- Capítulo 1 -

Descobrindo uma nova realidade

(Por Moony-Sensei XD)

- Tome cuidado, meu filho.

Essa poderia ser só mais uma frase comum de uma mãe cuidadosa se despedindo de seu amado filho.

- Eu sei que você será muito feliz - terminou a mulher tentando, em vão, conter as lágrimas.

- De agora em diante você terá que escrever o seu próprio destino, Remus - completou o pai dando um último abraço no menino, que sorria para os dois.

Uma estranha sensação entre a alegria e o nervosismo aos poucos tomando conta do seu pequeno corpo.

Foi com um aperto no peito que Remus ouviu o último apito do trem. Agora não tinha como voltar atrás. Não que estivesse pensando em desistir, mas a idéia de deixar o calor e carinho de seus pais o desagradava um pouco.

- Está na hora. Adeus, Remus. - despediu-se o pai com a voz firme.

- Tchau querido, em breve nos veremos...

Finalmente havia chegado o momento... Finalmente ele iria para àquele lugar que por muito tempo fora apenas um sonho. Só mais um sonho que graças a sua condição nunca se realizaria.

- Tome cuidado...

Aquela simples frase não faria diferença a uma criança de onze anos. Seria só mais um aviso sem importância para uma criança comum, excitada com o novo mundo que está prestes a descobrir. No entanto, o efeito que essas palavras causavam em Remus, não era normal por muitos motivos. Porém, o mais grave era que elas faziam com que ele se lembrasse de que nunca poderia ser como os outros. E aquilo o obrigava a ter pensamentos nada habituais para um menino de sua idade, cuja maior preocupação deveria ser a próxima brincadeira a ser feita ou em como seria a visita ao parquinho no dia seguinte.

A doce e tola inocência que só as crianças possuem havia sido de certa forma arrebatada dele há alguns anos, quando o que deveria ter sido apenas mais uma noite de travessuras, se transformou no dia em que a sua vida teria sido para sempre amaldiçoada.

'' Essa com certeza deveria ser a melhor fase da vida de todas as pessoas '' - era o que seu irmão sempre dizia.

- Se ao menos Romulus estivesse aqui - Remus se ouviu murmurar enquanto tentava acompanhar a pequena aglomeração de alunos que entrava no expresso de Hogwarts.

' Você vai ficar bem' - ele ainda podia visualizar seu irmão fechando o seu malão enquanto falava - ' Com certeza você fará novos amigos, Remus. Eu sei que você encontrará alguém. Mesmo que seja só uma pessoa que irá aceitar a sua condição'

- Hey, volte aqui sua sangue-ruim!!! - gritos fizeram Remus, que estava quase no fim do corredor a procura de uma cabine vazia, despertar de seus pensamentos.

Uma garota aparentemente da sua idade passou correndo ao seu lado, ela parecia estar muito assustada e mais a frente tropeçou nos próprios pés, caindo com um baque no chão.

Demorou um pouco para ele perceber o que estava acontecendo, mas entendeu quando um garoto alto com mais ou menos uns quatorze anos caminhou lentamente em direção a garota e disse:

- Parece que os seus amiguinhos não estão aqui agora, não é mesmo, sangue-ruim?

- Por ... por quê? E-eu não f-fiz nada - a menina estava tremendo.

- Mestiços... e lixos como você não deveriam nem colocar os pés nesse trem. Mas... parece que algumas pessoas acreditam que vocês são iguais a nós - o garoto falou com desdém - Então eu irei lhe mostrar o seu devido lugar.

Tudo aconteceu muito rápido, o menino mais velho ergueu sua varinha na direção da garota, que colocou os braços sobre a cabeça em uma tentativa de se defender, entretanto, antes que conseguisse proferir o feitiço, Remus pegou a sua própria varinha e exclamou:

- Expelliarmus! - o garoto foi lançado para trás violentamente enquanto sua varinha fez o caminho contrário traçando um arco.

Essa era a primeira vez que usava a sua varinha, porém Remus não havia tido tempo para pensar se daria certo ou não, contudo, estava claro que anos e anos lendo todos os livros de magia que chegavam as suas mãos tinham dado algum resultado.

- Você está bem? - foi tudo o que conseguiu perguntar quando finalmente se recuperou do choque de ter atacado um colega e correu em direção a menina, que estava pálida e tremia mais do que nunca.

