Nota da autora sem consideração que mereceria ser açoitada: Me descuuuuuuuuuulpem por ter demorado tanto. Nenhuma desculpa justifica. Enfim, aí está o último dos três acordes, espero que curtam, eu amei, amei escrever XD

Nota necessária: esta fic tem duas músicas (e essas têm letrasXD). A primeira, que não é minha, se chama Leave out all the rest, Linkin Park e a segunda, é October, Evanescence, que não é minha tbm

Disclaimer e avisos necessários: Ninguém aí embaixo me pertence, com exceção do Danton, por quem eu tenho um carinho enorme!

Nesta fic haverá cenas fortes de rapazinhos juntos. Não, eles não estarão jogando Quadribol, eles se encontrarão em situações um tanto quanto mais... íntimas, vulgo "lemon".

Não gosta, fecha a janelinha ;)


Os Segundos

Harry acordou com suaves batidas na janela ao lado de sua cama, e girou lentamente, abrindo os olhos com preguiça. Quase nove horas da manhã de uma segunda feira, e ele dormindo. Franziu o rosto, contrariado, quando ouviu o som do piano vindo da sala. Mania irritante que Draco tinha de não o acordar pela manhã. Na verdade, a desculpa que o Sonserino usava era ainda mais irritante, e por isso, o moreno havia cessado de pedir para ele o acordasse.

Levantou da cama e abriu a janela para Hedwig, que deixou uma carta pesada cair em seu colo, antes de esvoaçar um pouco pelo quarto e ir para fora novamente, indo dormir em seu lugar, no jardim do chalé. Harry encarou a carta e reconheceu a letra de Hermione, sorrindo em antecipação pelas notícias.

Deixou a carta sobre a cama, enquanto ia até o banheiro, e então a pegou de novo enquanto fazia seu caminho até a sala, ainda vestindo apenas a calça do pijama. Parou à porta do cômodo e admirou a habilidade e a concentração do outro ao piano. Ficou ali por um momento, apenas olhando para o loiro, não querendo perturbá-lo, até que este parou de tocar e virou-se para ele, com um sorriso cínico.

- Eu sabia que você estava aí, não precisa ficar com essa cara de bobo.

- Eu não estou com cara de bobo! – ele protestou, indignado.

- Está, sim. – retorquiu o primeiro, indo em direção ao moreno, - E o que, exatamente, você ainda faz de pijama? Eu estava esperando que você acordasse para podermos ir tomar café-da-manhã, sabia? - ele se inclinou e puxou o moreno para um beijo rápido e carinhoso, que o rapaz respondeu, contente.

- Se estava com fome, deveria ter me acordado. – O moreno disse, calmamente, sentando-se no sofá e espreguiçando-se.

- Eu não consigo. – declarou o loiro, sorrindo maliciosamente, - Você parece uma criança dormindo. Qualquer dia desses, eu vou comprar um ursinho de pelúcia cor-de-rosa (1) e colocar com você. – ele riu da expressão indignada do outro, - Anda, Harry. Vai se vestir, eu estou com fome.

O primeiro o olhou, tentando fingir irritação e foi para o quarto, embora não conseguisse deixar de sorrir um pouco. Sabia que Draco passava muito tempo de manhã cedo o olhando enquanto ele dormia, e aquilo o enternecia. Vestiu-se rapidamente e saiu do quarto, encontrando Draco a sua espera, já na porta de saída. Seguiram juntos para o café do hotel e foram recebidos com o sorriso caloroso de Phillipe Danton. Enquanto se acomodavam em sua mesa habitual e cumprimentavam - ou, ao menos, Harry cumprimentava, Draco lançava olhares e acenos de cabeça - as demais pessoas no café, Harry sorriu consigo mesmo. Era realmente encontrar a paz. O fato de que os dois eram homens, de que eles tinham um passado terrível em comum, simplesmente não era considerado em sua pequena vila. Eram cidadãos comuns, o pianista e o pesquisador, que moravam no chalé a uma quadra da praça central, e não Harry Potter, o Herói e Draco Malfoy, o Pária, que estavam ali. Era reconfortante. O rapaz realmente não conseguia lembrar qualquer outro momento de sua vida em que se sentira tão leve, tão bem, tão feliz. Apesar de que tudo tinha seu preço. Aquele era um lugar só deles, um refúgio, quase um esconderijo, onde existiam apenas eles dois, mais nada. No entanto, Harry sabia que iriam ter que enfrentar o mundo, cedo ou tarde. Eles não poderiam fugir de suas vidas para sempre. Mas, por enquanto, ele estava realmente feliz.

Seguiram a sua rotina habitual. Café da manhã, uma parada ao balcão para conversar com Danton, que parecia ter decidido adotar os rapazes, uma vez que se preocupava com cada aspecto da vida deles, chegando ao extremo de incluir coisas como legumes às refeições de Harry, ou declarar que Draco deveria beber menos café e simplesmente se recusar a vender tal bebida para o rapaz durante mais de uma semana.

Quando chegaram de volta à sua casa, Harry sentou-se na escrivaninha que havia agora na sala, para continuar com suas pesquisas, enquanto Draco sentava-se ao piano para estudar. Outro hábito que haviam adquirido ao longo daqueles quatro meses. Trabalhavam juntos, estudavam juntos, e, diferente do que julgavam que poderia acontecer, não se sentiam sufocados ou nada do gênero. Sentiam-se bem na companhia um do outro. Segurança e estabilidade, uma sincronia de movimentos e ações, o respeito confortável pelo espaço do outro. Haviam encontrado um no outro exatamente o que sempre haviam buscado.

O moreno tirou a carta do bolso e começou a lê-la, sorrindo. Hermione escrevia a cada dois ou três dias, Ron uma vez por semana, Ginny também sempre dava notícias, assim como Lupin, e eram, na verdade, as únicas correspondências que recebiam. Nada de diferente naquela carta, a não ser pelo tom, já um pouco alarmado, de sua amiga. A garota estava preocupada com o "desaparecimento" de Harry do mundo. A única que sabia do verdadeiro propósito de sua viagem era Ginny, e nem mesmo ela sabia que tudo havia saído muito melhor do que o planejado. Harry os avisara de que estava bem, estava viajando ainda, estava feliz e era apenas isso. Nenhum deles sabia que ele estava há quatro meses no mesmo lugar, nem que estava morando com Draco Malfoy, nem que ele estava amando cada segundo disso tudo.

Não que ele não quisesse contar, ele realmente queria. Para alguém que desde os onze anos de idade enfrentava os mais diferentes boatos sobre sua vida pessoal, não faria diferença alguma se houvesse um pouco de fofoca sobre quem era seu companheiro de vida. Além do mais, tinha certeza de que seus amigos os apoiariam. Draco, no entanto, tinha uma opinião completamente diferente. Era a única questão em que discordavam. O loiro tinha certeza de que, se qualquer pessoa de suas antigas relações soubesse de seu envolvimento, não demorariam a tentar separar os dois. Harry achava a insegurança do loiro realmente tocante, para não dizer "fofa", mas o compreendia completamente. Draco sempre acreditara em aparências e perdera tudo exatamente por causa disso. Harry entendia que era a única pessoa com que o loiro poderia contar agora e já havia deixado claro para ele que, por mais amigos que ele tivesse, o verdadeiro conforto dele também era Draco.

Há pouco mais de uma semana, o loiro havia concordado, depois de muita persuasão, que deveriam, sim, voltar à Inglaterra. Um dia. No futuro. Nada de marcar datas, ou algo assim. Mas... A possibilidade poderia, em algum momento, ser considerada.

- Sabe, Potter, essa sua cara de coitado não vai fazer eu me comover e querer voltar para a Inglaterra.

Harry levantou os olhos da carta e encontrou o olhar cinza e um tanto irritado do loiro fixo em seu rosto. Sorriu de leve e estendeu a carta para Draco, que a pegou, com um certo ar de repugnância, e começou a lê-la. Cada linha aumentava sua irritação, como se tudo ali escrito fossem insultos pessoais a ele, e não indagações preocupadas de amigos dedicados e notícias triviais sobre as vidas destes mesmos amigos. Devolveu o pedaço de pergaminho com um olhar ainda mais raivoso e encarou o moreno que agora se sentava no sofá, o sorriso não mais em seu rosto, parecendo perdido em considerações.

- O que é que essa Sang... – ele viu o olhar contrariado do outro e suspirou, exasperado, - Essa Granger tanto quer com você lá, afinal? Qual é o problema dela? Pensei que ela tivesse o Weasel para tomar conta e mais um bando de elfos domésticos para organizar. Por que ela tem que se meter tanto na sua vida? O que interessa para ela onde você está?

- Ela está preocupada comigo, Draco. É totalmente natural. Ela tem sido uma constante na minha vida desde os onze anos de idade. São mais de dez anos juntos, sempre. Ela quer saber como eu estou, só isso. – seus argumentos não pareceram aplacar a crise de raiva que o loiro estava tendo e Harry começou a sentir raiva também. Todas as cartas eram a mesma crise. Draco incessantemente insultando seus amigos, pelo simples fato de eles escreverem. Eles estavam juntos, claro, e felizes, mas eles tinham um passado, não haviam nascido com vinte e dois anos de idade e morando juntos naquele canto esquecido da Suíça. Eles tinham, sim, um passado nada agradável em comum, tinham desavenças e brigas em seu histórico, mas Harry acreditava que eles conseguiriam superar tudo isso. Ele tinha absoluta certeza de que amava Draco. E sabia que o sentimento era mútuo. Mas era realmente difícil lidar com o temperamento de Draco, às vezes, principalmente quando a questão era a volta deles para a Inglaterra. Harry sentia falta de seus amigos e de sua vida lá, gostava de ficar ali, naquele canto esquecido, apenas ele e Draco, é claro que gostava, mas eles não poderiam fugir de seu passado para sempre. E, na opinião do ex-Grifinório, quanto mais cedo enfrentassem o que teriam que enfrentar, mais fácil seria.

