponto alto, e uma brisa suave apenas para refrescar o ambiente. O clima ideal na opinião dos pequenos, pois possibilitava uma tarde inteira de brincadeiras ao ar livre com os amigos.

E para os nossos protagonistas, isso certamente não era uma exceção.

Agachada no banco de areia do parque, uma pequena criatura rosada cantarolava baixinho uma canção que ouvira na TV, enquanto tratava de manter firme - com alguma dificuldade - a torre de seu castelo de areia.

Aquela era uma surpresa para o Sasuke-kun.

Chegara um pouco antes do horário habitual, apenas para preparar aquele presente ao amigo. Afinal, se ela era uma princesa, e ele seria o seu príncipe, eles precisavam ter um castelo só para eles, não é mesmo?

Concentrada em sua árdua tarefa, a pequena sequer desconfiava que olhos muito bem treinados cuidavam para que a sua inocência e integridade física fossem preservadas, protegidas de qualquer mal. O condomínio Konoha Village Park era um dos mais seguros e prestigiados do país. Sob a vigilância dos Naras, toda a área abrangente era monitorada 24 horas por dia, por câmeras instaladas estrategicamente em diversos pontos, algumas inclusive muito bem camufladas; seguranças na entrada do condomínio cuidavam para que apenas residentes e convidados adentrassem no local, e, a qualquer indício de movimentação suspeita, uma linha direta com a polícia era ativada – não por menos ali viviam famílias importantes no cenário econômico e político do país. Era um sistema caro, mas que todos estavam dispostos a pagar para ter a segurança e tranqüilidade que seus filhos necessitavam.

— Sakura! — essa voz já tão familiar para seus ouvidos a chamava da entrada do parque, correndo em sua direção. Levantando o rosto levemente sujo de areia, a rosada sorriu de forma alegre, os olhos brilhando de emoção, e dirigiu-se ao amigo:

— Konnichiwa (1), Sasuke-kun!

Parando ao lado da pequena, e depois de recuperar um pouco de ar, o Uchiha respondeu, com uma expressão mal contida de felicidade:

— Hn! — Mesmo não a cumprimentando apropriadamente, a Haruno pareceu satisfeita e seu sorriso se alargou – em pouco tempo aprendera que aquele era o seu "modo Uchiha" de ser.

O moreno observou de maneira curiosa os dois montes de areia de tamanhos – e formas – irregulares à sua frente, sem conseguir identificar com exatidão do que aquilo se tratava. Então, voltou-se para a rosada e perguntou:

— O que é isso, Sakura?

A pequena flor de cerejeira seguiu com o olhar aonde o Uchiha apontava, e lembrou-se de sua "surpresa".

— Kyaaa! — tentou inutilmente esconder o presente com seu pequeno corpo, mas acabou por perder o equilíbrio e esmagar todo o monte de areia, destruindo tudo o que construíra com tanto esforço e carinho.

Sasuke sentiu uma imensa vontade de rir do jeitinho desastrado da Haruno, mas, percebendo a expressão triste da amiga, e vendo como pequenas lágrimas já se acumulavam no canto de seus olhos claros, resolveu tentar animá-la.

— Não fique assim, Sakura, eu não gosto de te ver triste... — Agachou-se ao lado da menina, acariciando sua cabeleira rosada enquanto ela travava uma batalha contra as lágrimas. — Hum... Eu não sei o que você estava fazendo antes, mas eu te ajudo a construir tudo de novo!

— M-Mas... — fitou o monte de areia amassado. — Era um p-presente para o Sasuke-kun...

O pequeno Uchiha apontou para si mesmo, surpreso e, ao mesmo tempo, emocionado:

— Eh? Um presente para mim? — Mais curioso que antes, perguntou: — E o que era?

— Era... — limpou uma lágrima travessa que caíra sem sua permissão, e corou de leve, falando em um tom mais baixo: — Era o nosso castelo.

Ao ouvir aquela confissão, Sasuke sorriu. Então, pegou uma das pás ao lado do monte de areia e entregou-a a Sakura.

— Bom, se é o nosso castelo, é mais um motivo para que o construamos juntos, não é mesmo?

Essas palavras acabaram tendo o efeito desejado, arrancando um sorriso dos lábios rosados da herdeira Haruno e encerrando completamente o seu choro.

— Hai (2)! — concordou.

E então os dois pequenos concentraram-se em sua mais nova e importante tarefa.