- Ih! Chegamos tarde... - outra voz surgiu no corredor, fazendo Remus erguer a cabeça e ver dois meninos parados a sua frente.

- Foi um belo Expelliarmus, não acha Sirius? - um garoto de óculos e cabelos negros estranhamente bagunçados perguntou ao que estava ao seu lado.

- Excelente! - concordou o outro.

Esse era mais alto que Remus e o de óculos, tinha cabelos pretos que caíam sobre o seu rosto de uma maneira muito charmosa e usava roupas negras que combinavam muito bem com o seu porte. No entanto, Remus não estava prestando atenção, pois ela foi direcionada para o que esses dois meninos vinham carregando atrás de si. Suas varinhas estavam direcionadas para trás, um fio longo e fino saindo da ponta de ambas e amarrando (custou um pouco para acreditar no que estava vendo) cada um duas pessoas.

- Ah! Isso... - o mais alto percebeu o que Remus estava olhando atentamente.

- Tolinhos... pensaram que novatos não sabiam usar magia...- continuou o outro divertido.

- Mu-muito obrigado - a menina agradeceu com a voz trêmula a Remus, que ainda olhava, perplexo, para os estudantes amarrados.

- De ... nada... - respondeu estendendo a mão para ajudar a menina a ficar de pé.

- Você também é novo por aqui? - perguntou o de óculos, ignorando os resmungos dos dois colegas que estava arrastando.

- Ah... sim... é o meu primeiro dia aqui. - disse meio sem jeito.

Bem, era um fato novo pessoas que não fossem de sua família lhe dirigirem a palavra de maneira tão espontânea.

- Muito prazer, o meu nome é James Potter e esse aqui é o Sirius - disse apontando para o menino ao seu lado.

- Sirius Black. Pode-se dizer que foi um belo começo... não pensei que essas serpentes nos amolariam logo no nosso primeiro dia.

Remus percebeu um brilho estranho passar pelos olhos de James, quando o mesmo se dirigiu a Sirius.

- Sabe, eu acho que nós vamos nos dar muito bem, meu caro - e ao dizer isso, estendeu a mão livre para o outro que sorriu de um jeito muito travesso e a apertou.

- Eu tenho essa mesma impressão.

- Ser... pentes? - perguntou a garota timidamente, parecendo já estar um pouco melhor.

- Sim, serpentes - confirmou Sirius gentilmente.

- Como a senhorita pode ver - continuou Potter - temos aqui, dois alunos da Sonserina - e apontou para os meninos amarrados aos seus pés - E ao que me parece, dois ótimos aspirantes - dessa vez indicou o casal que Sirius mantinha preso com sua varinha.

- São serpentes porque esse é o símbolo da Sonserina - explicou Remus ao perceber que a menina não havia entendido.

- Ah, sim ... me desculpe... mas é que... eu não conheço muitas coisas ainda... meus pais são ... trouxas.

- Não se preocupe... não há problema algum - garantiu James, assumindo um tom mais sério ao perceber o desconforto da garota.

- Não ligue para o que esses idiotas disseram... é...qual o seu nome?

- Welsh. Eu me chamo Jane Welsh.

-... O meu pai é bruxo, mas a minha mãe também é trouxa... Eu não vejo problema algum nisso - Remus falou calmamente. - Muitos bruxos nascidos trouxas tiveram grande importância na história da magia. Eu não creio que seja realmente um problema - concluiu sorrindo sinceramente para Jane, que pareceu se animar um pouco com aquele ponto de vista.

- É ver...

- Mas o que diabos está acontecendo aqui?!

- Foram eles!!! Eu te disse... Foram eles que causaram aquela confusão no início do trem - gritou uma garota com uma capa negra cobrindo em parte seu uniforme azul e bronze com o símbolo da Corvinal.

- Os seus nomes! Agora! Eu quero o nome de todos vocês! - bradou um rapaz magro de cabelos loiros que tinha uma insígnia vermelha e dourada presa no peito com um grande M sobreposto sobre um leão.

- Tenha calma meu jovem... - repreendeu-o James como se tentasse fazer o garoto agir sensatamente. - Acalma-se e nos diga o que está acontecendo - continuou cinicamente.

- O que está acontecendo??? Você só pode estar brincando!!! Metade do trem revirado!!! Pessoas estuporadas! Confundidas! Com furúnculos enormes! - gritou o menino - Demorou todo esse tempo para eu finalmente chegar aqui.

