solta fogos de aritifício

Finalmente o ultimo capítulo (emocionada) Esse dai foi mais facil de escrever do que eu pensei que seria quando tomei vergonha na cara e sentei na frente do computador para começar a escrever. Eu como sempre, não achei grandes coisas não, mas se o Mario Quintana diz que todo bom poeta nunca fica satisfeito com suas poesias isso tbm deve servir para escritoras de fanfic, especialmente pq ele é phoda 0w0. Fanfic escrita todinha enquanto eu assistia Loveless (dowloda, escreve, assiste, dowloda, escreve, assiste, dowloda, escreve, assiste...) Se o resultado disso é bom ou ruim vocês e que decidem.


Era uma sala muito grande e mal iluminada. Em todos os cantos havia monitores, a maioria ligados passando todo tipo de noticiário, câmeras de vigilância, canais normais de TV, sites da internet, arquivos extensos, informações complexas, entre outras coisas. As mesas do cômodo estavam todas abarrotadas de papeis, mapas, documentos... Suas paredes de ferro frio tinham algumas poucas janelas, todas fechadas, por motivos de segurança. Três pessoas de semblantes sérios e vestidos formalmente trabalhavam nervosamente no grande cômodo, teclando rapidamente em computadores, verificando informações, relendo documentos, pesquisando provas e andando de um lado para o outro em passos rápidos. Apenas um dos que estava no cômodo, um quarto membro, se encontrava na mais completa calma.

No canto mais mal iluminado do cômodo, cercado por grandes monitores que passavam diferentes programas ao mesmo tempo formando uma atmosfera caótica e alienante, estava um jovem deitado no chão, brincando com alguns bonecos de plástico em uma grande cidade feita de peças de Lego. Aquela criatura tinha uma palidez anormal e junto com suas roupas brancas, esta palidez se tornava quase doentia. Ele parecia indiferente ao barulho demodo, teclando rapidamente em computadores, verificando informaços, relendo invivos de segurança. todas aquelas TVs ligadas, nem mesmo as suas luzes confusas e faiscantes, ele apenas brincava com seus bonecos como se nada mais houvesse naquele lugar ou naquele mundo.

Depois de um longo tempo naquela brincadeira infantil, o jovem ergue a cabeça e observa por uns momentos os vários monitores. Depois de alguns estantes observando-os algo chama sua atenção em um dos monitores que mostrava uma câmera de segurança do exterior do prédio onde ele se encontrava, algo que passaria despercebido pela maioria das pessoas e que, na verdade, não tinha importância para essa maioria. Vagarosamente ele se levantou e com passos arrastados foi até a janela mais próxima, ao chegar nela, abriu a persiana. Seus olhos de fecharam involuntariamente ao contato com a luz, fez sombra com a mão para poder enxergar melhor ate que seus olhos se acostumaram com a luz. Na verdade não estava muito claro lá fora, ele podia ver pelo céu alaranjado que a tarde estava terminando, mas logo ao olhar este céu ele pôde ver que o que vira na câmera de segurança não fora nenhum mau funcionamento da mesma ou uma peça pregada por seus olhos cansados pelas luzes artificiais. Lá fora começavam a cair os primeiros flocos de neve, que são sempre os mais brancos de todos. Ele observava atentamente aqueles flocos brancos caindo enquanto sua mente ia ficando mais e mais distante. Como que por extinto, ele enfiou uma das mãos em suas roupas. Procurou, procurou, mas não estava lá. Onde será que ele havia colocado? Ele nunca a tirava de lá justamente para que estivesse próxima de suas mãos sempre que desejasse. Com uma pequena vasculhada na memória conseguiu se lembrar onde estava. Ele a tinha devolvido, dias atrás o dono havia batido em sua porta com uma refém nos braços e uma arma na mão apenas para tê-la de volta.

