Capítulo 18

Nos meses que e seguiram eles tiveram alguma dificuldade para se acostumar com tudo, os jornalistas que pareciam determinados a fazer um perfil detalhado sobre a sexualidade de Draco. Duas vezes fotografaram Ginny com uma roupa mais folgada alegando uma gravidez o que a deixou furiosa e ele teve que assegurar a ela por semanas que não tinha ganhado nenhuma grama a mais. Da primeira vez ele havia sido honesto e admitido que talvez ela houvesse ganhado 1Kg, ela não falou com ele durante toda a semana seguinte, da segunda vez negou terminantemente a possibilidade devido à experiência prévia. Ele visitou a Toca e sobreviveu, mais de uma vez inclusive, ele e o irmão mais novo dela, Rony, haviam saído aos socos da primeira vez, mas nas vezes seguintes tudo correu estranhamente bem. Ele suspeitava que ela houvesse ameaçado o irmão em contar alguma história embaraçosa de quando eles eram jovens para ele e apenas por isso Rony havia lhe feito o favor de fingir que não o via na visita seguinte e Draco fez o mesmo. Com o passar do tempo eles se tornaram de cumprimentar um ao outro na chegada e na saída, o que já era um avanço significativo, ainda se sentia deslocado em meio a eles, mas o Sr. e a Sra. Wesley pareciam fazer de tudo para serem simpáticos e os dois irmãos mais velhos também. Sabia que as poucas vezes que foram visitar seus pais ela sentia-se da mesma forma, e na visita mais recente seu pai havia lhe dado um aperto de mão, aquilo sim era avanço. Nas primeiras vezes havia sido estranho, mas sua mãe havia insistido tanto que ele acabara cedendo, tinha receio de que Lucius fosse grosseiro com Ginny de alguma forma, aquilo ele não admitiria e não queria brigar com seu pai. Quanto a aquilo ele tinha que elogiar o poder e persuasão de sua mãe, seu pai estivera perfeitamente comportado todas as vezes em que eles foram visitar, nunca muito sociável, mas não era nada pessoal.

No começo Draco ia dormir na casa dela todos os fins de semana, em seguida eles começaram a alternar as casas, depois que a Sra. Patton apalpou o seu traseiro enquanto ele pegava as correspondências no capacho da porta. Ela era uma senhora trouxa de oitenta e cinco anos surda e sem dentes que era vizinha de Ginny, eles haviam tido uma discussão interminável naquele dia. Quer dizer, ele havia tido, ela mais gargalhava do que qualquer outra coisa. Ele não conseguia entender porque ela tinha que lidar com coisas como contas trouxas (algo que chamavam de condomínio), pagar pela água, aquilo tudo lhe soava absurdo. A muito custo conseguiu convencê-la a passarem os fins de semana na mansão dele, aos poucos ela começou a ir depois do trabalho, porém reclamava muito que detestava ter que aparatar. Então ele passou ir buscá-la e então ele os aparatava de lá até em casa, aos poucos ele notava que a disposição dos moveis da casa mudava, depois que haviam tapetes e quadros novos, mas quando ele notava, tinha a impressão que as mudanças já haviam acontecido ali há algum tempo. Então uma noite ela mandou uma coruja, havia ocorrido algo chamado "apagão" e ela estava no escuro assim como todo o prédio. Draco aparatou imediatamente na sala de estar e a chamou, ela não respondeu então ele seguiu o barulho baixo do choro dela, encontrou-a agarrada uma das pernas da mesa de jantar debaixo da mesma, tremula. Pegou-a no colo e a tirou de lá, depois disso ele não precisou de muitos argumentos para fazê-la se mudar de uma vez, para a mansão onde eles já passavam a maior parte do tempo juntos. A princípio eles discordavam em quase tudo, se Draco queria fechar as cortinas, Ginny queria manter as mesmas abertas, se ele gostava de sentar à mesa do jantar para a refeição as sete horas da noite ela insistia só sentir fome as nove... Ela sempre dizia que ele era teimoso e cabeça dura, o que honestamente já não o irritava mais, mas do seu ponto de vista ela também se mostrava incrivelmente teimosa e cabeça dura algumas vezes. Ela sempre bagunçava a sua biblioteca, Ginny era incrivelmente bagunceira, sorte que eles tinham três elfos domésticos, mas eles não tinham permissão para entrar na biblioteca. Agora seus livros se misturavam com os dela que estavam sempre mostrando sinais de mal-uso, ficava horas deitada no segundo divã que ele havia colocado ali. Havia cogitado construir uma biblioteca só para ela, assim a bagunça poderia se manter contida e ele poderia ler sozinho como costumava fazer a hora que quisesse, mas percebeu que gostava de observá-la lendo. A medida que dormiam cada vez mais tarde passaram a comer uma refeição simples as sete da noite e as dez eles comiam uma refeição completa caso contrário ambos sentiriam fome a meia noite que era quando iam dormir. Ele havia percebido também, que mesmo ela tomando todo o espaço da cama, roubando suas cobertas e se enroscando nele como um polvo durante a noite, detestava dormir sem ela durante as noites em que ela estava trabalhando no hospital. Ela havia se tornado tão presente em sua vida que ambos se permeavam, era difícil se imaginar sem ela.

