Bom menino
De joelhos e a cabeça abaixada, Severus aguardava suas ordens. Não lhe parecia bom presságio que Lorde Harry fosse sair e deixá-lo sozinho com Lorde Black. Não que seu Dono interferisse nas brincadeiras do padrinho. Na verdade, seu jovem Amo parecia achar divertido ver o esforço de Severus para se controlar a cada nova provocação de Lorde Black.
Desde o início do mês, quando Lorde Black viera passar o verão com o afilhado, Severus era submetido a pequenas e grandes humilhações pelo animago, que tentava descontrolá-lo e provocar uma punição da parte de Lorde Harry. Severus ainda conseguia manter a expressão humilde que convinha a um escravo, mas a cada dia estava mais difícil. E Lorde Black sabia disso.
Lorde Harry se aproximou e segurou o queixo de Severus, fazendo-o erguer o olhar. Como se tornara comum depois da guerra, o jovem herói não mostrava nenhuma emoção no rosto. Apenas seus olhos brilhavam, de uma forma que fazia Severus se arrepiar de antecipação. Conhecia aquele fulgor. Era o que via sempre que seu Senhor se dedicava a domá-lo ou quando Severus lhe dava algum tipo de prazer especialmente apurado.
Não desviou o olhar. Seu Dono apreciava sua tentativa de agarrar-se a um resto de dignidade. Seria muito mais fácil abandonar essa última ilusão, mas Severus dependia da migalha de respeito que tanta obstinação despertava em seu Amo. Uma sombra de consideração que era mais vital a Severus que o próprio ar.
Arrepiou-se ao sentir os dedos de seu Dono deslizando por seu rosto, num gesto que quase poderia ser de carinho.
-Você se comportou bem ontem à noite, Severus. Permaneça assim e talvez eu lhe dê uma recompensa.
Há quase um ano era escravo de Lorde Harry. Já conhecera suas punições diversas vezes. Conhecia os muitos métodos que seu Dono dispunha para discipliná-lo. Experimentara-os na própria pele. Apenas uma vez recebera uma recompensa. Ainda se lembrava do prazer e ainda tinha a cicatriz.
Lorde Harry dispensou-o com um gesto. Apesar dos grilhões em seus pulsos - símbolos de sua servidão e instrumentos de controle de sua magia – Severus ainda tinha permissão de usar suas tradicionais vestes e capas negras. Um dos caprichos de Lorde Harry era mantê-lo com a antiga imponência.
Mesmo de pé e vestido como um homem livre e não um escravo, Severus sentia-se dominado pela força que emanava de seu Amo. Era algo sutil, mas poderoso. Qualquer estranho que os visse juntos saberia quem era o Senhor e quem era o escravo.
Num gesto que o bom humor de Lorde Harry permitia, Severus tomou sua mão e beijou-a como despedida.
Seu Amo deixou-o ir sem mais palavras. Nenhuma recomendação para que obedecesse e respeitasse Lorde Black. O respeito era inerente, a obediência já lhe havia sido imposta. E se a recompensa de Lorde Harry deixara uma cicatriz no peito de Severus, suas punições costumavam deixar várias e nem todas eram físicas.
Severus foi dar as ordens do dia aos elfos. Com alívio, recebeu o comunicado que Lorde Black saíra também e não voltaria para o almoço. Por algumas horas teve a ilusão que passaria um dia sem ter de se submeter aos caprichos do padrinho de seu Dono.
Era fim de tarde quando Lorde Black voltou. Severus estava organizando as roupas de seu Senhor para noite, quando ouviu os gritos do hóspede de honra que chamava por ele no estúdio.
Pressentindo que nada de bom viria disso, atendeu o chamado o mais rápido que pôde:
-Pois não?
Sentado confortavelmente numa enorme poltrona, Lorde Black olhou para Severus com um sorriso malicioso.
-O que disse, Snivellus?
O maldito apelido. Severus engoliu em seco e repetiu de forma contida:
-Lorde Black, o senhor deseja alguma coisa?
-Tire minhas botas.
Sentia-se queimar sob o olhar debochado do outro bruxo. Lorde Black o despia com os olhos. Severus podia sentir que ele o desejava, mas era mais que isso. Era uma demonstração de poder. Era diversão ao ver Severus se refreando e submetendo.
Calado e contendo a vontade de jogar as botas na cara do eterno algoz, Severus obedeceu. E não manifestou desagrado quando não recebeu permissão de se retirar. De pé e com paciência estóica aguardou que Lorde Black se dignasse a solicitar alguma coisa.
O Lorde espreguiçou-se como um cachorro satisfeito com a vida.
-No chão, Snivellus. – Afastou os próprios joelhos para indicar exatamente onde Severus devia arodilhar-se.
