Oi. Ainda tem alguém por aqui?

Sei que demorei anos para atualizar essa história. Mas a verdade é que não tenho muito tempo disponível para escrever (pelo menos não por lazer). Gostaria de ter mais tempo disponível, mas infelizmente não é possível.

Mas quero dar continuidade às histórias que comecei, e quem sabe iniciar mais algumas. Eu me divirto escrevendo, e lendo o feedback de quem lê. Só não posso prometer que vou atualizar com frequência. Vou ir escrevendo quando puder e tiver inspiração, e tomara que isso aconteça com frequência. Não pretendo abandonar nenhuma das histórias que escrevo, e vou intercalando entre elas para atualizar. Esta estava há muito tempo sem atualização, por isso recomecei por aqui. Mas outras estão encaminhadas. Espero que não demore muito...

No mais, espero que continuem acompanhando, e que se divirtam como sempre. A verdade é que a estrutura de HHS é mais parecida com uma série de TV, então não tenho ideia de quantos capítulos mais teremos. Provavelmente muitos, à medida que eu for tendo ideias para novos capítulos. Já outras fics, como UVI, já tem final definido. No caso de UVI, provavelmente mais uns 3 ou 4 capítulos, ainda não fechei o cronograma certinho para definir.

Então, beijos para todos e boa leitura. Peço que deixem comentários para que eu saiba como a leitura está sendo para vocês. Faz muito tempo que não escrevo essa fic, gostaria muito do feedback!

Priscila Black.

Cap. 27 – Eu nunca...

Sábado.

Um casal caminhava lentamente à beira do lago do Victoria Park, abraçados. O frio do inverno parecia apreciado pelos dois, já que os obrigava a aconchegar-se um ao outro, em busca de calor. Enquanto davam passos lentos pela margem do lago, em silêncio, observavam a água muito parada, por conta da falta de vento. Até que a garota falou, virando seu rosto para o rapaz.

- Você tem certeza?

Ele balançou a cabeça brevemente, e respondeu.

- Tenho. É o que devo fazer.

A garota encolheu imperceptivelmente os ombros.

- Tenho medo do que isso possa causar. E se...

Mas o rapaz a interrompeu. Parou de andar, e virou-se na direção da garota. Ele tocou o rosto dela suavemente, erguendo o queixo dela para que pudesse observar seu rosto. Uma brisa muito suave balançou os cabelos loiros da jovem.

- Lene – ele falou, e sua voz baixa era ao mesmo tempo firme e intensa – você prefere ficar assim, se escondendo de todos? Não quer parar de ter que se preocupar a cada instante, sempre vendo se algum conhecido está por perto?

Marlene olhou para o rosto do rapaz, bem mais alto que ela. Os cabelos pretos dele se moveram suavemente com a brisa que começava a se intensificar, e ela imaginou poder andar ao lado dele pela escola, fazer programas típicos de namorados. Sim, seria perfeito. Seria também um alívio não precisar se preocupar a cada momento.

- Sim, eu quero. – ela respondeu – Mas também me preocupo, Reg. Não quero criar problemas...

A mão do rapaz, que estava no queixo da garota, percorreu o rosto dela, e foi parar em sua nuca. Marlene inspirou mais fundo. Ao lado de Regulus, apenas um toque era capaz de mudar tudo. Ao lado dele, tudo era intenso. Como ele.

- Não se preocupe, eu dou um jeito. – ele falou com seu típico tom de voz, baixo e um tanto grave – Não é como se eles não tivessem problemas, seria apenas mais um...

Marlene fechou os olhos. Não queria ser a origem de problemas entre Regulus e seus pais. Aquela situação era tão injusta com todos os envolvidos. Ela queria poder ir para um local afastado, onde ninguém conhecesse nem ela, nem Regulus. Queria poder viver de forma livre. Queria poder ficar com o rapaz sem qualquer tipo de interferência. Principalmente interferência familiar.

Ainda de olhos fechados, ela sentiu a outra mão de Regulus envolvendo sua cintura, e a puxando para perto. Os corpos estavam juntos, e ela retribuiu o abraço. Estar com ele era melhor do que ela jamais sonhara. E não poder estar ao lado dele de forma aberta era quase um castigo.

- Eu vou dar um jeito nisso tudo. – ela o ouviu falando, bem próximo a ela.

No instante seguinte, os lábios dela foram tomados pelos dele. Um turbilhão tomou conta de seu corpo. Esse era o efeito que Regulus Black causava. Sempre intenso. Assim como ele.


- Humm...

O suspirou soou, incapaz de ser contido. Pele tocava pele, quente, vibrante. Bocas unidas, uma buscando a outra. Pernas entrelaçadas, mãos tocando avidamente.

Os beijos deixaram a boca, buscando pele exposta. Um novo suspiro soou, ainda mais intenso que o primeiro.

Uma mão masculina deslizou por um corpo feminino, e buscou a extremidade de uma peça de roupa. Mais especificamente, um decote. Ele puxou a blusa dela para baixo, expondo parcialmente o sutiã que ela usava.

A boca dele foi parar imediatamente ali.

Mesmo inspirando profundamente, ela conseguiu falar.

- Você sabe que minha mãe está em casa, não é?

Mas o rapaz, que agora estava procurando abaixar o lado oposto da blusa, expondo o sutiã inteiro, retrucou, com um sorriso de lado.

- Não seja estraga prazer.

A garota tentou responder, mas ele voltou a beijar seu colo, e ela logo perdeu a linha de raciocínio. Ela tinha muitas intenções ao convidá-lo para sua casa. Queria conversar. Esclarecer muita coisa. Chegar a um consenso. Mas no momento que ele entrou em seu quarto, e imediatamente a beijou de forma cruelmente intensa, foi impossível parar. Agora eles estavam jogados na cama, se agarrando, e nenhuma palavra de conversa foi trocada.

Por um instante, ela tentou lutar contra o sentimento arrebatador que tomava conta de seu corpo. Afastou-se ligeiramente, e abriu os olhos.

O rapaz percebeu, e parou de beijar o colo dela apenas para falar.

- Ellie... qual é...

Ela abriu a boca para falar, mas sua frase nunca se concluiu.

- Sirius, é que...

A boca dele voltou para seu colo, e com uma das mãos ele começou a empurrar o sutiã dela para baixo. Aquilo era golpe baixo. A garota sequer tentou prosseguir com sua frase.

Logo ela estava novamente de olhos fechados, apenas aproveitando a sensação deliciosa que Sirius lhe proporcionava.


Marlene girou a maçaneta da porta de sua casa. Tinha acabado de se despedir de Regulus, a dois quarteirões de sua casa. Percorreu o resto do caminho sozinha, mas feliz em imaginar que essa poderia ser a última vez que seria obrigada a se separar dele desta forma. Na próxima vez, se tudo desse certo, ele poderia se despedir dela na porta de casa, como os casais normais fazem. Um pequeno sorriso se formou nos lábios de Marlene.

Eles poderiam ser realmente um casal de namorados.

Com esse pensamento na cabeça, ela atravessou o hall de entrada, e caminhou pela casa. Percorreu a sala, corredor, e viu a luz do escritório de seu pai acesa. Foi até lá.

- Oi pai, voltei. – ela falou, saudando seu pai.

Mark Mckinnon, o pai da jovem, estava sentado atrás da mesa. E pela quantidade de papéis e documentos que repousavam a sua frente, ele estava trabalhando.

- Olá, querida. – ele falou, num tom de voz desanimado.

A garota notou o tom do pai, e entrou no escritório, sentando na cadeira em frente à mesa.

- Está tudo bem, papai? – ela questionou, observando o semblante dele.

Mark passou a mão pelos cabelos castanho-claros, e falou.

- Não é nada, querida. Só umas coisas no trabalho.

Mas Marlene não recuou.

- O que aconteceu? É algo sério?

Ela viu o pai retirando os óculos de leitura, e olhando para a filha.

- Bem, como posso te explicar? – ele hesitou um pouco, mas logo prosseguiu – Esta investigação que estamos fazendo... bem, ela vai se complicar ainda mais a partir de amanhã.

Um sentimento de pânico tomou conta de todo o corpo de Marlene. Ela tentou como pode manter seu rosto impassível, mas sentia os dedos gelando, e um arrepio percorrendo seu corpo. Falando na melhor voz que podia, ela questionou.

- Como assim?

O Sr. Mckinnon inspirou, e respondeu.

- Querida, você sabe que meu cargo, e tudo que ele implica, é uma posição delicada. Não é exatamente confortável ter que investigar tantas pessoas, e, principalmente, tantas pessoas tão influentes. Mas é o certo a se fazer. Não podemos permitir que aconteçam irregularidades no nosso governo. A população confia em nós, e devemos merecer tal confiança.