Continuou um tempo passando mentalmente o que acontecera aquele dia. De certo modo aquilo não se diferenciava muito de seus encontros do passado, onde aquela pessoa aparecia sempre em estrondos, a única diferença fora a intensidade. A fúria e ódio faiscando nos seus olhos, as palavras jorrando de sua boca do mesmo modo que uma cobra jorra seu veneno, com mesma intenção assassina, sua mão tremendo com os próprios esforços para não puxar o gatilho da arma. A tensão daquele momento conseguia fazer alguém perder o fôlego, mas não era isso que ele estava procurando ao vasculhas as próprias memórias, o que ele estava procurando era um pequeno relance do rosto daquele que o visitara. Não se surpreendeu ao perceber que não havia direcionado seu olhar a ele, este era um costume seu dês dos tempos de criança, assim voltou ainda mais no tempo, voltou para os dias no orfanato. Com surpresa, percebeu que as lembranças daqueles dias estavam começando a ficarem gastas. Ele percebia alguns vazios entre um evento e outro e alguns daqueles rostos estavam começando a ficarem embaçados, provavelmente pelo excesso de informações que ele fora submetido dês de que começara a investigar o caso Kira.

- Near. – Chamou a voz de uma mulher de boa postura e cabelos longos e loiros que aparecera em seu lado. – Eu terminei o resumo que o senhor me pediu. – Ela ergueu uma grossa pasta cheia de folhas de texto que estava em sua mão.

- Oh... Muito obrigada Hal... – Respondeu Near de modo desinteressado.

Ele lançou um ultimo olhar à neve branca que caia do outro lado da janela e puxou a persiana novamente, cobrindo a janela.

Por longas horas ele ficou lendo e examinando os textos feitos por Hal, estavam bem escritos e com todos os detalhes, como Near pedira, então ficara um bom tempo raciocinado sobre o caso. Nos últimos anos ele raramente saia desse seu estado de raciocínio, aquele caso tomara quase todo o seu tempo e raramente ele se via pensando em outra coisa que não fosse Kira e seu dever de merecer seu cargo como sucessor de L. Quando ele finalmente largou as folhas que estava lendo, olhou em volta. Viu que o único que ainda permanecia acordado era Gevanni, que havia desligado a maioria dos monitores, deixando apenas duas televisões ligadas em canais de noticias, um computador com um arquivo aberto e as câmeras de vigilância que ele olhava atentamente enquanto bebia um copo de café. Near raramente saia daquela sala, mesmo assim os outros três se revezavam todas as noites ficando sempre um deles com Near o auxiliando eventualmente e observando as câmeras. Near se levantou de sua cadeira e andou ate ficar atrás de Gevanni, lançou o olhar para as câmeras de vigilância. Não havia nada de anormal como sempre, nem mesmo pessoas andando na rua, já era tarde da noite, Near pegou a xícara de café que estava na mesa sem ao menos pedir permissão e tomou um gole, estava forte e com pouco açúcar.

- Esta tarde... – Disse Near. – Se o senhor Gevanni quiser ir dormir sinta-se livre para isso.

Gevanni olhou para o rosto sem expressão de Near que continuava a observar os monitores com as monótonas imagens das câmeras de segurança. Ele pensou um pouco na proposta, já havia passado à noite anterior em claro verificando padrões nas atuais vitimas de Kira e por isso estava com muito sono. Como já haviam deixado Near sozinho na sala de operações outras vezes e nada acontecera ele decidiu ir dormir, aliais, todos continuavam no prédio se ele precisasse de alguma ajuda. Assim, ele se despediu formalmente deixando Near sozinho na sala fria e mal iluminada.

