N.A.: Essa fic aqui é uma pequena (na verdade, imensa) loucura que eu mandei para um challenge de Triângulo Amoroso. Tem seis capítulos com o prólogo, e os nomes dos capítulos são de poemas de Álvares de Azevedo.

E, como eu percebi que as linhas andam comendo as minhas N.A., troquei o sistema, u.u

AVISO: Triângulo amoroso, com slash, ou seja, homemXhomem e ainda tem uma mulher no meio. Acha que o Sirius e o Remus se abraçaram "like a brother"? Acha que a Bella era apenas "a prima biruta" do Sirius? Acha que o Remus e a Bella são duas almas incompatíveis? Então, ou leia disposto a aceitar outras opiniões, ou aperte o botãozinho de voltar.

Outra coisa: mais para frente, sugestão de incesto. Acha que irmãos não devem amar irmãos? Se não gosta, não leia.

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Prólogo

Ele precisou sufocar o grito na garganta, sentindo lágrimas correrem pelos seus olhos em chamas com a visão.

Sirius segurou Bellatrix com fúria pelos braços, pressionando seu corpo contra o dela e o dela contra a cama. Olhos negros e prateados se encontravam, e ele ofegou ao ver aquele que considerara um amigo unir seus lábios aos dela, com voracidade e fome.

Sentiu sua respiração falhar quando ela correspondeu ao beijo, permitindo a entrada da língua dele, lábios se movendo em puro deleite. As mãos dela procuraram a cintura dele, rastejando como cobras dentro da camisa, fazendo-o gemer de prazer. Com ânsia, ele correu as mãos pelo corpo dela, acariciando suas curvas. Sem se dar conta, seguiu cada movimento daqueles braços com os olhos, sentindo a boca secar de desejo.

Seu coração disparou alucinadamente quando as mãos dele procuraram uma abertura no vestido que ela usava. Erguendo os braços, ela permitiu que ele deixasse seu tórax exposto, exibindo dois seios perfeitos ocultos em um espartilho apertado. Seu fôlego perdeu-se ao observar Sirius, com dedos precisos e cuidadosos, desatar os laços do espartilho e mostrar ao mundo os seios de Bellatrix.

Nesse instante, ela pareceu achar que Sirius estava vestido demais, porque agarrou sua camisa e forçou-a para os lados, fazendo os botões voarem e ricochetearem pelas paredes. Depois, tratou de arrancá-la, para em seguida correr as mãos pelo peito nu e bem trabalhado do amante. Ele beijou com leveza os seios dela, sugando, mordendo e acariciando seus mamilos, enquanto os olhos dela se nublavam de desejo e gemidos escapavam de sua garganta. Aquela era a cena mais sublime que já tinha visto, e teve ímpetos de arrancar os próprios olhos. Parar de ver aqueles gestos lascivos, marcados a fogo em seu corpo.

Ela correu os dedos pelas costas dele, cravando as unhas na pele, enquanto trocavam outro beijo voraz. A boca dele correu dos lábios dela ao pescoço e depois pelo corpo inteiro, traçando uma trilha de luxúria e prazer. Então ela o puxou levemente, os dois caindo em cima da cama.

Sabia o que viria agora, embora não estivesse bem certo de que poderia suportar a visão.

Sirius segurou o cós da saia cheia de anáguas de Bellatrix, puxando-a para baixo. Ela se livrou da peça chutando o ar, enquanto, ao mesmo tempo, abria os botões da calça de Sirius e fazia esforço para retirá-la junto com as roupas de baixo. Com uma risada rouca que o arrepiou até o fim da espinha, ele se levantou e terminou o serviço, aparecendo em todo o esplendor de seu corpo.

— Uau — disse Bellatrix. Não pôde deixar de concordar com ela, vendo o rival deitar-se ao seu lado na cama.

— Eu sei que eu sou lindo — sorriu Sirius, cujos olhos pareciam queimar de desejo. — E eu te quero. Eu te quero agora, Bellatrix.

Ela riu, mas parou de rir quando ele se abaixou e retirou suas roupas de baixo com um movimento sinuoso. Agora estavam ambos completamente nus, e achou que fosse desmaiar com a visão do corpo de Bellatrix, conhecido e, ao mesmo tempo, inexplorado como uma selva secreta.

— Diga que me ama — sussurrou Sirius no ouvido dela. — Diga que me ama e não a ele.

Bellatrix preferiu fazer coisa melhor. Com uma das mãos, buscou o membro do amante, já completamente ereto, e escorregou sua mão até a base, arrancando um profundo gemido.

