N/A: Então, pessoas, eis o fluff de fim de fic prometido. Porque R/H merecem, não?


Epílogo – 8 anos depois

Não queremos repetir lições, mas achamos que sempre há espaço para o aprofundamento e os lembretes. Veja, os lembretes são especialmente importantes, uma vez que a memória dos homens é comprovadamente menor que a das mulheres para assuntos que não estejam relacionados a times de quadribol ou marcas de bebida. Portanto, não vemos problemas em apenas relembrar, neste epílogo (e por isso última coisa que a ser lida no livro; jamais a primeira nem a única, pois as outras páginas possuem muito mais dicas que isso, seu preguiçoso), um pouco do que lhe foi ensinado ao longo do tempo agradável em que estivemos juntos e que você irá utilizar no mundo confuso e assustador em que as bruxas vivem.

Saiba que você não é tão ruim quanto acha que é, pois ninguém nunca o será. Como seres humanos, fomos agraciados com a capacidade absurda de acharmos defeitos em nós mesmos e nos sentirmos piores do que realmente somos. Portanto, tenha confiança de que você a merece. Ora, depois de ler todo esse livro, se tiver de fato aprendido as lições, você merecerá qualquer mulher no mundo! (Esse, por sinal, foi um exemplo de como aumentar a confiança em si mesmo, preste atenção) E falando em atenção, se tem uma informação preciosa para bruxos é que as garotas adoram quando se sentem reconhecidas e acham que estão recebendo a devida atenção. Como fazer isso? Uma boa maneira é demonstrar que você a considera mais do que faz com uma varinha velha. Seja educado e haja com respeito. Se você a quer, pelo menos mostre isso com palavras suaves. Não deixe nunca a melhor oportunidade passar – e elas aparecerão quando menos se espera – e pelo amor de Merlin, não cometa a burrice de deixá-la sozinha. Ou seja, não se perca no meio do caminho e esqueça os ensinamentos aprendidos aqui, ou poderá perdê-la para sempre. Esteja sempre disposto a entendê-la. E quando dizemos isso, estamos mandando você ouvi-la. Realmente ouvir, entender o que ela fala, compreender o que ela queria dizer e responder com mais palavras do que "uh" e "uhum". Mas sem exagerar nem tentar ultrapassar seus limites – que sabemos não serem tão grandes -, pois a simplicidade e a humildade são essenciais na hora de conquistar uma garota. Elas adoram saber que são apreciadas, e não há melhor maneira de fazer isso do que se depreciar um pouco. Da maneira correta, é claro. Por isso, mantenha viva sua criatividade. Aproveite os momentos simples do dia-a-dia e trabalhe com eles para surpreendê-la sempre que puder. Tenha coragem de ousar um pouco.

E nunca se esqueça do conselho mais sábio e importante desse livro: seja sincero, com ela e consigo mesmo. Enganá-la uma vez pode botar tudo a perder. Não é preciso contar tudo a ela, é lógico; nenhum relacionamento sobrevive à sinceridade completa. Mas nunca invente para tentar impressioná-la ou conquistá-la. Só tornará tudo pior na hora de apresentar seu verdadeiro pai – que não é o ministro da magia –, ou na hora de contar que toda aquela fortuna que você herdou não vai poder pagar a festa do casamento.

Em segredo, mantenha pouca coisa. Como, por exemplo, esse livro. Sugerimos que modifique a capa para que ele possa se esconder inocentemente em sua estante (só não exagere. Ou acha que ela realmente vai acreditar que você lê poesia?).

No mais, esperamos profundamente que você tenha aproveitado a leitura. Talvez tenha sido seu primeiro livro. Talvez o último, pois agora você terá tantas garotas no seu pé que nem terá mais tempo para ler (confiança!). Em uma última mensagem, gostaríamos de dizer apenas uma coisa:

Não estrague tudo!

Hermione fechou o livro em seu colo e mordeu o lábio inferior, incerta. A sensação era sua velha conhecida, especialmente nos antigos tempos de Hogwarts. Sempre a experimentara após passar muito tempo tentando entender algo que, de uma hora para outra, encaixava-se e fazia sentido. Voltou a folhear o livro grosso, do qual havia lido apenas o final, e passou os olhos por mais alguns capítulos. Os conselhos lhe pareciam tanto infantis quanto óbvios; ingênuos e explícitos. Ela balançou a cabeça e riu.