"I dreamed I was missing (eu sonhei que estava desaparecido)
you were so scared (você estava tão assustado)
But no one would listen (mas ninguém ouvia)
'cause no one else cared (porque ninguém mais se importava)
After my dreaming, (depois de meu sonho)
I woke with this fear (eu acordei com esse medo)
What am I leaving (O que eu estou deixando)
when I'm done here? (quando terminar aqui?)"

Draco escutava a explicação de Harry e sua irritação apenas crescia. E daí se aquela sangue-ruim estava preocupada com ele? Quem ligava se aquele bando de pobretões com a cabeça vermelha queriam saber onde ele estava? Por que Potter tinha que se importar tanto com isso?

Não que ele falasse, ou reclamasse, ou qualquer coisa assim.Não, nunca. O Garoto-Que-Sobreviveu-e-Cumpriu-Sua-Missão jamais reclamava, ele sofria em silêncio. No máximo, tentava convencer Draco a considerar a possibilidade de voltar para a Inglaterra, coisa com a qual o loiro havia concordado em pensar a respeito exatamente pelo mesmo motivo que causava sua irritação agora. Eram mais do que reclamações e palavras. Era uma tristeza que brilhava quase imperceptível nos olhos verdes, um certo ar saudoso por trás dos sorrisos lentos que sempre se seguiam àquelas malditas cartas, uma atmosfera mais densa, mais fria, que não combinava com o verão em que estavam.

O que o loiro sentia era um misto de raiva, irritação e, talvez, um pouquinho de ciúme. Ele já havia decorado o discurso de Harry sobre o fato de terem um passado em comum que precisava ser enfrentado, e uma parte dele sabia que era verdade. Uma parte muito maior, no entanto, simplesmente não conseguia deixar de se perguntar porquê, exatamente, eles não poderiam continuar ignorando tudo aquilo, seguir com a vida simples e feliz que tinham ali. Passado algum teria que ser minuciosamente examinado e superado se eles simplesmente não voltassem. Mas não, com o nobre e corajoso ex-Grifinório tudo tinha que ser da maneira mais difícil.

Draco viu o moreno tentar esconder o ar triste quando recebeu a carta de volta. Harry sorriu (malditos sorrisos tristes que faziam o coração dele pular uma batida) e voltou ao seu trabalho, sem insistir mais no assunto. Draco se sentou ao piano e começou a executar suas músicas, escolhendo aquelas cujas notas já sabia automaticamente, que não precisavam de sua atenção, e deixou sua mente correr solta, sem interrupções. Ele não queria ir para a Inglaterra. Voltar para lá implicava em muito mais do que aturar aqueles idiotas com quem Harry se relacionava. Implicava em tornar público o fato de que os Malfoy não eram uma família extinta, que ele ainda estava vivo, que ele seria alvo de pena de muita gente por ter perdido os pais, e que mais gente ainda ia querer o pescoço dele por ter sumido no meio de uma guerra.

Não que Harry já não tivesse pensado em todos esses argumentos e posto todos eles por terra, um a um. Com os contatos que ele tinha no Ministério, e a fama acumulada, o moreno já havia conseguido que ele pudesse voltar livremente à Inglaterra, reassumir sua antiga identidade e retomar sua vida. Toda a fortuna de sua família já havia sido revertida para um fundo em seu nome e, por mais que não quisesse admitir, era uma questão de querer voltar, para que pudesse morar em seu país natal novamente. A grande questão, entretanto, era: ele não queria voltar a Inglaterra, não queria a tal vida de volta, não queria ter que enfrentar todos os problemas que voltar para lá envolvia... Mas também não queria que a única pessoa que realmente se importava com ele, e com quem ele se importava, sofrer por sua causa. O que ele realmente desejava era que Harry não quisesse voltar.

E se por acaso voltassem e Harry percebesse que era mais feliz quando morava junto daquele bando? Ele entendia que o moreno quisesse rever a corja com quem havia crescido, mas queria poder ter a certeza de que ele fosse e voltasse. Que percebesse que lá não era mais o lugar de nenhum deles dois. Que fosse para Londres, mas tivesse certeza de que iria voltar.

E de que maneira ele poderia garantir isso? O apartamento que Harry morava em Londres fora a única noção de "lar" que o rapaz tivera, o único espaço que fora somente dele. Uma vez lá, ele iria se sentir confortável o suficiente para nunca mais querer sair. Não, o apartamento não era uma opção. O chiqueiro dos pobretões, jamais! Draco suprimiu um arrepio quando pensou na quantidade de ruivos morando em um único buraco.

Onde, então? Um lugar em Londres em que Harry não fosse se sentir bem, mas que Draco pudesse argumentar que era, afinal, sua casa... Um lugar que ajudasse o moreno a lembrar o quão mais felizes eles eram em seu chalé, na sua cidade, com seu amigo Danton. Um lugar que fizesse Harry recordar do quão desagradável sua terra natal poderia ser se comparada ao paraíso em que estavam agora. Um lugar que Harry temesse, que ele não gostasse...

Um sorriso de canto surgiu no rosto do loiro quando a resposta aos seus problemas surgiu em sua frente, enquanto ele encarava a plaquinha de prata que ficava sobre seu piano. Sabia exatamente o que fazer.

O resto do dia foi um tanto tenso. Harry não parecia contente em simplesmente ter que se conformar em não voltar para a Inglaterra, Draco não estava disposto a tirá-lo de seu mau humor. Quanto pior ele estivesse, mais fácil ele aceitaria o que Draco tinha a lhe propor.

O almoço foi estranhamente silencioso, Danton percebeu que algo acontecia entre seus protegidos e apenas lhes sorriu ternamente enquanto os rapazes pagavam a conta e iam para casa. Eles precisavam aprender a entender um ao outro e aquilo levaria tempo.

A tarde foi uma repetição da manhã, um silêncio estranho preenchendo a sala, que não parecia ser aplacado nem com a música que vinha do piano de Draco. O loiro via Harry lhe lançar olhares que alternaram entre tristes e exasperados durante todo o dia, mas não lhe dirigiu a palavra uma única vez. O moreno, orgulhoso como era, também não iria falar se Draco não desse o primeiro passo e, por isso, permaneceram nessa briga silenciosa durante o dia todo.

Aproximava-se das seis horas quando Draco se levantou do piano e saiu, não dizendo uma palavra a Harry. Voltou pouco mais de uma hora depois, cheio de sacolas e saiu para o jardim, ainda em silêncio. O ex-grifinório já estava mais do que irritado com essa atitude e decidiu que iria falar com Draco assim que ele entrasse. Qualquer coisa para acabar com aquele silêncio.

Mas Draco não entrou. Os minutos passavam, transformaram-se em meia hora, e uma hora inteira, e Harry decidiu não esperar mais. Saiu para o jardim, determinado a pôr um fim naquela guerra ridícula de silêncio. Sua determinação acabou no momento em que pisou fora da casa. O jardim do chalé onde moravam fazia divisa com um pequeno bosque. O jardim em si não era muito grande, ficava oculto da rua, um pedaço de grama, com algumas flores silvestres crescendo desordenadamente aqui e ali, e cercado pelas árvores do bosque, impedindo que qualquer pessoa tivesse a visão do que acontecia ali.

Quando pisou lá fora, Harry viu, em primeiro lugar, uma grande toalha branca estendida sobre a grama, no canto mais próximo ao bosque. Sobre a toalha, virado para a porta e, agora, com um sorriso cínico nos lábios, estava Draco, com a calça preta que usava mais cedo e uma camisa branca, simples. Ao lado dele uma cesta aberta, a parte de cima de algumas garrafas aparecendo, e ele segurava uma taça em uma das mãos, bebendo calmamente um gole de vinho branco, enquanto observava o atônito rapaz que lhe encarava.

Fitaram-se, apenas, por alguns instantes, até que Harry saiu de seu torpor e se aproximou do outro, limpando a garganta quando chegou a sua frente e abriu a boca para falar, quando Draco se levantou e o beijou, segurando seu cabelo possessivamente, o gosto do vinho branco invadindo a boca de Harry, enquanto o moreno tentava se desvencilhar do beijo para conversar com o loiro. Alguns segundos de uma luta fraca, em que o moreno tentava, sem muita convicção, se afastar, e conseguia sentir o loiro sorrindo contra os seus lábios, pela falta de determinação do moreno, que fingia tentar se afastar e não conseguia. Finalmente, Harry quebrou o beijo e tentou se separar do outro, mas Draco não permitiu, segurando-o firmemente contra o seu corpo e sorrindo de canto.

- Draco, nós...

- Sshh... - foi a resposta do loiro, mordiscando o pescoço do moreno, - Eu não quero falar agora... E também não quero ouvir... – ele disse, ainda sorrindo, enquanto tomava a boca do moreno uma vez mais e o derrubava no chão.

Não era como se ele realmente pudesse resistir, era? Pensou Harry, enquanto sentia o outro abrir sua camisa e traçar uma linha de beijos ao longo de seu abdômen, descendo cada vez mais, até alcançar o cós da sua calça. O moreno ergueu-se nos cotovelos a tempo de ver o loiro lhe lançar um olhar malicioso, os olhos cinzas brilhando, enquanto abria a calça e a afastava, descendo a cabeça lentamente, a boca entreaberta, fazendo o moreno gemer em antecipação. Harry mordeu os lábios, para se impedir de gritar quando sentiu a boca do outro, ainda gelada do vinho, tocar sua pele e sugá-lo, lentamente, a princípio, e aumentando o ritmo, enquanto Harry, inconscientemente, mexia o quadril no mesmo ritmo dos movimentos de Draco. Entrelaçou uma das mãos nos cabelos finos, enquanto a outra agarrava a toalha sobre a qual estava deitado. As mãos do loiro deslizavam por suas coxas, enquanto a boca não o abandonava, fazendo o moreno ofegar. Cedo demais, na opinião de Harry, ele acabou se derramando na boca do loiro, que sorriu travesso, enquanto se colocava de joelhos sobre a forma quase desacordada e ofegante de Harry, beijando-o intensamente, como se suas vidas dependessem disso. Lentamente, o moreno correspondeu ao beijo, buscando ar a cada poucos segundos, aproveitando esses momentos para apreciar o rosto do loiro, que ainda tinha um ar travesso.