Por um tempo ele ficou apenas olhando os monitores que mostravam as câmeras de segurança. Ele podia ver que a neve ainda caia e a esse ponto já deveria ter coberto as ruas de branco. Seus pensamentos prosseguiam mais vagarosamente que o normal, ele olhou aquela rua coberta de neve com esta sem parar de cair na sua maneira suave e desejou estar lá. Ele não podia sair do prédio, já que a localização deste era conhecida pela policia japonesa e de acordo com suas hipóteses, Kira era um de seus membros. Arriscar sua vida e o conhecimento de sua identidade estava totalmente fora de questão a aquele ponto do jogo, sem contar que ele mesmo não estava acostumado ao exterior. Analisou bem a situação, havia vários motivos para ele não sair dali, alem do mas, ele não devia perder tempo que ele poderia estar usando para a investigação. Depois de um bom tempo enquanto remoia esses pensamentos ele finalmente saiu da frente dos monitores foi para um canto da sala onde havia um armário seu e depois de remover da frente pilhas e mais pilhas de brinquedos que estavam dentro deste, ele pegou umas vestes de inverno e as vestiu. As possibilidades de uma investida de Kira naquela noite eram mínimas, sem contar que mesmo se Near desse o azar dele o encontrar justamente nessa única noite em que ele saíra de casa e ainda identificá-lo, este não deveria tomar uma ação imediata, já que como Near, ele costumava pensar muito antes de tomar uma decisão.

Ao acabar de se arrumar Near voltou aos monitores com as câmeras e apertando alguns botões desligou todas elas. Se fosse fazer aquilo ele o faria direito, não deixaria nem que seus subordinados tomassem conhecimento de sua saída. Saiu da sala, passou por vários corredores e salas de identificação antes de poder descer o elevador que levava ate o andar térreo. Chegando lá ele olhou o hall quase vazio e as paredes de vidro blindado que cobriam o lado oposto da sala, de lá ele já podia ver a neve caindo. Andou até o vidro e se debruçou nele, olhando para a cobertura gelada que tingia as ruas de branco, ele ficou um momento apreciando os flocos dançando ao vento gelado, podia ficar a noite toda olhando aquilo, mas ele queria sentir aquela neve mais uma vez. Andou até as portas de vidro, as abriu e deu uns paços para fora da porta, afundando seus pés na neve que cobria a calçada. Ele olhou para os seus pés afundados na neve gelada e lentamente foi erguendo a cabeça ate olhar para o céu escuro sobre ele. Fazia muito tempo dês da ultima vez que ele havia parado para olhar as coisas em volta, talvez anos, mas tinha alguma coisa estranha naquele céu. Ele não sabia se era o fato das suas ultimas lembranças de dias de inverno serem antigas ou se era a noite escura iluminada pelos poucos postes inclinados sobre a rua com suas luzes amareladas, mas ele sentia que ele era diferente do céu que ele se lembrava em seus dias no Lar Wammy. Aquela neve também tinha algo de acinzentado e pesado, talvez fosse algo da cidade, mas ele não conseguia deixar de se lembrar de bons tempos ao sentir a neve gelada cair em seu rosto, se confundindo entre seus cabelos brancos.

O tempo passava enquanto Near permanecia parado naquela calçada mergulhado em lembranças de tempos bons. Ele não mexia nem um dedo, não dava nem um passo, tinha mergulhado tão fundo naquelas lembranças que não se dava conta do mundo em volta. Na verdade, ele nunca se importara muito com esse mundo, apenas jogava seguindo suas regras e nada mais, fora isso sempre preferiu seus próprios pensamentos. Lembrou-se das vezes que se arriscara fora de seus pensamentos, das vezes que se arriscou naquele mundo estranho e confuso onde tudo era estranhamente quente que ele teve que deixar de visitar por ser contra as regras. Sim, aquela coisa quente que ele sentira certa vez dentro de si era contra as regras daquele lugar e como ele sempre fora um bom jogador ele a deixou para traz junto com todos os invernos que passaram sem serem percebidos nos últimos anos. Só que aquele dia ele não conseguiu fugir da neve, como ele deveria fazer, ele sempre soube que um dia isso iria acontecer, só que algo estava errado. Ele sentia algo, uma pequena coisa perambulando nos cantos de sua mente, uma pequena esperança totalmente irracional de que... de que como das outras vezes, ele viria. Aquela irracional, inquietante e frágil esperança que ele viria assim como viera nos outros dias de neve. Uma esperança tão boba e sem fundamentos que nem ela acreditava em si mesma.

