Capítulo XXII – Presentes Inesperados – Parte I

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Lily Evans

Fazia apenas uma semana que eu estava em casa, mas já me sentia, pelo menos, 5kg mais gorda. Fala sério, tem coisa melhor do que comida de mãe? Apesar de todos os olhares fulminantes da minha irmã e os comentários ácidos sussurrados sempre que eu falava de Hogwarts, eu estava extremamente feliz de estar em casa aquela véspera de natal. Era ótimo estar longe de toda aquela loucura em que eu havia me metido. Longe dos comentários nos corredores sobre meu "relacionamento" com Sirius, dos trabalhos infindáveis, as provas, as aulas, e, principalmente, da felicidade de Ariane e James.

Sei que pode soar extremamente egoísta dizer algo assim e, não me entendam mal, eu fico feliz que ele esteja feliz... É só que ainda é difícil ver James com outra garota. Nós nem mesmo tivemos a nossa chance! Ou talvez eu a tenha deixado minha chance passar. Quantas vezes, afinal, ele me pediu por uma chance e eu neguei? Talvez eu tenha gasto toda a minha sorte em respostas ácidas e incompreensão. Talvez eu não seja assim tão boa em ver o lado bom das pessoas quanto meus amigos dizem.

Eu olhava para o teto do meu quarto enquanto pensava em todas as vezes que podia ter dito "sim" para pessoas e oportunidades e neguei por um preconceito que eu nem sabia que tinha. Sempre me achei uma pessoa tão compreensiva e boazinha, mas será que sou mesmo? Meus amigos sempre me dizem isso, mas sempre tem alguém que acha que você está certo. Caso contrário o tal Voldemort não teria seguidores, certo?

Uma batida na porta me arrancou dos pensamentos.

- Entra. – respondi suspirando antes de me apoiar nos cotovelos para ver quem era.

- Lily? – minha mãe colocou a cabeça para dentro da porta – Tem um rapaz na porta querendo falar com você.

- Um rapaz? – perguntei sem entender.

- Moreno, alto... Disse que é seu amigo de Hogwarts. – ela respondeu – Não entendi bem seu nome, Petúnia estava gritando qualquer coisa sobre uma festa... De qualquer jeito, eu não o deixaria esperando muito tempo, ele parecia nervoso.

- Ok, eu já vou... – respondi levantando imediatamente.

Seria possível? Eu não queria acreditar, mas meu coração batia como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Eu prometi a mim mesma que não ia criar esperanças. Mesmo assim arrumei o cabelo rapidamente no espelho da cômoda e pus um suéter por cima da blusa velha que estava usando, só por prevenção.

Desci as escadas e lá estava ele, parado no hall de entrada: Severus Snape. Definitivamente a última pessoa que eu esperava ver na minha casa. Principalmente naquele dia.

- Oi Lily. – ele disse.

- O que você quer, Severus? – perguntei já sabendo a resposta.

- Eu preciso falar com você.

- Por que...?

- Porque você nunca me deu realmente uma chance de me desculpar por tudo... Eu queria te explicar. – ele disse tão baixo que quase não o ouvi.

Eu ia mandar que ele fosse dar explicações aos bonecos de neve da praça, mas não era eu poucos minutos atrás fazendo um monólogo mental sobre dar chances às pessoas? Além de ruim eu seria hipócrita agora? Acho que não conseguiria conviver com esses dois rótulos ao mesmo tempo. Dei um longo suspiro antes de responder.

- Tudo bem, mas vamos sair. – falei já pegando meu casaco pendurado ao lado da porta – Não vou falar sobre isso aqui.

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Nicole Carrew

Tudo estava perfeito naquela manhã de véspera de natal. Vovó tinha feito meus cookies favoritos, mamãe cantarolava na cozinha enquanto arrumava o material necessário para a ceia mais tarde, papai e vovô discutiam sobre Primavera Silenciosa¹ mais uma vez e minha irmã Georgia e eu planejávamos uma competição de bonecos de neve com grandes possibilidades de guerra de neve assim que acabássemos o café da manhã.

Então o correio chegou trazendo mais uma carta. E presentes de natal de Lily e Jéssica, para compensar. Disse a Gigi que desceria em dez minutos e fui para o meu quarto. Joguei a nova carta de Remus na pilha em cima do criado mudo e abri os presentes e cartões de natal das meninas. Sei que sempre posso contar com elas como fonte de doces no natal.

Eu olhava fixamente para as cartas de Remus. Todas lacradas. A primeira chegou na mesma noite em que cheguei em casa. Dia sim, dia não tem chegado uma carta desde então, mas não abri nenhuma delas, sei exatamente o tipo de conteúdo e não estou com humor para desculpas esfarrapadas. Falando sério, que razão ele tinha para esconder algo tão importante de mim?