Os movimentos se intensificaram e Sirius gemia seguidamente. Observou cada detalhe da expressão do rival, os olhos fechados, os lábios rosados entreabertos, a expressão transfigurada de prazer. De repente, ele segurou a mão dela e, afastando-a, ofegou:

— Ainda não.

— Ainda não — ela concordou, puxando-o para cima de si.

Sirius se ajeitou por cima dela, tomando cuidado para não sufocá-la com seu peso. Admirou como o seu rival e amigo poderia ser tão cuidadoso, e não sabia se desejava estar no lugar dele, prestes a consumar o ato com Bellatrix, ou no lugar de Bellatrix, sentindo as mãos dele acariciarem-no.

Ele a beijou com luxúria, e, com cuidado, a penetrou.

Ficou muito atento à expressão de Bellatrix naquele instante. Nunca a achou tão bela, mordendo os lábios num misto inicial de desconforto e prazer, cruzando as pernas em volta da cintura de Sirius, num gesto que aumentou o contato entre eles e provocou um longo e extasiante gemido.

Então, ele começou a se mover.

Sentiu dor e nunca pensou que pudesse amar e odiar tanto, ao mesmo tempo. Levado a um paroxismo de ódio e, ao mesmo tempo, de um sentimento inexplicável, poderoso, que queimou-lhe nas veias como ácido, poderia ir lá e matá-los, estrangular aos dois, apenas para senti-los morrer em suas mãos por terem-no subestimado. Sentir o último pavor, o último estertor de vida, a faísca divina se apagando em suas mãos.

Mas, enquanto os observava se mover, naquele movimento lascivo e luxurioso, sentiu vontade não de matá-los, mas de se juntar a eles. De sorver cada gota do prazer que lhes estava reservado. De provar dos lábios de Bellatrix, sentindo o sabor doce se desprender de sua pele; de sentir as carícias de Sirius, suas mãos bem-feitas correndo por seu corpo magro — de amar os dois, para sempre, até que soasse a trombeta do Juízo Final.

Sirius começou a murmurar alguma coisa em meio ao ato:

— Diga que me ama mais que a ele — o sussurro soou claramente. — Diga que me ama mais do que aquele raquítico.

— Eu te amo… — murmurou Bellatrix.

— Diga que me ama mais que a ele.

— Eu te amo — ela disse, mais firme.

— Mais que a ele!

— EU TE AMO MAIS QUE A ELE! — ela gritou, puxando Sirius ao seu encontro, suas costas se arqueando.

A expressão dela se contorceu de prazer, olhos girando e suspiros escapando de seus lábios enquanto atingia o ápice. Algumas estocadas depois, o amante a acompanhou, com um grito de delírio, explodindo dentro dela.

Então, a voz dela soou, baixa, mas firme:

— Diga que me ama mais que a ele.

— Como? — repetiu Sirius, deitando-se ao lado de Bellatrix, sem entender exatamente o que ela queria dizer.

Diga que me ama mais que a ele.

Um leve suspiro escapou dos lábios do rapaz, e suas mãos de dedos longos percorreram as curvas da face dela.

— Amo.

Sentindo-se queimar de raiva e de ódio, e um estranho torpor se espalhar pelo corpo, Remus Lupin, traído e acabado, se levantou de seu posto de observação atrás da porta, às cegas. Como um cão ferido, pôs uma das mãos finas em cima do coração dilacerado e partiu, trôpego como se tivesse bebido, cada cena vibrando em sua mente como se houvessem colado um retrato em seus olhos. Jogando-se no corredor, ele não pôde ouvir a última frase de Bellatrix:

— Então ele nunca mais irá nos atrapalhar, Sirius.

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Lupin saiu da mansão Black ainda em profundo estado de atordoamento, sentindo todo o seu corpo queimar e suas pernas pesarem. Um mal-estar lhe tomava conta, como se, naquele instante, tivesse percebido que estava num beco sem saída. E não pôde perceber que uma carroça velha o seguia a cada passo.

Andando pela noite londrina, ficou pensando em cada instante que o levara até ali, um homem febril caminhando pela calçada, sentindo a luz doentia dos lampiões de rua iluminar-lhe os traços cansados e tristes. Confusos. Traídos.

Sem dúvida, tudo começara quando conhecera James Potter, no fatídico ano de 1800.

James poderia ser uma excelente pessoa, sem dúvida, mas tinha umas idéias excêntricas sobre pessoas e famílias. Remus, que havia ido estudar artes em Florença, perdera todo e qualquer dinheiro na viagem e tinha verdadeiros desejos de se dedicar a uma arte em particular, a arte da escrita, fora apresentado ao boêmio rapaz num bar noturno, por uma pessoa cujo nome não se recordava. Talvez estivesse inalando absinto demais.