Por mais que admirasse e concordasse com o posicionamento do pai, e que ele fosse motivo de imenso orgulho para Marlene, naquele momento ela só conseguiu pensar em Regulus, e o que poderia acontecer com ele, já que seu pai estava envolvido com as denúncias. Mas, alheio aos pensamentos da filha, Mark Mckinnon prosseguiu falando.

- Estive conversando com Lisa Dumbledore, e ela me enviou estes documentos. Estou repassando tudo, mas certas questões não batem... Não gosto de pensar mal de outras pessoas, Lene, e você sabe disso. Mas certas contas... envolvendo certos membros da Câmara de Lordes... elas simplesmente não fazem sentido. Sinto que existe algo oculto, algo que não estão divulgando. Quase como se... estivessem encobrindo algo ou alguém.

Marlene tentou ao máximo não parecer nervosa ao perguntar.

- E quem são... essas pessoas envolvidas?

Mark recolocou os óculos, e observou uma folha que estava logo à sua frente. E respondeu.

- São muitos nomes. Mas alguns... bem, são pais de colegas seus de Hogwarts. E muita coisa deve sair na imprensa amanhã, nos jornais. Acredito que enfrentaremos muita hostilidade da parte deles.

Marlene sentiu uma corrente gelada percorrendo seu corpo. Nem notou que seu pai continuou olhando para uma folha, e falava consigo mesmo.

- Não faz sentido...

A garota tentou dominar o pânico. Precisava raciocinar. Precisava de uma saída.

Repassou mentalmente tudo que o pai disse. Mas sabia que só havia uma solução. Uma forma de resolver o problema.

- Vou subir para meu quarto. – ela falou, com a voz mais estável que conseguiu.

Mark apenas sacudiu a cabeça, concordando. Continuava analisando os documentos. Ainda com a sensação que algo estava sendo encoberto.

Mas Marlene nem notou a expressão do pai. Ela subiu rapidamente as escadas, completamente afobada. Entrou em seu quarto sem sequer passar no quarto de seu irmão Mike, como costumava fazer quando chegava em casa. Não tinha tempo para conversar com o irmão naquele momento. E também precisava ficar sozinha, já que ninguém em sua casa sabia de seu envolvimento com o jovem Black.

O mais rápido que pode, Marlene retirou seu celular da bolsa. Buscou imediatamente o número de Regulus, mas hesitou em apertar o botão para iniciar a ligação. Ele poderia estar na presença dos pais. O que ela faria?

Uma mensagem de texto poderia ser arriscado. Regulus poderia estar longe do aparelho, e não ver a mensagem a tempo. Sem uma solução imediata, Marlene só conseguiu pensar em uma saída.

Precisava recorrer a ajuda. E o mais rápido possível.


- Tranca a porta, Ellie...

Ellie não reagiu imediatamente à frase de Sirius. Ela estava distraída demais pela mão do rapaz buscando um caminho pela calça de tecido fino que ela vestia. E a mão estava avançando a cada instante, agora buscando se livrar da barreira que era a calcinha dela.

A resposta dela foi um suspiro. Nem lembrava que seu quarto tinha uma porta. Aliás, o que era porta mesmo?

A boca dele não deixava o pescoço dela. Agora ele dava leves mordidas em sua pele, e qualquer raciocínio era impossível.

- Você é tão gostosa... – novamente ele sussurrou, e novamente ela se arrepiou ao ouvir a voz dele.

Mesmo que não tivesse consciência do fato naquele instante, Ellie iria ceder. Era inevitável, ainda mais depois de todos os acontecimentos das últimas semanas. Desde o réveillon, tudo havia mudado. Mesmo que eles não tivessem reatado o namoro ainda, ela tinha certeza que isso estava prestes a acontecer. Era só ela conseguir interromper os ímpetos de Sirius por alguns instantes, e conversar com o rapaz. O problema era que desde que eles tinham se entendido, no dia anterior, Sirius não tirava as mãos dela. Nem a boca da boca dela. Era impossível conversar, mesmo ela tendo passado horas trancada no quarto do rapaz. Sirius não dava oportunidade nenhuma. Todas as vezes que ela tentou iniciar uma conversa, ela foi interrompida pela boca do rapaz, e suas habilidosas mãos. Não que Ellie reclamasse desse fato (muito pelo contrário), mas aquela indefinição já estava começando a deixá-la inquieta.

E as habilidosas mãos de Sirius já estavam extremamente adiantadas naquele momento, tendo conseguido achar um espaço para a ação, e se movido para dentro da calcinha da garota. Ellie já tinha perdido qualquer noção de que queria conversar com o rapaz, e só aproveitava o momento. Os beijos aumentavam de intensidade, e o desenrolar daquilo tudo seria apenas um: eles não iriam conversar mais uma vez, mas certamente nenhum dos dois reclamaria deste fato.

Ellie já arqueava as costas, de olhos fechados, respirando de forma entrecortada. Sirius sorriu brevemente de lado, observando a reação da garota por um instante. Ele simplesmente adorava vê-la daquela forma.

Mas todo o clima entre os dois foi desfeito por um barulho inconveniente, vindo da mesa de cabeceira.

Um telefone celular vibrava ininterruptamente. Ellie abriu os olhos, irritada. Ia esticar o braço para alcançar o aparelho, mas foi interrompida pela voz de Sirius.

- Deixa pra lá.

Ele voltou a beijá-la, e Ellie desistiu do aparelho que tocava. Mas, alguns segundos depois, ela ouviu o telefone de sua casa tocando. Obviamente Lisa atenderia prontamente, então ela não se importou. Só que logo a voz de sua mãe soou pela porta fechada de seu quarto.

- Ellie, telefone, querida! Atende do seu quarto!

Sirius bufou, e rolou o corpo pela cama, saindo de cima da garota. Sua expressão de impaciência foi completada pela frase.

- Pô, quem é capaz de ser tão empata-foda desse jeito? Você não atendeu o celular, será que não é recado suficiente? Se for o James eu vou lá na casa dele dar umas porradas naquele cabelo espetado.

Mas Ellie usou o tempo para recuperar o fôlego, e tentar atender ao telefone de forma mais ou menos coerente. Inspirou profundamente, e falou, retirando o aparelho da base.

- Alô?

A resposta foi repentina.

- Não fala meu nome!

Ellie demorou um instante para processar o que acontecia. Era Marlene, e sua voz parecia de desespero total.

- Ahnn... oi. – foi só o que Ellie conseguiu responder.

- Sua mãe me falou que o Sirius está com você. Não fale que sou eu. Preciso da sua ajuda, Ellie. Por favor!

Ellie olhou para o lado, e deu de cara com Sirius observando-a. Ele tinha uma expressão de curiosidade no rosto. Ela ficou sem ação por um instante, mas depois falou, com uma voz incerta.

- Então... o que aconteceu?

Marlene imediatamente respondeu.

- Meu pai me falou que amanhã vão divulgar coisas importantes sobre a investigação, coisas que vão piorar toda a situação. E hoje eu e o Reg... ele me falou que vai conversar com os pais sobre nós dois. Ellie... se sair nos jornais coisas ainda piores, eles nunca vão aceitar que eu e o Reg... por favor, você precisa me ajudar!

Ellie tentava raciocinar o mais rápido possível. E então logo falou.

- O que você quer que eu faça?

Marlene respirou aliviada, e respondeu.

- Tenta falar com ele. Diz para ele não contar nada, pelo menos até nós conversarmos amanhã. Eu ia ligar, mas tive medo. Não sei quem pode estar por perto, não sei se ele já falou com os pais...

Mas Ellie interrompeu, e falou.

- Pode deixar que eu resolvo.

- Obrigada, Ellie. Obrigada mesmo!

Ellie desligou o aparelho, e pensou por um instante. Mas ela foi interrompida por Sirius, e seu tom de voz questionador.

- Quem era?

Ellie não podia contar. Não era um segredo dela, e Marlene foi bastante específica, não permitindo sequer que a amiga dissesse que era ela ao telefone.

A garota hesitou por um segundo. Tentou encontrar um desculpa plausível.

Mas nada vinha à sua cabeça.

- Eu...

Ela viu Sirius franzindo a testa, e questionando novamente.

- Quem era no telefone, Ellie?

- Era...

Ela não conseguia pensar em ninguém. Obviamente, sua mente estava distraída por uma mistura dos amassos com Sirius, e com as informações de Marlene. Era impossível não pensar nos irmãos Black, daquela forma.

Mas Sirius continuou esperando, e Ellie resolveu falar o primeiro nome que lhe veio à cabeça. Sem ter idéia de mais ninguém, ela inesperadamente falou.

- Era meu primo Albert.

Ellie não tinha idéia do motivo de ter falado o nome do primo. Provavelmente pelo fato de estar claro que ela precisaria resolver algo para alguém, então isso se encaixava perfeitamente bem com seu primo encrenqueiro. Ele sempre precisava de alguém salvando sua pele, por mais que tivesse contatos. E por mais que também já tenha salvado a pele da própria Ellie.