.:oOo:.

Estava sendo uma tarde bastante tranqüila, e agora, com a ajuda de Sasuke, o novo castelo de areia estava muito mais parecido a um castelo – tinha formas mais concisas e até alguns detalhes, como a marcação dos tijolos na fachada. Era um tanto irônico que a filha de um arquiteto famoso não soubesse sequer construir um simples castelo de areia – certamente esse dom ela não herdara do pai.

No entanto, essa paz foi interrompida por uma figura que, de longe, podia ser notada, devido as suas vestimentas de cores bastante extravagantes, que combinavam perfeitamente com a personalidade de seu dono.

— Sakura-chan! — chamava ao longe a voz estridente, pertencente a um loiro hiperativo e de olhos azuis; o único filho do governador Uzumaki Minato. Uzumaki Naruto era muito diferente do pai em personalidade, pois Minato era conhecido por sua serenidade e elegância; no entanto, muito parecido fisicamente.

Absorta em sua atividade, a Haruno não ouviu seu nome ser chamado, fazendo com que o loiro optasse por elevar ainda mais a sua voz, atraindo os olhares de todos no parque:

— Sakura-chan, aqui! — insistiu o loiro, agitando os braços no alto freneticamente, e conseguindo finalmente a atenção da menina de cabelos rosados.

— Naruto...? — reconheceu a Haruno, largando tudo o que fazia e indo de encontro ao herdeiro Uzumaki, com um enorme sorriso no rosto. Ao se encontrarem, se abraçaram como se não se vissem há anos. — Naruto, você voltou! Estava com saudades!

— Também senti saudades, Sakura-chan!

Claro que tal atitude não agradou a certo Uchiha, que prontamente largou sua tarefa e se aproximou dos dois pequenos, enquanto estes saltitavam alegres e se abraçavam. Sua expressão era séria e notava-se a irritação em seu rosto. Cruzando os braços em frente ao corpo, tentou fazer sua presença notada:

— Sakura...

A pequena então se lembrou de seu outro companheiro, e se afastou do loirinho, ainda que conservasse um sorriso no rosto. Voltando sua atenção para Sasuke, falou:

— Sasuke-kun, deixe-me apresentar um amigo. Este é Uzumaki Naruto, meu melhor amigo e vizinho. Ele estava viajando com o avô por algumas semanas. — Então se voltou para o Uzumaki. — Naruto, este é Uchiha Sasuke, meu mais novo amigo e... noivo. — corou levemente com a última palavra, arrancando um sorriso satisfeito do moreno.

— Hn. — voltou a encarar seriamente o loirinho.

Naruto, mesmo não sendo uma das crianças mais espertas, percebeu a expressão hostil do Uchiha, e resolveu encará-lo da mesma forma, de modo desafiante. Quase se podiam ver as faíscas saírem do olhar de ambos. Então, como se finalmente as palavras da amiga registrassem em sua mente, voltou-se para a Haruno e perguntou:

— Noivo? E o que isso quer dizer, Sakura-chan? — ele parecia genuinamente confuso.

— Hn. Que idiota. — debochou o moreno. Claro que, sendo crianças, eles ainda desconheciam o significado de diversas palavras, no entanto não podia deixar de provocar o loirinho – ele simbolizava uma ameaça, no final das contas.

— O que você disse?

— Disse que você é um idiota, Idiota.

— Ora, seu—!

E antes que alguém saísse ferido, a pequena Haruno resolveu intervir, colocando-se entre os dois:

— Naruto, Sasuke-kun... Por favor, não briguem. Eu não gosto de ver as pessoas que mais gosto brigando.

— Mas foi esse baka (3) que começou, Sakura-chan! — respondeu o Uzumaki indignado.

— Hn. — virou o rosto para o lado, ainda irritado. Ouvir o loiro a chamando tão carinhosamente não o agradava em nada.

Sakura então se voltou para o emburrado Uchiha e, segurando as mãos dele entre as suas e encarando-o com olhos suplicantes, pediu:

— Sasuke-kun, onegai (4)...

O caçula Uchiha, é claro, não conseguiu resistir a aquele olhar, e virou o rosto para o outro lado, encabulado. Satisfeita, a rosada voltou-se para o loiro, e, sorridente, respondeu:

— Naruto, quando duas pessoas gostam muito uma da outra e querem ficar juntas para sempre, elas se casam; assim como os nossos pais fizeram. Mas enquanto esse dia não chega, elas ficam noivas - como o Sasuke-kun e eu.