Gigi entrou em meu quarto para me apressar e eu estava me agasalhando quando mamãe me chamou para ajudar com a louça. Deixei Gigi em meu quarto e, quando voltei meia hora depois, lá estava ela com uma pilha de envelopes abertos nas pernas e lendo atentamente um grande pedaço de pergaminho.

- Georgia! O que nós te ensinamos sobre ler cartas das outras pessoas!? – briguei arrancando o papel de suas mãos.

- Desculpe... A letra era tão bonita e tinham tantas... – ela parecia verdadeiramente envergonhada.

- Eu não pretendia ler nenhuma destas cartas!

- Então por que não as jogou fora? – perguntou prontamente. E me pegou de surpresa.

- Isso não é da sua conta. – respondi – Agora vá até a cozinha, mamãe quer que você sirva o chá para vovô e papai.

- Tudo bem. – disse ela revirando os olhos – Mas você devia ler estas cartas. Quem quer se seja este Remus e o que quer que ele tenha feito, o cara sabe escrever. Além do mais, parece que tem algo além de papel em uma delas.

- Para a cozinha. Agora. – mandei, e ela fechou a porta ao sair.

Suspirei alto e me joguei na cama. Eu sabia que Remus era muito melhor escrevendo do que falando. Foi exatamente por isso que não abri as cartas. Eu pretendia devolvê-las todas fechadas caso ele tentasse falar comigo de novo em Hogwarts. Dramático, não?

Algo espetava minhas costas, puxei e era a carta que havia chegado hoje. A única que ainda estava fechada. Contei até dez bem lentamente para ver se a vontade de ler passava, mas não deu muito certo. Procurei a primeira carta na bagunça que Gigi fez e comecei minha leitura.

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Lily Evans

Andei em silêncio ao lado de Severus. Ele queria conversar, ele converse. Eu não ia dizer nada até que palavra fosse dirigida a mim.

Ok, eu meio que ainda sentia muita falta dele como meu amigo e, para falar a verdade, nem me importo mais com o que aconteceu no quinto ano. É com a pessoa que ele se tornou depois daquilo que eu não consigo lidar. Espera... Será que se eu não tivesse me afastado as coisas seriam diferentes? Será que ele se tornou tudo isso por culpa minha?

- Ainda venho aqui todos os verões. – ele disse parando de andar. Olhei em volta e percebi que estávamos no parque onde nos conhecemos. Como não disse nada, ele continuou. – Acho que fico esperando te ver... Eu sinto tanto, Lily! Eu nunca quis dizer aquilo...

- Eu sei. – respondi sem emoção.

- Não, você não entende... O jeito que eles me atormentavam! Eu só queria provar para todos que eu não sou um perdedor! – disse gesticulando desesperadamente – Eu nunca me perdoei por ter dito aquilo de você... Você sabe que eu não penso daquele jeito!

- Sim, você pensa. – respondi.

- Não! Lily, você é a pessoa mais incrível que já conheci! Eu não estava pensando, eu nem me dei conta de que era você no começo... – ele começava a se atrapalhar nas explicações.

- Mas todos os outros nascidos trouxas ainda são sangues-ruim para você, não é? – perguntei – O problema, Severus, não é o que você disse de mim. Eu tenho plena consciência de que você não pensou nem um pouco antes de falar e isso parou de me incomodar há muito tempo atrás. O problema é que mesmo não achando isso de mim, é isso que você pensa de gente como eu. Pessoas boas e inocentes que não pediram para ter magia correndo em suas veias!

- O que as outras pessoas tem a ver com isso? – reclamou.

- TUDO! – gritei – Você não vê que isso é só o começo? Que é desse tipo de preconceito que nascem psicopatas como Voldemort? O que esses nascidos trouxas fizeram para você, afinal?

- Você está exagerando, Lily!

- Estou? – perguntei – Então você vai negar que tem se envolvido com tipo de magia das trevas que consegue pôr as mãos, inclusive pessoas relacionadas com aquele serial killer louco?

Snape desviou o olhar e eu tive minha resposta, mas esperei até que ele falasse alguma coisa mesmo assim.

- Se você soubesse o que é ser humilhado todos os dias só por ser quem você é, não me julgaria tanto por querer mais poder para dar o troco em todas as pessoas que já te fizeram mal. – disse finalmente.

- Existem outras maneiras, Sev. – usei seu apelido mais por costume – Você não precisa se afundar nesse tipo de sentimento! Você é tão bom em tantas coisas... Podia ter um futuro brilhante!

- Obedecendo ordens estúpidas de pessoas ainda mais estúpidas? – perguntou rispidamente – Seja realista, Lily, pessoas como eu não tem a menor chance de ter a vida que você acha possível! Eu nunca vou ser recebido nos lugares como o perfeito Potter...

- Como James Potter veio parar nesta conversa? – perguntei imediatamente.

- Eu ouvi sua mãe. Eu vi seu desapontamento ao me ver. Era por ele que você estava esperando, não era? Ele finalmente conseguiu o que queria?