Sirius estranhou ainda mais o fato. Albert não era alguém que ele particularmente gostasse. Na verdade, ele não gostava nem um pouco do primo abusado e safado da garota. Foram inúmeras vezes que ele flagrou o loiro tentando algo bem mais íntimo que um relacionamento normal de primos com Ellie. Só isso já seria o bastante para não gostar dele, mas Sirius ainda se recordava que Albert volta e meia arrastava Ellie junto para as suas muitas encrencas. Fora o fato de ele ter apresentado o imbecil do Scott para a garota, o que certamente não ajudava nem um pouco.

Ou seja, a ligação recebida ser de Albert não indicava nada de bom.

- E o que ele quer que você faça pra ele? – Sirius questionou.

Ellie não tinha idéia do que responder.

- Ah... ele...

Sirius continuava com a mesma expressão de questionamento, e Ellie sabia que não conseguiria algo bom o suficiente. Então apelou para algo que pudesse dar certo.

- Eu... olha aqui, Sirius, eu não preciso ficar dando relatório das minhas ligações para você, não!

Sirius arregalou os olhos. Mas ele conhecia a garota há muitos anos, e sabia quando ela estava fugindo de um assunto.

- O que ele quer que você faça, Ellie? Isso não está me cheirando bem.

Mas Ellie precisava ligar logo para Regulus, precisava resolver tudo logo.

- Olha aqui, isso não é da sua conta. É um assunto de família.

- Esse cara sempre apronta com você! Vai te enfiar numa fria, como sempre!

Mas Ellie inspirou fundo, e falou.

- Ele é meu primo, e eu vou ajudar se ele precisar. Além disso, ele também já me ajudou, não vou ser injusta com ele.

Sirius quase espumou ao ver Ellie defendendo o primo.

- Ele é pura encrenca, esse cara!

- Chega. – ela decretou – Vai lá... sei lá, na casa do James. Eu vou resolver isso aqui. Depois a gente conversa.

Mas a frase de Ellie irritou ainda mais o rapaz.

- É assim que você quer fazer, então?

Ellie revirou os olhos.

- Deixa de ser criança, Sirius.

Mas ele ignorou o que ela falava, e continuou.

- Então está bem. Se é assim que você prefere.

Ele levantou da cama, calçou os tênis num instante, e saiu do quarto da garota.

Ellie arregalou os olhos. Sirius conseguia ser a pessoa mais turrona do mundo, quando ele queria.

- Depois eu falo com ele. – Ellie falou, para si mesma.

Imediatamente, ela alcançou seu celular. Precisava ser rápida. Precisava tentar falar com Regulus o quanto antes.

Antes que fosse tarde demais.


- Você é tão linda...

A resposta para a frase foi um suspiro. Um longo e apaixonado suspiro.

E um beijo veio logo na seqüência. Os lábios se tocaram, delicada e apaixonadamente.

O casal tão envolvido nesta atmosfera romântica se encontrava deitado numa cama grande, de casal. Eles se embolavam um ao outro no meio da cama, enquanto uma televisão ligada era ignorada pelos dois. Sequer sabiam a que canal assistiam.

O rapaz passou a mão levemente pelos cabelos da garota. Seus dedos logo se enterraram nos fios, e ele a puxou para mais perto.

A pele de ambos se tocava, e começava a esquentar consideravelmente.

- Eu te amo... – a frase soou baixinho, e poderia ter sido dita por qualquer um dos dois. Já que os dois se sentiam daquela forma.

A cada instante eles estavam mais próximos. Logo a garota entrelaçou uma das pernas nas pernas do rapaz, e eles ficaram colados. Os beijos deixaram os lábios, e foram parar no pescoço, colo, orelha.

Peças de roupa começaram a serem retiradas. Primeiro o casaco da garota. Depois a blusa do rapaz.

Ela começou a acariciar as costas dele, subindo até a nuca. Então chegou aos cabelos dele, e os acariciou lentamente, ouvindo um suspiro de prazer do rapaz.

- Lily... – ele suspirou.

Lily tratou de beijá-lo novamente. Agora eles estavam agarrados um ao outro, e ele começava a buscar formas de se livrar da blusa que ela vestia.

O rapaz puxou um pouco a parte superior da blusa, exibindo mais o colo da garota. E reiniciou a sessão de beijos na região.

Desta vez foi ela que suspirou.

- James...

O fato de ela ter dito seu nome deixou James ainda mais animado. Ele imediatamente enfiou uma das mãos por dentro da blusa da namorada, e fez um carinho que percorreu sua barriga, e foi parar sobre os seios da garota.

Desta vez Lily suspirou alto.

James deu uma risadinha.

E Lily abriu os olhos.

- O que foi? – ela perguntou.

- Nada. – ele respondeu, com um sorriso nos lábios – Você é tão perfeita. Tem reações tão inesperadas.

Lily não sabia o que pensar. Mas seria impossível pensar naquele instante, ainda mais que James voltou a atacá-la, beijando seu pescoço de forma ainda mais intensa.

As coisas estavam cada vez mais quentes. James se ajoelhou na cama, se equilibrando, e começou a puxar a blusa que Lily usava. A garota levantou os braços para ajudar na retirada da peça de roupa. O rapaz estava prestes a atirar a peça no chão quando ouviu um barulho. E ele não vinha da televisão.

- O que...

O barulho se aproximava, e Lily arregalou os olhos.

- Seus pais não iam chegar só à noite?

- Iam! – ele respondeu, rapidamente entregando a blusa de volta para Lily.

A garota se vestiu novamente na velocidade de um raio. Foi o tempo exato, porque assim que ela terminou de vestir a peça, a porta do quarto de James abriu. E a pessoa parada na porta deu de cara com a seguinte cena.

James, sem camisa, de calça de moletom, ajoelhado em sua cama. De frente para ele, Lily, sentada, de camiseta e calça jeans. E o casaco da garota jogado no chão do quarto.

- O que vocês dois estão aprontando?

James olhou para a porta, incrédulo.

- Sirius! O que diabos você está fazendo aqui?

Sirius ignorou o comentário do amigo, e entrou no quarto. E já começou a falar.

- Sua amiga me expulsou da casa dela. – ele nem se importou, e sentou na cama ao lado dos dois.

Lily permaneceu congelada no mesmo lugar. O pavor de serem os pais de James ainda não tinha deixado o seu corpo.

Mas James não sentia pavor algum. Ele apenas agarrou a própria camisa, vestiu-a, e começou a falar com Sirius.

- Estou me arrependendo de ter te dado uma cópia da chave daqui de casa...

Mas Sirius ignorou o comentário de James, e desta vez se voltou para Lily.

- Sério, a Ellie me expulsou. Tudo bem que eu já devia estar acostumado, ela vive me expulsando, mas tinha algo errado agora. Ela estava me escondendo alguma coisa.

Lily apenas olhava para Sirius. E tentava voltar a respirar.

- O pior é que tem algo a ver com aquele imbecil...

James ainda não tinha perdoado a intromissão do amigo, então sua resposta foi atravessada.

- Que imbecil?

Sirius ignorou a pergunta de James, e continuou falando, como para si mesmo.

- Isso não pode ser bom. Ele vai aprontar alguma coisa.

- Que imbecil, Sirius? – James falou novamente – O Scott? O italiano?

Mas Sirius continuava resmungando para si mesmo, e Lily, já mais recuperada, arriscou.

- O Mike?

Sirius imediatamente acordou de seus pensamentos. Ele olhou diretamente para Lily, e falou.

- Ah, eu sabia! Tem alguma coisa a ver com o Mckinnon! E você sabe o que é, não é mesmo, Lily? Diz o que é! Eu sempre soube, ele sempre está rondando ela...

Lily abriu a boca, sem compreender nada. Só conseguiu falar.

- Sirius... do que você está falando?

Sirius ficou encarando Lily, e depois James. Ele bufou, impaciente.

- Vocês não vão falar, não é mesmo?

- Sirius, se eu ao menos entendesse do que você está falando... – James falou.

Então Sirius apenas inspirou, e falou.

- A gente estava lá, no maior amasso, e ela recebeu uma ligação estranha. Disse que era aquele primo idiota dela, o Albert. E que precisava ajudar o cara em alguma coisa.

James e Lily se entreolharam. E James falou.

- E daí?

- E daí? – Sirius parecia indignado – E daí que aquele sujeito não presta, e ela estava toda estranha, como se escondesse algo. Eu vou descobrir o que é, James. Pode ter certeza.

James olhou para a namorada, desconsolado. Não havia muita esperança de que o amigo fosse embora tão cedo.

Mas, por milagre, Sirius levantou da cama, e falou.

- Tudo bem. Vocês não vão abrir o bico, vão manter a lealdade a ela e tal, então vou procurar alguém que me ajude. Falou!

Ele foi andando até a porta, e, antes de desaparecer, disse.

- Usem camisinha, heim!