— Hum... Mas por que elas precisam esperar para se casar e ficar juntas para sempre? — questionou, curioso.

— Eh? Bem, isso eu também não sei direito, a Okaa-san (5) do Sasuke-kun só disse que nós teríamos que esperar até que ele ficasse maior que ela. — respondeu, fazendo uma careta engraçada.

O Uzumaki ponderou por alguns segundos, com os olhos estreitos em concentração e uma mão abaixo do queixo. Então, abriu um enorme sorriso, colocando ambas as mãos detrás da cabeça em um gesto descontraído, e declarou:

— Ah, entendi! Então eu só tenho que comer muito para ficar maior que a mãe do Baka-suke (6) antes que ele e poderei me casar com a Sakura-chan!

— Eh?

— O quê? Ora, seu—! — É claro que o Uchiha não gostou nada daquilo, e já ia partir para cima do loirinho, não fosse pela intervenção da Haruno, que o segurou pelo braço, apertando-o contra o seu pequeno corpo com toda a sua força.

— Não, Sasuke-kun!

— Você não vai se casar com a Sakura, porque ela já é MINHA noiva! — bradou o moreno.

— Heh, mas eu conheço a Sakura-chan há muito mais tempo, então sou EU quem deveria se casar com ela, dattebayo (7)! — contra-atacou o loiro.

— Mas eu pedi primeiro!

— Mas eu sou o melhor amigo dela!

— Mas ela gosta mais de mim!

— É mentira! Ela gosta mais de mim!

— Não gosta não!

— Gosta sim!

— Não gosta!

E sem conseguir segurá-lo por mais tempo, Sakura acabou por soltar o braço de Sasuke. Isso o deixou livre para partir para cima do Uzumaki, fazendo os dois rolarem na areia - distribuindo tapas, arranhões e puxões de cabelo. A essa altura, eles já atraíam a atenção de todos a sua volta. Algumas crianças observavam assustadas, enquanto outras pareciam se divertir e escolher um lado para quem torcer.

É impressionante como crianças podiam ser assustadoras de vez em quando...

Mas o show de luta ao ar livre fora interrompido pelo som de soluços provindos da menina dócil de cabelos rosados, que derramava lágrimas de tristeza e dor por toda aquela situação. No final das contas, parecia que ela sempre era a causa de alguma briga entre entes queridos.

Preocupados com a Haruno, os garotos correram cada um para um lado seu, tentando reconfortá-la e descobrir quem fora o idiota que a fizera chorar. Sequer desconfiavam que fossem eles os "idiotas" causadores de sua tristeza...

— Sakura-chan, o que aconteceu? Alguém te machucou?

— Sakura, se alguém te machucou—!

A menina conseguiu apenas balançar a cabeça negativamente, deixando que as lágrimas banhassem seu rosto rosado e os soluços travassem a sua garganta.

Sasuke então recordou o episódio na casa dos Harunos, e finalmente compreendeu o motivo do choro da amiga. Claro que, tendo o sangue Uchiha correndo em suas veias, não iria admitir que tivesse parte – uma grande parte, aliás – de culpa naquilo.

— A culpa é toda sua, Idiota! — acusou o moreno.

— O quê? Mas foi você que começou, Baka-suke! — indignou-se o loiro.

E se preparavam para mais uma briga, não fosse pela intervenção da rosada:

— S-Sasuke-kun... Naruto... Onegai... P-parem com isso... — implorou entre soluços a Haruno. — E-eu não gosto de ver vocês b-brigando por minha culpa... Não quero ver vocês m-machucados...

Os garotos então trocaram olhares entre si, sentindo-se culpados pela tristeza da menina que era tão especial para eles. Silenciosamente, concordaram em tentar manterem-se longe do pescoço um do outro.

— Sakura-chan... Não chore... Olhe, eu prometo não bater mais no Baka-suke, okay? — sorriu abertamente, tentando animar a amiga.

— ...P-Promete?

— Hai!

Então, mais aliviada, a pequena voltou-se para o moreno:

— Sasuke-kun?

— Hn. Desde que o Idiota cumpra a sua promessa, eu cumpro a minha. — virou o rosto para o lado, encabulado.