O oitavo mês de gravidez impedia Hermione de ter muitas distrações além do que se sentar em casa, descansando as pernas inchadas e as costas doloridas no sofá confortável da pequena casa nos arredores de Londres. Até mesmo andar parecia um exercício pesado, então ela viu a oportunidade perfeita para colocar a leitura em dia. Passava as manhãs e tardes entretida nos livros que há muito não tinha tempo de ler. Podia citar qualquer estatística sobre centenas de anos de exploração de elfos domésticos e havia decorado boa parte das leis bruxas e trouxas, mas fazia tempo que não se entregava aos clássicos.

Havia relido seus preferidos de Shakespeare, descoberto peças desconhecidas de Oscar Wilde, lido os poemas mais obscuros de Goethe e os romances de Edgar Allan Poe que já não lembrava tão bem. Tinha achado vários escritores bruxos de qualidade e descoberto que vários escritores de qualidade eram bruxos. Havia acabado de reler "O Príncipe", livro que seu pai lhe presenteara quando ela contou, no ano anterior, que pretendia largar o Departamento de Controle de Criaturas Mágicas e seguir a carreira jurídica. Mal sabia ele que Machiavel fora, na verdade, um exímio alquimista e um famoso amigo de Nicholas Flamel.

Quando foi pegar mais um livro, seus olhos não se demoraram na estante antes de fazer a próxima escolha. Ótima, por sinal. A única vez que havia lido "O Corcunda de Notre Dame", de Victor Hugo, ainda estava na escola trouxa. Provavelmente havia deixado os detalhes mais ricos passarem batido. Ao abrir o livro e encontrar, logo na primeira página, as palavras "Doze maneiras seguras de encantar bruxas" em letras garrafais, a decepção só não foi maior porque o sentimento foi rapidamente substituído pela curiosidade e, por fim, a vontade incontrolável de rir.

Hermione virou a última página sem acreditar exatamente no que via, limpando os olhos molhados pelo riso descontrolado - este encorajado pelos hormônios à flor da pele. Na parte interior da contracapa havia uma pequena inscrição rabiscada, como uma dedicatória deslocada. A tinta fraca indicava que as palavras haviam sido escritas há muitos anos.

"Agora tire essa bunda gorda da cama e faça alguma coisa! Se ela foi capaz de te esperar por tantos anos é porque alguma coisa deve ter visto em você além do seu nariz enorme."

Não havia assinatura, mas ao terminar de ler, Hermione foi capaz de ouvir um eco de risadas e vozes idênticas – distante, mas nítido como costumava ser há quase uma década. A caligrafia não lhe pareceu estranha e aquele humor era ainda mais familiar. Achou o ano da edição do livro – a 23ª, por sinal, o que a fez temer pela capacidade dos bruxos -, que datava de oito anos atrás.

Hermione soltou um muxoxo leve. Atenção, educação, criatividade. Era como uma recapitulação de suas memórias mais antigas. Ela mirou a barriga enorme e sacudiu um pouco a cabeça, como quem admira um resultado inevitável.

- Ah, esse seu pai.

Como resposta divina, a porta da casa se abriu e os passos rápidos de Ron adentraram a sala, junto a sua voz animada e o barulho de sacolas plásticas. Desde que descobriram a gravidez, sua voz possuía aquele tom distraído. Quando Hermione tirou a licença maternidade e se recolheu em casa – Ron costumava dizer que foram preciso três ordens pessoais do ministro Shacklebolt e dois bruxos seguranças para que ela o fizesse -, ele passou a aparecer em casa todos os dias para o almoço, trazendo a comida pronta do pequeno restaurante trouxa que ficava na rua de baixo.

O Departamento de Aurores já não era tão movimentado quanto nos primeiros anos após a guerra, nos quais o próprio Ministro da Magia havia convidado Ron, junto a Harry e Neville, para integrar a mais nova turma de combatentes das artes das trevas. Oito anos passados, eles ocupavam a maior parte de seu tempo com a formação de novos aurores e muita papelada típica do Ministério, e Ron já não precisava mais exceder seu horário além do expediente. Tinha tempo de sobra para aparecer na Weasley's Wizarding Wheezes no fim da tarde, como fazia religiosamente desde que a morte de Fred havia se instalado como marcas profundas no rosto do irmão gêmeo e este havia voltado a gerenciar a loja de truques no Beco Diagonal. A ajuda de Ron havia sido essencial nos primeiros anos e ele continuava a visitar a loja todos os dias, ainda que ela já estivesse novamente a todo vapor e registrasse lucros ainda mais altos do que em seus anos iniciais, e só o que Ron pudesse fazer fosse tomar uma garrafa de cerveja amanteigada com o irmão e comentar os jogos de Quadribol da semana.