James suspirou, desanimado. E Lily olhou para o rapaz, e falou.

- O que foi que acabou de acontecer? Não entendi nada.

James deitou na cama, ao lado da garota. E respondeu.

- Bem vinda à minha vida. Você ficaria surpresa em como estas coisas bizarras acontecem com freqüência alarmante por aqui...


Remus enfiou a chave na fechadura, e trancou a porta. Tranquilo, ele colocou o chaveiro no bolso. E sorriu levemente.

Ele estava bastante animado. Tinha saído com Melissa na noite anterior. E, para sua surpresa, tudo correu muito bem durante o encontro.

Eles foram apenas comer numa lanchonete perto da casa da garota. Não demoraram muito porque ela não queria ser flagrada pela mãe, mas puderam conversar calmamente, e sem interrupções, ou fugas mirabolantes da parte da garota.

Melissa havia falado mais sobre si mesma do que Remus jamais a ouvira falar. Contou sobre sua infância, sobre a separação de seus pais (apesar de não ter se demorado neste assunto), e falou sobre seus gostos pessoais. Filmes, livros, e outras coisas que gostava.

Foi um encontro normal. Como nunca tinha sido antes.

Na verdade, se fosse considerar mesmo, era quase um não-encontro. Foi muito mais uma conversa que um encontro. Mesmo que tenha terminado com um beijo na porta da casa da garota.

E, naquele dia, ela havia aceitado sair com ele novamente. Desta vez, para ir ao cinema.

E isso melhorava consideravelmente a situação.

Um encontro de verdade. Cinema, e jantar depois.

Remus estava bastante animado com esta idéia.

O rapaz foi caminhando até a calçada, e foi até o táxi que o esperava na porta de sua casa. Abriu a porta do veículo, e entrou.

Ele tinha acabado de dizer o endereço de Melissa, quando a porta do outro lado do táxi se abriu, e uma pessoa entrou.

Remus arregalou os olhos, e olhou para o novo passageiro. Nova surpresa.

- Sirius? O que você está fazendo aqui?

Mas ele ignorou a pergunta do amigo, e falou para o taxista.

- Pode ir.

O motorista arrancou, indo para o endereço fornecido por Remus. E este novamente falou.

- Sirius?

O moreno virou para o amigo, e falou.

- Você. Remus Lupin. Você vai me ajudar. Afinal, você deve ser o único que me entende. Pelo menos mais ou menos.

Remus fez cara de interrogação, e Sirius prosseguiu.

- Ela está me escondendo alguma coisa. E eu quero descobrir o que é.

Ok, agora Remus entendia que Sirius falava de Ellie. Nenhuma novidade nisso.

- O que a Ellie fez desta vez? – ele perguntou de maneira simples.

Sirius sorriu.

- Ah, sabia que você entenderia melhor que os outros. Você pelo menos sabe que eu estou falando dela.

Remus riu brevemente, e falou.

- E de quem mais você falaria? Você só fala da Ellie, desde que eu te conheço.

Mas Sirius sacudiu o ombro, e falou, num tom meio que de confidência.

- Eu nunca teria tempo para outra garota, Remus. A Ellie consome todo meu tempo. A garota me deixa doido, cara. Sério mesmo. Ela sempre arruma alguma coisa que me deixa com um nó na cabeça.

Remus não conseguiu deixar de rir. Sirius pareceu não gostar muito, e isso o fez falar.

- Ah, tá. Vai rindo. Até parece que a Melissa torna as coisas mais fáceis para você também. Aposto que aquela lá é do time da Ellie. Garotas infernais que sempre nos deixam loucos.

Remus parou de rir no mesmo instante. Sirius podia ser meio pancado da cabeça, mas ele tinha um bom argumento ali. Melissa não era o que se poderia classificar de pessoa tranquila de se levar.

- Viu? – Sirius falou. E logo completou – Vai buscar ela agora?

Remus franziu a testa, e perguntou.

- Como você sabe?

Sirius sacudiu o ombro, e falou.

- Aonde mais você iria tão engomadinho assim?

Remus olhou brevemente para seu reflexo no vidro da janela. E, discretamente, bagunçou o cabelo. Não queria que Melissa, sempre tão descolada, o achasse um almofadinha.

Mas Sirius não prestava atenção no amigo. Ele voltou a pensar em sua própria situação. E logo estava falando novamente.

- Olha só, a Ellie me deu uma dispensada feia hoje. Ela me expulsou da casa dela. E o pior é que ela ainda recebeu uma ligação daquele primo inútil dela, pedindo ajuda em alguma coisa. Aí tem coisa. O cara só arruma problema.

Remus ficou olhando para o amigo, sem saber o que dizer. Então Sirius reclamou.

- Pô, cara, me dá uma ajuda!

- E você precisa em ajuda em que, exatamente?

Sirius bufou.

- Tenho que descobrir o que ela está me escondendo. Coisa boa não é. Pode ter certeza.

- Sirius, você não está fazendo muito sentido, sabia?

Mas Sirius não deu atenção, e falou.

- Ok, se você não serve de ajuda, eu espero a Melissa chegar. Ela parece ser esperta o suficiente.

Remus pareceu ultrajado.

- Não vou te levar no meu encontro!

Mas Sirius nem deu bola, e mudou um pouco o assunto.

- Vocês vão aonde hoje?

Remus, ainda contrariado, respondeu.

- Cinema. Depois jantar.

Sirius olhou para o amigo, e falou.

- E depois?

Remus franziu a testa.

- Depois nada. Vou levar ela em casa.

Sirius olhou para Remus um pouco espantado.

- Cara, vocês não transaram mesmo em Paris? Achei que você tinha negado só para dar uma de cavalheiro e tal.

Remus ficou ainda mais contrariado com a pergunta de Sirius. E sua resposta foi só um resmungo. Mas Sirius continuou.

- Olha, vocês dormiram juntos, sozinhos, num quarto de hotel. Fica meio difícil acreditar que não tenha rolado nada.

Mas Remus revirou os olhos, e falou.

- Não rolou nada, Sirius. Nem todo mundo é igual a você e a Ellie, sabia?

Mas Sirius não levou a mal a resposta do amigo, e prosseguiu.

- E tem também a questão principal, né?

- Que questão? – perguntou Remus.

- A Melissa.

Remus fez cara de quem não entendeu, e Sirius explicou.

- Cara, a Melissa é uma garota da noite, saca? Ela pode estar esperando um pouco mais de você. Pode ser que ela... queira mais action, e menos encontros românticos e essas coisas.

Pela primeira vez, Remus parou para pensar no que Sirius falava. E, o pior de tudo, cogitou que o que ele falava tinha boa chance de ser verdade.

O rapaz abriu a boca para falar, mas o táxi parou. E o motorista falou.

- Chegamos.

Remus olhou para fora, e viu Melissa parada na esquina de sua rua. Eles tinham combinado ali, para que a mãe da garota não a visse saindo. E ela estava muito linda naquela noite. Usava uma blusa branca, saia preta, trench coat preto, meias grossas pretas e sapatos fechados. Em seu pescoço havia um cachecol preto e branco, e ela estava com as mãos nos bolsos do casaco.

Remus sorriu ao vê-la, esquecendo por um instante a conversa com Sirius.

A garota veio caminhando até o táxi, e abriu a porta. Mas não entrou, já que viu Remus e Sirius dentro do veículo.

Ela levantou uma sobrancelha, e falou com seu tradicional tom sarcástico.

- Não estou bêbada o suficiente para fazer um threesome...

Remus pareceu surpreso por um instante, e a garota revirou os olhos ao ver a reação dele. E falou, com um sorriso de lado no rosto, ao entrar no carro.

- Você é tão certinho...

Ele ficou novamente sem reação, e ela fechou a porta do carro. A única coisa que ele conseguiu fazer foi dar o endereço para o taxista, e ver Sirius se debruçando para frente, para falar com Melissa.

- Melissa, você vai conseguir me ajudar.

Melissa apenas olhou para Sirius, e falou.

- O que a Ellie aprontou desta vez?

Sirius pareceu surpreso por um segundo, mas logo reagiu, e falou.

- Tá vendo? É por isso que sei que procurei as pessoas certas. Se dependesse do Jay e da Lily, estaria até agora explicando a situação.

Mas Remus virou para a garota, e questionou.

- Como você sabia?

Ela revirou os olhos, e disse.

- E o que mais seria? Olha só a cara dele. Está obvio que ela aprontou algo, duvido que estivesse aqui se não fosse. Senão, eles certamente estariam trancados num quarto se pegando como dois coelhos.

Remus tentou não levar para o lado pessoal o comentário. Mas estava ficando difícil, já que o argumento de Sirius estava ficando cada vez mais sólido, com o número crescente de referências a sexo que Melissa fazia cada vez que abria a boca.

- O que estávamos fazendo, não fosse a interrupção daquele primo idiota que ligou pra ela!