- Como você ousa falar comigo desse jeito?

- Espere até ele te tratar como um lixo de sangue-ruim e vai ver que...

Ele não conseguiu terminar a sentença porque eu acertei seu rosto com toda a força que tinha. Que bom que esqueci minhas luvas.

- Nunca mais se aproxime de mim. – falei lentamente enquanto lágrimas de raiva se formavam em meus olhos – E você não conhece James Potter. O mundo seria um lugar melhor se você fosse metade do homem que ele é.

E não esperei por resposta.

Voltei para casa dando graças a Merlin por Snape não ter ousado me seguir, eu não tinha forças para andar rápido e a grande quantidade de neve não me deixaria mesmo que eu quisesse.

Corri para o meu quarto assim que cheguei em casa para evitar perguntas e vi que o correio havia chegado, além de uma carta extra de Nicole, visto que sua coruja ainda estava no parapeito da minha janela. Deixei a coruja entrar e peguei aquela carta primeiro. Acredite, se Nicole te manda uma carta no meio do dia, algo importante aconteceu.

"Hey Lily!

Espero que tenha gostado do seu presente de natal! Eu preciso de um conselho da pessoa mais sensata que conheço. Eu não contei a ninguém ontem, mas eu peguei David aos amassos com Kathy Butcher nos últimos vagões do trem. Então depois de passar a maior humilhação da minha vida, encontrei Remus e, bem, você imagina meu desespero em ter que dizer isso a ele, afinal ele gostava da Kathy. O que você não imagina, e eu também não imaginava, é que sabia de tudo! Dá pra acreditar nisso? Ele sabia de tudo me disse que o caso dos dois tinha tempo! Quer dizer, como ele pôde esconder isso de mim por tanto tempo?

O ponto é que tivemos um briga bem feia no trem e agora ele já me mandou cinco cartas pedindo desculpas. Cartas muito boas. Você deve imaginar, conhece o Remus. Em resumo, ele disse que ficou com medo de eu não acreditar e ficar com raiva dele, que esperança que eu acabasse esquecendo David e não precisasse passar por tudo isso, que eu estava sempre tão feliz que ele não tinha coragem de trazer esse assunto para apagar o sorriso do meu rosto e que esteve cuidando para que eu estivesse feliz desde que descobriu... E quer saber, essa última parte é verdade. Ele também disse que comprou os ingressos do show com o dinheiro de um presente para a Kathy que ele devolveu depois que descobriu. Vou parecer muito fútil se disser que isso meio que levantou meu ego?

Remus é um cara legal, não é? Você sabe que eu tenho uma política muito restrita sobre mentiras, mas mesmo que eu ache todas as razões dele furadas eu quero perdoa-lo. Você acha que eu devia? Não acha que ele faria de novo, faria?

Feliz Natal!

Nick."

Ok... Isso foi um monte de informação para assimilar em uma carta só. David e Butcher? Não é exatamente uma surpresa, mas ele não vivia dando esperanças a Nick? Não foi legal. E também não foi legal do Remus deixar a Nick no escuro por todo esse tempo, embora eu entenda suas razões... Mas tem algo de estranho nessas cartas. Quer dizer, mesmo sendo um cara incrível, Remus é bem teimoso e tem uma boa dose de orgulho em sua personalidade. Não é de seu feitio admitir que esteve fazendo algo por alguém nem comentando sobre sorrisos... Espera! Ele disse que esperava que ela esquecesse o David enquanto fazia de tudo para deixa-la feliz? Eu posso não ter lido essas cartas, mas isso não parece um mero pedido de desculpas.

Minha amiga precisa de um conselho? Vou lhe dar o melhor de sua vida:

"Hey Nick!

Claro que adorei o presente, muitíssimo obrigada! (não, eu ainda não abri, mas ela não precisa saber)

Olha, eu entendo o seu lado, mas entendo o do Remus também. Sim, ele é um cara super legal e tem feito tanto por você sem pedir nada em troca... Você sabe que eu acho que todo mundo merece uma segunda chance e ele parece muito ansioso por uma. Não acho que ele vá repetir o erro. Meu conselho é que você seja tão legal com ele quanto ele foi com você. Todo mundo comete um errinho aqui e ali de vez em quando.

Aliás, você não vai acreditar no que me aconteceu..."

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Jéssica Buttler

Tudo estava pronto para a festa de natal na "mansão Buttler" (qual é, eu não vivo numa mansão. É só uma casa grande). Comida chic, diet e sem gosto de festa? Confere. Parentes insuportáveis por todos os lados? Confere. Parentes perguntando da minha carreira de médica? Confere. Parentes perguntando sobre namorados? Confere. Roupa chic que não me deixa comer nem respirar? Confere. Saltos que vão destruir meus pés? Confere. Penteado puxando meu cabelo? Confere. Bebida suficiente para deixar todos os parentes ainda mais insuportáveis? Confere. Gente supostamente importante a quem eu supostamente deveria impressionar com minha aparência, charme, eloquência, beleza e genialidade? Confere.