Satisfeita com o acordo de paz entre os dois, Sakura enxugou o resto de lágrimas de seu rosto, e sorriu abertamente:

— Arigatou (7), Naruto, Sasuke-kun! — e abraçou-os pelo pescoço, depositando um beijo na bochecha de cada um e deixando-os levemente corados.

Quando a rosada os soltou, Naruto abriu um enorme sorriso, acariciando o local onde a pequena o beijara, e declarou:

— Hehe, eu sabia que você gostava mais de mim, Sakura-chan! — provocava o Uzumaki, conseguindo deixar o Uchiha irritado novamente.

— Idiota, ela beijou a nós dois.

— É, mas ela me beijou primeiro!

— Isso não quer dizer nada, Idiota!

— Quer dizer sim!

Lançando-lhes um olhar de reprovação, a Haruno interrompeu:

— Naruto, Sasuke-kun... Vocês prometeram!

O loirinho então se voltou para a rosada com um sorriso travesso no rosto.

— Não se preocupe, Sakura-chan, a promessa de um Uzumaki é pra vida inteira! — e mostrou o polegar voltado para cima, em sinal positivo. — Mas a gente ainda precisa resolver isto aqui. E eu sei exatamente como fazer isso! — e encarou o moreno de forma misteriosa.

Sasuke apenas limitou-se a levantar uma sobrancelha de forma cética, como sempre vira seu irmão fazer com o amigo idiota deste, Hoshigaki Kisame.

— E qual a sua idéia brilhante, Idiota?

Forçando o sorriso a manter-se firme no rosto, o herdeiro Uzumaki retrucou:

— Simples: Vamos fazer uma competição! Quem ganhar, poderá se casar com a Sakura-chan! — então, o sorriso tornou-se mais travesso. — E o perdedor terá que ser seu mordomo para o resto da vida!

O caçula Uchiha ponderou os termos da competição, e mostrou-se bastante satisfeito. É claro que não iria perder, ele era um Uchiha, a vitória corria em suas veias. Ele derrotaria um inimigo, e teria Sakura só para si.

— Fechado. — concordou, e ambos apertaram as mãos em sinal de acordo.

Enquanto isso, a pequena Haruno apenas observava tudo com uma expressão preocupada no rosto. Não tinha um bom pressentimento quanto a aquilo...

.:oOo:.

— Há! Estamos empatados de novo, Baka-suke! — vangloriava-se o loirinho, após vencer o Uchiha mais novo em uma estranha competição de quem conseguia comer mais ramen (9).

— Humph! — emburrou-se o moreno, nada satisfeito com aquele resultado. Ele era um Uchiha, deveria ganhar sempre, mesmo em uma competição tão idiota como aquela. A verdade era que o Uzumaki mostrou-se um oponente à sua altura, e, mesmo que não chegasse a ultrapassá-lo, estava sempre ali em seu encalço.

Fazia quase uma semana que aquela competição boba começara, e apesar de negar-se a admitir em voz alta, estava até que se divertindo. Os desafios eram dos mais variados, desde corridas pelo parquinho, pendurar-se nas barras por mais tempo, ou até mesmo chupar limão sem fazer careta. As disputas eram hilárias, e chegavam a atrair a atenção de diversos grupos de crianças, que apostavam entre si o ganhador.

No começo, a pequena Sakura os acompanhava em suas disputas, sempre observando de lado e torcendo para que aquilo não acabasse em socos e pontapés. Entretanto, na medida em que eles se envolviam mais na competição, sua presença parecia ser menos notada a cada dia. Agora ela sequer dirigia o olhar na direção dos garotos, concentrando-se apenas na construção de seu castelo de areia – afinal, não precisava de um príncipe para ser uma princesa.

Parecia inacreditável que aquilo tudo havia começado por sua causa; porque ambos os garotos queriam se casar com ela para poder ficar ao seu lado para sempre... E agora sequer recordavam-se de sua existência.

Esse pensamento a entristecia imensamente.

Sem conseguir concentrar-se em sua tarefa, derrubou a água que descansava no baldinho todo em cima do castelo que ela e Sasuke haviam começado a construir, desmanchando-o por completo. E sem ser notada por ninguém, saiu cabisbaixa em direção a sua casa.

.:oOo:.

— Haha, eu sou o melhor, dattebayo! E na próxima vez, quando eu ganhar de novo, você terá que admitir que EU sou o melhor, e será meu mordomo para sempre! E terá que fazer tudo o que eu mandar! — cantava a vitória enquanto coreografava uma esquisita dança.

