Título: Sintomas
Tema #96 Writer's Choice (#96 Escolha do Escritor)
Gênero:AU, humor, fluff
Avisos:Nenhum, a não ser que esse aqui esta mais pro lado...digamos...'fetichista' da coisa.
Wordcount: 1.435
Disclaimer:- Essa é a vigésima sexta de 100 vezes que vou repetir: eu não sou dona dos direitos autorais sob Gundam Wing. Eu não sou sequer dona dos temas que estou usando para esses 100 fics. Sou dona apenas de um computador meia boca e de um pseudo-talento mais meia-boca ainda. Eu não lucro nada com fics. Você ainda vai ter 74 chances pra acreditar no que eu digo 8D
Nota da autora:- Obviamente inspirado nos recentes (e constantes ) conselhos para que eu vá ver um médico. Me arranjem um desses que eu to indo 8D


Só existe uma coisa no mundo que odeio mais do que quando pessoas me falam repetidas vezes que preciso fazer alguma coisa que não tenho a menor vontade de fazer.

É quando essas pessoas estão certas.

Na raríssima ocasião na qual elas estão certas sobre o fato de eu precisar fazer uma visita a um médico, chances são que eu esteja alcançando o pico da minha ira, afinal, médicos também possuem uma posição de certo destaque entre os primeiros itens em minha lista de 'coisas odiáveis'.

Sim, eu tenho uma lista. Não, você não pode vê-la.

Admito que foi difícil para mim aceitar o fato de que meus amigos estavam certos desde o começo quando diziam que não haveria maneira de curar meu problema sozinho sem consultar um médico.

Como diabos eu deveria saber que aquelas bolinhas vermelhas espalhadas por boa parte do meu corpo não iam sumir sozinhas do mesmo jeito que haviam aparecido?

Fui finalmente convencido depois de sete dias durante os quais as pequenas marcas em minha pele haviam apenas aumentado ao invés de diminuir. Resignado de meu cruel destino, aceitei a recomendação de um amigo e marquei uma consulta para o dia seguinte.

A sala de espera tinha paredes brancas com alguns quadros abstratos pendurados aqui e ali. Antes que conseguisse descobrir se estava realmente olhando para o que parecia um retrato bastante fiel de um macaco tomando sorvete a secretária chamou meu nome, indicando uma sala em suas costas.

'Sr. Maxwell, o Dr. Yuy vai vê-lo agora.' , ela disse , e acenei em sua direção, pensando em como aquela mulher podia ser toda sorrisos e tons amigáveis enquanto me entregava na mão de meu carrasco...

...ok, talvez eu estivesse exagerando um pouco.

A verdade era que estava absolutamente convencido que o Dr. Yuy seria exatamente como todos os outros – poucos – doutores que eu conhecera antes em minha vida.

Ele provavelmente era um velho careca de mãos enrugadas e frias e voz mole e arrastada. Ele me perguntaria a respeito de todas as informações que já estavam devidamente escritas na ficha que nos fazem preencher antes das consultas – para que pedem aquilo se não vão ler, afinal? – e no fim, ele me daria um papel com rabiscos ilegíveis que apenas farmacêuticos seriam capazes de decifrar.

Mas não sem antes me cobrar os olhos da cara por isso. Ah sim, e talvez me dar alguns remédios, como brinde.

Tendo em mente que minha opinião a respeito todos os médicos já era um tanto quanto desagradável, não é difícil imaginar minha surpresa ao descobrir que o Dr. Yuy era...bastante diferente do que eu pensava que seria.

Ele não era velho. Na verdade ele parecia ter no máximo três ou quatro anos a mais do que eu. Ele também não era careca. Sua cabeça era coberta por cabelos, muitos cabelos, cabelos cor de chocolate estilizados em um penteado bastante atraente ...

'Boa tarde, Duo', ele falou estendendo sua mão, e sua voz era firme. Apressei-me em cumprimentá-lo e imediatamente confirmei minha suspeita visual de que sua mão não era enrugada. Não...sua mão era macia, macia e quente e...

'Sente-se, por favor', ele sugeriu, e aceitei o convite rapidamente. Não era de meu maior interesse me matar de vergonha antes mesmo do exame começar.

'Duo, diz na sua ficha que recentemente apareceram marcas na sua pele. Esta informação esta correta?,' ele perguntou, fazendo anotações em um bloco.

'Sim,' respondi , 'elas apareceram faz mais ou menos uma semana.'

'Certo', ele colocou o bloco sobre sua mesa e seus olhos me fitaram atentamente de cima abaixo. O doutor tinha olhos azuis...

'Elas apareceram em todo o corpo?', ele perguntou, seus olhos voltando aos meus e tive de piscar algumas vezes antes de conseguir me concentrar em sua pergunta. Eu não podia esquecer que aquele homem lindo era um médico. Mé-di-co. Seu olhar certamente não tinha qualquer intenção que não o de obter informações clinicas sobre a minha condição de saúde.