- Acho que agora é a sua vez... – ele sussurrou no ouvido de Harry que apenas o beijou com mais vontade, até que o loiro saiu de cima dele e escorou-se no tronco de uma árvore próxima, abrindo lentamente o zíper da própria calça, encarando os olhos verdes o tempo todo. Harry aproximou-se devagar, sorrateiro, aumentando ainda mais o sorriso do loiro. Passou lentamente a mão pelo corpo do outro e sugou seu lábio inferior, descendo pela pele do pescoço e barriga, até chegar ao seu objetivo. Assim que sua língua encontrou o que queria, Draco não conseguiu se conter e gemeu, contente, segurando os cabelos do outro, enquanto dobrava os joelhos, escorando a cabeça no tronco da árvore, e pressionando a cabeça de Harry com força, fazendo um som abafado de riso escapar do moreno, mandando arrepios pela sua coluna. Merlin, Harry sabia como fazer aquilo! (2) Draco demorou mais para gozar, Harry o estimulava e o parava, fazendo tudo durar mais, o que só aumentou seu prazer, quando, finalmente, sentiu seu corpo relaxar. Puxou a cabelo do outro, que também ofegava, para perto dele e o beijou longamente, diminuindo o ritmo do beijo, até que ele virasse apenas uma leve carícia entre os lábios e eles finalmente se separassem.

Harry acomodou-se entre as pernas do loiro, a cabeça descansando no peito dele, que subia e descia compassado, em sincronia com a própria respiração do moreno. Harry suspirou contente. Tinha que se lembrar de brigar mais com Draco, se todas as reconciliações fossem ser tão boas.

Passaram alguns minutos em absoluto e pacífico silêncio, com Draco correndo os dedos entre as mechas confusas do cabelo de Harry, que suspirou, contente. O moreno estava prestes a dormir, quando a voz um tanto arrastada de Draco o interrompeu.

- Quando? – Harry girou para encarar melhor o loiro que continuou escorado contra a árvore e agora olhava por cima do ombro de Harry, não o encarando.

- Quando o quê? – ele indagou, com um ar confuso no rosto.

- Quando nós vamos voltar para a Inglaterra? – levou um minuto inteiro para que Harry percebesse do que Draco estava falando. E um outro longo minuto para que ele conseguisse decidir sobre como agir frente às palavras do loiro.

- Quer dizer... Você quer... Sério?! Mesmo?! – Harry disse, desconexo, fazendo o loiro lhe encarar e dar um sorriso de lado.

- Se não fosse sério, cicatriz, e eu não quisesse mesmo, eu não teria perguntado, teria? – o olhar de Harry, no entanto, quase fazia valer a pena. Os olhos dele brilhavam, seu sorriso estava aberto, mais aberto do que Draco conseguia se lembrar. O loiro suspirou. Hora do show. – É claro que o fato de que nós vamos ficar em Grimmauld Place tem suas vantagens. – ele fez uma pausa, para que Harry tivesse tempo de perceber o que ele estava tentando passar – É realmente o único lugar que é nosso, não é mesmo? A casa do seu padrinho e dos meus ancestrais... – ele deixou sua voz morrer e esperou pela reação de Harry. Ou ele desistia da idéia absurda de voltar, ou eles iriam ficar duas horas na Inglaterra e voltar correndo. Grimmauld Place era pesado demais para qualquer um dos dois. Não havia como perder.

- Grimmauld Place?! – indagou o moreno, sentando ereto agora e olhando para Draco como se o loiro tivesse perdido todo o vestígio de sanidade.

- Bem, é para lá que nós vamos voltar, não é? Eu não vou ficar em nenhum apartamentinho na Londres dos trouxas, como você fazia, nem vou querer arrumar uma nova casa para nós, sendo que temos a mansão. É nossa, Harry. Quase como se estivéssemos destinados a ficar lá, sabe? É uma parte do passado nos unindo. – ele mesmo chegou a ficar se sentindo mal, depois do tamanho absurdo de suas palavras. Merlin, ele parecia uma adolescentezinha apaixonada. Mas seu pequeno discurso rico em glicose pareceu convencer Harry de que ele não iria ir a nenhum outro lugar, que era Grimmauld ou nada, e, bem, não era como se ele fosse recusar alguma coisa a alguém que falava em destino com toda aquela convicção.

Fitaram-se, apenas, por alguns instantes, até que Harry suspirou pesadamente e deixou-se cair no colo de Draco mais uma vez.

- É, depois de limpa e... Organizada, e desinfetada, provavelmente a Mansão deva ficar... Ahn... Habitável. – Draco sorriu, maldosamente.

- Sim, com toda a certeza.

Deu mais um beijo em Harry e levantou-se, puxando o outro consigo. Tinham uma volta para casa para preparar. Não poderiam perder tempo.

Don't be afraid (não tenha medo)
I've taken my beating,(Eu tive minha parcela)
I've shared what I made(Eu partilhei o que fiz)
I'm strong on the surface,(Eu sou forte na superfície)
not all the way through(não completamente)
I've never been perfect,(Eu nunca fui perfeito)
but neither have you(Mas você também não foi)

Foram dias, na verdade, de preparação. Harry entrou em contato com o Ministério, para que a identidade de Draco fosse preservada e seus bens revertessem para seu nome verdadeiro, mais uma vez. Grimmauld Place foi, de certa forma, preparada. Harry conseguiu entrar em contato com Hermione, que conseguiu uma equipe de elfos, todos devidamente remunerados, para que fossem até o lugar e o limpassem. Apesar de ter ficado imensamente curiosa, a garota não perguntou o porquê de Harry querer Grimmauld Place em bom estado. O que, na verdade, era muito estranho, já que Harry não havia posto os pés lá desde o fim da guerra.

A garota insistia, em cada uma de suas cartas, para que o amigo contasse o que estava acontecendo, mas Harry respondia evasivamente. Tentaria preparar o terreno com seus amigos, antes de simplesmente declarar que estava morando com Draco Malfoy.
Decidiram, em comum acordo, que não avisariam o dia de sua chegada a Grimmauld Place. Só falariam com os amigos de Harry depois que já estivessem instalados em sua nova "casa".

No dia anterior à sua partida, jantaram com Danton, que parecia bastante triste em perder seus filhos adotivos. Insistiu para que os rapazes ainda não devolvessem o chalé, que era de sua propriedade. Ele não iria alugá-lo por algumas semanas, até que ambos tivessem realmente certeza de que ficariam, em definitivo, na Inglaterra. Sua declaração foi recebida por um sorriso bastante malicioso da parte de Draco. Se dependesse dele, estariam de volta à sua verdadeira casa em menos de dois dias.

Naquela noite, Draco estava além de mau-humorado. O fato de que havia concordado em ir para a Inglaterra, não queria dizer que ele iria gostar de ir para a Inglaterra.

Harry parou à porta do quarto, onde Draco colocava suas roupas em uma mala, e ficou apenas observando o outro rapaz, revirando algo no bolso de seu casaco.

Draco sabia que ele estava ali. Draco sempre sabia quando Harry estava lhe espionando, mas ele simplesmente não estava com vontade de falar com Harry agora. Estava bastante irritado por ter que voltar para a Inglaterra, estava com raiva por ter que ir para Grimmauld Place, estava zangado consigo mesmo por ter tido aquela idéia idiota, estava bravo com Harry por insistir tanto em ver aqueles amigos inúteis dele, estava frustrado por ter que fazer algo que não queria, mais uma vez, como quando estava em seu sexto ano de escola e tinha que fazer coisas totalmente contra a sua natureza, apenas para se adequar às situações. Era simplesmente frustrante. E, para completar toda a sua irritação consigo mesmo, estava total, completa e absolutamente inseguro.

E se quando eles voltassem para aquela maldição de país Potter enxergasse o óbvio e percebesse que era ridículo que eles estivessem juntos? Que, além de inimigos de escola, opostos na guerra, antíteses por fundamento, eles ainda eram dois homens?

Quer dizer, uma coisa era ficarem naquele cantinho escondido, com o apoio do homem que praticamente movia o comércio da cidade com seu hotel que atraía turistas, serem apenas mais dois na multidão. Outra, era serem Harry Potter e Draco Malfoy namorando. Era ridiculamente absurdo. E, por mais errado que isso soasse, por mais distorcido que o conceito parecesse, Draco não queria perder isso por nada no mundo. O costume de acordar e observar Potter dormir, a sincronia em que trabalhavam e conviviam, a maneira como já sabia o que o outro estava pensando só de olhar para ele, o jeito que Potter sorria, como o entendia... Era... Bom demais para perder.

Decidiu tomar conhecimento de Harry que apenas lhe observava. O que quer que fosse que ele tivesse para lhe dizer devia ser algo extremamente sério ou irritante, ou Harry não estaria esperando que ele lhe dirigisse a palavra antes de começar a falar. Ergueu a cabeça de suas roupas e lhe mandou um olhar inquisitório, ao que o outro respondeu com um sorriso.