Agora quase um ano depois que eles haviam se encontrado naquela viagem maluca ele tinha certeza que não só não queria viver sem ela, mas que não conseguiria caso tentasse e aquilo era definitivamente assustador. E se tudo desse errado? E se de repente eles brigassem e ela quisesse ir embora? E se a família dela interferisse e a forçasse a ir embora? Como ele faria? Sentia um peso no peito só de pensar, detestava lembrar do tempo em que se afastaram na viagem, lhe deixava nervoso e irracional. Ultimamente muitos homens demonstravam um interesse inadequado nela, era visível as segundas intenções e ele ficava muito irritado, mais irritado ainda quando ela ria e o chamava de ciumento. Não conseguia compreender como o mundo parecia não ter entendido que ela era dele, enquanto todos os jornais e colunas de fofocas pareciam ocupados demais divulgando isso. Ele não era ciumento e possessivo como ela lhe dizia sempre, ela também não se sentia nada satisfeita quando ele tinha que ir jantar com Pansy Parkinson a trabalho. Naquela noite ela não havia nem se enroscado nele nem roubado seu lençol, mas havia tomado muito espaço da cama o segregando em um canto que não caberia metade dele e de alguma forma aquilo não lhe parecera um bom pressagio.

E agora ele estava ali na mesma casa de chá em que havia dito para sua mãe que eles estavam juntos, esperando a mesma quase tão nervoso quanto da primeira vez. Quando viu o cabelo loiro preso em um coque elegante quase suspirou de alívio, já estava ali a algum tempo, havia chegado mais cedo e esperar não era um de seus talentos.

- Olá querido. Como tem estado? – Perguntou sentando-se à mesa com ele.

- Bem... – Ela sorriu da resposta dele.

- É por isso que está tão agitado? Como está Ginny?

- Ela está bem.

- Então se não se importa vou me servir do seu chá e esperar que me diga a razão do seu convite.- ele ficou em silencio desviou os olhos dos dela, não sabia ao certo como começar, ter aquela conversa lhe parecia estupido, mas ele não sabia a quem recorrer. Então ela resolveu tomar as rédeas da conversa. – Como estão se adequando a vida a dois? Estão morando juntos a uns quatro meses, estou certa?

- Está. Ginny é incrivelmente bagunceira, teimosa e cabeça dura, os elfos tem trabalho triplicado agora que ela está lá.

- É mesmo? - Disse sua mãe com um pequeno sorriso no rosto.

- Ela não come nas horas certas então eu não como nas horas certas também, ela rouba meus lençóis durante a noite, deixa cabelo por todo lugar, na cama na pia na mobilha...

- Então tudo parece estar bem.- Concluiu ela trazendo a xícara aos lábios calmamente tomando o chá. Draco a encarava incrédulo, como ela poderia chegar a aquela conclusão baseada no que ele havia dito?

- Receio que não me ouviu direito, mãe...