Melissa olhou para Remus, buscando uma tradução para o que Sirius acabara de falar. E o rapaz respondeu.

- Albert. Primo encrenqueiro da Ellie.

Sirius encostou-se à poltrona novamente, bufando, e falando meio que para si mesmo.

- E com aquelas mãos cheias de dedos sempre tentando se aproveitar dela.

Melissa inspirou fundo, e falou.

- Então o problema é que você está com ciúmes?

Sirius se debruçou novamente, e falou, com uma expressão claramente ofendida.

- Ciúmes? Eu? Claro que não!

Melissa olhou para o rapaz, e falou, com um tom irônico.

- Sim. É claro que não.

- Porque você nunca sentiu ciúmes da Ellie, não é? – completou Remus.

Sirius resmungou, e respondeu.

- Não tem nada a ver com isso, é que ela está me escondendo alguma coisa!

- Uma garota tem direito a privacidade, Sirius. – falou Melissa, num tom de leve repreensão.

Sirius a olhou como se ela estivesse falando uma língua estrangeira desconhecida. Remus apenas olhou para a garota, e falou.

- Ele não conhece esses tipos de limites. Os dois cresceram juntos...

Mas Melissa continuou.

- Olha, não é mais fácil esperar e ver se ela te conta o que está acontecendo?

Desta vez Sirius olhou para Melissa como se ela fosse um alienígena. Remus apenas sussurrou.

- Deixa pra lá. É perda de tempo...

Mas Sirius ficou apenas olhando para o casal, e, como eles mantiveram o silêncio, ele resmungou.

- Ok. Vocês foram tão úteis quando James e Lily. Vou ter que resolver isso sozinho. Falou!

Aproveitando que o táxi estava parado, ele abriu a porta do veículo, e repetiu a mesma frase que disse para Lily e James.

- Usem camisinha!

- Sirius, vê se não vai fazer nenhuma...

A frase de Remus foi interrompida, já que o amigo saltou do carro, e bateu a porta.

- ... besteira!

Melissa apenas olhou para Remus, e falou.

- E você tem alguma dúvida de que ele vá fazer?


A segunda-feira chegou rapidamente.

Lily e James não conseguiram um momento de privacidade no restante do fim de semana. Assim que Sirius foi embora da casa de James, eles tentaram retomar o que estavam fazendo, mas os pais do rapaz logo chegaram em casa. E foi assim no domingo também.

Ellie ficou ocupada tentando resolver o dilema de Regulus e Marlene, e isso tomou quase todo o resto de seu fim de semana. Ela conseguiu evitar que Regulus contasse tudo para a família, mas isso não serviu para acalmar Marlene. Então Ellie teve que ir à casa da loira, conversar com ela, e tentar deixar a amiga mais tranqüila. E isso consumiu boa parte de seu fim de semana.

Já o encontro de Remus e Melissa não foi assim tão promissor quanto parecia. O filme que foram assistir estava com o ingresso esgotado, o que os fez escolher outro filme, e este era uma droga. Quando eles estavam saindo da sala de cinema, o celular da garota tocou, e era sua mãe. Ela estava furiosa porque a filha saiu sem avisar, então eles tiveram que voltar correndo para casa. Melissa tentou arrumar uma desculpa, dizendo que estava na casa de Ellie (o que sempre acalmava sua mãe, por Ellie ser neta do diretor da escola), mas mesmo assim a mãe mandou que ela voltasse na mesma hora. Então o encontro foi por água abaixo.

Então, na segunda-feira de manhã, quando chegou em Hogwarts, Lily não estava exatamente de bom humor. E ela viu que nenhum de seus amigos também estava.

Ellie e James chegaram juntos. O rapaz estava emburrado com as inúmeras intromissões durante o fim de semana, e a amiga parecia estar caindo de sono. Ela se escorava ligeiramente em James, e ele reclamava algo para a amiga. Quando chegaram na sala, foram sentar perto de Lily, que ouvia o relato de Remus sobre o encontro frustrado com Melissa.

- Então eu a deixei em casa. E foi só. No domingo nem tentamos sair, a mãe dela está fazendo uma vigília mais acirrada agora.

- Que chato, Remus. – Lily falou. Ela mesma pensou que seu fim de semana também não foi lá grande coisa.

Ellie largou a bolsa em sua cadeira, e imediatamente sentou, apoiando o rosto nos braços cruzados em cima da mesa.

- Posso dormir aqui a aula inteira? Estou caindo de sono...

- O que aconteceu? – perguntou Lily.

Ela suspirou, e respondeu.

- Lene. Ficou comigo no telefone até uma e meia da manhã.

- E aconteceu alguma coisa grave? – perguntou Remus, um pouco preocupado.

- Não. – Ellie mentiu, porque James estava do lado, e não sabia sobre Lene e Regulus – Coisas de garotas.

Ellie fechou os olhos, e enterrou o rosto nos braços, tentando cochilar um pouco. Remus passou a mão levemente nos cabelos da amiga, com pena do sono que ela estava.

Enquanto isso, James sentava ao lado de Lily, e puxava a namorada para um beijo.

- Bom dia, princesa.

James colou os lábios delicadamente nos de Lily, num beijo suave. Lily, como sempre, se sentiu bem melhor com isso. O desânimo pelo fim de semana foi se diluindo à medida que a boca de James tocava a sua, e sua mão fazia um carinho delicado nos cabelos dela.

Assim que se afastou, Lily sorriu, e respondeu.

- Bom dia, James.

O casal ficou abraçado, conversando baixinho, enquanto Ellie tentava dormir, e Remus brincava distraidamente com os cabelos da garota.

De longe, o olhar certeiro de Lara Malfoy registrava a cena. Com bastante atenção.


Sirius, Melissa e Marlene chegaram atrasados para a aula. Eles entraram apressados, e mal puderam conversar com os amigos.

A turma só se reuniu mesmo na hora do intervalo. Marlene saiu apressada, e sem falar com ninguém. Ela arrastou Alice com ela, que também tinha tido um fim de semana muito entediante, já que foi visitar alguns parentes que moravam fora de Londres no sábado, e só voltou no domingo à noite. Lily e Ellie se entreolharam (Ellie contara discretamente, via bilhetinho, os acontecimentos entre Lene e Regulus), e ficaram quietas, sem fazer menção de segui-las. Era melhor assim, e chamaria menos a atenção dos outros alunos.

Assim, saíram juntos James e Lily, Ellie e Sirius, e Melissa e Remus. Todos conversavam normalmente, menos Ellie, que ainda bocejava, e Sirius, que estava particularmente quieto, e observava a garota de lado.

James estava falando com os amigos sobre a programação da rádio da escola, que estava tocando durante o intervalo. Ele falava algumas músicas que tinha escolhido para aquela semana, quando Sirius quebrou o silêncio, e falou com Ellie, após o terceiro bocejo seguido da garota.

- Foi dormir tarde? – o tom dele era sério.

Ellie confirmou com a cabeça, ainda bocejando.

- Por quê? – ele questionou.

Lily discretamente ficou observando a cena. James, Remus e Melissa estavam distraídos com o assunto da rádio, então ninguém percebia o que acontecia.

- Porque fui. – respondeu Ellie, tentando desviar o assunto.

Mas Sirius não se deu por vencido, e questionou.

- Foi ajudar seu priminho querido? – o tom dele era irônico.

Ellie não estava com a mínima paciência para aquilo.

- Qual é, Sirius! Eu estou cansada...

Mas Sirius não desistia fácil.

- Acontece que eu quero saber onde foi que você se enfiou com seu priminho para estar assim tão cansada em plena segunda-feira.

Ellie inspirou profundamente. Não tinha nenhum desculpa pronta, e também não estava com a mente afiada o suficiente para arranjar uma resposta imediata.

- Olha, Sirius, me deixa, tá? Estou cansada, e não quero passar por interrogatório agora. Estou com dor de cabeça.

- Acontece que isso entre a gente não vai funcionar se você fica me escondendo o que anda fazendo pelas minhas costas!

O tom acusatório fez a garota se acender.

- Eu não ando fazendo nada de mais pelas suas costas. Você que é paranóico!

Mas a resposta pareceu irritar ainda mais Sirius. Ele apertou os olhos, e falou, num tom mais agressivo.

- É assim que você quer as coisas? Acha que faz o que bem entende e está tudo certo?

Ellie olhou em volta, e viu que eles já estavam chamando a atenção dos alunos que transitavam pelo pátio. Ela tentou se acalmar, e falou.

- Sirius, abaixa o tom de voz. As pessoas já estão olhando.

Mas ele não aceitou bem o comentário dela. E retrucou.

- E você tem algum problema quanto às pessoas verem que estamos discutindo?

- Tenho sim! – ela reclamou.

Essa resposta fez Sirius encarar a garota atentamente. Ele ficou em silêncio por um instante, e falou.