Com tudo o que havia ocorrido, Remus realmente não havia percebido que ninguém havia passado por eles, a não ser o garoto que perseguia Jane, a mesma, Black, Potter e os seus ''prisioneiros''. E pelo jeito que o rapaz gritava com eles percebeu que a confusão tinha sido bem maior do que imaginava. Ao mesmo tempo se surpreendeu com a sua capacidade de concentração, pois até Jane passar por ele, não havia escutado um barulho sequer.

- Gritos... tudo o que eu ouço são gritos - disse James tapando os ouvidos com as mãos, fingindo se lamentar.

-... Monitor... A sabedoria é silenciosa... e alguém na sua posição deveria permanecer ao lado da razão - provocou Sirius.

O monitor ficou estático e Remus percebeu que haviam ido longe demais.

- Ah... senhor... senhor monitor ... nos descul...

- Cale a boca seu pirralho - a voz de Remus pareceu trazer o garoto de volta a realidade.

- Ei! Não grite com ele!!! Ele não fez nada! - James saiu em sua defesa.

- É e pelo o que eu saiba nós não fizemos nada além do seu trabalho!!! - continuou Sirius arrogante - Esses malditos que começaram a atacar os alunos nascidos trouxas! E aonde é que você estava?

- Não falem como se vocês fossem as vítimas! E pelo o amor de Merlin! Soltem os seus colegas!!!

Todos voltaram sua atenção para as quatro pessoas amarradas aos pés de Sirius e James - que haviam passado os últimos minutos tentando desesperadamente chamar a atenção de alguém - Quando o monitor finalmente os notou, eles soltaram um som abafado que se parecia muito com um suspiro de alívio.

Remus teve que fazer um enorme esforço para não rir da expressão de alívio e agradecimento que surgiu no rosto dos quatro jovens.

- Até que enfim - desabafou a menina que havia sido solta por um Sirius muito contrariado.

- Vocês não perdem por esperar! - bradou um dos havia sido libertado por James.

- É, pelo quê? - perguntou Potter impetuosamente, erguendo uma sobrancelha - Eu espero que da próxima vez vocês tenham praticado algum feitiço decente... Francamente, isso aqui foi brincadeira de criança - terminou fazendo um gesto de impaciência com a mão.

Sirius e Jane riram gostosamente. O garoto avançou contra os três.

- Já chega! Vocês quatro voltem para suas cabines agora! E você também, Lucy! - interrompeu o monitor se dirigindo a aluna da Corvinal.

Temendo as conseqüências de desobedecerem a ordens expressas de um monitor, os cinco seguiram na direção de suas respectivas cabines (resmungos e xingamentos que Remus nunca tinha ouvidos antes foram proferidos até o último aluno ocupar a sua cabine).

- Agora sim - começou o monitor voltando ao seu tom normal.

- Mas nós não fizemos nada! - protestou Black.

- Eu quero o nome de cada um de vocês - sibilou o rapaz perigosamente - agora...

- Mas...

O monitor ficou calado, mas o olhar que lançou aos quatro - Remus notou com uma certa preocupação - se assemelhava muito com o de sua mãe, quando ela estava preste a ter um ataque de fúria. Romulus sempre lhe dizia que aquele era o silêncio que precedia o módulo de fúria "level max" de sua mãe (como a calmaria que antecede uma grande tempestade).

' Por isso nunca o ignore, Remus '.

Todos permaneceram em silêncio, aparentemente não tinha sido só em Remus que aquele olhar havia causado tamanho impacto. Pois, Sirius, James e Jane olharam para o monitor cautelosamente.

- Eu... me chamo Jane Welsh - começou a menina tristemente.

- James Potter - disse sem emoção.

- Sirius Black – costurou Black parecendo não se importar.

- ... Remus... Lupin - terminou com apreensão.

- Muito bem... - falou o monitor, terminando suas anotações. - Eu me encarregarei pessoalmente de vocês quando nós chegarmos ao castelo. - a sua voz soou tão calma quanto perigosa - Isso não ficará impune, me certificarei de que o próprio diretor saiba disso.

O coração de Lupin desacelerou, aquilo não podia estar acontecendo. Não depois de tanto esforço.

- Não... Eu não posso...

- Ih... Deixa isso para lá, Remus... - disse James puxando-o para uma cabine próxima.