Mas o fato é que James fora o primeiro elo entre ele e sua perdição.

James era rico, o grande herdeiro de uma grande fortuna, e achou naquele magro menino escritor uma distração e tanto. Via nele os olhos de quem quer se aprofundar nos mistérios do mundo, combinado com uma inocência que muitos dariam tudo para destruir. Uma figura curiosa e pitoresca demais para o ambiente de um bar, e James achou que poderia ser seu professor de vida enquanto ele rabiscava palavras trêmulas em pedaços de papel.

Passou a andar com Remus por tudo quanto era lado. Levou-o para conhecer a tudo e a todos. Apresentou-lhe todos os tipos de ambiente, desde os salões cheios de luxo até os bordéis pestilentos, e, toda vez que lhe exibia algo diferente, olhava com ansiedade para ver se ainda havia a mesma inocência intocada em seus olhos. E ela sempre continuava lá.

Com o tempo, James foi se afeiçoando pelo escritor sem pátria, e, atraindo comentários de todas as rodas e salões, convidou-o para morar na sua mansão. Não queria mais ver a inocência do amigo extinguida. Remus provara ser uma pessoa verdadeira e com a qual ele podia compartilhar seus anseios mais secretos e suas dúvidas mais frementes. Entre eles, a sua paixão por uma jovem governanta, da casa de um de seus melhores amigos.

Ouvindo a história de James, que descrevia a jovem Srta. Evans como uma prenda vinda diretamente dos céus, caída nas mãos dos Black, Remus não se deu conta que os laços do destino se enredavam em sua volta, prontos para asfixiá-lo e terminar o serviço que James não conseguira fazer.

Adepto da escola literária ainda em início chamada romantismo, Remus deu os conselhos que pôde ao amigo desafortunado. Na verdade, lhe excitava estar diante de um romance, talvez um romance digno de um livro, e, talvez, ser o Cupido que, benévolo e oportuno, se aproxima de um casal infeliz para lhes dar uma chance de viver.

James se deixou contagiar pelo entusiasmo do jovem escritor e decidiu levá-lo para conhecer a dama em questão, esperançoso que, de contato com a própria, ele pudesse traçar algum plano ou opinião suficiente para que ele mesmo pudesse agir — pois o fato é que, apesar de toda a sua desenvoltura natural para com o sexo oposto, perto de Lily Evans ele se sentia apenas uma criança tola.Não sabia que estava levando o amigo para o buraco do qual ele nunca mais iria sair. Um túnel negro.

Túnel existente nos olhos dos dois herdeiros dos Black.

James marcou um encontro com o jovem Sirius Black, lorde conhecido pela sua graciosa beleza caucasiana, que fazia suspirar a todas as donzelas. Sirius Black exalava mistério por todos os poros de seu corpo trabalhado e de seu sorriso esperto, capaz de derreter até geleiras, quanto mais mulheres.

E homens.

Junto com o jovem Lorde Potter, Remus desceu da carruagem em frente à mansão Black, numa plácida tarde de abril em 1800. Lado a lado com o nervoso James, caminhou até o portão, onde ambos foram atendidos por um criado velho e encurvado, de aparência adoentada e uma pele esverdeada, que resmungava atingido pela inexorável velhice.

— O que desejam, meus Lordes? — perguntou com voz roufenha.

— Tenho um chá marcado com o Sr. Black para esta tarde. Anuncie James Potter.

Assim que as palavras "James" e "Potter" soaram pelo hall, uma voz calorosa respondeu de lá de dentro:

— Kreacher, mande-os entrar agora!

— Entrem, meus senhores — disse o criado em tom de resmungo, se afastando com a voz rouca e saindo a resmungar. James o olhou com estranheza, e ele mesmo guiou o amigo até o salão de visitas, com um sussurro:

— Eu, hein, os criados dessa casa ficam cada dia mais estranhos…

Remus riu. Ele nunca soube como fascinou o anfitrião, naquele instante, com um riso puro e cálido, algo difícil de se ver em pleno século da boemia. O jovem Black o viu entrar com James Potter e sentiu-se estranho, estranho em observar aquele porte pálido e doentio, e aqueles olhos claros que brilhavam de pureza — uma pureza que ele julgara jamais existir.

— Sirius! — cumprimentou James expansivo, puxando o jovem sentado no sofá e levantando-o, para em seguida trocar um abraço rápido com aquele que era um de seus amigos mais fiéis. — Obrigado por nos receber.