O herdeiro Uchiha, irritado, deu as costas para o loirinho, disposto a retornar a sua casa e tirar aquele gosto de ramen da sua boca, mas não sem antes retrucar – afinal, Uchihas sempre dão a última palavra.

— Só nos seus sonhos, Idiota.

Para sua sorte, o Uzumaki estava tão entretido em sua euforia que não ouvira o que ele dissera; caso contrário, provavelmente acabariam começando outra discussão inútil, e perderia mais alguns preciosos minutos ali, quando poderia estar em sua casa, saboreando algo que estivesse mais de acordo com o seu paladar – tomates frescos, por exemplo.

No caminho de volta, o moreninho sentiu-se mais irritado ainda, e percebeu que ultimamente esse era um sentimento constante, junto com o vazio em seu peito. O que era estranho, pois não sentia isso desde que—

Estancou no meio da rua.

"Sakura...", lembrou-se da menina sempre doce e sorridente, uma das poucas pessoas que conseguia arrancar um sorriso de seu rosto. Desde que conhecera Sakura, sua vida que antes se limitava a apenas seguir seu nii-san (10) para cima e para baixo - praticamente implorando por um pouco de atenção -, havia se tornado muito mais alegre. Sakura havia preenchido aquele vazio com seus sorrisos, suas gentilezas, seu carinho, seu amor... Tudo isso sem exigir nada em troca. Isso o fez querer tê-la para sempre ao seu lado. E ela havia aceitado, com a única condição de que ele nunca a abandonasse...

Como era um idiota. Agora, inclusive, se achava mais idiota que o idiota do Naruto.

Estava tão envolvido naquela competição que havia se esquecido do principal: o motivo pelo qual estava participando daquilo em primeiro lugar. Prometera a Sakura nunca a magoar, e era exatamente isso o que estava fazendo ao deixá-la de lado.

Agora o motivo para a sua irritação constante era evidente: fazia dias que não via o sorriso da Haruno, ou ouvia sua voz suave.

Precisava reverter essa situação.

Determinado, caminhou firme em direção a sua casa, colocando seu gênio Uchiha para funcionar e traçando um plano para o dia seguinte.

.:oOo:.

Naruto esperava impaciente o garoto Uchiha no local combinado de sempre, pronto para mais um dia de disputas. Estava confiante que aquele era o seu dia de glória, e que finalmente conseguiria provar a aquele baka quem era o melhor. E então, faria de Sasuke seu mordomo pessoal. Ah, e se casaria com a Sakura, lógico. Nunca deixaria que aquele Uchiha aparecesse de repente e a roubasse de si. Sakura era sua amiga muito antes dele a conhecer, então era mais do que justo que ela ficasse ao seu lado para sempre. Afinal, com quem ele iria brincar se Sakura fosse embora?

Não, ele não deixaria isso acontecer nunca.

Estava quase se convencendo que o Uchiha havia se acovardado e desistido da disputa, quando viu a silhueta deste ao longe, vindo em sua direção. E não estava sozinho, trazia, ou melhor, praticamente arrastava junto consigo uma pessoa.

— Baka-suke! Você está atrasado! — acusou aos berros, fazendo o moreno se irritar. Tentou observar mais atentamente a figura da pessoa que acompanhava o Uchiha, e notou que se tratava de uma menina. — Ahá! Eu sabia! Você percebeu que não pode contra mim e desistiu da Sakura-chan! — sorriu triunfante.

O pequeno Uchiha bufou, cruzando os braços.

— Até parece! Eu já disse, a Sakura vai se casar comigo!

O Uzumaki então olhou desconfiado para o moreno.

— Então quem é essa aí? — perguntou, apontando para a tímida menina que se escondia atrás de Sasuke, apenas levantando o olhar brevemente para fitar o loirinho e se escondendo encabulada novamente. Fora muito rápido, mas percebera que a menina tinha lindos olhos perolados.

Sasuke então a puxou para a sua frente, praticamente jogando-a nos braços do loiro, ato que a deixou mais corada do que parecia fisicamente possível.

— Esta é Hyuuga Hinata, minha prima. Você pode se casar com ela.

O filho do governador encarou-o confuso, e antes que ele começasse a protestar, o Uchiha completou:

— Se você se casar com a Hinata, e a Sakura comigo, todos nós estaremos ligados; seremos parentes. — afirmou, em um tom confiante.