Deu para entender que natal na minha casa não é nada com parecido com aquela festa íntima de família em que todo mundo se gosta, a comida caseira é a melhor do mundo e os presentes são simples e pessoais (não um envelope com um cheque), né?

Para completar o quadro, Charles me fez o favor de conseguir escapar este ano alegando um plantão de última hora. É, eu sei o plantão. Charles sempre consegue o que quer! Sendo meu irmão mais velho, ele não deveria ter me ensinado estes truques? Quando soube que Charles não viria, quase chamei Will. Mas, de novo, não acho isso justo com ele. É muito cedo para uma ocasião deste calibre.

Estes pensamentos foram arrancados da minha cabeça quando minha mãe bateu à porta do meu quarto me mandando descer, "os convidados já estavam todos lá embaixo". Dei um longo suspiro antes de levantar da cama pronta para amargar em, pelo menos, cinco horas de tédio e desconforto. Pus meu maior sorriso e desci as escadas preparada para fingir interesse no que quer que fosse, até que quando estávamos nos arrumando à mesa para começar a ceia, algo extraordinário aconteceu: soou a campainha.

Eu sei, o que tem de tão importante nisso? Bem, veja só: todos os convidados da minha família levam aquela história de pontualidade britânica extremamente à sério. Nossos convidados não chegam atrasados (o que é uma lástima, na minha opinião) nem adiantados (graças a Merlin!). Se o convite diz "às 22 horas", um engarrafamento vai se formar na nossa entrada exatamente no horário combinado. Mas havia mais do que isso. Todos os lugares na mesa estavam preenchidos, o que significava que quem quer que estivesse à porta, não havia sido convidado. De jeito nenhum minha mãe deixaria tal gafe acontecer sob seu teto. Isso também significava que quem quer que estivesse atrás daquela porta era, pelo menos, cinco vezes mais interessante que qualquer um naquela sala.

- Eu atendo! – falei já me levantando e saindo da sala.

Seria algum de nossos parentes cortados da lista que resolvera fazer uma cena? Isto certamente transformaria este jantar no melhor da minha vida. Quer saber? Isso é a cara do tio George. Aposto que é ele. E ele sempre me traz presentes maravilhosos de suas viagens a lugares exóticos, então me apressei ainda mais para a porta.

- Feliz natal! – falei animada enquanto abria a porta, certa de que encontraria tio George do outro lado, mas não era ele. – O que você está fazendo aqui!?

- Wow! Essa é uma mudança bem rápida de humor! – disse Sirius com seu sorriso audacioso.

- Eu... Você... O que diabos você está fazendo aqui!? – repeti. – E como você sabia onde eu moro, para começar?

- Hey, nem todos os nascidos bruxos são estúpidos, sabia? Alguns de nós sabemos usar coisas como listas telefônicas. – respondeu revirando os olhos.

- Procurou meu endereço numa lista telefônica? – perguntei espantada.

- Claro que não, ia levar horas! Usei um feitiço de localização. – respondeu com um sorriso cínico.

- Ok, muito engraçado. – e foi, não imaginam o esforço que fiz para não rir – Agora vá embora Black, você chegou em péssima hora.

- Isso tudo é só porque não vim vestido apropriadamente? Eu não tinha ideia que você comemorava o natal em tão grande estilo. – falou me lançando um olhar atrevido e sorrindo maliciosamente.

- Jéssica, quem está aí? – minha mãe perguntou do fim do corredor.

- Ninguém, mãe! – me apressei em responder sorrindo amarelo para ela – Eu estarei de volta em um minuto! – e me virei de volta para Sirius – Black, o quer que você tenha vindo fazer aqui, volte outra hora, eu estou falando sério.

- Jéssica, com quem você está falando? – oh-oh, agora ela estava vindo verificar.

- É só alguém pedindo informações! – respondi e comecei a empurrar Sirius para fora da varanda – Por favor, Black, eu não quero passar o resto da vida ouvindo minha mãe reclamar dos amigos inapropriados que ela acha que eu tenho. Por favor, eu falo com você qualquer outra hora...

- Inapropriado? O que eu tenho de inapropriado? – perguntou soando indignado.

- Muitas coisas, mas o caso é que qualquer adolescente que use roupas casuais perto desta casa é considerado um delinquente juvenil, então dá o fora daq...

- Jéssica, por Deus, por que está demorando... Oh! – seus olhos se arregalaram em surpresa.

Eu olhava assustada para minha mãe. Fui pega com as mãos em um garoto usando roupas normais na porta de casa em nossa impecável festa de natal. Já podia imaginar os sermões diários pelo resto das minhas férias; e tudo graças ao Black! Só espero que ele vá embora antes que minha mãe resolva chamar a polícia, porque ela não vai hesitar em fazê-lo.