- Pelo contrário ouvir perfeitamente o rio de reclamações e ainda assim você parece mais feliz, bem alimentado e satisfeito do que nunca. O que me induz a concluir que eu estava certa desde a última vez que estivemos aqui.

- Certa sobre o que?

- Sobre você amar a Srta. Weasley além da sua compreensão.

- Como poderia saber disso?

- Draco, filho por favor, me dê algum crédito, eu sou sua mãe. Desde que você deu seus primeiros passos gostou de ser independente, não gostava de auxílio para andar ou sequer segurar a minha mão ou a do seu pai para que tivesse mais firmeza. Detestava ficar no colo, mesmo criança você era o indivíduo mais autoritário que conheci, salvo o seu pai, mandava em todos os seus amigos. Você tinha a disciplina de um adulto. Então quando o vi feliz com a mais improvável das criaturas durante meses estava nítido para qualquer um com olhos que você não conseguiria viver sem ela. E meu palpite é que ela sente o mesmo, pois querido você não é uma pessoa simples de se conviver...- naquele momento o loiro ficou ultrajado, sua própria mãe falava aquilo.- Sinto muito querido, mas é verdade, seu pai é a mesma coisa. No entanto a Srta. Weasley continua feliz com você, atrevo-me a dizer, conduzindo a relação de vocês com tanta leveza operando tantas mudanças que só posso imaginar que ela se encontra na mesma situação.

- Há quanto tempo a senhora sabe disso?

- Desde o primeiro mês que vocês estiveram juntos, você nunca suportaria mais que isso se não fosse completamente dependente dela.- disse com simplicidade, as vezes ele jurava que sua mãe tinha algum tipo de bola de cristal que tinha respostas para tudo – O mais importante é, quando você percebeu isso? – Abaixou os olhos, não havia nenhum propósito negar aquilo.

- Essa semana. – Sua resposta arrancou uma risada de sua mãe.

- É por isso que está tão nervoso? – Draco sentiu que aquela pergunta era retórica e se manteve em silencio com os olhos na sua xícara, enquanto sua mãe abafava o riso – Tudo bem filho, antes tarde do que nunca... Isso me lembra o que eu vim fazer aqui.- então ela tirou uma pequena caixinha de veludo preto do bolso e colocou em cima da mesa. O ar fugiu aos seus pulmões e seus olhos se arregalaram, assim que Narcisa observou sua reação ela quase rolou os olhos. Só poderia ser aquele local que induzia sua mãe a fazer aquele tipo de coisa, então perguntou:

- Isso é...?

- Meu anel de noivado? Sim.

- Mãe...

- Vamos Draco, eu não tenho o dia todo. – Disse ela impaciente tomando mais chá.

- Mãe, eu não vou pedir Ginny em casamento, porque você e o papai querem.- ele disse com firmeza e ela sorriu bondosa e satisfeita, o deixando mais confuso.

- Fico muito feliz e orgulhosa que pense dessa forma, você é meu filho além de tudo. Trouxe o anel para que a peça em casamento porque você quer e mais ninguém.

- Como a senhora poderia possivelmente saber se eu quero casar com ela? Por acaso meus elfos domésticos reportam o nosso convívio para vocês?

- Oh Draco por Merlin não fale absurdos. Eu não sei se deseja casar-se com Ginny, tudo que sei é que não consegue viver sem ela, de qualquer forma você já tem o anel.

- Como eu saberia...? - Perguntou hesitante.

- Ah, homens... Sempre complicando tudo. Bem, sabemos que não consegue viver sem ela, mas em algum momento você deseja viver sem ela?

- Não.- respondeu prontamente com honestidade.

- Então creio que tem sua resposta, filho.- Ele ficou algum tempo em silencio considerando a linha de raciocínio de sua mãe, e como ela conseguia resolver aquilo com tanta simplicidade, o chá esquecido em sua xícara. Por algum motivo que fugia a sua compreensão ela parecia completamente certa, aos poucos o ar parecia voltar normalmente aos seus pulmões e uma sensação de alivio se espalhava. Ele queria tê-la a todo segundo, ouvir a sua risada constantemente, a ideia de Ginny em um vestido branco com os cabelos flamejantes arrumados vindo em sua direção era mesmerizante e despertava um calor em seu peito. Tudo aquilo lhe agradava estranhamente, de uma forma que ele nunca imaginou que iria, então uma preocupação surgiu em sua mete:

- E se ela disser não...?