Apesar de ser conhecido por sua lerdeza em compreender certas coisas, o Uzumaki entendera perfeitamente o que Sasuke tentava dizer. Se eles se tornassem parentes, os quatro teriam uma ligação e poderiam se encontrar sempre - como ele e seu avô Jiraiya, que estava sempre viajando, mas que de tempos em tempos aparecia para visitá-lo. A idéia de poder estar junto com a Sakura-chan e o Baka-suke para sempre o animava. Afinal, por mais que tudo o que eles tivessem feito desde o momento em que foram apresentados fosse brigar, Naruto se divertira muito brigando com o Uchiha. Além disso, aquela menina, Hinata-chan, era muito kawaii (11).

O Uzumaki então abriu um largo sorriso, segurando as pequeninas e suaves mãos da herdeira Hyuuga e fitando-a nos olhos.

— Hinata-chan, não é mesmo? Eu sou Uzumaki Naruto! Você quer ser a minha noiva? — perguntou eufórico.

Hinata corou com a proposta. Por sua extrema timidez, ela raramente saía na rua. Mas em uma dessas raras ocasiões em que se enchera de coragem para ir até o parquinho, conhecera o loirinho e se encantara com sua alegria e entusiasmo. Ele tinha um sorriso tão bonito, tão cativante, que ela não podia evitar lhe retribuir com o seu próprio, mesmo que timidamente. Ainda muito corada, assentiu.

— H-hai, N-Naruto-kun. Eu a-adoraria. — respondeu, abaixando rapidamente o olhar para o chão. Logo, sentiu-se envolvida em um caloroso abraço apertado.

— Yatta (12)! — comemorava, rodopiando junto com a Hyuuga.

Enquanto isso, o pequeno Uchiha sorria vitorioso. Ele era um gênio - encontrara a solução perfeita para que todos ficassem felizes. Agora só precisava colocar a segunda – e mais difícil – parte de seu plano em ação: se desculpar com a Haruno.

.:oOo:.

Kaede Haruno observava sua filha com um olhar preocupado, enquanto esta assistia a um programa qualquer na televisão. Fazia já alguns dias que Sakura não sorria ou tagarelava sobre algo que fizera com o Sasuke-kun. E quando perguntara se ela não iria ao parquinho brincar com os amigos, esta simplesmente acenou negativamente e se jogou no sofá da sala, assistindo a TV sem parecer prestar muita atenção. Desconfiava que tivessem brigado, mas não conseguia imaginar o motivo. Afinal, eles pareciam se entender tão bem...

Achou melhor conversar com sua pequena e tentar descobrir o que acontecera. Odiava ver seu filhotinho daquele jeito tão tristonho... Talvez conseguisse ajudá-los a fazerem as pazes.

Antes que pudesse se aproximar de Sakura, no entanto, a campainha tocou, adiando momentaneamente os seus planos. Suspirando exasperada, caminhou até a porta principal, já inventando desculpas para poder se livrar rapidamente de qualquer que fosse o invasor, e assim dar a atenção que seu bebê necessitava.

O que encontrou, porém, não fora exatamente o que imaginara: em frente à porta de sua casa, e no caminho que seguia até a calçada, não havia uma pessoa, e sim uma trilha de flores de cerejeira, indicando um caminho obviamente a ser seguido. Curiosa, observou a trilha até esta virar a esquina, onde avistou uma cabecinha bastante familiar espreitando com olhos ansiosos por algum sinal da menina que compartia o mesmo nome com a flor. Quando seus olhares se encontraram, o pequeno Uchiha corou e rapidamente se escondeu atrás da mureta, mas após alguns segundos voltou a vigiar a entrada dos Harunos.

Kaede sorriu diante de gesto tão gracioso. Voltou-se para dentro e chamou pela rosada, anunciando que ela tinha uma "visita". Poderia ficar tranqüila agora – os pequenos não precisavam de sua ajuda.

.:oOo:.

Sakura observava de maneira confusa o ramo de sakuras (13) em sua mão. Quando sua mãe lhe chamara avisando que alguém a procurava, teve esperanças de que fosse o Sasuke-kun, ou até mesmo o Naruto. No entanto, quando não encontrara ninguém, apenas a trilha de flores rosadas pelo chão, questionou sua mãe sobre aquilo. Mas ela apenas lhe instruíra a seguir as flores, pois as sakuras a chamavam.

