Disclaimer: Não é nenhuma novidade, nada é meu. Tirando a história, claro.
"Sim, Petúnia, essa era a grande diferença entre vocês.
Mesmo naquela escola trouxa que Lily freqüentou até os onze anos, a diferença entre vocês duas era gritante. Diferentes, sim - mas, ao mesmo tempo, tão iguais, tão encantadoras.
Você, beleza comum. Loira, olhos claros, pele bem branca. Mas, ainda sim, desejável. Tão espevitada, despreocupada, fútil. O que importava era apenas sua mente fechada, seu teatro bem feito.
Já ela, logo no primeiro dia de aula, mostrou um interesse incomum, Aliás, como tudo nela: seus cabelos ruivos e os olhos verdes extremamente brilhantes.
Mas ela se foi para aquele mundo encantado, que para você, era uma fábrica de desejos espontâneos, como você mesma chegou a dizer. E você não. Ficou aqui, a sonhar com contos de fadas, enquanto ela os vivia.
E então, você perguntava por que, já que ambas eram meninas consideradas de ouro.
E nunca passou pela sua cabecinha, que o dom era dela simplesmente saber lidar melhor com ele, e não criar falsas imagens de um mundo não tão encantado assim. Era mais madura, mesmo você sendo a mais velha.
Ela voltou, cheia de novidades, modos e outras esquisitices que te encantaram, embora você tenha torcido o nariz a subido as escadas com passos duros e firmes.
Nunca foi inveja. Era desapontamento.
Porque com o passar dos anos, ela foi ficando independente, forte e decidida, como todas as princesas das estórias infantis. Princesas essas, que ambas eram. Você, a do rostinho bonito, palavras decoradas de livros não interpretados, tão bela, tão vulnerável, e tão tocável. Já Lily, era a que possuía mente, conteúdo. A beleza tão rara quanto a essência. A princesinha bela e intacta, intocável. E isso realmente irritava você, pois atrapalhava toda a peça de vida perfeita. Pois a personagem principal era ela. Não você.
E por causa dessa "raiva" ela não era mais sua confidente, sua irmã mais nova. Você não a queria, porque pensou que ela te abandonaria por um saquinho repleto de magias a qualquer instante.
Você não podia suportar tanta alegria na vida dela, enquanto a sua era vazia. Mas não tinha a menor idéia dos riscos que ela corria. Por sua opção. Fora feliz no casamento, com o filho e emprego, enquanto você é subordinada ao marido em um casamento de aparências e interesses.
E agora ela se foi. Desta vez, para sempre. E talvez o único que poderia fazê-la consertar todos os erros cometidos com sua irmã esteja saindo pela porta neste exato momento. Você pode descer as escadas, e abraçá-lo pela primeira e ultima vez. Perder-se naquele mesmo brilho dos olhos que ele herdou da mãe. Nada responder à pergunta muda dele. Sorrir, e o encorajar a seguir em frente. Como você pode não fazê-lo. É a sua opção. Conserte o erro, ou apague-o de sua memória. Mas não de sua consciência."
Não havia remetente. A caligrafia fina e redonda estampada em um pedaço de pergaminho, manchado pela única lágrima que escorrera enquanto lia a carta.
A porta da sala foi fechada, como ela pôde escutar. Amassou o papel e jogou-o na lareira.
Sentou-se ao lado do marido para assistir o noticiário. Não comentou nada. Voltou a vida pacata e fútil de sempre, sem esperar que a batida da porta fosse ecoar para sempre em seus ouvidos, lembrando-te da culpa, amarga como um veneno lento que te mata aos poucos.
N/A: Ah, não sei da onde veio isso.
Dedico a Lynn Sparrow que betou essa fanfic e me aguentou no msn. Também merece dedicatória pelo apoio moral e pela ajuda durante a crise "eu-sou-uma-péssima-autora", minha amiga Dani. Adoro vocês duas.
Review? É uma forma de me fazer sorrir ;)