Near finalmente se moveu, abaixou a cabeça e se sentou no chão frio, olhado para a neve acinzentada em seus pés. Tentou expulsar aquela expectativa desacreditada de sua mente, mas mesmo sendo quase insignificante, era insistente e ele não estava acostumado a lidar com essas coisas. Ele tentava afastar aquela incomoda presença enquanto o tempo passava e enquanto ele passava, a esperancinha ficava mais desacreditada e consequentemente, doía mais. Ele já estava se irritando com aquela pequena intrusa e com os barulhos de carro ao longe que não paravam mesmo tarde da noite e com a neve em seus pés que insistia em ser acinzentada e com aqueles... Ele ouvia o som de passos. O som de passos na neve vindo em sua direção, ele imaginou quem seria para estar andando naquele lugar a aquela hora. Logo ele retomou a calma e esperou aqueles paços se aproximarem. Assim eles fizeram e pararam bem atrás dele. Naquela situação só podia ser uma pessoa.

- O que esta fazendo aqui a essa hora Near? – Perguntou uma voz conhecida com um tom de deboche.

- Creio que o mesmo que você Mello. – Respondeu sem nenhuma emoção, como sempre.

Atrás dele o jovem de cabelos loiros e roupas pretas o fitava com profundo rancor. Aquela resposta esnobe querendo mostrar que ele sabia o porquê de Mello estar ali fez seu sangue entrar em ebulição, se bem que nem mesmo Mello sabia exatamente o porquê dele estar ali. Ele apenas estava observando a neve cair pela janela e quando percebeu já estava em cima da moto indo em direção do prédio do SPK, um daqueles típicos momentos onde ele amaldiçoava seus próprios impulsos irracionais.

Vagarosamente Near cedeu à curiosidade e levantou, virando-se para olhar Mello. Três anos haviam se passado dês de a ultima vez que olhara aquele rosto e como esperado, ele havia mudado. A primeira coisa que lhe chamou a atenção foi a enorme queimadura no lado direito do rosto, sua expressão também parecia mais seca que antes, ele havia crescido bastante, como esperado, mas seus olhos continuavam com o mesmo ódio homicida de antes, talvez um ódio ainda maior. Mello também examinou Near, pois em seu ultimo encontro não pode vê-lo direito já que este se encontrava sentado entre seus brinquedos e como sempre não se dera o trabalho de olhar para Mello enquanto falava com ele. Só que no caso de Near este não havia mudado muito, Mello pode perceber que por baixo de seu agasalho ele usava ate as mesmas roupas, a única diferença é que este também crescera nesses anos e seus olhos agora pareciam ainda mais vazios, nem pareciam olhos humanos.

Por um tempo eles apenas se olharam, quase que imóveis, com os barulhos da cidade ao longe e o vento gelado a soprar indiferente. Vendo a imobilidade do momento, Mello franziu a testa, soltou um breve resmungo e se virou indo na direção de onde viera. Near o observou dando seus primeiros paços.

- Onde está indo?

- Se for para ficar só olhando para a sua cara prefiro voltar. – Respondeu Mello irritado.