- Ah, sim. Agora eu entendi tudo. O problema é quando as outras pessoas estão olhando, não é?

Ellie franziu a testa.

- Como é que é? – ela não tinha entendido nada.

Mas ele começou a se afastar, e falou.

- Tudo bem. Então tá. Mas agora, eu também vou ditar as minhas regras.

Ellie ficou olhando para o rapaz, que se afastava. Sem entender nada.

- O que foi que aconteceu? – ela falou, confusa.

James se aproximou da amiga, e falou.

- Não se preocupe. Ele também deixou todo mundo confuso no fim de semana. Eu converso com ele mais tarde, e tento entender o que está acontecendo.

Assim que James terminou a frase, uma voz, vinda de trás deles os fizeram virar.

- Está tudo bem?

Kyle estava parado atrás deles, com uma pequena pilha de livros nas mãos, olhando com uma expressão educada, mas levemente preocupada. James não conseguiu evitar lançar um olhar atravessado para o rapaz.

Ellie suspirou antes de responder.

- Está sim, Kyle. É só o Sirius... bem, agindo como Sirius.

Mas Kyle não se afastou, e falou.

- Se precisar de ajuda em qualquer coisa...

Ellie ia responder, mas James se adiantou, e falou, num tom um tanto grosseiro.

- Ela não precisa de ajuda. Se precisar, ela já tem onde conseguir.

Ellie franziu a testa, e Lily não se conteve, e protestou.

- James!

Mas antes que qualquer coisa pudesse ser dita, Kyle deu um passo para trás, e falou.

- Tudo bem. Eu... vou indo.

O rapaz fez menção de falar mais alguma coisa, mas desistiu. Ele lançou um olhar triste para Lily, e foi caminhando, sozinho, em direção à sua sala.

Lily o observou por um instante, e virou para James. O rapaz parecia emburrado. Ela quis repreender o comportamento do namorado. Quis dizer que seu ciúme de Kyle era uma enorme besteira. Mas, ao lembrar-se da reação que ele teve em Paris, na noite de réveillon, ela desistiu da idéia. Resolveu não tocar no assunto, para não incentivar ainda mais o comportamento ciumento de James.

Mas isso não queria dizer que ela estava satisfeita. Na verdade, Lily ficou muito incomodada com toda a situação.

Kyle não merecia ser tratado daquela forma. Ele era uma pessoa extremamente educada e gentil. Só fazia ajudá-la, e sempre estava disposto a ajudar quem quer que fosse. Ele não merecia ser mal tratado por ninguém no mundo.

Só que, como ela não queria criar um conflito com James, resolveu ficar quieta. Pelo menos daquela vez.

À distância, Kyle ainda lançou um olhar para a turma de amigos. Lily estava mais quieta que o normal, e James parecia emburrado. Os únicos que conversavam eram Ellie, Remus e Melissa.

Ele viu os cabelos de Lily balançarem ao sabor da brisa. E suspirou.

- Você sabe muito bem que não vai ser assim que vai conquistá-la. – uma voz falou, às suas costas.

Kyle virou, e viu uma garota baixinha e muito loira encarando-o. E a visão dela o deixou um pouco incomodado.

- Olha, Lara, eu não sei o que você pretende, mas...

A loira sorriu, de um jeito quase angelical.

- Eu sei, eu sei. Você já falou. Não quer se meter entre os dois. Sabe, é muito nobre da sua parte.

Kyle desviou o olhar, e focou-o em Lily novamente.

E Lara prosseguiu.

- Mas também é totalmente idiota.

Kyle voltou a encarar Lara. Ela sorriu novamente, desta vez cheia de más intenções.

- E se você não precisar fazer nada?

Kyle franziu a testa.

- O que você quer dizer com isso?

Lara inspirou fundo. Kyle teve a impressão que ela era teatral de propósito. E logo a garota falou.

- Olha, você não conhece eles como eu conheço. Eles são... únicos, de um certo modo. E a Evans...

- O que tem ela? – Kyle questionou.

Lara fez uma pausa dramática. Kyle ficou ainda mais curioso. Ela sorriu ao perceber isso.

- Eu não estou certa de que ela se encaixa realmente entre eles.

- Você não conhece a Lily. – Kyle rebateu.

Mas isso só fez Lara rir ainda mais.

- Olha só você, é quase um príncipe resgatando a donzela. É tão bonitinho...

Kyle ficou sério, mas Lara não deu bola.

- E aonde você quer chegar nisso tudo, Lara?

Lara então falou mais claramente.

- Eu os conheço. James, Ellie, Sirius... eles não são tão... bem, como posso dizer de uma forma mais bondosa? Enfim, eles são muito diferentes do que mostram ser agora.

Kyle não pareceu compreender. Ela prosseguiu.

- Você os vê na escola... isso não mostra muito da realidade, sabia?

Kyle passou a encarar o grupo à distância. Desta vez, ele não se focou em Lily.

Mas Lara, sabendo que tinha lançado sua isca com precisão, apenas falou.

- Vamos fazer um acordo? Deixa todo esse papo de Lily e James para lá. Que tal sermos apenas amigos? Voltei para a escola, e percebi que muitos dos antigos amigos resolveram seguir outros rumos...

Ela olhou para Ellie de relance, e Kyle percebeu. Mas ele logo voltou a encarar Lara, e desta vez a expressão dela aparentava sinceridade. Então ele respondeu.

- É... acho que isso não teria problema.

Lara sorriu, novamente de forma natural.

- Problema nenhum, Kyle. Pode ter certeza.


Depois da aula, Lily foi arrastada (contra sua vontade) para um ensaio da torcida da grifinória. Ellie resmungou quando a amiga tentou escapar, e a ameaçou, fazendo um drama danado. Lily acabou se resignando, e aceitou o fato que Ellie não a deixaria se livrar da torcida. Pelo menos naquele ano, ela estava presa à torcida. No ano seguinte ela poderia ter uma chance de escapatória, com novos alunos chegando à escola.

O ensaio não foi muito longo, estava frio demais. Ellie apenas coordenou a equipe com as coreografias que já tinham ensaiado, e logo as liberou. Lily correu para o vestiário, pensando se daria tempo para alcançar James, que já tinha terminado o treino de basquete há tempo.

Assim que ficou pronta, a garota foi ao pátio, buscando o namorado com os olhos. Mas nem sinal dele.

A única pessoa que se aproximou dela foi uma certa loira baixinha.

- Perdida, Evans?

Lily acertou a postura ao ouvir a voz de Lara. Aquela garota a deixava com uma sensação estranha. Fora que volta e meia ela flagrava Lara observando-a durante a aula.

- Não. – Lily respondeu com firmeza – Estou esperando o James.

Mas Lara apenas sorriu, como se Lily tivesse falado algo divertidíssimo. E respondeu.

- O Jay? Ele já foi embora, passou aqui agora a pouco com o Sirius.

Lily sentiu uma crescente vontade de torcer o pescoço da garota ao ouvi-la falar "Jay". Mas se controlou como pode, e respondeu.

- Obrigada.

Lara lhe ofereceu um sorriso brilhante, mas que soou completamente falso para Lily. Ela não soube o que fazer. Lara lhe fazia sentir-se estranha. Era uma sensação que ela não conseguia compreender. Por sorte, ela não precisou decidir o que fazer. Ellie logo apareceu, e já chegou falando com Lara.

- O que você está fazendo aqui? – ela questionou.

Mas Lara apenas sorriu, e respondeu.

- Eu estudo aqui, lembra?

Mas Ellie a observava com o olhar estreito, e ficou quieta. Voltando-se para Lily, ela falou.

- Vamos embora, Lily?

A ruiva concordou, mas ainda lançou um olhar para Lara. A loira não parou de sorrir, e Lily sentiu um arrepio estranho, como se pressentisse que algo ruim iria acontecer.

Ela sacudiu a cabeça de leve, e acompanhou Ellie pelo pátio. Quando as duas se afastaram de Lara, Ellie perguntou.

- O que ela queria com você, Lily?

Lily franziu a testa, e falou.

- Não sei... ela... é tão estranha.

Ellie desviou o olhar, e falou.

- Estranha é pouco, Lily.

Lily então pensou um pouco, e perguntou.

- Ellie... o que aconteceu entre vocês duas? Já deu pra perceber que ela é encrenca, mas... você nunca me contou o que ela fez.

A reação de Ellie não podia ser mais inesperada para Lily. A garota se remexeu, incomodada. E fez uma expressão de desespero no rosto.

- Eu... ela... aprontou.

Lily estranhou o comportamento da amiga. Ellie geralmente era bem expansiva, e não hesitava em contar coisas sobre sua vida. Parecia confiar plenamente em Lily. Mas, naquele momento de hesitação, Lily percebeu que a amiga não queria contar a respeito de Lara. O que era muito estranho.

- Aprontou o que? – Lily tentou.

- Eu... bem... olha, Lily... isso é algo que eu... não gosto de falar.

