A primeira. Largo Grimmauld. Sirius dorme, bêbado e vivo, sobre a mesa da cozinha. "Topa uma trepada?", ela diz; ele ri e só então se dá conta de que ela está falando sério desta vez.

Passam-se aproximadamente cinco segundos entre prensá-la contra a parede do corredor, abrir o zíper da calça e ah meu deus.

Eles meio que fingem que jamais aconteceu, depois. (A culpa é toda do uísque de fogo, Sirius teria dito, se fosse com ele.)


A segunda. O casebre velho e empoeirado dele; livros embaixo dela enquanto o observa, implorando com os olhos, metade de uma barra de chocolate na mesinha do canto, ambos conscientes de que sexo não traz os mortos de volta.

"Te amo", ela diz pela primeira vez. Ele a manda embora, porque a ama também.


A terceira. Hogsmeade (ele jamais deveria estar ali). Um quarto em cima do Cabeça de Javali, sujo e impessoal como os movimentos deles, os dois reduzidos a necessidade animal. Copulam como se cometessem um crime.

Talvez ele esteja.

Ele a abandona chorando e diz a si mesmo que é melhor assim.


Quarta. A Toca, e que Molly jamais descubra. É rápido, eles têm de checar a todo momento se alguém está se aproximando, "pelo amor de Merlin, fique quieta, mulher", e eles estão trocando risinhos quando acaba e ele se pergunta se não há problema em ser feliz desse jeito quando o cadáver de Dumbledore mal esfriou.
Quinta. Hotel trouxa recomendado por Quim (quem teria adivinhado), por conta da Ordem. Marido e mulher: é oficial, ele pensa, agora é fazer amor, não sexo.

Ele está tão assustado que não funciona de primeira; demora o tempo de uma massagem nas costas e o mais longo amasso jamais conhecido pela humanidade para que ele relaxe.

Inconscientemente, ele já começou a acreditar que foi um erro.


Sexta. O que eles chamam de lar.

Alastor Moody está morto.

Poderia ter sido um deles.

Ela toma a Poção de Precaução religiosamente todos os dias, menos durante aquele mês; período obrigatório de intervalo, o apotecário dissera.

Eles estavam usando feitiços.

É claro que iam esquecer.


Sétima, no quarto de hóspedes dos pais dela (a nova casa dos dois). Ele pensara que ela o deixaria do lado de fora na brisa gelada noturna; ele pensara que ela o teria feito dormir no sofá (um presente do inferno, mesmo, aquele sofá, ele apostava que Andrômeda havia usado algum feitiço de magia negra pra fazer o maldito móvel ficar extra-duro); ele pensara que ela não o deixaria tocá-la com um único dedo que fosse.

Mais tarde, depois de ela ter recebido "pedidos de desculpa o bastante pra uma vida inteira", ele sente o pequeno relevo do ventre dela, nu sob a palma de sua mão, e começa a pensar em nomes.


O quarto de hóspedes, de novo. Ambos sabem que é a última vez.

Eles aproveitam o tempo, gratos que Teddy ficará quieto pelas próximas horas. É lento e gentil como costuma ser entre dois amantes que se conhecem bem demais.

La petite Mort, dizem os franceses. Ele lhe conta isso. "Para se preparar para a grande Morte", está na ponta da língua dela, mas não precisa ser dito em voz alta.

"Te amo", e é ele, e ele diz em voz alta, e o significado é o mesmo.