Near deu uns paços em sua direção, mas parou logo. Realmente não havia nenhum motivo para eles ficarem ali, o certo mesmo era justamente os dois voltarem para sua corrida já declarada. Ele ficou um tempo olhando Mello se afastar, estava indo em direção de sua moto que se encontrava no final da rua. Near viu que era melhor ele voltar pra o seu lugar também, foi em direção da porta de vidro, digitou a senha de segurança e entrou. Foi em direção do elevador, mas ao invés de apertar o botão ele apoiou o braço na porta de metal frio e deitou a testa neste braço. Ele respirou fundo, se lembrou da foto que havia devolvido a Mello, imaginou o que ele teria feito com ela, Near deveria ter perguntado, mas agora não adiantava ficar pensando nisso, não o encontraria novamente tão cedo. Ele fechou os olhos e mentalizou aquele rosto, agora que não tinha mais nenhuma foto, tinha que ter certeza de que não se esqueceria daquele rosto, já que suas memórias estavam começando a ficarem embaçadas. Ficou um tempo arquivando os detalhes em sua mente até que decidiu finalmente apertar o botão. O elevador estava alguns andares acima então Near o esperou. Ele olhava os números em vermelho decrescendo na tela negra em cima da porta do elevador até que para sua surpresa ouviu um barulho atrás dele. Ele se virou e viu a figura de Mello debruçado no outro lado da porta de vidro o olhando através dela com aqueles olhos verdes faiscando de ódio e os dentes serrados. Ao ver que Near o notara ele esmurrou a porta de vidro com ainda mais força.

Inicialmente Near apenas olhou para Mello do outro lado do vidro. O que ele estava fazendo ali? Não havia dito que estava voltando? Near devia estar desacostumado com as surpresas tão costumeiras de Mello, por isso continuou parado. Quando a porta do elevador se abriu atrás de Near, Mello esmurrou o vidro novamente e gritou algo que ele não pode ouvir por causa das paredes, mas ao ver a fúria crescente do jovem atrás do vidro foi em sua direção e abriu a porta. Mello estava ofegante de tanto bater naquela maldita porta e se não fosse esse cansaço ele provavelmente teria batido também em Near ao vê-lo abrir a porta enquanto enrolava os cabelos com o dedo e o mirava sem nenhuma expressão no rosto.

- Por acaso você ia me deixar ir embora assim? – Disse Mello ainda com os olhos faiscando.

- ... Eu devia ir atrás de você? – Respondeu Near. Ele estava confuso com aquilo, não estava acostumado com essas coisas.

- Não! Quer dizer... era... só que... ARG!!! – Mello berrou, estava com o rosto vermelho. Tentou descobrir o que tinha dado na sua cabeça para ter voltado, mas não obteve resposta, apenas se virou raivosamente e foi em direção de sua moto, que agora estava em frente ao prédio, andou em passos pesados até ver que Near o seguia.

- O que foi?! – Perguntou Mello se virando novamente. – Agora deu de me seguir?

- Primeiro Mello diz que vai embora, mas depois ele volta, então fala que era para eu segui-lo e vai embora de novo, então eu o sigo e o Mello briga comigo. – Disse Near enquanto enrolava os cabelos. – Esta me deixando confuso.

As mãos de Mello tremiam de raiva com o jeito que aquele garoto falava, era incrível como ele sempre o fazia perder o controle de tudo. Mello olhou para o céu e respirou fundo tentando retomar a calma para não acabar fazendo alguma besteira. Ao soltar o ar lentamente, ele abriu os olhos e viu aquele céu denso e negro, com aqueles pequenos flocos de neve caindo, ele os sentiu caindo em sua face. Dizem que não há um floco de neve exatamente igual a outro, mas todos são tão frágeis, tão pequenos, tão insignificantes em meio ao inverno branco que ao tocarem sua pele apenas derretiam, sumindo como se nunca tivessem existido e deixando apenas aquela lembrança de como ele era branco, de como ele era puro, mas aquela sensação gelada em sua pele continuava, como uma pequena lembrança que de tão pequena, ninguém se daria o trabalho de se lembrar. Aquelas lembranças de momentos tão belos que se foram a muito tempo, mas que sempre deixam aquele calor que permanece lá mesmo quando a nos esquecemos dela.