Como nos últimos meses, Ron chegara em casa com passos apressados. Sempre reclamava que ainda não era capaz de entender o dinheiro trouxa e achava que a mulher do caixa o estava roubando, ao mesmo tempo em que se abaixava e beijava a bochecha e a barriga de Hermione; então era a vez de ela sacudir a varinha e fazer os pratos voarem até a mesa e a comida se servir sozinha nas travessas, porque ele jamais aprendera a dominar os feitiços domésticos. Naquele dia não havia sido diferente, até o momento em que ele se inclinou para beijá-la e seus olhos pararam na capa do livro que ela havia fechado rapidamente ao ouvir o barulho da porta.

- E eu tenho certeza que ela devia ter me dado cinco daquelas moedinhas prateadas pesadas, mas ela me deu só três… - sua voz se deteve e então se acelerou a medida em que ele se levantou e perguntou, nervoso. – Ah, você está… lendo um novo livro?

- O corcunda de Notre Dame – ela respondeu, inocentemente, mostrando-lhe a capa. - Não o leio desde criança. Já leu?

- Er… sim. Algumas vezes – ele continuou, com a voz rápida e nitidamente nervosa. -Você já começou?

- Já estou terminando – ela falou, e passou a mão pela capa, como se admirasse uma missão perto do fim. - Por quê?

- E… esse livro estava na estante? – ele continuou, cruzando os braços, com a voz dividida entre o nervosismo e a confusão. Hermione precisou se segurar para não rir.

- Não, eu ganhei de uma amiga do trabalho na semana passada.

- Ah! Sim – seu rosto pareceu se iluminar ainda mais do que quando entrou em casa, e ele se dirigiu à mesa, parecendo mais confortável. - Tem certeza?

- Sim, Ron, lógico. Por quê?

- Anh, nada – ele se sentou e começou a se servir de purê de batata. - Achei que eu também tinha um.

- Hum – ela voltou a admirar a capa do livro, enquanto Ron ainda a olhava com o rosto preocupado. – É um nome bonito, não acha?

- Qual?

- Victor Hugo – ela falou, distraída. Ron pareceu finalmente deixar de lado o nervosismo e voltou a se animar, ainda mais do que antes.

- Ah! Então quer dizer que vai ser um menino?

Hermione sempre havia achado as disputas verbais pelo sexo do bebê tão estúpidas quanto corriqueiras, mas havia entendido por que todos os jovens pais o faziam no terceiro mês de gravidez, quando ela finalmente se atentou aos atrasos na menstruação e descobriu que estava grávida de seu primeiro filho. Ron culpou o excesso de trabalho pela distração. Ela disse que era besteira e que era melhor assim, pois então eles não demorariam a saber o sexo do bebê. Ron se mostrou confuso e perguntou como fariam aquilo e, quando ela contou sobre a tecnologia desenvolvida pelos trouxas, ele soltou um muxoxo duvidoso e disse que jamais a deixaria chegar perto de uma coisa daquelas. E adicionou que não havia problema, porque seria um menino.

Então começou. Era preciso que ela o lembrasse, sempre, da possibilidade de ser uma menina e sugerir nomes diversos, como Julia, Michelle ou Rose. Ron dizia Clark, Johnson, Amphilius, até o momento em que ela proclamou que jamais usaria nomes de jogadores de Quadribol.

Naquele dia ela havia deixado de lado a competição para dar uma sugestão sincera e real. Não só sempre achara o nome "Victor Hugo" bonito, como a sugestão de que um livro do autor tivesse ajudado o início de tudo – ou, ao menos, a capa dele – parecia uma espécie de homenagem pessoal e inconsciente, como um agradecimento tardio.

- Não, estou dizendo que pode ser um menino – ela corrigiu, sentando-se à mesa. - Eu sempre disse isso.

- Também sempre disse que podíamos chamá-lo de Rose.

- Ah, falando nisso, Victoria também é um nome lindo – ela disse, pensativa, enquanto se servia de legumes.

- Sim, se já não tivesse uma na família – Ron falou, e tomou um gole de suco de laranja. - Já não basta o Harry e sua mania de homenagear todas as figurinhas dos Sapos de Chocolate. Ginny disse que ele queria que James se chamasse Albus.