'Sim', respondi, 'elas apareceram no mesmo dia nos braços e no peito, e depois desceram para as pernas. '

'Você se importa de ir até ali debaixo da luz mais forte? Eu quero dar uma olhada', ele falou, apontando para o lado do consultório onde havia um leito, e dirigindo-se a uma pequena pia onde começou a lavar suas mãos.

'Claro, sem problemas', respondi, caminhando até o lugar indicado e ficando bem embaixo da luz.

'Tire a camisa', o doutor falou e senti um pequeno arrepio diante de seu tom voz. 'Só se você tirar seu avental', pensei, mas apenas assenti com a cabeça, removendo a peça de roupa obedientemente.

O Doutor Yuy passou suas mãos por minha pele com uma delicadeza impressionante. Seus dedos pressionaram pontos aqui e ali, por braços e costas e peito, e eu não pude evitar notar que era ótimo que ele estivesse olhando para meu tórax e não meu rosto, por que embora eu não fosse uma dessas pessoas que ruborizavam do pescoço pra baixo, bastaria uma rápida olhada em minha face para que ele visse a cor que eu não podia evitar sentir subir as minhas bochechas.

Quando ele ficou de joelhos na minha frente para olhar e apertar a pele cobrindo meu estômago, pensei muito seriamente em avisá-lo que eu provavelmente havia acabado de desenvolver uma febre. Afinal, apesar de estar ouvindo o ar condicionado funcionando perfeitamente na sala, eu também podia jurar que minha temperatura tinha subido alguns graus.

'Como eu suspeitava', ele falou, colocando-se de pé novamente.

'Qual é o problema?', perguntei, torcendo internamente para que fosse algo contagioso. Algo que me fizesse ter que ficar internado e sob observação daqueles deliciosos olhos az...

'É uma reação alérgica avançada', ele respondeu com simplicidade.

Mas que? 'Alérgica?', perguntei, querendo ter certeza de que não se tratava de algo mais sério. Uma catapora, talvez?

'Sim,' ele disse, tirando duas luvas de dentro de uma gaveta e colocando-as eficientemente. 'Mas não é nada sério e nós vamos dar um jeito nisso agora mesmo.' Ele apontou para o leito atrás de mim. 'Deite-se ali, de costas, e abaixe um pouco as calças.'

Assim? Sem nem me levar pra jantar antes? Meu cérebro gritou, e devo ter feito algum tipo de expressão que entregou meus pensamentos, por que o doutor foi rápido em me dar explicações sobre o que estávamos prestes a fazer.

'Eu vou te dar uma injeção de anti-alérgico. Isso vai fazer com que as marcas desapareçam mais rapidamente.' , ele explicou pacientemente.

Ah. Sim. Claro. Anti-alérgico. O que diabos eu estava pensando? Talvez devesse perguntar se ele por acaso tinha uma daquelas injeções para doenças mentais? Eu certamente parecia estar precisando de uma.

Alguns minutos e uma picada no traseiro depois me encontraram sentado de volta a frente da mesa do doutor Yuy e provavelmente prestes a me despedir com um segundo aperto de mão, um sorriso falso praticado e um 'cuide-se bem daqui por diante'.

'Bem, Duo,' o doutor falou, retirando seus óculos e colocando-os sobre a mesa. 'Como não sabemos o que exatamente causou a sua alergia, eu gostaria de acompanhar o seu caso. Você se importa de fazer uma segunda consulta? '

'Não, de forma alguma', respondi, provavelmente mais rápido do que a maioria de seus clientes, mas a verdade é que eu não me importava muito. O homem já tinha visto metade da minha bunda coberta de bolinhas. Nada do que eu fizesse ali iria me envergonhar mais do que isso. 'Devo falar com sua secretária?', perguntei.

'Não', ele disse, pegando uma caneta e escrevendo em uma nova folha de seu bloco. Ele a arrancou em seguida, entregando a folha para mim. 'Você pode ligar para esse número. '

Olhei para o papel em minhas mãos, surpreso ao notar que a letra de meu médico não só era completamente legível, como bonita. Fiquei mais surpreso ainda ao perceber que agora eu tinha em mãos um bilhete com nome, e um telefone celular que certamente pertencia ao Doutor Heero Yuy.

'Sexta-feira está bom pra você?', ele perguntou, sua voz chamando minha atenção e fazendo com que eu notasse um olhar e sorriso nem um pouco clínicos em sua face.

'Está perfeito', respondi. Apertei sua mão novamente e deixei o consultório com uma visão completamente nova a respeito de médicos.

Segundo o doutor, as bolinhas em minha pele sumiriam em breve, mas eu tinha quase certeza de estar desenvolvendo novos sintomas. Eu me sentia leve e um pouco desorientado, e os lugares em meu corpo nos quais ele havia tocado pareciam formigar levemente.

Felizmente, eu estava mais do que ansioso pra marcar uma nova consulta.