Era bom apenas observar Draco, na opinião de Harry. Ele tinha movimentos fluídos, quase calculados, sempre. Tão diferente dele, que era um tanto desastrado, e bagunçado. O jeito que o loiro lhe olhava deixava claro que ele sabia que a conversa seria séria. Draco não queria voltar à Inglaterra, e o fato de que ele estava voltando apenas para atender a um pedido seu deixava Harry transbordando de alegria, apesar de tentar se conter. Esse tipo de explosão sentimental não combinava muito com nenhum dos dois. Explosões de fúria, de raiva, de riso descontrolado da cara do outro, sim. Momentos de ficar fazendo declarações e lançar olhares profundamente apaixonados, não. Simplesmente não combinava com eles. Suas ações já deixavam claro o que sentiam, como estavam. Não é necessário verbalizar o que já se sabe como verdade. E era para provar que ele valorizava a ação de Draco mais que tudo que ele queria falar com o loiro agora. O complicado era por onde começar.

Não queria forçar a situação, não queria parecer piegas, não queria colocar Draco em uma situação desconfortável se ele pensasse que era cedo demais, mas decidira arriscar. Mais que um sorriso de desprezo ele não iria receber, certo?

- Draco, eu... Nós, na verdade, nós... Ahn... Eu queria... – ele estava gaguejando. Merlin, que coisa patética. Draco o encarou com um sorriso divertido, toda a sua atenção agora no moreno que gaguejava à sua frente. O que havia acontecendo para que Potter estivesse gaguejando daquela maneira?

Harry respirou fundo e pegou o outro pela mão, levando-o até à cama, e sentando-se lá, ao lado do loiro. Respirou fundo mais uma vez e reuniu coragem.

- Draco, eu sei que você não quer voltar para a Inglaterra, e que está fazendo isso por mim. E eu fico... Ahn... Feliz. – ele começou a falar muito rápido, lembrando muito Hermione Granger durante uma aula de Transfiguração, - Quer dizer, não é porque eu estou feliz, entende? É porque eu realmente gosto de estar com você, claro, foi só que o momento pareceu propício, mas se você... Bem, é só um símbolo, no fim das contas, se você não quiser não muda absolutamente nada entre nós, mas eu achei bom... Quer dizer, fica como um marco, entende? Já que oficialmente nós... Bem, talvez pudéssemos, eu não sei, teríamos que verificar as leis bruxas, claro, eu nunca vi nada assim, mas esse mundo é tão surpreendente, às vezes. – Draco encarava o outro rapaz com um ar entre espantado e cômico.

- Potter, do que é que você está falando? – ele interrompeu o monólogo que não estava dizendo nada, na verdade.

- Ah, droga! Eu sou péssimo nisso de ter que me explicar. – ele encarou Draco nos olhos e respirou fundo, tirando uma pequena caixa do bolso. Estendeu a caixa para Draco, que a pegou e o encarou, com uma sobrancelha erguida, antes de abri-la.

Dentro da pequena caixa de veludo negro, estava um par de anéis simples. Dois anéis largos, feitos em prata, idênticos, com entalhes em baixo relevo, de uma cobra e um leão, um trabalho delicado e forte. Dentro, os dois nomes gravados em uma letra simples, sem floreios, clara. Draco – Harry.

Draco perdeu o fôlego e encarou Harry com os olhos arregalados de espanto. Harry começou a se arrepender do que tinha feito. Havia assustado Draco, ele devia estar achando que ele era maluco. O outro concordava em ir para a Inglaterra e ele praticamente o pedia em casamento, se bem que, em teoria, estavam casados, não estavam? Não moravam há meses na mesma casa e...

Todo seu raciocínio desconexo foi interrompido por um beijo. Um beijo possessivo, quente, desejoso e sedento. Draco afastou-se alguns momentos depois, pegando os dois anéis da caixa, colocando o mais fino em seu dedo anular da mão esquerda, e, em seguida, pegando a mão de Harry e fazendo o mesmo com o anel dele. Sorriu de lado para o moreno e o beijou mais uma vez, antes de, simplesmente levantar, e continuar fazendo as malas.

Harry tinha um sorriso bobo nos lábios. Certamente, para algumas coisas, palavras eram desnecessárias.

Antes de dormir, algumas horas depois, Draco, com Harry seguro entre seus braços, sorria. Não havia motivo algum para insegurança. Nada mudaria o fato de que Harry Potter, o Eleito, O Escolhido, O Homem que Derrotara Voldemort, o amava. Nada, ninguém, lugar algum, mudaria isso. Admirou suas mãos entrelaçadas e seus anéis idênticos. Potter era um idiota em noventa por cento do tempo. Mas os dez por cento em que ele realmente pensava compensavam todo o resto.

O dia seguinte amanheceu um tanto nublado, e um ar gelado soprava, deixando arrepios em quem quer que encontrasse pela frente. Encolheram suas malas, e se olharam, Draco dando um pequeno aceno com a cabeça, antes de desaparatarem, para reaparecerem em frente a Grimmauld Place.

Entraram na casa, que estava, sem dúvidas, imaculadamente limpa, mas nem por isso, menos sombria. O ar em Londres estava úmido, e uma garoa fina caía irritantemente sobre as janelas. Sem falarem uma palavra, dirigiram-se para o quarto de Sirius. Draco parou à porta e encarou o lugar onde lembrava de ter passado as piores e mais longas horas de sua vida. Respirou fundo e olhou para o lado, encontrando Harry com quase o mesmo ar que ele. Dor, confusão, arrependimento e más lembranças. Era a isso que aquele lugar cheirava.

Foram os piores cinco dias que haviam tido, desde que começaram a morar juntos. O lugar os deixava com os nervos à flor da pele, o mau humor parecia pronto a atacar a cada troca de palavras e a situação estava deteriorando toda e qualquer chance de conversação. Agora, cada olhar era motivo para quase brigas. Os dois estavam arrependidos de terem ido para aquele maldito lugar, mas nenhum dos dois admitiria a derrota. Harry ainda queria fazer os amigos e Draco se darem bem, Draco ainda queria que Harry desistisse de ficar na Inglaterra e voltasse para a Suíça. E, por isso, permaneciam confinados em Grimmauld Place.

Draco acordou pouco depois da três da manhã. Uma chuva forte batia na janela, mas não era aquele barulho que o incomodava. Eram os gemidos abafados e agoniados de Harry. Apenas resmungos incoerentes, mas o moreno revirava-se na cama, desconfortável, visivelmente em meio a algum pesadelo. Não era a primeira vez, nem tampouco a segunda. Eram todas as noites. Aquele lugar estava lhes fazendo mal. Precisavam ir embora dali. Rápido. Tocou no ombro de Harry, sacudindo-o até que ele acordasse. O outro se sentou, desnorteado e, quando viu o rosto de Draco a sua frente, suspirou aliviado e enterrou a cabeça nas mãos, apoiando os cotovelos sobre os joelhos dobrados.

Draco esperou que ele se acalmasse antes de falar o que estava lhe engasgando há dias. Mais calmo, Harry levantou o rosto, parecendo envergonhado.

- Desculpe, eu te acordei. – o mau humor de Draco aumentou. Ele tinha pesadelos e se desculpava por isso. Por favor, era demais, até para um grifinório!

- Não se desculpe por ter me acordado, Potter. Se desculpe por ter nos feito vir para cá. – olhou para o outro que começava a assumir um ar levemente irritado, - Nós viemos para cá, para que você pudesse rever seus amigos. Faz cinco dias que estamos aqui, e você ainda nem avisou a eles que está de volta. Qual é o problema? – Harry pareceu envergonhado, mais uma vez.

- Eu estou tentando... Eu não sei, Draco. Parece que me falta... Coragem.

O olhar de draco endureceu.

- Coragem ou não coragem, Harry, eu estou lhe dando um prazo. Até amanhã. Ou eu vou voltar para casa, e, se você quiser ficar, que fique, mas eu vou embora.

O loiro deu as costas para o outro, deitando-se afastado dele. Era a primeira vez, em meses, que dormiam longe um do outro. Nenhum deles jamais iria admitir, mas nenhum deles conseguiu dormir àquela noite.

O amanhecer não melhorou em nada os ânimos, e a manchete no Profeta Diário só fez piorar o que já estava ruim. Sob a grande manchete "O Fugitivo Retorna", uma matéria de meia página descrevia a partida de Draco, há tantos anos, como uma fuga covarde dos Comensais, por não "agüentar fazer o que lhe era pedido". Nenhuma menção à sua ajuda à Ordem era feita, nem muito menos as circunstâncias da morte de sua mãe. O rapaz era pintado como um covarde, preconceituoso e medroso, que fugira de sua terra natal, e agora retornava, pois sabia que era seguro. O olhar cinza se tornava gelado a cada palavra que ele lia, e seu rosto empalidecia de maneira assustadora. Harry se manteve em silêncio, lendo a matéria por sobre o ombro do outro. Quando ambos terminaram, ele pegou o jornal e o jogou dentro do fogão, murmurando "Uma vez lixo, sempre lixo", mas isso não ajudou no humor de Draco, que passou o resto do dia com o rosto fechado.

Harry saiu da cozinha, pouco antes do almoço, e decidiu mandar as cartas, pedindo para que Rom, Mione e Ginny viessem jantar com ele. Ao menos uma parte do que tinha prometido ao loiro, ele iria cumprir.

As panelas borbulhavam a Harry as olhava, desconfiado.

- Draco, você tem certeza que isso aí vai dar certo? – o loiro lhe lançou um olhar de profundo desprezo, que lembrou a Harry os dias de escola.

- Potter, você convidou seus amigos inúteis para jantar hoje, você me avisou com menos de duas horas de antecedência, você não quis encomendar comida, portanto, mesmo se eu fizesse apenas água com sal e tentáculos de lula boiando, você não poderia reclamar. Agora cale a boca, e deixe eu terminar de ler essa droga de receita.

- Eu poderia ajudar, sabe? Ou poderia ter feito o jantar. – o comentário fez Harry ganhar mais um olhar de desprezo de Draco.