- Ok, mas e Victor Hugo? – ela continuou. O nome começava a parecer realmente interessante. - Não tem nenhum desses na sua família, ou tem?

- Você quer que eu cheque a família inteira? – ele respondeu, mordendo um pedaço de pão. – E acho que não. É marcado demais com outra pessoa. Também nunca gostei muito do nome Victor.

- Ah – Hermione exclamou, repentinamente, com lembranças búlgaras surgindo em sua mente, pela primeira vez. Nem ao menos havia se lembrado de Viktor Krum. Ela sorriu, e deu de ombros. – Não era você que queria um nome de jogador de Quadribol?

- Sim, mas um que preste – ele falou, com um tom conclusivo. Hermione continuou sorrindo enquanto comia com a velocidade anormal que havia adquirido durante a gravidez, quase tão rápida quanto a de Ron.

Deixaram o barulho dos talheres ágeis dominarem a sala por um tempo, cada um absorto em pensamentos. Hermione começava a pensar em uma maneira de conseguir uma cópia verdadeira de "O Corcunda de Notre Dame", que por alguma razão lhe parecia um livro ainda mais interessante agora.

Então Ron pediu que ela lhe passasse o sal e, quando ela o fez, murmurou um distinto e polido "Obrigado".

Foi quando Hermione percebeu que os hormônios da gravidez eram capazes de controlar o sarcasmo e a ironia tão bem quanto o choro e o riso pois, mesmo sem querer demonstrar a Ron que havia achado o livro, ela não se segurou e disse, inocentemente:

- Que bom ouvir isso. As garotas adoram quando se sentem reconhecidas e acham que estão recebendo a devida atenção.

Ron deixou os talheres caírem na mesa com um estrondo, e Hermione explodiu em risos altos, tampando a boca com a mão.

- Ah, eu sabia! – ele quase gritou, encarando-a com a testa franzida. Ela não agüentou olhar para seu rosto apavorado e sentiu que as risadas não lhe permitiam manter a expressão imóvel. – Como você achou?

Ela precisou respirar fundo algumas vezes antes de continuar a falar, enquanto secava as lágrimas dos olhos.

- Eu realmente queria ler Victor Hugo, não é culpa minha se você deixa seus livros de auto-ajuda espalhados por aí – ela disse, voltando a rir.

- Foi o único que eu… - Ron começou, de uma única vez, e suas orelhas ficaram incrivelmente coradas. – Eu ganhei esse livro, eu nem cheguei a terminar…

- Ora, Ronald, seja sincero! – ela conseguiu dizer, em meio a risadas. - É o conselho mais importante do livro, o que vão achar de você se souberem que você estragou tudo no final?

- Eu não acredito que você achou esse… - ele murmurou, olhando para o livro a alguns metros na mesa de centro da sala, tão inocente quanto um clássico da literatura francesa. – Maldita mudança, eu podia jurar que tinha jogado fora…

Hermione deixou de lado a comida – algo extremamente raro nos últimos meses – para se ocupar exclusivamente do ataque de risos que pareceu dominar cada músculo do seu corpo. Ron permaneceu ao seu lado, uma expressão de lamento pensativo no rosto, como se esperasse que o efeito passasse para dar sua declaração final. Então ele se virou, repentinamente, e tentou conjurar em sua voz firme toda a dignidade que parecia estar vendo desaparecer diante de seus próprios olhos.

- Harry também tem um! – disse ele, num tom acusatório.

Hermione precisou rir um pouco antes de falar novamente.

- Eu não me surpreendo nem um pouco, vocês dois estão perdidos – ela falou, tentando se recuperar com um pouco de água. – Fred e George também deram um a ele?

- Er… lógico – Ron respondeu, um pouco desconcertado.

- "Doze maneiras seguras de encantar bruxas" - ela murmurou, num suspiro. – Se me contassem, eu não acreditaria…

- Bem, funcionou, não foi? – Ron disse, um pouco irritado, com as orelhas ainda vermelhas.

- Mas não valeu – Hermione falou, voltando a se ocupar do almoço, os olhos ainda molhados de riso. – Eu já estava apaixonada por você.

Foi a vez de Ron rir, um riso quase tímido, e ter suas bochechas cobertas por um tom mais fraco do mesmo vermelho que brilhava em suas orelhas.