Severus obedeceu, apertando os dentes. O animago riu alto. Inclinou-se para frente, chegando o rosto a centímetros do de Severus, e provocou:
-Algum problema, Snivellus?
O amaldiçoado apelido soando particularmente ofensivo pela constante repetição.
Lorde Black provocou mais uma vez:
- Tem alguma reclamação a fazer?
-Não, meu senhor. Não tenho nada do que reclamar.
-Quais foram as ordens que Harry deu antes de sair?
-Que eu estivesse a sua disposição, meu senhor.
-Você está a minha inteira disposição, Snivellus?
Apenas muito autocontrole permitiu que Severus conseguisse responder:
-Sim.
-Sim, o que, Snivellus?
-Estou a sua inteira disposição, meu senhor.
-Ótimo. A mão pesada de Harry parece estar te ensinando a segurar a língua venenosa. – Lorde Black deslizou um dedo pelos lábios de Severus. – Sua boca é mais útil em uma atividade bem diferente. – O Lorde recostou-se na poltrona. – Me chupa, Snivellus.
Lorde Black não era seu Senhor, mas era um dos Grandes Lordes. Um dos Libertadores. Apenas uma ordem de Lorde Harry, seu legítimo Dono, poderia livrar Severus de obedecê-lo. Lorde Harry não estava ali e, mesmo se estivesse, dificilmente daria essa ordem.
Severus curvou-se. Sabia exatamente o que e como o animago queria. Não era a primeira vez que ele exigia algo assim.
Contendo o tremor nas mãos, desabotoou a túnica de Lorde Black. Massageou entre as pernas do Lorde, vendo o volume em suas calças aumentar. Calças tradicionais, de botões que Severus abriu lentamente. Lorde Black gostava que ele demorasse. Era uma de suas formas de prolongar a humilhação.
Quando soltou o último botão, aguardou permissão para continuar. O Lorde ergueu os quadris e Severus desceu um pouco suas calças, expondo a cueca de seda branca.
Esfregou o rosto sobre o tecido. Era sempre uma hora difícil. Severus não demonstrava, mas o cheiro do sexo de Lorde Black o excitava. Era humilhante sentir tesão pelo maldito.
Talvez Lorde Black soubesse ou talvez fosse apenas seu apurado instinto sádico que o fazia exigir que Severus esfregasse o rosto e lambesse a seda de sua cueca.
Depois de longos minutos, o próprio Lorde afastou o tecido, úmido da saliva de Severus, e expôs um cacete grande, rígido, largo e lindo.
Sem hesitar – uma reclamação de Lorde Black provocaria uma punição rigorosa – Severus contornou a cabeça do pau do Lorde com a língua, fazendo-o respirar um pouco mais fundo. Conseguia não demonstrar sua excitação, mas tremia levemente.
Lambeu o pau e os testículos do Lorde com vontade. Odiava o fato de estar ficando duro também. Odiava sentir tanto prazer em ser usado dessa forma pelo desgraçado Lorde que atormentara sua adolescência. Odiava gostar de ouvir o gemidos que o Lorde dava, e seus elogios cafajestes, ditos com voz rouca e entrecortada:
-Você nasceu para isso, Snivellus. Mais devagar... Seu puto talentoso... Eu sei que você gosta. Assim... agora engole tudo.
Beijou a ponta do pau de Lorde Black, fazendo-o rir. Um riso excitado e rouco que fez Severus estremecer. Sugou a pontinha antes de passar a língua na abertura e engolir as primeiras gotas.
Depois foi abocanhando lentamente todo o cacete de Lorde Black. Engoliu o máximo que pode e começou a chupá-lo enquanto massageava as bolas do Lorde.
-Mais forte, Snivellus.
Severus obedeceu. Aumentou a velocidade e a força com que sugava. Seu próprio pau latejando de tesão.
Sentiu as mãos do Lorde se enrolando rudemente em seu cabelo. O primeiro puxão não foi realmente forte. O segundo doeu bastante. Junto com o terceiro, Lorde Black ficou de pé, fazendo Severus se endireitar, ainda de joelhos.
Agora era o animago que fodia a boca de Severus sem piedade. Apoiando as mãos no quadril do Lorde, naquele instante, Severus era apenas um objeto servindo ao poderoso Lorde Black.
Com um último empurrão, o Lorde gozou enchendo a boca de Severus.
-Engole. – rosnou entre ofegos, antes de se deixar cair de volta na poltrona. – E vem me limpar.
Severus ainda lambia as últimas gotas no pau de Lorde Black quando sentiu a inconfundível presença do seu Dono. Terminou sua tarefa antes de erguer o olhar, procurando por seu Amo.
Lorde Harry sentara-se no braço da poltrona. Parecia satisfeito com o desempenho de Severus. Com um leve toque na cabeça do escravo, Lorde Harry elogiou:
-Bom menino.