- Eu era seu colega em Poções. Eu não deixaria você chegar perto de um caldeirão, ou de qualquer coisa que fervesse, nem pagando. Agora saia daqui e vá logo se vestir decentemente, já basta aqueles imbecis, não preciso de você vestido em trapos.

Harry saiu da cozinha sem fazer comentários. Definitivamente, não queria aborrecer Draco tanto antes de ele se encontrar com seus três melhores amigos.

Quase uma hora depois, Harry se encontrava sentado, na sala de jantar de Grimmauld Place, em frente a Ron, Mione e Ginny. A recepção fora, acima de tudo, estranha. Eles exigindo saber onde ele estivera, ele explicando que havia encontrado Malfoy e que agora eles eram... Amigos.

Ginny lhe lançou um olhar surpreso quando ouviu isso, e Harry teve que esconder seu embaraçamento. Aguardavam por Draco, que se atrasara, pois fizera o jantar. Ron não estava feliz com a situação, encarava Harry de maneira irritada, Mione parecia confusa e Ginny estava impassível, o que fazia Harry acreditar que ela estava louca para dizer, ou perguntar, algo, mas não podia, pela presença dos outros dois. Ainda bem.

O ar pareceu pesar na sala de jantar quando Draco entrou pela porta. Weasley estava formidável, em sua melhor tonalidade de vermelho flamejante, da raiz dos cabelos à ponta do nariz. Granger parecia estar se esforçando para permanecer impassível. E a Weasleyzinha o encarava com uma expressão estranha, descrente, quase... Traída. Bem, ela e Harry tinham tido um caso, não tinham? Talvez ela soubesse de tudo entre eles... Ou talvez não soubesse. Merlin, como ele odiava estar ali.

Cumprimentou-os com um aceno de cabeça vago e esforçou-se para compreender até onde Harry tinha contado a eles. Pelo simples fato de que Weasley não tinha tido um infarto, e que Granger não havia chamado o St. Mungus, concluiu que Harry havia adotado a versão "somos amigos", que eles haviam cogitado.

- Bem, vamos jantar? – ele perguntou, colocando uma quantidade incrível de cinismo em três palavras aparentemente tão inofensivas.

Eles dirigiram-se à mesa, cada um sentando em seu lugar, e começaram a comer, um silêncio incômodo e irritante à sua volta.

- Foi o Draco quem preparou o jantar. – disse Harry, numa tentativa vã de iniciar um diálogo. Hermione quase engasgou quando ouviu o nome "Draco", Ginny dando-lhe tapinhas nas costas. Ron encarou o loiro, que sentava a sua frente.

- Bem, isso explica porque está tão ruim. – Draco sorriu, cínico.

- Não é uma questão de ruim, Weasley. É apenas culinária requintada. Você não reconheceria o termo nem se ele viesse dançando a conga, em uma bandeja de prata.

Ron ficou extremamente vermelho e Harry olhou feio para Draco que continuou sorrindo. Uma vez Wesaley, sempre Weasley. Poucas coisas eram tão fascinantes quanto o espetáculo do sangue fluindo e deixando Weasley praticamente um hidrante trouxa.

O clima do jantar não melhorou. Algumas outras conversas iniciaram, todas elas por iniciativas de Harry ou Hermione, e morriam com uma rapidez incrível. Sendo que a última delas resultara em Draco se retirando da sala.

Estavam comendo a sobremesa e Hermione estava decidida a ser agradável, por mais que aquilo lhe custasse.

- Está com um cheiro delicioso, Malfoy. – Draco a encarou e reprimiu o comentário mordaz que já surgia. Harry, é por Harry, repetia ele, mentalmente. Ele ia abrir a boca para agradecer, quando a voz de Ron soou, alta e irritada.

- Devia ter tentado fazer esse doce com a sua mãe por perto, Malfoy. Eu lembro que ela sempre estava com uma cara como se estivesse sentindo algum cheiro ruim. Talvez melhorasse.

O olhar que Draco lançou ao ruivo seria capaz de matar. Todos eles conseguiam sentir a mágica do rapaz quase se descontrolar. Ele respirou fundo, e encarou Harry.

- Eu estou subindo. Quando o ar aqui estiver, mais uma vez, respirável, me avise. – e, com isso, saiu da sala, deixando um Harry extremamente zangado, uma Hermione decepcionada e uma Ginny muda de espanto para trás.

O jantar não durou muito mais depois disso. Desculpas vagas e não verdadeiras serviram como pretexto para que os três convidados fossem embora. Hermione disse a Harry que não precisava levá-los até a porta, eles conheciam o caminho, e Harry lhe deu um sorriso agradecido, correndo escadas a cima, para ver como Draco estava.

Chegando lá, Harry abriu a porta e parou, pensando em como agir.

A luz que entrava pela janela do quarto não era suficiente para iluminar o espaçoso aposento, mas Harry identificou a forma de Draco sentado na poltrona do antigo quarto de Sirius, encarando a janela e parecendo muito, mas muito zangado. Considerou por um momento a possibilidade de deixar a raiva dele passar e então procurá-lo, mas conhecia Draco e seu humor de criança mimada. Se ele saísse naquele instante, o loiro ia se sentir rejeitado e, então, ficaria ainda mais mau-humorado. O melhor era enfrentar a situação agora, antes que fugisse ao controle. Aproximou-se lentamente e percebeu que o loiro não havia desviado o olhar da janela, mesmo sabendo que ele havia notado sua presença. Suspirou mentalmente. Merlin, aquela conversa ia ser longa!

- Draco? – o loiro não deu nenhuma indicação de que havia ouvido o chamado dele e Harry teve que se impedir de suspirar alto, de exasperação. – Draco, nós podemos conversar? – ele tentou novamente, tentando ao menos fazer o loiro parar de franzir as sobrancelhas e olhar pelo vidro da janela como se quisesse que ele se estilhaçasse em milhões de pedacinhos que gritariam de dor quando caíssem no chão. Nenhuma resposta novamente, - Bem, quando você estiver disposto a conversar, eu estou aqui. – disse ele, tentando deixar o caminho aberto. Deixava o caminho livre para o silêncio do loiro, havia feito o primeiro movimento e agora o outro sabia que ele se importava. Aplaudiu-se mentalmente. Havia achado uma boa saída, finalmente. Ou era o que ele pensava.

- Sabe, Potter, eu não quero conversar. – Harry congelou na soleira da porta e voltou-se para o loiro, que agora lhe encarava, os olhos cinzas brilhando em fúria, - Eu quero falar. E você vai me ouvir.

- Bem... – começou Harry, para ser interrompido por uma voz fria e arrastada, muito baixa.

- Eu disse que você.vai.ouvir. – os olhos verdes brilharam de fúria por um momento, mas então se acalmaram. Deixaria que o outro falasse. Era melhor. Assentiu com a cabeça e sentou-se na cama, com os braços cruzados, aguardando. O loiro levantou e aproximou-se dele, quase perigosamente, toda a sua postura tremendo em fúria, e Draco não se descontrolava fácil. Um sentimento nada confortável começava a inundar o moreno e ele não queria sentir isso, não agora, não de Draco. Não queria ter pena do loiro. Era degradante demais.

- Há quatro anos, Harry, quando eu saí daqui, desta casa, eu não tinha nada. Eu havia perdido tudo. A única coisa que eu ainda tinha era o respeito próprio, o dinheiro de minha família, e o ódio de muita gente, que achava que eu havia morrido como Comensal. E então eu passei anos sozinho e eu me acostumei a solidão. Eu estava seguro. Não vou dizer que estava feliz, mas estava seguro. E aí você aparece, e começa com aquelas conversa maluca e eu embarco na sua loucura e... Eu confesso, eu estou feliz. Ou estava. Porque você insistiu em voltar pra cá, pra nos atormentar, sim, nós, - ele disse, em voz alta, quando o moreno abriu a boca para contrariá-lo, - porque seus pesadelos voltaram e você passa metade do tempo sem abrir a boca, e eu consigo não só ter perdido tudo, como também perder a imagem que eu ainda tinha. Quando eu fui embora, Harry, eu era o Comensal morto. Eu era um traidor, um pária, alguém que as pessoas temiam. E agora, Harry? O que as pessoas acham que eu sou? Você por acaso leu o jornal de hoje de manhã? Você viu o que estava escrito lá? O fugitivo, o fraco, o que não agüentou uma guerra e foi embora por medo? É como se eu fosse o maior perdedor da terra, Harry! Metade das pessoas que ficam se dizendo corajosas não teriam passado por metade do que eu passei e ainda conseguir sobreviver! Mas aqui não tem chance, eu não quero ficar aqui, eu quero ir embora! Eu quero voltar pra casa, pra nossa casa! – voz de Draco tinha se alterado, e ele estava quase gritando. Harry ficou alarmado e levantou-se, abraçando o loiro, que se afastou bruscamente.

- Não me venha com solidariedade e pena agora, Potter! Eu não preciso de nada para me fazer sentir pior do que eu já estou. – o moreno o encarou, de pé, sentindo-se perdido.

- O que você quer que eu faça, então, Draco? É só me dizer, eu não quero que você fique se sentindo assim.

- Eu quero que a gente vá embora, Potter, que droga! É tão difícil assim entender? Eu.quero.ir.embora!

Harry suspirou longamente e se aproximou do outro, sem tocá-lo.

- Só me dê mais uma chance, Draco, por favor. Eu não quero perder todos os meus amigos, eu sei que eles vão ficar do nosso lado, dê só uma chance a eles, por favor, por mim. – Draco deu uma risada seca.

- Só para realmente conferir, Harry, você estava lá embaixo no jantar, ou era seu irmão gêmeo que estava lá? Ou alguém polissucado de Harry Potter? Porque eu não sei se você notou que aquele Weasley estava a ponto de me estrangular metade da noite, a Granger ficou me olhando como se eu fosse uma aberração e aquela idiota de cabeça de fósforo estava o tempo todo te secando! Isso não vai funcionar!