- Querido, não posso lhe garantir qual será a resposta dela, mas não acho que vá ser essa. De qualquer forma, você é Draco Malfoy, é o homem mais manipulador que conheço, se essa é sua preocupação não acredito que não possa descobrir qual seria a resposta dela antes mesmo de você propor... Zabine não namorava uma das melhores amigas dela?

- Sim...- A medida que sua mãe falava um plano se formava em sua cabeça.

- Talvez você devesse cobrar um favor dele então...- Ele pegou a caixinha preta em cima da mesa e guardou em um bolso em suas vestes com um sorriso de canto, sua mãe era um gênio, não era à toa que seu pai não gostava de passar nenhum dia longe dela.

- Mãe, tem certeza que deseja me dar o seu anel...? – Perguntou incerto, ela sorriu e respondeu.

- Querido eu tenho mais joias do que poderia possivelmente usar, este anel marcou o começo do meu casamento com o seu pai, agora eu tenho muitas outras marcas mais permanentes para isso, incluso você. Eu e seu pai somos muito felizes desde que ele me pediu em casamento até hoje, mesmo não sendo o casal perfeito, espero que esse anel possa representar o mesmo para vocês até que não precisem mais dele como eu não preciso mais.

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Fazia algum tempo em que Draco não ia no Caldeirão Furado, desde que ela havia se mudado para a mansão ele raramente saia sem ela, eles constantemente saiam para jantar, mas nunca ali. Draco tinha um estranho prazer em leva-la nos seus lugares preferidos, que em sua opinião serviam os melhores pratos e bebidas que haviam em Londres. Ele jamais a chamaria para jantar no Caldeirão Furado, não que ele mesmo não já tivesse feito isso sozinho ou enquanto bebia com Zabine. Era justamente Zabine quem ele esperava ansioso, ultimamente parecia que era tudo o que ele fazia, desde a conversa com a sua mãe na casa de chá, ele esperava ansioso Ginny chegar do trabalho e quando ela chegava ele se perguntava se aquela era a hora de perguntar o que vinha perturbando sua mente. E era justamente por isso que estava ali agora, sentado na mesa no canto do bar em que ele e Zabine sempre se sentavam, tomando um whisky de fogo.

- Quem é vivo sempre aparece... Imagine o quão surpreso eu fiquei ao receber sua carta, esqueceu que tem amigos depois que a ruiva foi morar com você? – Perguntou Blás sentando-se na frente do loiro.

- Não é como se você não tivesse ocupado com a sua própria mulher...- Zabine sorriu, sem ter como negar.

- Olhe para ela, não é como se eu fosse preferir passar tempo com você, mas diga o que poderia ser tão urgente?

- Você me deve um favor e eu vim cobrar. Preciso que você convença sua namorada a sondar se Ginny aceitaria casar comigo.- Os olhos de Zabine se arregalaram em surpresa e o riso em seu rosto se espalhou mais ainda se é que isso fosse possível.

- Você está falando sério?

- Sim.- Disse ele simplesmente.

- Não sabia se viveria para ver esse dia...

- Não seja dramático.

- Sempre soube que você estava completamente de quatro por ela...

- Por Merlin, eu não estou...! – Retrucou indignado, mas seu amigo o interrompeu.

- Não negue Draco, todo mundo que vê vocês dois juntos sabe.

- Você não está muito longe disso você mesmo Blás... Ginny me falou que você também está morando com a Izzie... Ela me falou também com que trajes você surpreendeu Izzie no primeiro aniversário dos dois... Pode se divertir o quanto quiser as minhas custas, mas você se arrasta pela sua dominadora. – Disse o loiro rindo do misto de surpresa e horror no rosto do amigo.

- Como você poderia...?