Mello agora olhava para o céu como se não houvesse nada mais importante nesse mundo. Near fazia o mesmo. Os dois permaneceram assim por minutos que se arrastavam ate que ao mesmo tempo eles abaixaram as cabeças e novamente olharam um para o outro. Near via que a raiva ainda se fazia presente nos olhos de Mello, mas ele não se importava, aqueles olhos sempre foram assim. Ele ergueu a mão direita e com ela afastou os cabelos loiros de Mello de seu rosto, Mello nada fez. Com isso ele pousou a mão em seu rosto, acariciando lentamente a grande cicatriz causada pelos seus próprios atos radicais. Near tateava aquela cicatriz suavemente com uma curiosidade quase que carinhosa. Mello permanecia apenas a fitar aqueles olhos negros sem nenhuma reação. Como que por extinto, Near se aproximou lentamente, levando aquele rosto para si com aquela mesma mão. Se as suposições de Near estivessem certas, Mello deveria ter um de seus ataques de raiva, mas acontece que se tratava justamente de Mello, e por sorte, Near estava errado, pois naquele momento Mello apenas fechou os olhos.

Seus lábios se encontraram em um beijo gelado. Mello o envolveu em seus braços, fazendo com que os dois ficassem ainda mais próximos e o apertando contra si como se tentasse impedi-lo de fugir. Aquele beijo era macio, suave, quente e gelado ao mesmo tempo e também confuso, como todos aqueles sonhos acordados que eles tinham juntos. Ele se prolongou por um longo tempo, eles não precisavam respirar, o ar não servia de nada já que o outro estava ali e aquilo era tudo que eles precisavam.

Quando eles finalmente romperam o beijo, Near segurou a camisa de Mello com força usando as duas mãos e apoiou a cabeça em seu peito. Mello apenas continuou a abraçá-lo, olhando agora para o céu acima dele, como se não houvesse nada mais importante no mundo. E realmente não havia.

- ... Mello... Me leva para algum lugar...

Mello apenas abaixou a cabeça, olhando para aqueles cabelos tão brancos, mais brancos que a neve daquela cidade, sem dizer nada.

- Por favor... Vamos para algum lugar. Qualquer lugar que seja bem longe daqui...

- ... Near...

Mello o apertou contra si mesmo com força e depois o largou, segurando agora sua mão e o arrastando em direção de sua moto. Subiu nela sem largar a mão de Near e olhou para ele. Near apertou a mão de Mello com força e subiu atrás dele, envolvendo seu abdômen com os braços e apertando com força. Mello ligou a moto e pôs-se a andar. Correu o mais rápido que podia, sentindo aquele vento cortante e gelado em seu corpo e aquelas luzes da cidade passando por eles como borrões cor de néon. Nenhum deles sabia exatamente para onde estavam indo, nem como chegariam lá, apenas estavam correndo para o lugar mais longe que poderiam alcançar.

Ainda se segurando em Mello com toda sua força e se protegendo do vento atrás dele, Near sabia que se fossem pegos, ele seria punido, também sabia que tudo aquilo estava absurdamente errado, especialmente para alguém como ele, que nesse jogo da vida, sempre fora um bom jogador, também sabia muito bem que uma hora aquela noite acabaria, assim como as luzes acendem, assim como o inverno acaba, assim como a neve derrete... Só que naquele momento, tudo parecia incrivelmente pequeno e incrivelmente distante.

Tudo, menos aquela dor... Aquela dor que apertava seu peito tão cruelmente.

Aquela dor que o atormentava dês do momento em que eles começaram a correr e que surgira de repente.

Aquela dor o fazia apertar o abdômen de Mello mais e mais forte e desejar que aquela noite nunca acabace.

E ele desejava aquilo tanto, mas tanto que chegava a ser um desejo quase que infantil...

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...Acontece que ele tinha certeza de que aquele seria o seu ultimo dia de neve...


E aqui minhas amigas, termina essa minha primeira fanfic que eu com tanto esforço e carinho :3

O final ficou meio tristinho e talves ate mesmo confuso, mas eu não resisti a tentação de botar o titulo da fic bem no finalzinho dela.

Agradeço de coração todas as pessoas que aguentaram ler toda essa historinha que não esta nada pequena e especialmente todos os comentários com criticas e elogios que me fizeram continuar com essa historianha que surgiu da minha cabeça.

Muitos beijos para tdos vocês o3o