- Vai, sim! – Harry teimou, - Você tem que dar uma chance, Draco, só uma! Por favor!

- Harry, tenha bom senso! – gritou o loiro, exasperado, - Eles já não estão aceitando nem agora, quando nós estamos dizendo que somos "amigos". Imagine quando eles descobrirem que o Sonserino malvado corrompeu o doce e inocente Grifinório! Imagine quando eles souberem de nós?

- Eu não me importo. Se eles não te aceitarem, eles vão estar me rejeitando também, Draco. Não se preocupe. Só uma chance, por favor? – os olhos verdes tinham um brilho de súplica e Draco se viu acenando, ainda que contrariado, com a cabeça, concordando.

– Só uma chance, Harry.

O moreno lhe sorriu e o abraçou, dando-lhe um beijo terno, que o loiro logo tratou de aprofundar. "Droga!" Pensou ele, "se a boca dele não fosse tão boa, eu já tinha ido embora."


Ronald Weasley era uma pessoa em estado de choque quando estava saindo de Grimmauld Place. Um jantar com Draco Malfoy, justo com Draco Malfoy, tinha esse efeito sobre qualquer pessoa racional. E, no entanto, Harry queria que eles fossem civilizados com aquele covarde. Para que, afinal? Fugitivo e traidor dos dois lados da guerra. Não merecia nem sequer consideração, imagine respeito.

O ruivo remoia esses pensamentos e demorou alguns minutos para notar que Mione lhe lançava olhares atravessados. Quando percebeu, ficou intrigado. O que havia feito desta vez? Era a pergunta que ele iria fazer, mas Hermione lhe conhecia bem demais, ele não precisava exatamente verbalizar suas questões para que ela viesse com uma resposta.

- Você magoou o Harry.

- Eu o QUÊ? – ele indagou, indignado. Como magoou o Harry?

- Ah, Ron, por favor, pense. – ela disse, controlando-se para não soar exasperada demais, - O Harry viaja... Encontra o Malfoy e decide ajudá-lo, e você sabe o quanto ele ficou perturbado com o que ele sabe que o Malfoy passou, desde o sexto ano, e aí eles voltam e você fica maltratando o Malfoy e sendo absolutamente desagradável, e falando justo na mãe dele, e você estava lá, no dia em que ela morreu. É claro que ele está magoado. Se ele conseguiu se tornar, bem... "amigo" de Malfoy, eu penso que ele esperava que o melhor amigo dele também conseguisse.

- Mas... Por quê? – o olhar do ruivo era perdido enquanto eles caminhavam pela praça em frente à casa, indo embora. Ele parou e olhou para as duas garotas e Ginny fez um muxoxo de desagrado.

- Às vezes, Ron, você é tão denso que eu chego a quase ter pena. – disse a ruiva e lançou um olhar exasperado para Mione. O ruivo abriu a boca para fechá-la em seguida diversas vezes, e então olhou para Hermione.

- Denso? O que foi que eu perdi?

- Você devia conversar com o Harry, Ron, não com a gente. – respondeu Mione. Não podia deixar de concordar com Ginny, no entanto. Não era óbvio o que havia acontecido? Enfim, havia sido o próprio Ron que notara o quanto Harry era obcecado por Malfoy no sexto ano. A expressão de Ron tornou-se pensativa por um momento, e ele deu a volta.

- Eu vou falar com Harry.

- Agora?! – perguntaram as duas garotas, ao mesmo tempo.

- Sim! – respondeu o ruivo, já entrando pela porta do lugar, que havia ficado entreaberta, desde que eles haviam saído.

Hermione e Ginny se entreolharam. Era melhor que fossem atrás do ruivo. Nunca se sabe o que ele iria ver.

Ron entrou na mansão e subiu as escadas. Surpreendeu-se ao ouvir a voz alta e zangada de Malfoy, e acabou aproximando-se do quarto de onde o som vinha, para entender o que estava sendo dito, e surpreendeu-se pelo carinho que passava pela voz que ouviu. Era a voz de Harry, ainda um pouco abafada pela porta entreaberta, mas a voz de Harry.

- Você tem que dar uma chance, Draco, só uma! Por favor!

Que absurdo, pensou Ron. Era ridículo que Harry estivesse implorando para que Malfoy desse uma chance a eles. Eram eles que tinham que dar uma chance ao Malfoy, não o contrário. Ia entrar no quarto, mas a voz arrastada e exasperada se fez ouvir, no mesmo momento que Mione e Ginny alcançavam o ruivo na porta, e Mione lhe lançava um olhar que parecia capaz de matar.

- Harry, tenha bom senso! Eles já não estão aceitando nem agora, quando nós estamos dizendo que somos "amigos". Imagine quando eles descobrirem que o Sonserino malvado corrompeu o doce e inocente Grifinório! Imagine quando eles souberem de nós?

Ron congelou no ato de ser puxado escada abaixo por Mione. Souberem sobre nós? "Como assim, souberem sobre nós?", pensou o ruivo. E então ele compreendeu. A expressão de choque drenou todo o sangue do rosto ruivo e sardento, para, em seguida, tornar-se muito vermelho, enquanto as meninas trocavam olhares urgentes. Aquela não havia sido a melhor maneira para que Ronald Weasley soubesse da noticia.

Ele voltou os poucos degraus que havia descido e abriu a porta do quarto sem cerimônias, deparando-se com uma cena que, na verdade, ele ficaria feliz em não ter visto.

Draco Malfoy estava com as duas mãos sobre o peito de Harry, que se encontrava prensado contra uma das paredes do quarto. As mãos de Harry pareciam querer puxar o loiro para mais perto, como se isso realmente fosse possível, uma vez que o corpo de Draco era exatamente o que deixava Harry imóvel, contra a parede. As duas bocas estavam unidas como se as vidas dos dois rapazes dependessem disso, e foi somente quando Harry decidiu explorar melhor a pele do pescoço do loiro, e este inclinou a cabeça para o lado, dando maior acesso ao moreno, que Draco viu um ruivo boquiaberto, uma ruiva pasma, e uma Granger desviando o olhar, e ficando muito corada, olhando fixamente para eles dois.

- Harry... – ele disse, colocando uma mão no rosto do moreno, enquanto o afastava delicadamente, - Nós temos visitas.

Ron levou menos de dois segundos para agir. Alcançou sua varinha e foi apenas porque Hermione segurou seu braço que ele não acertou um "Estupefaça" em Draco. Harry ficou na frente do loiro, tentando defendê-lo, enquanto Ron gritava impropérios e Hermione o segurava, ajudada por Ginny que, por mais que segurasse o irmão, não deixava de parecer achar alguma graça na cena.

Foram longos minutos de confusão, até que Harry simplesmente se cansou e estupidificou Ron.

- Mione, por favor, nós temos que conversar. – Hermione lhe sorriu, enquanto Ginny parecia mau-humorada.

- Eu sei, Harry, mas Ron está desacordado, e acho que já tivemos emoções suficientes por uma noite. Eu vou levá-lo para casa. Nós podemos conversar depois.

Harry assentiu, parecendo triste, e seu semblante não mudou nas horas seguintes, nem quando deitou-se ao lado de Draco. Pareceu frio a abraço do outro e Draco, inconscientemente, se afastou. Não forçaria algo que era claro que o outro não queria.

When my time comes, (quando minha hora chegar)
forget the wrong that I've done (esqueça os erros que eu cometi)
Help me leave behind (me ajude a deixar para trás)
some reasons to be missed (algumas razões para que sintam minha falta)
Don't resent me, (não se ressinta comigo)
and when you're feeling empty (e quando você se sentir vazio)
Keep me in your memory (me mantenha em sua memória)
leave out all the rest (esqueça todo o resto)

Draco ainda estava possesso pela briga, e pelo jantar e, principalmente, pelo que estava sentindo.

Ele simplesmente não agüentava ficar mais nem um segundo naquele quarto, naquela casa, naquela cidade, naquele país. Olhou para o outro rapaz, que agora encarava o teto, ao seu lado na cama. Era mais do que óbvio que Harry estava magoado com os amigos, e que fora magoado por eles. Ele parecia sentir muito a rejeição daquele Weasley ridículo. E o motivo de tudo era Draco. E isso o fazia se sentir mal. Na verdade, eles estavam lutando uma batalha perdida. Harry realmente teria que decidir, ou os amigos, ou ele. E Draco não queria estar ali para ver a decisão.

Esperou Harry dormir, e, silenciosamente, arrumou sua mala e saiu do quarto. Da porta, ainda olhou para trás, observando por alguns segundos o rapaz adormecido, pouco visível na escuridão.

Baixou a cabeça e puxou sua mala para fora do quarto, fechando a porta, e escorando-se nela, controlando a respiração. Recusava-se a deixar uma única lágrima cair.

- Atitude extremamente parecida com a do rapazinho que dorme ali dentro, sabe? Fugir dos problemas é uma maneira maravilhosa de resolvê-los. – disse uma voz sarcástica, de um dos quadros da parede.

Draco levantou a cabeça e encontrou Phinneas Nigellus lhe encarando com um ar enojado. O garoto apenas lhe lançou um olhar idêntico.

- Cale a boca. – ele disse, puxando a mala mais um pouco, em direção à saída.

- Falta de educação agora é transmissível, exatamente como a mania de tentar fugir de situações delicadas? Nossa, essa convivência com esse moleque está acabando com as maneiras do último descendente dos Black. - Draco levantou a cabeça mais uma vez.

- Eu só estou fazendo o que acho certo.

- Fugindo sozinho? – o quadro perguntou, erguendo uma sobrancelha.

- Foi você mesmo que disse que eu tinha a alma de um Slytherin, e que os Slytherins seguem seus caminhos solitários. – Draco declarou, com um resquício de orgulho.