Lily percebeu que estava certa. Seja lá o que fosse, o que Lara aprontou com Ellie era algo ruim suficiente para que a amiga não quisesse contar. Ou seja, devia ser algo realmente ruim.

Lily, sem saber o que fazer, apenas ficou quieta. Assim como Ellie, que parecia perdida em suas memórias.

E em silêncio as duas percorreram todo o caminho de volta para casa.


James e Sirius foram para a casa dos Potter depois da aula. O treino de basquete tinha sido intenso, já que o próximo jogo se aproximava. Então os dois foram conversando sobre estratégias de ataque até chegar na casa de James.

Depois de comerem, os dois subiram para o quarto de James. Sirius se largou na cama de James, e este sentou na cadeira da escrivaninha, e olhou para o amigo. Era hora que questionar o ocorrido no intervalo.

- Sirius. – James começou – Que foi aquilo hoje no intervalo?

Sirius olhou para James, e franziu a testa.

- Como assim?

- Você e a Ellie discutindo.

Sirius não pareceu muito satisfeito em falar sobre o assunto. E fechou a cara.

- Olha, eu estou cansado disso tudo.

James não entendeu, e questionou.

- Cansado de que, Sirius? Poxa, você mal falou com ela hoje, e quando falou já foi despejando tudo em cima. Ela não entendeu nada.

Mas Sirius não estava com bom humor, e retrucou.

- Eu cansei, James. Eu percebi que ela quer ficar comigo, mas nos termos dela! Sempre escondido em algum lugar. No hotel, no meu quarto, no quarto dela... é muito cômodo pra ela. E, quando ela quer, simplesmente me dispensa, e vai encontrar outra pessoa, ou algo melhor pra fazer. Não sou o brinquedinho dela não!

James não compreendia exatamente o que o amigo falava, então forçou.

- E de onde você tirou isso?

Sirius sentou na cama, e ficou de frente para James. E explicou.

- Eu caí na real. Passei metade da minha vida perseguindo essa garota, Jay. Ela sempre se refreou. Sempre dando um passo para trás. Eu cheguei a conclusão que ela não quer ficar comigo pra valer. Ela fica comigo, mas na hora de dar a cara à tapa, na hora da coisa pública mesmo, ela se recolhe.

James se sentiu estranho. Ele conseguia entender o que Sirius falava, mas... ele sabia como era se sentir como Ellie. E foi isso que ele falou.

- Olha, Sirius, você tem que entender... as coisas não são muito fáceis para ela. Eu sei como ela se sente. É difícil.

Sirius torceu a boca, fazendo uma cara de impaciência.

- Ah, é. Vocês dois, farinha do mesmo saco. Eu é que sou o babaca aqui que fico de fora. E só me ferro.

- Qual é, Sirius... – James tentou.

- Qual é nada, James! É uma merda isso tudo, sabia? Eu sempre agüentei isso calado. Vocês dois ficavam nessa de "eu te entendo melhor que ninguém" e eu sempre fiquei de fora.

James riu um riso nervoso.

- Pô, Sirius, de onde você tirou isso? Sempre fomos nós três, sempre.

Sirius passou a mão pelos cabelos, e falou.

- Eu achei que, quando você conheceu a Lily, tudo ia mudar. E mudou, pelo menos a sua parte. Você se abriu, cara. Você fez o que ela devia ter feito. Mas não. A Ellie ficou na mesma. Ela coloca um muro em volta, e ninguém entra. Ou pelo menos... eu não entro. – ele falou, amargurado.

James puxou a cadeira um pouco pra frente, e falou, num tom mais baixo.

- Mas ela se abriu sim, Sirius. Ela até falou que te ama, não falou?

Mas Sirius olhou para James com firmeza, e falou num tom frio.

- Quantas vezes ela já falou que te ama?

James encolheu os ombros, e recuou o tronco ligeiramente. E ficou calado.

Sirius forçou novamente.

- Quantas vezes, James? Quando foi a primeira vez que ela falou?

James abaixou a cabeça por um instante, e respondeu.

- Mas... é diferente.

Sirius respirou profundamente. E falou. Seu tom era quase conformado.

- Eu vou ser sempre o cara que fica atrás dela. Correndo atrás dela. Fazendo as vontades dela.

James franziu a testa.

- E quando foi que você fez isso? Você sempre faz o contrário do que ela diz.

Mas Sirius praticamente não ouviu o que James falou. Num arroubo de sinceridade, ele falou, sem se importar com o que James pudesse pensar.

- Eu queria que... um dia... ela fosse atrás de mim. Que ela fizesse o que eu faço por ela.

James sentiu pena do amigo. Mas mesmo assim argumentou.

- Ela não foi à sua casa na sexta? Não foi lá como uma doida, para te pedir desculpas?

Sirius sorriu por um instante, e respondeu.

- Foi, mas não foi exatamente um ato público, foi? Além disso, no dia seguinte, ela simplesmente me cortou. Eu quero entrar na vida dela, mas ela não deixa... Eu sinto que nunca vou conhecer um lado dela, que ela esconde. Vai ser um mistério para sempre. E o pior é que eu sinto que o motivo dela me esconder as coisas é porque não confia em mim.

James não sabia o que responder. Não era bom nesses tipos de conversa. Mas esticou a mão, e deu um tapinha no ombro de Sirius.

Os dois ficaram um instante em silêncio, até Sirius levantar, e falar.

- Vou pra casa. Preciso pensar um pouco.


No dia seguinte, Lily chegou afobada à escola. Perdeu a hora ao acordar, teve que se arrumar como um foguete, e chegou em sala de aula durante a chamada. Ela largou a mochila de lado, e sentou ao lado de Ellie. A amiga tinha uma expressão estranha no rosto, e elas conversaram em voz baixa durante as aulas anteriores ao intervalo.

- E aí, alguma novidade?

- Algumas. Sirius continua me dando um gelo, e eu não posso contar a verdade para ele. Já a Lene e o Reg resolveram adiar a revelação porque com esse clima todo, seria impossível... - Ela virou seu olhar para o lado de Lara. A garota estava de costas, sentada com Narcisa. Mas a grande fofoca do momento em Hogwarts eram as investigações das denúncias contra políticos famosos, muitos deles pais de alunos em Hogwarts. A família Black e a família Malfoy estavam bem no meio dessa discussão toda, o que aumentava o nível de fofocas para padrões muito acima dos normais. E o fato do pai de Marlene conduzir as investigações pessoalmente, e a mãe de Ellie estar auxiliando o Sr. Mckinnon só deixava tudo ainda pior.

- Fico com tanta pena da Lene... – falou Lily.

- Eu também, Lils. Mas não podemos fazer muita coisa por enquanto. Só ajudar a manter o segredo e esperar que tudo se resolva.

- Eu sei. Mas podia existir algo que pudéssemos fazer. Sei lá, pra facilitar a vida deles.

- É. Mas não consigo pensar em algo que facilite, pelo menos por agora. Você não tem idéia de como estão as coisas. Minha mãe mal para em casa, e recebe ligações o dia inteiro. Imagina na casa da Lene. Deve ser mil vezes pior.

Lily olhou para Marlene. A garota visivelmente não dormira direito a noite, parecia cansada e desanimada. Lily suspirou. Imaginou como seria ruim estar na situação de Marlene. Dividida entre a família e o namorado.

- Vamos conversar com ela no intervalo. Tentar ajudar, animar ela um pouco.

Ellie concordou. Lily percebeu que ela não virava para trás, para falar com Sirius. Ele ainda devia estar remoendo o acontecimento do fim de semana.

Quando o sinal do intervalo soou, Lily e Ellie foram direto até Marlene, e perceberam que Melissa e Alice fizeram o mesmo. As cinco garotas saíram juntas para o pátio, e conversavam entre si. Marlene fez um breve relato da situação em sua casa, e Ellie acertara na previsão. Realmente, o clima estava bastante pesado. E Marlene não tinha idéia do que poderia fazer para melhorar a situação.

- Meu pai anda recebendo até ameaças por telefone. – a loira contou – Minha mãe fica preocupada, mas papai disse que isso é só uma tentativa de intimidá-lo. Ele não vai desistir até descobrir o que realmente está acontecendo.

As garotas demonstraram todo apoio à amiga. E realmente todas elas achavam que o trabalho realizado pelo pai da amiga era da maior importância.

Elas caminharam pelo jardim por algum tempo, tentando afastar Marlene do meio da inevitável confusão que se instalaria no intervalo. Geralmente Bellatrix cuspia desaforos para a garota, e as amigas não queriam dar oportunidade da doida se aproximar de Marlene. Só voltaram para perto das salas quando o intervalo estava acabando. E foi aí que viram uma cena no mínimo estranha.

Sirius estava junto com James, perto da quadra de esportes. Mas isso nada tinha de estranho. O fato bizarro era que Sirius estava de papo com as torcedoras da Sonserina. E James apenas observava a cena com cara de espanto.