- Jéssica... Este cavalheiro é seu amigo? Você não me disse que convidaria alguém. – perguntou minha mãe com um sorriso simpático que não condizia com a situação. Franzi o cenho e virei a cabeça devagar na direção de Sirius, só para me certificar de que ela estava se referindo a ele mesmo. O caso é que não estava.

Bem, ainda se tratava de Black, mas ele estava completamente diferente do que era há dois segundos atrás. Trajava um smoking completo do mais fino corte, sapatos sociais lustrosos, um sobretudo elegante e... Um chapéu? Sério isso? Até hoje não entendo como não desloquei o queixo naquele momento. Quer dizer, eu sabia que ele havia usado magia, mas um feitiço não verbal que fizesse tudo aqui e ainda com tamanha rapidez? Isso é incrível. Sem falar que vi poucos garotos ficarem tão bem num traje a rigor quanto ele, mas isso não vem ao caso.

- Peço mil perdões pela inconveniência, Srª. Buttler. – disse retirando o chapéu e fazendo uma breve reverência – A Srtª. Jéssica não deve ser culpada por meus modos ultrajantes, não sou digno de ser chamado de cavalheiro. De fato, não pude confirmar minha presença com antecedência, mas não podia deixar de tentar comparecer a tão prestigioso convite de sua encantadora filha. Meu nome é Sirius Black, estudo em Hogwarts com a Srtª. Jéssica. – concluiu com o sorriso mais galante que já o vi usar e outra breve reverência.

- Sirius Black? Da tradicional família Black? Creio já ter lido este nome algumas vezes nos jornais bruxos... – minha mãe sondou. Eu queria morrer, mas ainda estava pasma demais para tentar qualquer forma de suicídio.

- A tradicional e única. – Sirius respondeu voltando ao seu sorriso galanteador.

- Ora, Sr. Black, sua presença não é, de modo algum, uma inconveniência! – eu não acreditava no que estava vendo. Ele ia conseguir entrar! Ele não foi convidado, chegou atrasado e ia conseguir entrar! Ninguém nunca conseguiu tal feito nesta casa! – Deve estar congelando aqui fora, entre! Que indelicadeza, Jéssica, deixar tão distinto cavalheiro esperando para entrar! – eu ainda levei uma bronca por causa dele!

- De modo algum deve culpar a Srtª. Jéssica, madame, eu estava aqui implorando seu perdão por meu atraso. – e me lançou um sorriso cínico que me fez querer mata-lo.

- Tenho certeza de que isto já está resolvido, não está, querida? – minha mãe se dirigiu a mim, mas não esperou por resposta – Vamos entre, Sr. Black, espero que goste de pato recheado ao molho de laranjas. – disse enquanto andava com Sirius para dentro de casa, passando por mim sem sequer me dirigir um olhar.

- Tenho certeza que será o melhor que já provei. – respondeu Sirius quando passava pela porta.

- Entre logo e feche esta porta, Jéssica, está ficando frio aqui dentro! – foi o que minha mãe disse antes de virar o corredor para a sala de jantar.

Eu nunca devia ter aberto esta porta.

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Então minha mãe deu um jeito de fazer um lugar extra na mesa convenientemente posto ao meu lado e, no tempo que levei para me recuperar do choque, me acalmar e voltar à sala de jantar, Sirius já fora apresentado a todos os convidados e era o centro das conversas como se fosse um convidado de honra e todos estivessem esperando por ele. Como ele faz essas coisas? Ele sempre faz essas coisas! Quer dizer, eu podia entender em Hogwarts, ele e seus amigos são super populares e tudo mais, mas na minha casa?

Sentei em meu lugar à mesa e encarei a salada em meu prato tentando não prestar atenção no ambiente ao meu redor enquanto Sirius discursava sobre seus planos de trabalhar na área de direito como seu pai. Sério isso? Sei que não o conheço muito bem, mas de todas as pessoas no mundo, Sirius Black é a última que eu imaginaria falando esse tipo de coisa por aí. Não era ele o maior rebelde que Hogwarts já viu?

Mas não, eu não ia me deixar abalar por isso. Eu ia comer em silêncio, resistir a mais uma hora de festa após o jantar e depois me esconder em algum cômodo vazio da casa, saindo ocasionalmente para ser vista pela minha mãe sorrindo perto de algum grupo de conversa. Era o plano perfeito.

Então, quando o jantar acabou me afastei o máximo que pude de Black o mais rápido possível. É claro que esta estratégia só funcionou por uns vinte minutos, até ele me encontrar.

- E então, quando começa a festa? – perguntou discretamente.

- Sinto te informar, Black, mas não fica nem um pouco melhor. Na verdade, só decai. – respondi sem olhar para ele.

- Não, me refiro à festa de verdade, você sabe... – insistiu arqueando as sobrancelhas.