- E eu também lhe disse que aquilo não era um elogio. – replicou o quadro. Draco o encarou.

- Eu não estou fugindo. Eu só estou voltando para casa. – a voz cansada fez o quadro perder a pose por tempo suficiente para o loiro conseguisse sair da casa sem mais interrupções. Uma vez na rua, Draco desaparatou. Ele ia para casa. Quando e se Harry quisesse, saberia onde encontrá-lo.


Na manhã seguinte, Harry acordou sozinho. Nenhuma roupa no armário, nenhuma nota na mesa de cabeceira, nenhum bilhete de despedida, nenhuma carta com explicações. Nada. Era tudo que havia restado da presença de Draco.

Hermione apareceu naquela manhã, e convidou Harry para almoçar com ela e Ron. A ausência de Draco não foi questionada, até que ele chegasse ao apartamento em que sua amiga agora morava. Até que Ron fez a pergunta fatal.

- E onde está o... Malfoy? – Harry ficou extremamente embaraçado e teve que se controlar para responder.

- Eu... – ele tossiu, desembargando a voz, antes de prosseguir. – Eu não sei.

Ron esbracejou durante todo o almoço, mas apenas um pensamento estava na cabeça de Harry. Draco o havia abandonado. Depois de meses juntos, de tudo que ele achava que eles sentiam, Draco o havia abandonado. Sem explicações, sem desculpas, sem despedidas. Nada. E aquilo doía de uma maneira inexplicável.

Não impostava quantas vezes Ron repetisse que Harry ficaria muito melhor sem ele, que ele não faria falta, que era um imbecil e tudo mais, nada o faria se sentir melhor, ele amava Draco. E havia sido abandonado.

Três dias se passaram, desde a partida de Draco, e o humor de Harry não melhorara em nada. Passou todo aquele tempo tentando descobrir para onde o outro teria ido, o que o teria levado a o abandonar, a largá-lo ali, mas ele não conseguia entender.

Estava almoçando n'A Toca, um almoço tardio de domingo, e Harry estava ausente, como estivera durante todos aqueles três dias. Ginny parecia extremamente incomodada com a situação, e, quando os quatro ficaram sozinhos, ela acabou explodindo.

- Por favor, Harry, pare de fazer essa cara de enterro por causa do imbecil do Malfoy!

Harry se assustou com a indignação da ruiva e a encarou, como se só agora houvesse notado que ela estava ali.

- Bem, Ginny, ele foi embora sem uma única explicação. É meio chocante, sabe? – ele retrucou, começando a se irritar.

- Eu nem ao menos entendo o porquê de você parecer tão deprimido. Não é como se ele fosse o amor da sua vida, é?

- Eu também acho, cara. – disse Ron. – Ginny tem razão.

- É claro que tenho!

- Eu o amo, Ginny! Por Merlin, o que é tão difícil de entender nesse conceito? – Harry encarava os amigos que o condenavam com o olhar, e se sentia apto a gritar de frustração. Por que não compreendiam que ele amava Draco? Ele não havia esperado que eles reagissem assim, esperava que eles o apoiassem, não que tentassem lhe fazer se conformar em perder o homem que ele amava.

- Ama, Harry? Ama? – a voz de Ginny tinha um tom de sarcasmo que ele não conhecia, - Assim como você me amava no seu sexto ano? E no ano depois da guerra? Assim como você amava Cho, no ano do torneio? Atração, talvez, Harry, vontade de ajudar, porque talvez você visualize nele a "última donzela em perigo" que sobrou da guerra, já que só resta ele precisando de ajuda, todos nós estamos bem, mas amor? – havia um ar de descrença tão grande no rosto da ruiva e no de seus dois melhores amigos que Harry se sentiu derrotado. Não adiantava, eles nunca iriam entender. Balançou a cabeça, triste, com um sorriso de lado, que ele havia adquirido depois de passar tanto tempo com Draco.

- Sabe o que é mais triste? É que essa era a única questão em que eu pensava que Draco estava enganado. E é a única em que eu vou ter que dar razão a ele. Vocês realmente não entendem. – balançou a cabeça mais uma vez e ia dar as costas a eles, quando Ron o puxou pela camisa, fazendo-o voltar-se para encará-lo.

- Harry, cara, você precisa ver a razão. Você precisa! Cara, é o Malfoy, Harry, por favor! Nós... Entendemos que você goste de... ahn... Homens, mas, Harry! Ele não presta, é só um idiota, que quer que alguém o ajude, porque é um perdedor tão grande que não consegue mais achar seu próprio caminho sozinho! Você realmente precisa parar com essa sua mania de salvar as pessoas! Ele não é a "última donzela em perigo", ele é o imbecil que vai acabar com a sua vida! – os olhos verdes pareceram faiscar de fúria e Ron largou o braço do amigo.

- É realmente isso que vocês pensam? Que ficar com o Draco é só um capricho? Um complexo mal resolvido de heroísmo? Que eu só quero salvar mais alguém para chamar a atenção? Merlin! Eu pensava que vocês me conheciam! – ele estava dividido entre a raiva e a tristeza. – Eu realmente não vou mais ficar aqui. A minha amizade ainda é de vocês. Mas, por favor, não me façam ter que ouvir isso de novo. Não condicionem meus sentimentos a essa futilidade que vocês estão condicionando agora. Eu realmente não quero mais passar por isso.

Harry deu as costas aos amigos e já estava saindo da casa dos Weasley quando ouviu a voz calma de Hermione chegar aos seus ouvidos pela primeira vez aquele dia.

- Harry... – ele virou-se para encará-la, - Boa sorte.

Ele deu um pequeno sorriso em resposta ao que recebeu, e saiu daquele lugar. Ele já sabia o que tinha que fazer. Ele tinha que voltar para casa.

I can't run anymore, (eu não posso mais correr)

I fall before you, (eu caio diante de você)
Here I am, (aqui estou)
I have nothing left, (não tenho mais nada)
Though I've tried to forget, (embora eu tente esquecer)
You're all that I am, (você é tudo que eu sou)
Take me home, (me leve pra casa)
I'm through fighting it, (eu não vou mais lutar)
Broken, (quebrado)
Lifeless, (sem vida)
I give up, (eu desisto)
You're my only strength, (você é a minha única força)
Without you, (sem você)
I can't go on, (eu não posso continuar)
Anymore, (mais)
Ever again. (nunca mais)
I can't run anymore, (eu não posso mais fugir)
I give myself to you, (eu me dou pra você)
I'm sorry, (eu sinto muito)
I'm sorry, (eu sinto muito)
In all my bitterness, (em toda a minha mágoa)
I ignored, (eu ignorei)
All that's real and true, (o que é real e verdadeiro)
All I need is you, (tudo que eu preciso é você)
When night falls on me, (quando a noite cai sobre mim)
I'll not close my eyes, (eu não vou fechar meus olhos)
I'm too alive, (eu estou muito vivo)
And you're too strong, (e você é muito forte)
I can't lie anymore, (eu não posso mais mentir)
I fall down before you, (eu caio diante de você)
I'm sorry, (eu sinto muito)
I'm sorry. (eu sinto muito)
Constantly ignoring, (constantemente ignorando)
The pain consuming me, (a dor me consumindo)
But this time it's cut too deep, (mas desta vez feriu muito fundo)
I'll never straight again. (eu jamais vou ficar bem de novo)
My only hope, (minha única esperança)
(All the times I've tried) (todas as vezes que eu tentei)
My only peace, (minha única paz)
(To walk away from you) (sair de perto de você)
My only joy, (minha única alegria)
My only strength, (minha única força)
(I fall into your abounding grace) (eu caí em sua abundante graça)
My only power, (meu único poder)
My only life, (minha única vida)
(And love is where I am) (e amor é onde eu estou)
My only love. (meu único amor)


Draco fechou a porta atrás de si, sentindo como se a chuva que caía lá fora fosse uma simples provocação ao que ele sentia. Estava o provocando a também deixar suas lágrimas caírem, mas isso simplesmente não iria acontecer. Fechou os olhos um instante mais, respirando fundo e mandando todos os sentimentos que ameaçavam transbordar de volta para o seu devido lugar, fora de alcance, no fundo de sua mente. A conversa com Danton voltava a cada poucos segundos. Ficar e... Esperar? Fazia três dias que ele havia voltado daquele maldito lugar. Já havia esperado mais do que o suficiente. Harry... Melhor, Potter não iria voltar. Simples assim. Ele estava sozinho mais uma vez. E quem podia culpar o cicatriz, no fim de tudo? Ele tinha uma vida, amigos e, ainda que fossem um bando de gente insuportável e sem um único pingo de bom gosto, eles se importavam com aquele imbecil. Quem deixaria tudo aquilo por uma única pessoa? Ele certamente não deixaria. Mas a escolha não era dele. Não daquela vez. Tomou fôlego novamente e entrou na sala do chalé, pronto para retirar suas últimas malas dali e partir para... Bem, algum lugar. Passaria a noite em Berna, em um hotel qualquer, e então decidiria para onde ir.

Ao entrar na sala, no entanto, o cenário não era o mesmo que ele havia deixado para trás. Todas as suas coisas estavam em seus devidos lugares, suas malas e baús em nenhum lugar à vista, cada móvel, cada decoração, cada tapete e fotos... Tudo estava no mesmo lugar que costumava estar antes de ele decidir empacotar tudo e se mudar. E, no centro da sala, com gotas de chuva salpicando o casaco desnecessariamente grande e bagunçando ainda mais os cabelos espetados, que caíam sobre os olhos, estava Harry. Draco estacou onde estava e encarou o moreno que tinha lágrimas sobre as faces, correndo livremente, como se nada fosse mais natural para ele do que estar no meio de uma sala de um chalé na Suíça e chorar. O loiro o encarou com espanto, a princípio, que aos poucos transformou-se em raiva. Então ele levava dias para aparecer e chegava já desarrumando tudo que ele havia feito? Por acaso ele pensava que iria desistir de ir embora apenas porque aquele testa rachada, idiota havia resolvido passar para dar um alô? Merlin, isso não ia acontecer. Abriu a boca para xingá-lo, escorraçá-lo e colocar aquele imbecil para fora de sua casa e de sua vida, mas, para sua própria surpresa, não foram xingamentos ou palavras hostis que vieram.