— Como se eu realmente tivesse alguma escolha, James — disse o outro. — Aliás, quem é esse seu amigo aí, que ainda não tive o prazer… ou, se tratando de alguns amigos de James, desprazer… de conhecer?

Remus corou, sem graça, e James, com uma risada alegre, tratou de apresentá-los:

— Sirius Órion Black, este é meu novo amigo, Remus John Lupin.

Com um sorriso tímido, Remus se aproximou do jovem lorde e lhe apertou uma das mãos, sentindo o olhar e o interesse incomum do rapaz sobre si.

Acabara de conhecer sua primeira tentação.

Todos os boatos que ouvira sobre a beleza fantástica de Sirius Black eram verdadeiros. Aquele rosto de traços definidos bem poderia estar estampado na face de um anjo, um anjo de longos cabelos negros — não fosse o sorriso malicioso e o brilho febril dos olhos acinzentados, que o faziam parecer encantadoramente mundano e material. Real. Seu corpo era trabalhado e bem definido, de fazer cada pescoço feminino acompanhá-lo ao passar. Mas o que mais chamava a atenção em Black não era a beleza e nem o corpo — era o ar de displicência, de doce irresponsabilidade que o faziam ter um toque de proibido.

Se houvesse uma personificação do proibido, esta com certeza era Sirius Black.

Aquela tarde se passou em estranha inexistência, enquanto James tagarelava sobre Lily — que provou ser uma garota realmente bonita e de forte personalidade, justificando cada comentário de seu valente cavaleiro — e Sirius e Remus trocavam olhares estranhos. Após algum tempo, a conversa evoluiu do assunto "Lily" para o assunto "família" de uma forma que Remus nem pôde perceber, e logo Sirius estava falando da afamada família Black.

Seu pai e seu irmão mais novo haviam falecido no ano anterior. Regulus andara metido com coisa que não devia — o que geralmente acabava acontecendo com todos os Black, sempre apoderados pela ânsia costumeira de algo irreal — e fora encontrado num cais, o corpo furado de balas. Órion, seu pai, morrera logo depois, o fígado corroído pela cirrose.

Agora ele vivia com sua mãe, seus tios, e algumas de suas primas. Sua mãe era uma velha e majestosa senhora, de rosto marcado por linhas de expressão e uma raiva gelada e eterna. Sua tia, uma mulher de gestos desastrados, que todos fingiam achar suaves por conveniência. Seu tio, um homem mais afeminado que sua própria mulher, dado a não-me-toques e frivolidades. Narcissa, sua prima caçula, era apenas dois anos mais nova que ele, o que lhe dava uns dezesseis. Havia Andrômeda, a prima do meio, mas esta fora deserdada da família ao se casar com um plebeu, um jovem padeiro que precisava suar — imagine, suar! — para ganhar o dinheiro de cada dia.

E havia Bellatrix.

A hora ficou adiantada e ambos tiveram que partir, com uma promessa lançada ao ar por James de conhecer os familiares de Sirius. E uma promessa secreta e silenciosa de Remus, uma promessa de olhar, de que se veriam de novo.

Na semana seguinte, a dupla de amigos retornou ao casarão Black. E então teve ocasião de conhecer toda a família.

Eram exatamente como Sirius havia descrito. Todos.

Menos Bellatrix.

E foi naquele dia que Remus conheceu a sua segunda tentação.

Ela possuía uma beleza magistral, soberana. A beleza e o porte de uma rainha, para quem todos são súditos e devem estar curvados aos seus pés. Se grande parte dos Black tinha a pele clara — no caso de Sirius, branca como o leite — Bellatrix era dona de uma beleza amorenada, um tom bronzeado, uma nuance admirável e desejável. Seus longos cabelos negros desatados caíam por seus ombros, enquanto que os cabelos de suas tia, mãe e irmã estavam presos conforme determinava a moda. Mas Bellatrix era mais bela que qualquer uma delas.

Também Bellatrix, como Sirius, se interessou pela inocência do olhar do jovem escritor romântico. Também ela se espantou ao ver a pureza daquele rosto e daquelas mãos que pareciam moldadas para a pena. Não duvidava do talento do rapaz. E desejou ter aquele talento para si, como uma prenda, um capricho.

E também Remus viu-se fascinado pela beleza de Bellatrix como se fascinara por Sirius. E pensou que ela era digna das mais belas palavras, das mais belas histórias.

As cartas estavam na mesa. E só restava jogar.