- Ah... Não, eu não sei. – respondi – O que exatamente você está esperando, uma queima de fogos?

- Você sabe, a festa dentro da festa? Quando os jovens, provavelmente seus primos, se escondem dentro de algum cômodo com duas garrafas de whiskey e fazem sua própria festa divertida dentro da festa chata. – falou baixando o tom de voz na última parte.

- Diversão? – agora eu estava me divertindo com a conversa – Não, todos os jovens desta família são almas idosas. Com exceção, é claro, daqueles que não são convidados por serem legais demais.

- Espera... Então a sua família é um tanto esnobe, tem um monte de costumes irritantemente tradicionais e cortam relações com os parentes que não os seguem?

- Você entendeu. – confirmei.

- Isso explica muitas coisas sobre você, na verdade... – ele parecia surpreso.

- Se você queria saber algo sobre mim, podia ter perguntado como uma pessoa normal. – respondi com um sorriso sarcástico.

- Eu poderia... Mas descobrir por meios alternativos é tão mais divertido. – ele meu deu um sorriso galanteador e eu sorri sem graça, mas o momento foi interrompido pela chegada da minha mãe.

- Espero que esteja aproveitando a festa, Sr. Black! – ela disse animada.

- Não conseguiria pensar numa maneira melhor de passar o natal. – Sirius respondeu entusiasmado com seu melhor sorriso banana. Estou começando a achar que ele tem transtorno bipolar. – Deixe-me agradecê-la outra vez, Sra. Buttler, por ter me recebido em sua casa. Eu estava comentando agora mesmo com a Srta. Jéssica como a decoração é de bom gosto.

- Oh, eu que o agradeço, Sr. Black. – minha mãe respondeu. Espera, ela está corando? – Eu devo dizer que é a primeira festa em muito tempo que Jéssica não se enfia na biblioteca logo após o jantar. Suponho que sua companhia seja o motivo.

Sim, ela disse isso. Posso morrer agora?

Fala sério! Eu não mereço ter minha mãe me jogando para cima do Sirius Black, isso é humilhante!

- Pois eu tenho certeza que a Srta. Jéssica sai um pouco da festa apenas para evitar o assédio. Uma jovem bela e interessante como ela deve se cansar de receber tanta atenção às vezes. – Sirius sorria continuava sorrindo como se tivesse um cabide enfiado na boca, minha mãe a ponto de saltitar de felicidade e eu estava enjoada da cena.

- Bem... Jéssica, por que não mostra a casa ao Sr. Black? Tenho certeza que ele apreciaria o passeio. – minha mãe responde e eu a olho incrédula.

- Eu ficaria encantado. – Sirius responde e eu fico sem opções.

- Vamos então. – respondo tentando conter a irritação. Ao menos posso sair daqui.

Não precisei dizer mais nada. Virei as costas para minha mãe e Sirius me seguiu. Ele já havia visto a sala de estar e de jantar. Eu não ia leva-lo à cozinha e definitivamente nem chegaria perto do meu quarto. Uma vez que tudo lá fora estava coberto de neve só havia um lugar que eu poderia mostra-lo: a biblioteca.

Ok, não era exatamente uma biblioteca. Era o escritório da casa, geralmente utilizado por meu pai, que por acaso tem as paredes cobertas por estantes onde a maioria dos livros estão guardados. Sim, a maioria. Faço questão de manter alguns deles por perto.

Comecei a me sentir melhor assim que pus os pés dentro do cômodo. O cheiro de livros, a visão das encadernações caprichadas enfileiradas, e o silêncio. Dei um longo suspiro de satisfação e esbocei um sorriso. Nem a presença de Black me faria ficar desconfortável aqui.

- Russos, gregos, ingleses, franceses... É uma bela coleção. – Sirius comentou examinando a estante mais próxima – É sua?

- Uma parte, sim. – respondi me jogando no sofá e tirando os sapatos que machucavam meus pés – Mas foi meu pai quem começou com ela. Acho que peguei o hábito de leitura dele... Só que um pouco mais exagerado. Comecei a escolher livros para comprar aos nove anos, papai costumava me levar a sebos e feiras de livros nos fins de semana. Nós gostamos das edições antigas. – sorri. Eu nem sabia porque estava contado essas coisas a Black, não é como se interessasse a ele. Talvez eu só goste de tagarelar sobre meus livros. – Um hábito que teve que mudar quando fui para Hogwarts.

- E vocês nunca mais foram procurar livros velhos juntos depois disso? – perguntou desviando sua atenção da estante e vindo em minha direção.

- Ainda fomos por alguns verões, mas você sabe, as coisas mudam. – dei de ombros.

- Sua família parece legal. – disse ele ao se sentar ao meu lado no sofá – Apesar de todo o...

- O circo lá fora? – perguntei em meio a um riso – Sim, as vezes eles são legais. Mas falando em mudanças, o que diabos foi aquilo?