- Ha... Até parece que o diretor vai ligar para isso... Se acha muito importante esse aí... Babaca. - debochou Black fechando a porta atrás de si.

- Não... - protestou Remus abrindo a porta, decidido a falar com o garoto.

O rapaz teria que ouvi-lo, afinal, ele não tinha feito nada mais do que proteger uma colega. No entanto, o que viu ao abrir a porta acabou com as suas esperanças. O monitor havia tropeçado no menino que há pouco ele havia nocauteado, só agora notando que o mesmo estava ali.

- Mas o que raios!!!

As risadas que se seguiram dentro da cabine só pioraram o estado de Remus. Para ele aquilo não tinha graça alguma...

- O que foi, Remus? - perguntou James - Parece até que viu um bicho-papão.

- Não fique assustado... Isso é besteira... James, nós temos que buscar nossos malões.

Remus observou os garotos saírem com um pouco de raiva. Eles não entendiam, uma detenção logo no primeiro dia poderia não significar muito para eles. Mas para uma pessoa no seu estado... A palavra expulsão não saía da sua cabeça.

Dumbledore havia lhe dado uma chance. E o que ele havia feito? Se metido em uma briga antes mesmo de chegar a escola.

Seria um recorde. Ser expulso antes mesmo de assistir uma única aula. Sem nem ao menos saber a que casa pertenceria. Já podia imaginar a decepção de seus pais ao saberem da notícia. E Romulus, como iria reagir o seu irmão?

Talvez a sua avó estivesse certa. No final das contas, sua vida sempre seria uma seqüência de maus acontecimentos... Pensar em sua avó o fez sentir um aperto no peito...

Remus suspirou...

' Você não passa de um mon...'

- Lupin? - uma voz doce o despertou de seus horríveis pensamentos. A dona da voz era Jane, que havia permanecido no compartimento junto com ele. - Está tudo bem?

A garota estava observando-o de perto desde que entraram na cabine.

- Hum... Me desculpe por causar problemas a você... - continuou baixando a cabeça, envergonhada.

- Não... Não se preocupe.

- Mas...Se nos castigarem... Será por minha culpa.

- Não ... Você não teve culpa... - disse honestamente se sentando ao lado da menina.

- Me desculpe... E se os seus pais ficarem bravos?

Remus sorriu enviesado

- Eu não me arrependo... Aquele menino não pereceu estar brincando quando apontou a varinha para você...

Agora que havia parado para pensar melhor, Remus percebeu que mesmo a situação sendo grave, havia feito a coisa certa. Afinal, ele nunca fora um covarde.

Foi com um pensamento um pouco mais otimista que Remus sorriu para Jane.

- Vejo que está melhor, Remus - disse James entrando na cabine seguido de Sirius.

- Bom... Vamos jogar! - disse Sirius animadamente, abrindo seu malão com um pontapé e retirando algumas cartas e um tabuleiro de xadrez bruxo.

- Eu nunca joguei xadrez bruxo! - exclamou Jane animada.

- Não é difícil...

- A gente te ensina.

Diante daquela cena, Remus não conseguiu evitar que o seu sorriso aumentasse. Ele não sabia o que aconteceria quando aquele trem parasse. Porém, a sua maior preocupação no momento era que estratégia iria usar para ganhar de James, que acabara de erguer o tabuleiro a sua frente.

x-x-x-x

A tarde correu agradavelmente, movida a muitos jogos e, depois da passagem de uma mulher com um carrinho cheio de guloseimas, a muitos doces. Contudo, para o desgosto de Remus, a tarde passou numa velocidade nada bem vinda. Sendo então substituída pela noite. O céu azul-celeste aos poucos foi se modificando, até se tornar totalmente negro, pontilhado de astros, sem uma única nuvem para atrapalhar a sua majestade.

O trem foi diminuindo de velocidade e todos desceram na estação de Hogsmead, os alunos do primeiro ano foram conduzidos por um gigante (que depois Lupin descobriu se chamar Hagrid) até o lago para fazerem a travessia até o castelo.

A travessia pelo lago da propriedade foi tranqüila, não passou muito tempo até chegarem no castelo. Remus, que estava morto de fome e cansaço, até se esqueceu de seus problemas diante da magnitude daquele lugar. Ficou um bom tempo examinando o teto do local que era encantado e mostrava a todos que o observavam um céu negro e estrelado sem uma única nuvem. Era tão perfeito quanto o que reinava lá fora.