Recolhendo o que parecia ser a última flor da trilha, parou para observar ao redor e notou que estava no parquinho, mais precisamente em frente ao banco de areia. E, para a sua surpresa, ali, onde deveria estar apenas os destroços de uma promessa esquecida, havia um enorme amontoado de areia, no formato preciso de um castelo - com torres laterais, fosso circulando o palácio e até uma ponte feita de pequenos galhos de árvore. Flores de sakura e pedras coloridas também decoravam a entrada da construção.

Emocionada, a pequena agachou-se para observar melhor aquela linda obra. E sem que ela percebesse, Sasuke aproximou-se por trás, estendendo uma flor de sakura em frente ao seu rosto, surpreendendo-a.

A Haruno fitou o rosto levemente corado do amigo, depois voltou o olhar para o monumento de areia. Confusa, perguntou:

— Você fez isso tudo sozinho, Sasuke-kun? — este apenas balançou a cabeça afirmativamente. — Por quê?

O herdeiro Uchiha ponderou rapidamente sobre aquela pergunta e, confiante, encarou os olhos claros de Sakura:

— Porque a rainha não pode ficar sem o seu castelo. — então desviou o olhar para os seus pés, completando em um sussurro: — E... esta é a forma do rei dizer que, mesmo que a rainha não queira mais se casar com ele, ele estará sempre lá para protegê-la.

Aquilo não era exatamente um pedido de desculpas, mas era o mais próximo que conseguiria no momento. Afinal, apesar de ser mais doce que a maioria dos Uchihas, Sasuke ainda carregava o gênio forte e orgulho em seu sangue. Só esperava que fosse o suficiente; não sabia se conseguiria voltar à sua vida sem Sakura de antes.

Houve um momento de silêncio e, para a sua surpresa, sentiu dois braços delicados envolverem seu corpo, e uma cabeleira rosada invadir seu campo de visão. Aliviado, retribuiu o abraço carinhoso.

— A rainha nunca disse que não queria mais se casar com o rei. — afirmou a rosada, sorrindo docemente ao amigo. Então, seu sorriso se transformou em um travesso. — Mas se o rei quebrar sua promessa de novo, vai ter que receber um castigo! — E se soltou de seu abraço, apanhando um punhado de flores de sakura e atirando-as para cima, fazendo uma chuva de pétalas rosadas caírem em suas cabeças.

Sasuke sorria ao ver a felicidade da pequena Haruno. Vê-la feliz o deixava feliz; era algo contagiante. Se dependesse dele, Sakura nunca mais adotaria aquela expressão tristonha - o sorriso combinava muito mais em sua face.

E se o preço a se pagar para ter a Haruno ao seu lado era agüentar o idiota do Naruto como parente, então estava provado que ele faria qualquer sacrifício.

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Porque Uchihas têm um jeito próprio de pedir desculpas.

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To be continued.


Minidicionário:

(1) Konnichiwa: Saudação respeitosa, que significa "Boa tarde".

(2) Hai: "Sim", "okay"; sinal de afirmação.

(3) Baka: É um insulto leve, e significa "Tolo", "Burro", "Idiota".

(4) Onegai: Pedido, súplica, apelo, etc. Pode ser traduzido como "Por Favor".

(5) Okaa-san: "Mãe", "Mamãe". Suas variáveis são: "Okaa-chan", "Kaa-san", "Kaa-chan" e "Okaa-sama".

(6) Baka-suke: Um apelido "carinhoso" que Naruto dá a Sasuke, seu rival. Junção entre "Baka" (vide nota 3) e "Sasuke".

(7) Dattebayo ('ttebayo): Expressão muito utilizada pelo Naruto tanto no mangá como no anime, foi traduzida como "Acredite!" ("Believe it!", do inglês), ou "Tô certo!" na versão em português. A expressão, de difícil tradução, é na verdade uma junção de várias partículas que, juntas, servem para reafirmar algo já dito anteriormente, dar uma ênfase maior, mas de forma bastante coloquial.

(8) Arigatou: Forma de agradecimento, "Obrigado(a)". A forma mais culta é acrescentada a palavra "Domo", que significaria "Muito obrigado(a)" ("Domo arigatou").

(9) Ramen: Sopa japonesa (de origem chinesa), contendo macarrão, ervas e legumes, e temperados com caldo de carne de porco ou de frango, entre outros temperos especiais. Normalmente acompanhados de lombo, gergelim e broto de feijão. É um prato menos sofisticado e mais popular no Japão.