- Se refere à versão Sirius perfeito membro da alta sociedade bruxa? – perguntou com um sorriso maroto – Vamos apenas dizer que eu já estive em situações parecidas vezes o suficiente para aprender que é mais fácil nadar com a maré. Você é péssima nisso, aliás.

- O quê? – perguntei indignada – Eu tenho sobrevivo a esses jantares há uns sete anos!

- Este é o problema, Srta. Buttler. – disse ele reproduzindo os mesmos modos que fez com minha mãe – "Sobreviver" a estes jantares só faz seus pais se preocuparem mais com sua educação e manterem os olhos em você o tempo todo. A maioria dos pais não se importa de verdade com o que você faz da sua vida, contanto que você não os envergonhe perante a sua tão amada sociedade. Em outras palavras, finja ser o filho perfeito para os amigos deles e eles te deixarão em paz.

- Ah, não dá! Não consigo fazer este tipo de encenação. – reclamei – Não suporto essas pessoas! Não sei ser falsa e fingir que gosto delas!

- Pense por este lado: você vai ter que aprender a lidar com este tipo de situação mais cedo ou mais tarde. Quando estiver trabalhando, por exemplo, vai ter que aturar pessoas que você detesta só para manter a paz no ambiente. Então se vai ser uma habilidade necessária, por que não começar a praticar cedo? – ele respondeu.

- Sabe Black, para alguém que é conhecido como o maior rebelde que Hogwarts já viu, você parece se importar bastante com a opinião alheia. – provoquei.

- Eu costumava me importar quando ainda morava na casa dos meus pais e achava que havia esperança.

- Quando morava com seus pais? O que aconteceu, se rebelou e fugiu de casa? – perguntei rindo. Sirius deu de ombros.

- Mais ou menos isso. – respondeu, e eu fiquei me sentindo uma idiota.

- Ah Merlin! Me desculpe, Black, eu não sabia! – me apressei em dizer.

- Eu reparei. – ele disse sem parecer incomodado – É um dos motivos de eu estar aqui.

- Então você veio aqui porque eu sou mal informada? – perguntei confusa. Ele riu.

- Não. Vim aqui porque você não dá a mínima para fofocas de corredor. – respondeu, mas continuei confusa.

Eu estava em dúvida se queria mesmo respostas. Quer dizer, eu estava sim morrendo de curiosidade, morrendo para perguntar, mas tinha medo do que ia ouvir. Tinha medo principalmente de gostar do que ia ouvir. Mesmo que tenha sido inconveniente no começo, Sirius estava salvando minha noite de uma maneira extremamente agradável. Eu sei que ele não pretendia invadir minha festa de natal, ele não sabia que havia uma, então por que veio aqui? O que ele tinha para me falar? Depois do que pareceu uma eternidade de silencio constrangedor, resolvi uma abordagem indireta.

- Então você não tinha planos para o natal este ano e resolveu vir me importunar? – perguntei sorrindo.

- Ah, bem, sobre isso... Eu não pretendia ficar tanto tempo. – ele disse, mas não parecia preocupado com isso – Há uma grande festa na casa dos Potter também onde, aliás, eles têm uma festa em família. E estava tudo legal até a loira enjoada aparecer por lá. Eu já pretendia vir aqui mesmo, então resolvi adiantar.

- Sinto muito ter estragado sua noite com essa festa. – falei sinceramente – Você não precisa ficar, sabe? Se não quiser. Sei o quanto é chato e tenho certeza que minha mãe vai sobreviver.

- Você quer que eu fique? – ele me olhou intensamente nos olhos, mas eu desviei.

Eu queria que ele ficasse? É claro que sim! Há anos não tinha uma festa agradável nesta casa, mas não era só isso... O Sirius Black sentado bem ao meu lado é o cara que eu sempre quis conhecer. Ele não está na defensiva, não está me provocando e é capaz de manter uma conversa séria. Eu sabia que havia algo por trás de toda aquela atitude de "não me importo com nada nem ninguém" e sempre quis saber o quê, agora eu tinha a chance. Mas eu não podia simplesmente pedi-lo para ficar. Não, eu não ia fazer isso.

- Black, eu não vou te prender aqui só porque... – comecei.

- Jéssica. – ele tocou meu ombro e insistiu que eu olhasse para ele – Você quer que eu fique?

Eu não conseguia desviar os olhos, mas ainda não queria responder. Comecei a morder os lábios como normalmente faço quando estou indecisa.

- Sem piadas ou qualquer tipo de referência a isto depois, eu prometo. – ele disse sorrindo – Só quero saber se você quer continuar aqui conversando comigo. É tudo. – eu sorri também.

- Tudo bem, eu quero. – respondi me sentindo mais aliviada com o que ele disse, embora nada daquilo tivesse me passado pela cabeça.

- Ótimo, porque eu tenho uma pergunta que pode levar algum tempo para ser respondida. – ele disse sentando mais confortavelmente no sofá – Qual destes livros é o seu favorito? E eu quero apenas um título.