- Que feitiço será que eles usaram? - perguntou a Sirius que também perdia algum tempo examinando o lugar.

-... Não sei... Mas é quase perfeito... - concluiu um pouco admirado.

Era engraçado ver o menino, que no trem havia parecido tão corajoso e atrevido, se impressionar com algo tão trivial.

- É claro que não é nada que não possamos aprender - continuou retomando a sua postura arrogante ao perceber um sorrisinho se formando no rosto de Lupin.

Remus não teve tempo para responder, pois uma mulher chamou por ele no momento que se seguiu.

- Lupin! Remus Lupin! - chamou a mulher, que tentava vencer a multidão de alunos que seguiam na direção contrária a dela. - Por Merlin! Deixem-me passar! - reclamou a mulher.

A bruxa tinha um aspecto severo, usava óculos quadrados e os cabelos estavam presos em um coque.

- Vamos, Lupin - disse a bruxa quando finalmente conseguiu chegar até ele - o diretor está a sua espera.

- O quê?! - exclamaram Sirius e James, que vinham logo atrás dele.

- Mas ele não fez nada - disse Jane com a voz fraquinha.

Remus, que até então tinha mandado para longe os acontecimentos do expresso de Hogwarts, ficou paralisado. Ele seria expulso, sem sombra de dúvidas, expulso. Que outro motivo levaria o diretor em pessoa mandar chamá-lo assim que colocasse os pés na escola?

- Nós vamos também! - protestaram os dois garotos e Jane.

- Vamos senhor Lupin - disse a bruxa ignorando o protesto dos outros.

Remus a seguiu sem olhar para trás, deixando os seus três quase novos amigos serem levados em direção ao salão principal pela multidão.

O caminho foi percorrido todo em silêncio, Lupin não prestou atenção nos corredores que estava seguindo, muito menos nos milhares de quadros encantados que havia nas paredes (alguns acenando entusiasticamente para ele). Tudo o que conseguia pensar era em uma boa explicação para dar a Dumbledore. Entretanto, todas pareceram inúteis, pois as frases '' Nós não podemos mais aceitá-lo'' e '' Nós tentamos te dar uma chance" não paravam de se formar em sua perturbada cabeça.

- É aqui - disse a mulher abrindo uma grande porta e se afastando para ele passar.

Ao entrar, Remus viu um homem já bem idoso sentado em uma escrivaninha a sua frente, o homem tinha uma expressão indecifrável em seu desgastado rosto. Sentada ao seu lado havia uma moça, vestida de branco, que lembrava muito uma enfermeira.

O menino estava trêmulo, com um esforço descomunal conseguiu dar alguns passos pela sala e se postar diante de uma grande cadeira, da qual apertou o espaldar freneticamente.

- Muito obrigado, Minerva - disse o homem para a bruxa atrás de Lupin, que se retirou batendo de leve a porta.

Agora estava tudo acabado... Remus sentiu o chão se abrindo aos seus pés. Não tinha a menor idéia do que fazer ou falar agora que estava na frente do diretor. Na verdade, duvidava muito que conseguisse dizer alguma palavra no estado em que se encontrava. Observava o piso de madeira abaixo dos seus pés com um grande interesse. Depois de mais alguns instantes de silêncio, resolveu acabar logo com aquilo e encarar o velho de uma vez. Levantou a cabeça e mirrou aqueles olhos tranqüilos e azuis, que o observavam detrás daquela velha escrivaninha.

Entretanto, o sorriso que surgiu no rosto de Dumbledore afastou qualquer mau pressentimento da mente do menino.

- Sente-se, Remus. Antes de tudo, essa aqui é a Madame Pomfrey.

Levaria horas... Talvez dias para Lupin conseguir descrever o alívio que sentiu naquele instante.

x-x-x-x-x

' Madame Pomfrey', 'Salgueiro Lutador' e 'passagem subterrânea', aquelas palavras foram martelando a cabeça de Lupin, durante o caminho que fez para chegar ao Salão Principal acompanhado por Minerva McGonagall (que ficou esperando-o do lado de fora).

Com um aceno discreto despediu-se da bruxa e foi tomar lugar em uma enorme fila, formada somente por alunos do primeiro ano. Minerva continuou seu caminho e se postou no início da fila, tirando e desenrolando um enorme pergaminho de dentro de sua capa.