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Envolvido como estava em seus pensamentos, Remus não percebeu aonde seus cambaleantes passos o levavam. Quem o visse agora, magro fantasma caminhando pelas docas, jamais adivinharia nele um jovem escritor cheio de sonhos e esperanças.

Esperanças desvanecidas com um beijo de Bellatrix.

Ele não podia fingir que não sentira seu mundo desabar, junto com todas as suas ilusões e fantasias, quando a língua luxuriosa de Bellatrix invadiu seus lábios, jogando-se contra a sua em uma batalha de prazer. Num só toque, Bellatrix lhe mostrou o real, o verdadeiro romance da vida, e Remus perguntou-se em que mundo estivera que não conhecia tais prazeres.

Bellatrix o deixava maluco com um olhar, com um beijo. Ele lhe jurou amor eterno, com a frivolidade de um homem, mas estava sendo sincero ao dizer que jamais a esqueceria. Movido pelo sentimento profundo que nutria por ela, começou a escrever como nunca, inspirado. Fazia os mais belos poemas e as mais belas histórias para ela, cuja vaidade aumentava consideravelmente ao ouvir o amante falar de princesas de longos cabelos negros.

Remus amava Bellatrix, e tudo seria perfeito.

Se não fosse Sirius.

Sirius, que, ao ver o rapaz cair nas garras da prima, sentiu algo estranho e feroz aflorar dentro de si. Que começou a provocar Remus. Que exibia seus sorrisos mais atraentes e arrumava qualquer desculpa para abraçá-lo, roçar as mãos de dedos longos em seu corpo. E tanto fez, que Remus começou a ficar confuso.

Por que sentia sua boca secar quando ele o olhava daquela maneira?

Por que sentia seu coração acelerar quando ele roçava sua pele na dele?

Por que sentia um doce arrepio tomar conta do corpo toda vez em que ele falava?

Foi nessa época que seus poemas sofreram uma mudança em questão de temas. A maioria falava de anjos andróginos de cabelos negros. A maioria falava sobre amor dividido.

Bellatrix lhe dizia que amava. Sirius lhe olhava daquela forma. Remus, o jovem inocente, sentia-se perdido no meio dos dois.

Até aquela noite em que os surpreendera traindo-lhe. Os dois.

Remus soltou uma praga para a noite. Eles tinham enredado-o em mentiras e falsidades. Para os dois Black, não passava de um caso interessante, um objeto de estudo, enquanto eles alimentavam seu caso sórdido pelas noites afora. Naquela época, Sirius e Remus tinham dezoito. Bellatrix, vinte.

Não percebeu que vultos seguiam-no pela rua.

Pensou em entrar em alguma taverna para se encher de vinho barato e de alguma prostituta magra e doente. Mas não. Queria continuar sua caminhada solitário. Queria alimentar em si ainda mais o ódio que nutria pelos herdeiros Black.

Queria se vingar por terem achado que ele era um idiota.

PAM!

Alguma coisa atingiu-o em cheio na nuca, fazendo-o despencar no chão.

Semi-consciente, sentindo tudo à sua volta se tornarem vagos borrões difusos, pôde perceber alguns homens vestidos de negro, sobre sua cabeça.

— É o Lupin? — disse um deles.

— É, sim. É bem como a mestra descreveu. Cabelos dourados, raquítico, um pouco aluado demais para perceber que estava sendo seguido.

— Mestra Black vai ficar satisfeita — disse outro, erguendo algo que Remus adivinhou ser uma pistola.

Fechou os olhos, amaldiçoando Sirius e Bellatrix Black com a força das pragas de um moribundo.

Um.

Dois disparos.

— E agora, como a gente se livra do corpo? — perguntou um dos homens, inseguro.

— Vamos fazer que nem disse a senhorita. Vamos levá-lo para Liverpool. Coloquem-no na carroça.

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Na noite seguinte, Remus Lupin foi abandonado como um saco de batatas num barco que saía de Liverpool para Rouen, na França.

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Respirou fundo. A dor era lancinante, aguda. A cada inspirar, as pontadas furavam seu peito. Não iria durar muito tempo.

Não.

Tinha que matá-los.

Não havia mais as letras e as histórias, não havia mais James, não havia mais o ideal romântico que ele acalentara por tanto tempo.

Mas havia a vingança.

Sirius Black mandara matá-lo. Bellatrix Black zombara de seu amor. Eles iriam receber a mão pesada de sua vingança. Nem que para isso tivesse que voltar do inferno.

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N.A.: Próximo capítulo, Rabastan Lestrange e sua primeira aparição.

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