- Você devia ter falado antes, assim me pouparia a vergonha – ele disse.

- Ron, eu tentei, mas se você não conseguia entender era porque realmente precisava do livro – ela falou, terminando com um longo gole de suco. O outro murmurou qualquer coisa que mais pareceu um resmungo.

Terminaram de comer em silêncio, Ron pensativo e Hermione focando suas forças em não voltar a rir na frente dele – visitaria Ginny, mais tarde, para continuar a fazê-lo.

- Fale o que quiser – ele recomeçou, enquanto trazia para a mesa o pudim de chocolate que sua mãe havia trazido em uma de suas visitas semanais. – Mas foi o livro mais útil que eu já li na minha vida.

Hermione não impediu que um sorriso tímido se formasse em seu rosto, mais melancólico e amável do que normalmente faria frente a uma afirmação daquelas (ela sempre fora da opinião de que o gênero auto-ajuda não poderia ser considerado literatura).

- É mesmo uma surpresa ver justo você confiar assim em um livro – ela disse, virando-se para o encarar com um sorriso. Ele ergueu a testa e aquiesceu em silêncio, e ela se inclinou para beijá-lo. – Mas se você tivesse começado com "Hogwarts, uma história", talvez nem fosse precisar dele.

Hermione riu quando Ron abriu a boca, indignado, mas ela foi mais rápida em encontrar seus lábios com um beijo doce e suave, interrompido por risos e olhares que ela ainda considerava bobos e infantis, mas imprescindíveis. Como acontecia sempre nos últimos meses, terminaram o almoço abocanhando grandes quantidades dos doces que a Sra. Weasley lhes trazia, sabendo que a gravidez fizera Hermione ter freqüentes desejos por chocolate, e que Ron sempre os tivera com ainda mais freqüência.

Aquele era um dos melhores dias. Não eram raras as vezes em que a conversa, a comida ou os hormônios de Hermione faziam explodir brigas que se prolongavam até a noite, quando Ron voltava tarde da loja de George para a encontrar sentada no sofá da sala escondida atrás de um livro, irredutível, até Ron murmurar desculpas ou qualquer outra coisa em seu ouvido e ela finalmente se render às sensações que ansiava e esperava durante a tarde solitária.

E ela agora entendia onde ele havia aprendido a se utilizar de pedidos de desculpa tão eficientes e com resultados tão proveitosos. Fez uma nota mental para ser mais dura na próxima vez, mas já de antemão soube que de nada adiantaria. É, Hermione precisaria se retratar perante o gênero de auto-ajuda e parabenizar os escritores de "Doze maneiras seguras de encantar bruxas". Fizeram um bom trabalho, afinal.

Após o terceiro pedaço de pudim, ela voltou a falar, subitamente, lembrando-se da conversa iniciada alguns minutos atrás.

- Sabe, eu estava falando sério sobre o nome – ela disse, com naturalidade. Ron abriu a boca para falar algo em meio a uma garfada de pudim, mas, talvez fosse o olhar repressor de Hermione ou a lembrança de algum capítulo do livro, apenas sacudiu a cabeça positivamente e engoliu todo o chocolate antes de voltar a falar.

- Por mais que Harry discorde, eu acho que aprendi mais com esse livro do que com Albus Dumbledore – Ron completou, um pouco pensativo, abrindo uma expressão que parecia pedir perdão a alguma força invisível.

Hermione se movimentou na cadeira, com um sorriso animado no rosto, mas Ron apontou a colher seriamente a ela e se adiantou:

– Mas nada de Victor.

Ela suspirou, derrotada.

- Mas aí fica só Hugo – ela continuou, distraída. Pensou por um momento, lambendo uma colher bem servida de chocolate, então sacudiu a cabeça, espantando os pensamentos. – Ah, deixa pra lá. Vai ser uma menina mesmo.

Hermione foi rápida em terminar a sobremesa com um beijo, antes que a sala fosse tomada pelos protestos de Ron.

Fim


Nota da autora lufante: Então, gente, espero profundamente que vocês tenham gostado. E só queria dizer que foi delicioso escrever essa fic não só porque eu pude recriar um dos casais que eu mais amo, mas também por causa da resposta linda que eu recebi nas reviews e comentários de vocês. Sério mesmo, quem de vocês escreve sabe como é gostoso receber comentários positivos. Eu lufei, saltitei e sorri horrores com vocês. E muito obrigada por isso!
Um beijão para todos.