- Precisou de três dias para decidir quem valia mais a pena? – foram as palavras que saíram de sua boca, com um tom amargo e triste.

- Não. – foi o que Harry respondeu, a voz embargada e as lágrimas ainda caindo, enquanto se aproximava do loiro, que ainda estava sob o batente da porta da sala, - Levei três dias para perceber que você não tinha me abandonado... Que você só tinha voltado para casa.

O olhar cinza parecia tentar perfurar o verde e Harry aproximou-se lenta e cautelosamente, sendo que Draco retesou ao ver o outro se movendo.

- Eu fiquei perdido. – Harry disse, lágrimas insistentes banhando seu rosto e Draco sentiu seu coração apertar, - Eu acordei, e você não estava lá. Eu pensei que havia desistido de mim, que não me quisesse mais.

O olhar verde vagou até a mão de Draco e fixou-se no anel que ele ainda usava. Um sorriso fraco surgiu no rosto de Harry.

- Mas parece que eu entendi tudo errado.

- Você sempre entende tudo errado, cicatriz. – replicou Draco, dando alguns passos e abraçando o outro, com seu casaco gigantesco.

- Eu entenderia errado agora, se pensasse que você me perdoa? – a voz de Harry ainda estava embargada e Draco conseguiu disfarçar uma risada, enquanto sentia seus olhos marejarem mais uma vez.

- Sua capacidade de interpretação melhora quando eu estou por perto. – Harry riu e afastou-se um pouco, para poder olhar nos olhos dele.

- Então nunca mais fique longe de mim.

Draco devolveu o olhar firme que o outro lhe dava, e segurou o rosto dele com as duas mãos, antes de responder.

- Nunca mais. – a primeira lágrima caindo pela face pálida, enquanto ele aproximava o rosto do de Harry, tocando os lábios com delicadeza.

Aquele beijo era as verdadeiras boas vindas, era a confirmação da volta para casa. Potter tinha gosto de chuva, e cheiro de madeira. Draco correu as mãos pelos cabelos bagunçados, traçando cada linha do rosto do outro enquanto as levava até lá.

Parou o beijo, ainda com as mãos entre os cabelos dele, sentindo Harry o abraçar pelos ombros. Beijou a testa, sobre a cicatriz, e então cada um dos olhos. A bochecha direita e a esquerda, a ponta do nariz, o queixo, e então os lábios mais uma vez, que já estava entreabertos, como se aguardassem pelo retorno dos seus, e só juntos, eles descobrissem seu verdadeiro propósito.

Quebrou o beijo mais uma vez, abraçando Harry com força, e então se moveu, abraçando-o por trás. Andando com ele até o quarto.

Harry tinha os olhos fechados, até aquele instante. Confiava tão cegamente em Draco que não precisava ver para onde ia, contanto que fosse ele a lhe guiar. As mãos do loiro correram pela frente do casaco, e ele tirou-o lentamente, deixando-o cair até o chão, acompanhando o movimento do tecido pesado com as mãos e ouvindo o suspiro de satisfação de Harry ao sentir o contato de sua pele com a dele. A camisa branca que Harry usava era fina, e Draco conseguia sentir o calor do corpo dele, através do tecido. Harry virou-se em seu abraço, e beijou Draco, sua boca mais uma vez recepcionando alegremente a dele, entregue, contente, cada movimento de um espelhado no outro, da mesma maneira que costumava ser antes de todo o inferno que sua estadia naquela Mansão havia sido.

As mãos do moreno tiraram sua camisa e casaco, os torsos se tocando, as bocas se complementando, e, de repente, o mundo fazia sentido outra vez, os segundos congelavam, e tempo não parecia existir, havia eles e seus movimentos, seus toques, seus beijos, seus gostos, misturado, unidos, sincronizados como um.

Draco correu a mão pelo cós da calça do moreno, fazendo-o quebrar o beijo, e encarar o olhar cinza, enquanto o loiro o levava até a cama, e o deitava delicadamente lá. O loiro abriu a calça e a retirou devagar, as pontas dos dedos tocando a pele que aparecia centímetro por centímetro, fazendo a respiração de Harry acelerar, e o moreno cobrir o rosto com os braços e morder os lábios.

Draco terminou de tirar as roupas do moreno e admirou a visão à sua frente alguns segundos, antes de começar a tirar sua própria calça lentamente, fazendo Harry abrir os olhos, para ver o que havia afastado o toque de Draco de si.

Quando abriu os olhos, encontrou o outro já sobre ele, apoiando-se nas mãos, os olhos fixos nos seus, o rosto tão próximo que clamava por toque, a boca dele pedia por beijos, por calor, por proximidade.

Draco desceu o corpo, um dos joelhos escorregando por entre as pernas de Harry, que as afastou, permitindo que o corpo do outro encaixasse no dele. Pareciam moldados para estarem assim. O loiro tocou a boca de Harry com leveza, afastando-se em seguida, deixando o moreno sedento por mais, o que fez com que Draco sorrisse. Mais um toque leve, um pouco mais demorado, mas ainda assim, não um beijo, não o suficiente para aplacar a fome que Harry tinha dele. Desceu mais o corpo, finalmente permitindo que sua pele tocasse completamente a de Harry e o moreno gemeu pelo toque, deixando transparecer o quanto tinha sentido a falta do outro. Draco entrelaçou os dedos pelos cabelos de Harry, enquanto sua outra mão percorria toda a extensão do corpo do moreno, até onde seu braço permitia, e desceu a boca, encontrando a de Harry mais uma vez, beijando-o completamente agora, as línguas se tocando, infiltrando as bocas, permitindo que seus gostos se misturassem e se tornassem um. O beijo tornou-se quente, possessivo, enquanto as mãos de Harry passeavam pelas costas de Draco, movendo-o involuntariamente contra ele, enquanto o moreno erguia os joelhos, praticamente implorando por algo que ambos desejavam.

O primeiro movimento de Draco foi lento, calmo, quase calculado, como se quisesse provar a Harry que poderia se controlar. Mas ao sentir o moreno impulsionar-se contra ele, ao ouvir sus súplicas incoerentes, os sopros de ar que ele deixava escapar, os beijos quebrados por mordidas nos lábios, Draco se deixou levar, movendo-se no mesmo ritmo que seus instintos ditavam, suas almas alcançando um equilíbrio que superava qualquer um que seus corpos pudessem alcançar. Draco sentia-se preencher o corpo de Harry, que o acolhia, o moreno o puxava contra ele, como se pudessem ficar ainda mais próximos. Num movimento vindo por impulso, Draco puxou Harry contra ele, fazendo-os ficarem sentados, Harry agora movendo-se nele, ajudando-o a ficarem completos, enquanto Draco corria as mãos pelas costas do outro, que agora sugava seu pescoço.

Uma das mãos de Draco envolveu a ereção de Harry e o moreno parou por um segundo, deixando que em gemido alto escapasse, pela quantidade de sensações que o invadiam. Draco impulsionou-se contra ele, e Harry voltou a se mover, os olhos abertos, fixos nas íris cinzas que brilhavam de desejo e satisfação.

Instantes eternos, segundos infinitos, momentos inacabáveis. Apenas seus movimentos juntos, seus corpos unidos, suas almas em equilíbrio, suas razões em compreensão e aceitação mútua. Nada mais poderia ser mais perfeito.

Foi no mesmo segundo que ambos atingiram o clímax, seus movimentos recusando-se a parar, até que os dois caíssem na cama, exaustos e entrelaçados. Draco ajeitou-se sobre os travesseiros e puxou as cobertas, enquanto Harry aninhava-se em volta dele, entrelaçando pernas e braços, e adormecia.

Draco velava o sono do moreno, como sempre fazia antes de dormir. Gesto que ele sempre repetia ao acordar. Velar o sono de alguém era algo que lhe deixava fascinado. Os pequenos detalhes que se descobrem, as oscilações na respiração, o movimento do peito, a maneira como Harry sempre parecia uma criança ao acordar. Era tudo grande demais em seus detalhes, perfeito demais em sua disposição casual, era belo demais pela sua constância. Ele não queria nunca mais ter que perder nada disso.

Ele queria passar todos os segundos de sua vida ao lado de Harry.

E o fato de que Harry se entregava a ele, e compartilhava de tudo que ele sentia lhe dizia, com mais segurança naquele instante do que jamais antes, que Harry desejava o mesmo.

Segundos que valem a pena, por serem passados ao lado de quem se ama.


N.A: Thanks à Buh que fez a capa ; )))

Obs para Twin:

(1) EU NÃO RESISTI, Agy, somos nós. E cantando "Há um mundo bem melhor." XD

(2) Esse tipo de pnesamento impuro do draquenho é culpa de discussões sobre as melhores funções do Pottah hauahuhauahua
Valeu meeeeeeeeeeesmo, pessoal, por terem esperando tanto para saber o fim desta história. Milhões de desculpas não justificariam, mas espero que tenha valido a pena, ou quase.

Mais um pinhão que chega ao fim (momento deprê) e que eu amei escrever. Existem chances (GRANDES chances) desta história ter uma continuação. O que vcs acham?? Me digam através das REVIEWS!

Obrigada, pessoal, e dêem uma olhada em Sweet Little Lies, meu pinhão novo, que já está sendo postado. ;)

Bjs e R E V I E W !