- Como eu poderia saber disso?- perguntou irônico arqueando uma sobrancelha em desdém.- Mulheres conversam entre si, Zabine! Você já deveria saber disso.- Era a sua vez de rir, quando Ginny lhe relatou a visão de Zabine em roubas de baixo de couro algemado eles gargalharam por quase uma semana.

-Ah cale a boca Draco... E que favor é esse que você diz que te devo? - Disse Blás carrancudo.

- Eu não fui para essa viagem maluca com você? Contra a minha vontade devo dizer.

- Eu te fiz um favor te levando nessa viagem! Se não fosse por mim você sequer conheceria a rua ruiva...

- Não é verdade... Eu a conheci em Hogwarts...

- Oh por favor, você nem sabia da existência dela e ela te detestava naquela época. Quem me deve um favor é você. Não haveria nenhum romance entre vocês se não fosse por mim. Eu deveria ser padrinho do seu casamento e você aqui me cobrando favores. – Draco estava cansado daquilo tudo a impaciência lhe corroía, Zabine poderia ser tão insuportável e precisava resolver logo tudo aquilo.

- Como quiser, você será padrinho, mas primeiro preciso saber se ela aceita! Caso contrário somos apenas dois idiotas discutindo.

- Só você mesmo Draco, para não ver o obvio, existe pouco que você peça para ela que ela vá recusar. Ginny te ama... Não me pergunte por que, eu também não entendo, mas se você insiste vou falar com a Izzie, ela vai rir de você...

- Desde que ela não deixe Ginny suspeitar de nada, ela pode fazer o que quiser.

- Tudo bem.

- Diga que tenho pressa.- Disse tomando o último gole do seu whisky e levantando-se, Blás apenas sorriu divertido disse:

- Agora que vejo, essa insegurança lhe cai bem. - E em um piscar de olhos desaparatou. O loiro retornou para a mansão, não menos ansioso que antes, para esperar que ela chegasse do trabalho.

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Haviam se passado sete dias desde que ele havia falado Zabine, e não havia tido nenhum retorno. Faziam dez dias desde que ele havia falado com sua mãe e desde então não havia se separado do anel, mesmo quando estava com Ginny, se pegava segundando a caixinha de veludo dentro do bolço.

Ela constantemente perguntava o que havia de errado com ele, reclamava que estava mais silencioso que o habitual, ele sempre respondia que não era nada, que era só impressão dela. Draco se perguntava durante quanto tempo ele conseguiria viver daquele jeito, sentia-se ansioso o tempo inteiro, sentia como se a qualquer momento estivesse à beira de ter um infarto. Nunca havia se encontrado em uma situação que invocasse tais sentimentos, sentia-se quase amuado, ninguém lhe falou que pedir outra pessoa em casamento fosse ser tão torturante. Em alguns momentos ele se pegava se perguntando se seria necessário ele a pedir em casamento, afinal já moravam juntos mesmo, já haviam chocado toda a sociedade bruxa... Deveria estar subentendido.

Quando sua mãe falava parecia tão simples, mas parecia que nada era simples para eles, ele bem sabia disso, por Merlin, assim que se conheceram ela teve que curá-lo de uma diarreia! Ela também não ficava atrás com aquele cachimbo repugnante, assim que descobriram um ao outro. E ele que achava que as esquisitices e inconvenientes um do outro viessem só com o tempo...

- Draco, eu trouxe jantar...!- ela disse em voz alta entrando no cômodo em que ele estava com um sorriso. – Passei no seu restaurante preferido, pedi o salmão que você gosta... O que foi? Por que está me olhando com essa cara?

- Que cara?

- Com esse sorriso bobo como se estivesse vendo algo atrás de mim? – Levantou-se do divã conde estivera deitado displicentemente e andou até ela.

- Não há nada atrás de você. – Ela deixou a comida em uma mesinha ao lado deles e perguntou.

- Então, para que estava olhando?

- Para você.- Antes que ela respondesse algo ele a beijou como não fazia em dias, então como sempre acontecia com eles tudo parecia se passar em segundos e logo eles estavam dominados um pelo outro. As pernas dela se enroscaram nele enquanto as mãos dele percorriam sua pele e pela primeira vez em dez dias toda a ansiedade e preocupação se dissipou como fumaça ao vento. Ele havia estado tão preocupado que não havia notado quanta falta dela sentia.