Remus não saberia dizer o que de mais legal aconteceu dali para frente, se foi James, seguido de Sirius e Jane, correndo em sua direção - 'Cara, você deu um susto na gente. Nós pensamos que você estivesse em apuros' - ou se foi a parte da seleção.

O primeiro a ser chamado foi Black, o chapéu permaneceu por alguns instantes na cabeça do menino e depois gritou 'Grinfinória'. Remus sorriu para o garoto, não conseguindo deixar de lado a sua própria ansiedade. Esperou um pouco até a sua vez.. Sentou no banquinho, as mãos se fechando sobre o colo. Não se lembrava totalmente das palavras que o chapéu havia lhe dito quando este cobriu parte de seu rosto, culpa do nervosismo é claro. Lembrava de algo como: 'Dono de uma grande inteligência'... 'Talvez a Corvinal'... 'Mas coragem e audácia não lhe faltam' e por fim ' ficará melhor entre os leões' ' Grinfinória' - decretou em alto e bom som o chapéu. Caminhou até uma grande mesa onde os alunos (que aplaudiam) trajavam vestes vermelhas e douradas. Tomou um lugar ao lado de Sirius, que deu um tapinha em seu ombro e se virou para ver o resto da seleção.

Eles tiveram que esperar algum tempo para Potter ser chamado e se surpreenderam com o fato de o chapéu nem ter encostado direito na cabeça do garoto antes de dizer 'Grinfinória' - o menino levantou do banco fazendo um sinal de vitória, o que arrancou boas gargalhadas dele e de Sirius. Por fim, Jane foi chamada e escolhida para Lufa-Lufa, ela acenou para os meninos antes de tomar seu lugar na mesa de sua nova casa.

Após um breve discurso do diretor, seguiu-se um banquete maravilhoso e depois de um bom tempo se empanturrando, o cansaço finalmente voltou a incomodar não só Lupin, mais uma grande parte da mesa. E foi com um grande contentamento que ele, Potter e Black seguiram um monitor em direção ao Salão Comunal de sua nova casa.

Dessa vez o menino pôde observar o caminho minuciosamente e pôde concluir também, que levaria algum tempo para decorar o caminho até a entrada de sua casa, pois até chegar em frente ao quadro daquela mulher rechonchuda, eles haviam passado por diversos corredores e lances de escada.

Após perderem mais algum tempo no salão comunal da Grinfinória, que era um lugar muito convidativo, diga-se de passagem, eles finalmente rumaram para o dormitório do primeiro ano. Ao chegarem no dormitório, descobriram que dividiriam o seu quarto com mais um menino, esse era gordinho e menor que os três, se chamava Peter Pettigrew.

- Ah! Vocês... são os meninos do trem...! - disse entusiasmado.

- É... - disse Sirius sem parecer realmente se importar.

- Hey, você estava lá também! - exclamou Potter apontando para o menino.

- É, foi incrível o que vocês fizeram - continuou o gordinho, afobado - Eu também tentei detê-los... Mas não funcionou. - continuou corando de leve.

-... O que vale é a intenção... - disse Remus tentando animá-lo.

- Mas... é realmente incrível conseguir usar magia com a nossa idade!

Sirius fitou o menino de cima a baixo por alguns segundos, como se estivesse avaliando-o, mas não disse nada.

- Logo, logo você aprende... - disse James pegando seu pijama no malão. - É só andar com a gente.

- Ah, sim! - a animação do menino fez Sirius rir.

Depois de passar algum tempo arrumando suas coisas, os quatro jovens foram dormir.

No dia seguinte, antes de começarem as aulas, Remus voltou ao salão comunal da Grinfinória para escrever uma carta para os seus pais, onde dizia que tudo estava bem (e obviamente não mencionava o que havia acontecido no trem). E outra para o seu irmão, nesta contando com detalhes tudo o que acontecera.

Aquela semana havia sido realmente prazerosa, Remus não conseguia parar de pensar, a única coisa que o chateou foi a demora da resposta de seu irmão. Será que ele tinha ficado desapontado? Então, sexta-feira durante o café, ela finalmente chegou.