Eu abri um grande sorriso.

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Algumas horas depois, após várias escapadas da biblioteca para pegar comida e bebidas ou para sermos vistos conversando com alguém importante, a festa estava acabando. Sirius me ensinou a fingir interesse no que as pessoas dizem e certas respostas genéricas que se encaixam em muitas situações para que eu não precise prestar atenção no que dizem. Confesso: tive poucas aulas em Hogwarts tão instrutivas quanto esta noite.

Antes que eu me desse conta, restamos apenas Sirius e eu jogados no sofá da sala de estar. Eu chorava de tanto rir de uma das histórias de Sirius sobre suas escapadas de Hogwarts com James quanto minha mãe chegou sorrindo de orelha a orelha.

- Sr. Black? – ela chamou, e foi quando eu percebi que a sala estava vazia.

- Sim, Sra. Buttler.

- Por favor, não me entenda mal, é convidado a ficar o quanto quiser em nossa casa, mas eu estou preocupada com seus meios de voltar para casa. O senhor teria um transporte próprio? – ela perguntou tentando deixar o mais claro possível aquilo não era uma expulsão.

- Não... Merlin, já são quase três da manhã!? – ele se sobressaltou quando olhou o relógio – Minhas mais sinceras desculpas, Sra. Buttler, eu me distraí da hora devido à ilustre companhia de sua filha. Mas não se preocupe, eu posso pegar o metrô.

- Ah... Eu acredito que o metrô parou há algum tempo. Sempre para na madrugada de natal. – interferi. Sirius agora parecia nervoso.

- Tudo bem, eu posso andar. Não é tão longe. – ele disse já levantando do sofá.

- De maneira alguma, Sr. Black! – minha mãe interferiu – Está muito frio lá fora, eu jamais permitiria que um jovem voltasse andando de minha casa com esta temperatura. O senhor pode ficar no quarto de hóspedes e sair pela manhã. – ela sugeriu com um sorriso que me dizia que ela não aceitaria outra alternativa.

Agora ele ia conseguir passar a noite aqui? Inacreditável! Sério, como ele consegue?

- Eu agradeço imensamente, mas não posso aceitar, Sra. Buttler. Não quero ser um incômodo. – ele agora parecia sem jeito.

- Eu insisto, Sr. Black. O quão culpada eu me sentiria ao saber que o senhor adoeceu depois de andar até em casa? Além do mais, não é seguro andar sozinho por aí a esta hora em noites de festa. Podem haver bêbados na rua. – é, minha mãe tinha um ponto.

- Mas eu... – Sirius me olhava como quem perguntava o que devia fazer – eu não quero abusar da sua hospitalidade.

- Não estaria, de modo algum. – minha mãe continuava sorrindo e Sirius agora parecia meio sem jeito.

Era tão engraçado que tive vontade de apenas continuar observando a discussão, mas resolvi acabar logo com seu sofrimento fazendo um sinal positivo com a cabeça dizendo que não ia me incomodar. Eles ainda insistiram um pouco um com o outro antes que Sirius finalmente aceitasse ficar.

Como era de se esperar, minha mãe pediu que eu o levasse ao quarto de hóspedes, que ficava a apenas duas portas de distância do meu. Ignorei o comentário de "não ganho um beijo de boa noite?" de Sirius e fui para o meu próprio quarto.

Ainda estava terminando de me arrumar (ou desarrumar) para dormir quando ouvi uma porta se abrindo no corredor. O quarto dos meus pais ficava na outra direção e não havia mais ninguém em casa, então eu tinha certeza que era Sirius. Ouvi seus passos cautelosos se aproximando da porta e esperei ansiosa pela batida, ainda incerta do que faria quando acontecesse. Mas nada aconteceu. Os passos continuaram descendo o corredor em direção a escada.

Fiquei parada me sentindo uma boba. Ele devia só estar indo à cozinha, provavelmente para pegar uma água. Era exatamente o que eu estava pensando quando vi o movimento no jardim. Eu conseguia distinguir a silhueta de Sirius usando as roupas normais em que apareceu aqui mais cedo. Ele estava apenas parado à beira da calçada, como se esperando algo, mas o quê?

Eu estava prestes a abrir a janela e perguntar o que ele estava fazendo quando James Potter se materializou ao lado dele em uma vassoura. Eles conversaram por alguns segundos, então Potter passou outra vassoura para Sirius e os dois desapareceram.

Mas que grosseria! Como ele ousa desaparecer assim no meio da noite sem se despedir de ninguém?

Ainda estava chateada quando fui dormir algum tempo depois.

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N/A: Com um pouco de atraso, mas só um pouco! :D

Muito obrigada a todos pelos comentários e por não me abandonarem. Ainda tem muito para acontecer este natal, fiquem ligados que não devo demorar a postar. I'm on fire this month!

Beijooos!