Os dois terminaram ofegantes sobre o tapete agora ela também sorria, nunca havia ouvido seu nome e o adjetivo bobo na mesma frase, certamente era culpa dela se ele era bobo, ela o fazia assim. Ele olhava para o rosto dela, o sorriso, o jeito como os olhos se escondiam e suas bochechas se avermelhavam quando ela sorria, as pequenas rugas de quando ela franzia a testa preocupada, tudo nela parecia tão simples e mesmo assim o encantava…. Talvez fosse ele quem deixasse as coisas difíceis para si mesmo.

- Acho que destruímos a sala de visitas... – Disse ela rindo enquanto levantava a cabeça e olhava ao seu redor.

- Nós temos outras... – Ele disse não se distraindo dela.

- Não podemos deixar essa neste estado.

- Então redecore-a.- Disse simplesmente.

- Do jeito que eu quiser...?

- Como desejar... – Ele disse mesmerizado.

- Draco você está ouvindo o que eu estou dizendo? – Era um tolo mesmo, certamente não era para ser tão difícil quanto estava sendo, afinal estar com ela ali, agora era como respirar. Então se desenroscou dela e levantou-se determinado e começou a procurar pelas suas calças. – O que está procurando?

- As minhas calças, você viu onde as deixamos? – Ela ficou em silencio enquanto varria a sala com o olhar e então disse:

- Alí no busto do seu avô, no chão... Por que? – Ele andou rapidamente até lá, sua mão foi ávida até o bolso que sabia conter a caixinha de veludo e a escondeu atrás de si enquanto andava até ela. Deitou-se no tapete de frente para ela e colocou a caixinha aberta entre eles.

- Casa comigo? – Ela sorriu um sorriso imenso.

- Finalmente! – Ficou confuso, ela não parecia nem um pouco surpresa.

- Como assim finalmente...?

- Tenho visto você agonizar sobre isso há dias...

- Você sabia?

- Oh por favor, como se você conseguisse esconder algo de mim. – Disse ela rolando os olhos impaciente e pegando a caixinha para si. – Venho tentando te ajudar, facilitar a situação para você, mas como sempre, você ficou tentando controlar sozinho o que não está sob o seu controle.

- Como...?

- Blás me contou, na verdade ele e Izzie, eles riam tanto que um nunca conseguiam terminar uma frase. – Ele abriu a boca e choque.

- Aqueles dois traidores! É do feitio do Zabine estragar as coisas! O infeliz nem me falou nada! Ainda tem coragem de se chamar de meu amigo!

- Eu disse para que ele deixasse você no escuro, não é certo tentar saber a resposta antes de perguntar.

- Ah então você é a autora da minha miséria nos últimos dias? – Perguntou ele arqueando as sobrancelhas.

- Você quis trapacear e roubar toda a emoção do momento, achei que era uma punição justa.

- E a minha mãe diz que sou o mestre da manipulação…- reclamou para si mesmo e completou irônico. - Você tem toda a razão assim foi muito mais emocionante.

- Não seja teimoso Draco, você não deveria ter nenhuma dúvida de que eu aceitaria.

- Você ainda não disse se aceita ou não, então acho que minha dúvida era justificada.

- É claro que eu aceito! Por Merlin até os elfos domésticos já sabiam...

- Como assim?!

- Eles cuidam da roupa suja, querido... Você não tira esse anel do bolso.

- Até meus serviçais me fizeram de idiota. Muito bom!- Disse mal-humorado, mas ela sorriu e o cobriu de beijos até que ele suspirou resignado, e colocou o anel no dedo dela. Nada entre eles nunca era convencional, mesmo.

- Eu te amo, quantas vezes vou precisar dizer...- ela disse e ele devolveu o sorriso dela como sempre fazia, era como se não conseguisse controlar, então ele se lembrou da promessa que havia feito para Blás e sorriu vitorioso. – O que foi? Por que eu acho que não vou gostar do que vem a seguir?

- Blás, seu melhor amigo, me fez prometer que se você aceitasse ele seria o padrinho...