Querido Remus,

perdoe-me pela demora, mas só agora eu consegui me organizar aqui nesse lugar. Fico feliz que você tenha conseguido chegar bem aí. Admito que não pude me conter quando li a sua carta... Eu nunca pensei que o mais certinho dos Lupin pudesse se meter em uma briga logo no primeiro dia... Seria algo extraordinário ser expulso sem nem mesmo ter posto os pés no castelo. Mas não se preocupe tanto com as regras... É preciso muito mais que isso para conseguir uma expulsão, por isso não fique se regulando o tempo todo (apesar de que deve ser bem difícil, já que o senhor é mestre nisso). Aqui até que não é ruim... A única coisa realmente chata foi ter que aturar aquela velha mal acabada (não adianta reclamar pois ela é isso mesmo) da nossa avó durante o caminho.

Eu também sinto muito sua falta, mas eu sei que você estará bem... E pelo o que eu percebi, você já fez até alguns amigos...

Remus... Não deixe que a sua condição o afaste das pessoas, eu sei que você tem medo... Sei que fica contando os dias até a lua cheia ... E eu também sei o quanto isso te machuca...

Talvez o que mais me entristeça seja o fato de não poder estar aí com você quando acontecer... Mas, eu não quero você passe esses últimos dias que faltam perdendo tempo ... ficando triste. O maior motivo de eu ter vindo para cá... Foi porque eu sei que você sabe se virar... E também... porque já está na hora de você descobrir uma nova realidade, Remus. E essa é uma coisa que só se pode descobrir sozinho. Eu espero que entenda o quanto você é importante... E o quanto ainda vão precisar de você.

Eu vou ficando por aqui... Mande mais notícias...

Com amor, Romulus.

Foi com o coração mais leve que o jovem de cabelos castanhos claros dobrou a carta e a guardou no bolso. Quem sabe o seu irmão estivesse certo. Talvez as coisas pudessem mudar. Mesmo a sua maldição não podendo ser revertida, mesmo com o dia de seu tormento se tornando cada vez mais próximo... Mesmo assim... Talvez fossem só algumas palavras tolas, no entanto isso não impedia que aquela sensação no seu peito aumentasse. Uma sensação boa, que talvez fosse só mais um equivoco, só mais um triste engano. Mas não podia evitá-la, pois ela ia crescendo pouco à pouco, como os primeiros raios de sol ao amanhecer... Nascendo timidamente. Um sentimento puro, intocável... Algo que o fazia desejar com todas as suas forças um novo destino.

Seria aquilo esperança? Isso provavelmente nunca poderia responder...

- Remus, vamos logo!

A única coisa que poderia responder, era que aquelas vozes que todos os dias requisitavam sua presença, faziam, mesmo que por pouco tempo, ele se sentir um garoto... Simples assim... Um menino magricelo, de cabelos castanhos que adorava estudar.

E isso ia mostrando a ele um novo caminho.

- Eu já vou.

E talvez fosse por eles três não saberem disso. Talvez fosse justamente por não se ter segundas intenções. Por ser um ato infantil, que nada mais tem que pureza e naturalidade... Talvez fosse por isso, que aqueles três grinfinórios estivessem vagarosamente salvando a vida de Remus.

Continua...

OO Ficou maior do que eu esperava... mas aí está o primeiro capítulo!

\o/ Let's celebrate!!!!!

Bueno, alguns esclarecimentos... eu sei que no livro o nosso lindo lobinho não tem um irmão, porém Romulus(na minha versão torta e distorcida) terá uma grande importância na vida de Lupin. Apesar de que depois do segundo ano e fatalmente com a descoberta de seu segredo essa ligação será bem menor... é natural, convenhamos...

Normalmente o Lupin será o principal, mas eu reservei alguns capítulos para Sirius, James e até um para o Regulus... e para o Peter também .Eu tinha vontade de escrever um com o Snape (afinal, sonhar é bom e é de graça) mas essa idéia(estúpida) foi banida da minha cabecinha, pois ao meu ver Snape é de longe o personagem mais completo e complexo do livro. E nada me tira da cabeça que Regulus e Snape tivessem alguma relação...mesmo que fossem só meros conhecidos... isso aumentaria o ódio de Sirius. Porém, eu nunca li nenhuma fic realmente esclarecedora sobre isso... sobre Regulus há umas que ele se relaciona sempre com suas primas e normalmente ele é estúpido... bobo e mimado. Eu queria algo realmente mais cabível. De qualquer maneira é isso minha gente, espero que gostem

E sim essa é uma fic slash! Só que vai demorar um pouquinho até o nosso casal crescer ... mas tenham paciência...