(10) Nii-san: Significa "Irmão", e tem como variáveis "Onii-chan", "Onii-san", "Nii-chan" e "Onii-sama", porém só é usado quando se referindo ao irmão mais velho (no masculino). Para irmão mais novo usa-se "Otouto"; para a irmã mais velha "Onee-san", "Onee-chan", "Nee-san", "Nee-chan" e "Onee-sama", e para irmã mais nova "Imouto".

(11) Kawaii: Adjetivo, com o significado de "fofo", "bonitinho", "adorável", etc. Meninos não costumam gostar de serem chamados de "kawaii", por ser um adjetivo muito mais atribuído a meninas, bichinhos e coisas fofas.

(12) Yatta: Expressão que demonstra comemoração de algum feito, e pode ser traduzido como "Consegui!", "Eu fiz!", etc. É a forma no pretérito do verbo "Yaru" (fazer).

(13) Sakura: Flor de origem japonesa que representa a felicidade, muito apreciada por sua beleza. Floresce apenas uma vez ao ano, e dura cerca de uma semana. Suas flores variam do vermelho ao branco, mas as mais apreciadas e populares são as rosas. Também conhecida como "flor de cerejeira".


Backstage:


Mye-chan: Olá, meus amores! Sentiram a minha falta? n.n

Sasuke: Não. u.u

Chuta o Uchiha para fora do cenário. O Uchiha volta mancando um pouco, apesar de tentar disfarçar.

Sasuke: Seu tratamento contra raiva não está funcionando. ¬¬ Deveria demitir a sua psiquiatra idiota.

Mye-chan: Claro que funciona. Você ainda está vivo, não está? n.n

Sasuke: ...Se estava tentando me assustar, fique sabendo que não funcionou. u.u

Mye-chan: Não, só estava constatando fatos. u.u Se eu quisesse te assustar, teria dito que a psiquiatra que você chamou de idiota é a sua namorada. Ou ex, depois dessa.

O Uchiha arregala os olhos, empalidecendo ao ouvir o som de dedos estalando às suas costas.

Sakura, com um sorriso forçado no rosto: Sasuke-kun, por acaso eu ouvi você duvidando das minhas habilidades médicas e, ainda por cima, me chamando de "idiota"?

Sasuke, engolindo em seco: C-claro que não, Sakura... Eu, err, estava falando da outra psiquiatra...

Mye-chan, ao fundo: Eu não tenho outra psiquiatra, Sasuke-kun. n.n

Sasuke, lançando um olhar torto para a autora: E-eu não sabia que você é quem era a psiquiatra dessa doida, Sakura.

Sakura: Sasuke-kun, querido... É melhor você começar a correr.

O Uchiha sumiu antes mesmo que a Haruno completasse a frase, com a Haruno logo em seu encalço.

Mye-chan: Eu não queria estar na pele dele neste momento, sério. ú.u Bem, mas agora eu gostaria de me desculpar com todos pela longa espera pela atualização desta fic. Eu sei que muitos desistiram de esperar, e agradeço a aqueles que ainda tiveram esperanças. Acreditem, as mensagens de vocês, pedindo pela continuação da fic, me ajudaram muito a escrever este capítulo. E não digo isso para agradar, ou apenas para continuar recebendo reviews, mas porque é a verdade. Eu escrevo porque gosto, mas eu posto porque existe um público que as lê. Por isso, eu agradeço o carinho. Muito obrigada, de coração.

Ouvem-se barulhos de coisas sendo estraçalhadas ao fundo, mas a autora ignora.

Mye-chan: Bem, espero que tenham gostado do capítulo. Dúvidas, sugestões, elogios, reclamações; é só clicar aí embaixo, do lado do balãozinho. Não posso garantir que essa seja a minha volta ao mundo das fics, mas pretendo postar sempre que a inspiração e o tempo deixar. Ah, e eu gostaria muito de saber a opinião de vocês sobre os capítulos reescritos; queria saber se vocês encontram as diferenças.

Mais barulhos são ouvidos, agora mais altos e fortes.

Mye-chan: Agora eu me despeço de vocês, porque tenho que separar aqueles dois, antes que eles destruam (ou melhor, antes que a Sakura destrua) o meu estúdio. ú.u Beijos e até a próxima! o/

Transmissão encerrada!