- E o que tem? Já imaginei que você escolheria ele mesmo...

- Acredito que é o padrinho quem prepara a despedida de solteiro, não? – Disse em um tom dissimulado, ela conhecia Blás o suficiente para saber o que aquilo significava. Então ele viu o cenho franzido na expressão de confusão no rosto dela se transformar em choque, e gargalhou gostosamente.

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Ela estava cansada de toda aquela correria, o vai e vem de pessoas no quarto, sua mãe eternamente perguntando se ela estava bem se precisava de algo. Ela podia jurar que se mais alguém lhe perguntasse se ela precisava de algo ela iria gritar. Os preparativos do casamento que seria amanhã haviam lhe deixado exausta, e Draco não ajudava, sempre que ela reclamava de algo ele sugeria que os dois fugissem. Ele tinha a resposta para tudo, mas nunca nenhuma solução e aparentemente ela também não. Faltavam dois dias e ela ainda não sabia ao certo como eles fariam para manter os Malfoys e os Weasleys em paz durante a cerimônia. Quando ela perguntou o que deveria fazer para Draco, ele simplesmente disse que não havia nada a ser feito, que eles provavelmente teriam que separar algumas brigas, mas a maioria iria matar uns aos outros. Quanto a isso ela não tinha como discordar,

Draco estava exausto também, convencer a sua família toda a vir havia sido um grande sacrifício, pelo qual ela se sentia grata, pois sabia que por ele, eles já teriam se casado escondido e deixado os jornais soltarem as notícias.

Ela não dormia direito, pensado no clima maravilhoso sob o qual iria adentrar a cerimônia nos jardins da mansão, pois quer ela quisesse ou não, seus outros familiares também achavam a sua união muito desagradável. Estava cansada de provar bolos, doces e de se preocupar se a decoração estaria como ela havia pedido e principalmente se os convidados iam voar nas gargantas uns dos outros, durante o que deveria ser o dia mais feliz da sua vida. Nunca imaginou que fosse dar tanto trabalho! Agora que considerava o que Draco havia lhe dito no começo, que seria bom que eles convidassem apenas os familiares próximos, achava que ele estava completamente certo, apesar de não ter acatado a sugestão no momento... Estava completamente arrependida.

Os fotógrafos e jornalistas durante esta última semana eram uma chateação constante, sempre por perto, fazendo perguntas inconvenientes e especulações maldosas. Sua mãe e Narcisa estavam hospedadas na mansão e ambas se mostravam comportadas, mas sentia-se sufocada, sabia que o loiro também estava à beira da loucura, ele se agarrava a toda e qualquer desculpa para deixar a mansão. Sabia que ele estava fazendo tudo aquilo para lhe agradar, quando o via tentando ser sociável com sua mãe, sentia como se sorrisse por dentro, Draco odiava ser sociável.

- Srta. Weasley, está pronta para experimentar os penteados? – Perguntou uma bruxa na porta de seu quarto. – Suas amigas já chegaram para ajudá-la a escolher.- Ginny suspirou e olhou para o anel em seu dedo. Ele havia lhe dito o que aquele anel representava e como sua mãe havia feito questão que ela o tivesse. Desde que eles haviam chegado da viagem era como se os dois tivessem um mundo só deles em que tinham tudo que precisavam. Claro que eles brigavam com alguma frequência, como ela sabia que sempre o fariam enquanto estivessem juntos, mas até das suas confusões ela se lembrava sorrindo. Ela olhou para o vestido branco que estava usando, era um dos três vestidos que usaria durante a cerimônia, era magnífico, havia custado uma fortuna.

- Srta. Weasley...?

- Onde está Draco? – Perguntou ignorando a mulher.

- Não sei, mas a Senhorita deve ficar aqui para a escolha dos penteados.

- Eu não devo fazer nada...- Disse irritada. – Mande as minhas amigas chamarem meus pais e o Sr. e a Sra. Malfoy para o jardim. – Dizendo isso saiu correndo com um sorriso de alívio no rosto, lhe custava admitir, mas Draco Malfoy estira certo o tempo todo, ela não precisava de tudo aquilo. Seus pés não diminuíam o ritmo, ela vasculhou todos os cantos da mansão numa corrida desabalada, com a respiração ofegante e os cabelos bagunçados e todos se perguntando o que havia acontecido com ela. Foi em todos os possíveis lugares em que ele poderia estar se refugiando dos preparativos para a festa, quando já estava considerando que o loiro havia fugido o encontrou no sótão, sentado em uma poltrona lendo um livro rodeado por alguns baús. Ele pareceu surpreso em vê-la, mas sorriu ao encontrar seu sorriso, ela trancou a porta atrás de si e foi até ele.

- Você estava certo…- Disse ofegante.

- Sempre estou, seja mais específica. – Respondeu ele arqueando as sobrancelhas olhando-a desse os pés descalços, o vestido até as bochechas coradas pelo esforço tentando entender o que estava acontecendo.

- Eu não quero essa festa cheia de complicações estúpidas...

- Argh! Graças a Merlin!- disse ele aliviado levantando as mãos para o alto com um enorme sorriso. – Digo... Tem certeza?

- Sei que já gastamos um dinheiro considerável, mas...- Ele a interrompeu de pronto.

- Esqueça o dinheiro! Dinheiro não é problema é uma solução, pagaria o triplo do que já gastamos na festa para que não passássemos por mais nenhum transtorno e ainda seria uma quantia irrisória. Apenas diga-me para onde deseja ir e nós iremos, podemos mandar cartas explicando tudo depois.

- Quero me casar aqui! – Disse empolgada, ele ficou confuso.

- Achei que tinha desistido da ideia...- Seu sorriso morreu em seus lábios.

- Quero casar aqui e agora, nossos pais e amigos já estão nos esperando no jardim! – seu sorriso se abriu ainda maior novamente. – Eu te amo e você é a mulher da minha vida!- Disse a pegando nos braços e a girando no ar. Estava escrito na testa dele o quão aliviado estava.

Todos ficaram surpresos, sua mãe não pareceu muito satisfeita, mas ela simplesmente a ignorou, para sua surpresa Narcisa Malfoy sorria em aprovação sem nenhum sinal de surpresa. O pai de Draco parecia tão aliviado quanto o próprio filho, mas ela creditava que por motivos diferentes, suas amigas lhe sorriam o tempo todo, e Blás Zabine parecia chateado, provavelmente por estar sendo privado da desejada despedida de solteiro. Seus irmãos pareciam satisfeitos e felizes por ela, menos os gêmeos e Rony que estavam levemente desapontados, ela suspeitava que eles estivessem preparando alguma surpresa desagradável para a família Malfoy.

Ao sentir a grama tocando seus pés descalços à medida que andava na direção de Draco e os olhos de todas as pessoas que amava sobre ela, em especial os dele que lhe sorriam ansiosos. ela sentiu-se tão satisfeita. Sabia que lembraria daquela cena para sempre e sua caminhada até ele pareceu durar para sempre, ao encontra-lo sentiu a mão fria dele na dela e apertou-a com força. Soube então que era o começo de uma nova parte de sua vida, mas nada lhe assustava naquela hora, nem as palavras do juiz, nem suas próprias dúvidas... Quando Draco a tomou nos braços e a beijou como sempre fazia, ela soube que aquele dia era tão real quantos os que viriam a seguir e que ela sempre se sentiria tão segura como sempre se sentia com ele. Draco Malfoy era o seu lar, ela era dele e ele era dela.

N/A: Olá para todos! Sei que tenho sido incrivelmente ausente por aqui não nego, e fico bem triste comigo mesma, não gosto nada de passar tanto tempo sem escrever, pois é como uma terapia para mim. Sempre imagino que com o passar do tempo eu poderei me dedicar mais para as minhas fics, mas a verdade é que parece que quanto mais o tempo passa mais complicada minha vida fica. Sinto muito pela demora, de verdade, espero que o fim tenha sido bom, pois acredito que essa foi uma das fics que mais gostei de escrever. Obrigada a todos que leram, espero que tenha sido tão bom ler quanto foi para mim escrever. Abraços