Ellie reagiu de imediato.

- O que diabos ele está fazendo ali?

A garota imediatamente esqueceu a discussão do dia anterior. E foi direto até os dois rapazes.

James fez a típica expressão de "não é culpa minha", levantando as mãos, mas a amiga o ignorou completamente. Ela foi até Sirius, e não conteve a boca.

- Sirius! O que você está fazendo?

Mas o moreno apenas sorriu de forma superior, e respondeu com um tom de falsa descontração.

- Conversando com as meninas. Não reparou?

Ellie bufou, e resmungou.

- Lógico que reparei. Vai me dizer por quê? – a voz dela era cortante.

Mas ele fez uma expressão de desentendido, e respondeu.

- Porque eu quero, ora. Sou solteiro, converso com a garota que eu bem entender.

Ellie entreabriu os lábios, e falou, um pouco mais baixo.

- Solteiro?

Sirius parecia triunfante ao dizer.

- Sim. Não tenho namorada. Você deveria saber disso, não foi você que terminou comigo?

Ellie não esboçou reação alguma. Ficou observando o rapaz, com o olhar fixo nele. Por um instante ele pareceu hesitar, mas logo se recuperou, mantendo a pose. Mas Ellie decidiu que não suportaria a humilhação, e rebateu.

- Como quiser, Sirius. - sua voz era fria como gelo.

A garota virou-se e voltou para perto das amigas. Ela se esforçou como pode para não olhar novamente para trás.


No final da aula, as garotas decidiram ir embora todas juntas. Sirius tinha desaparecido assim que o sinal tocou, e Remus tinha aulas de monitoria até mais tarde. Então James acompanhou a namorada e as amigas. Ellie não parava de falar sobre o incidente com Sirius. Ela repassava todas as possibilidades, tentando entender a cabeça maluca do rapaz.

- Eu realmente não entendo o que ele quer. Sério. Muitas vezes eu penso que o Sirius é bipolar, sabe? Ele muda de opinião numa velocidade tão grande...

James tentava apaziguar a situação, uma vez que se encontrava exatamente em fogo cruzado. Ser o melhor amigo de um casal em conflito não era exatamente algo confortável.

- O Sirius, você conhece ele, não é, Ellie... Ele não pode ficar sem supervisão. Acaba aprontando alguma.

- Sim, eu sei, mas garotas da Sonserina? Isso vai contra todos os princípios dele!

James sabia que Sirius estava tentando irritar Ellie, e ele sabia exatamente que dar atenção às torcedoras da Sonserina atingia um dos maiores níveis de irritação da garota.

Melissa, que estivera calada a maior parte do tempo, falou repentinamente.

- Você já pensou em mudar de estratégia?

Ellie franziu a testa.

- Como assim?

Melissa inspirou fundo. Lily se aproximou para ouvir. A morena tinha uma visão sempre diferenciada das coisas, então a possibilidade de algo interessante sair de sua boca era bastante elevada.

- Olha, desde que eu conheço vocês, a situação sempre é a mesma. Vocês ou estão agarrados por todos os lados, ou brigando como gato e rato. Eu digo, mude de estratégia. Em vez de ceder a provocação dele, reaja da forma que ele menos espera.

Ellie ficou calada, sua expressão mostrando que ela parecia não exatamente compreender o que Melissa propunha. Estava tão acostumada à tradicional dança executada por ela e Sirius que nenhuma outra opção senão pagar com a mesma moeda vinha à sua cabeça.

Mas Lily logo interferiu, e falou.

- Olha, isso pode ser uma boa ideia! Pode mesmo, quebrar este ciclo que vocês estão sempre presos.

Ellie virou para olhar para James, e viu o amigo balançando a cabeça. Ela então questionou.

- Mas... como eu faço isso?

Melissa sacudiu os ombros, e falou.

- Que tal, em vez de ficar furiosa e pagar na mesma moeda, você age de forma diferente e tenta dobrar o cara?

Ellie franziu a testa, e perguntou.

- Dobrar como?

James riu, e respondeu no lugar de Melissa.

- Que tal com a sua melhor arma?

A garota fez cara de interrogação, e James respondeu.

- Ah, Ellie, qual é... eu vi o Sirius babar por você durante anos. Era só você balançar os cabelos que ele ficava igual um bocó...

- Não tenho ideia do que fazer. - ela admitiu, com uma leve expressão de vergonha.

James, que estava visivelmente se divertindo com a conversa, falou.

- Olha, eu já vi você completamente bêbada, na festa da casa do Frank, conseguir seduzir o Sirius na maior facilidade. Tenho certeza que sóbria você tem ainda mais ideias!

A garota fez uma expressão de derrota.

- Eu mal me lembro o que aconteceu naquele dia!

Desta vez foi Melissa que rebateu.

- Ellie, eu tenho certeza que você consegue pensar em estratégias para dobrar aquele cabeça dura!

Lily riu, e falou.

- Ah, isso com certeza ela consegue!

Ellie franziu a testa, e falou.

- Bem, vou pensar a respeito disso...


Na quarta-feira a escola parecia mergulhada em caos. Os jornais daquele dia despejaram cada vez mais informações sobre as investigações na Câmara de Lordes, e como diversos alunos tinham parentes envolvidos com as denúncias, a escola inteira estava em polvorosa.

Lily tentava não dar atenção às fofocas, mas estava sendo virtualmente impossível. A cada momento chegava algum aluno com alguma "novidade". Boa parte dessas informações eram mera especulação ou invenção pura, então logo pode se perceber que grupos tomavam partido de um lado ou outro, e discutiam ferozmente tentando provar que seu ponto de vista era o correto.

Lily, concentrada em elaborar as aulas de monitoria que iria iniciar em alguns minutos, optou por ignorar as conversas de corredor e as discussões inflamadas que ouviu à caminho do centro de monitoria.

Sentada em sua mesa, onde tradicionalmente dava suas aulas particulares, a garota anotava tópicos de discussão e separava exercícios para seu próximo aluno. Nem percebeu quando a porta à suas costas abriu, e uma pessoa entrou.

Quando se deu conta, a pessoa estava ao seu lado.

- Lily. – uma voz suave a despertou de sua concentração.

A garota virou o rosto, e deu de cara com Kyle Wilshire.

- Ah, oi Kyle.

O rapaz a observou por um instante. Os olhos verdes de Lily, hipnotizantes, estavam pregados nos seus. Ele sentiu um arroubo de emoção, mas se conteve.

- Desculpe ta atrapalhar... – ele falou, sem terminar a frase.

Mas Lily apenas sorriu, e falou.

- Você não me atrapalha, Kyle. – ela disse, de forma bondosa.

O rapaz sorriu de volta, aliviado. Ele estava receando em se aproximar de Lily, depois da reação agressiva de James, não ultima vez em que se falaram. Kyle temia que Lily também estivesse descontente com a presença dele, então se afastou o quanto pode da ruiva. Mesmo que sentisse enormemente a ausência dela, e sentisse falta de sua voz macia e suave, do sorriso e do perfume dela, estava decidido a jamais fazer Lily se sentir desconfortável por ele estar por perto.

A forma como ela o olhou, e sorriu para ele renovou a esperança de Kyle. Ele realmente estava cada vez mais envolvido pela jovem garota, mas mantinha a determinação de nunca trazer qualquer problema para a vida de Lily. Se ela estava com James, e estava feliz com ele, Kyle pretendia aceitar a situação e guardar seus sentimentos para si mesmo. Mas cada vez mais o rapaz estava temendo que o relacionamento de Lily e James não fosse tão agradável quanto poderia parecer. James muitas vezes era grosseiro, e isso deixava Kyle alarmado. Tudo bem que a grosseria de James estava geralmente focada em direção a ele, Kyle. Mas e se James passasse a ser grosseiro com Lily? Kyle não queria que, de forma alguma, Lily fosse mal tratada por quem quer que fosse. Iria fazer tudo que pudesse para manter a garota a salvo, não importando quem esteja tratando a ruiva mal.

- É que... bem, seu primeiro aluno de monitoria de hoje faltou hoje. Seu primeiro horário está livre.

Lily olhou para sua planilha, e os resumos que tinha separado.

- Ah... então, bem, vou meu reorganizar aqui.

Kyle ficou olhando para a garota organizando os papéis, sem saber bem o que dizer.

Mas Lily levantou o olhar, e viu o rapaz parecendo bastante sem jeito ali. E viu uma boa oportunidade de conversar com ele sobre o comportamento de James.

- Kyle... você está ocupado? Eu... queria falar com você um instante.

Kyle tinha várias tarefas para resolver ainda naquele dia, mas nada o impediria de gastar o tempo que Lily quisesse conversando. Ele imediatamente concordou.

- Claro, estou disponível.

Ela sorriu brevemente, e apontou para a cadeira.

- Senta um pouco então.

O rapaz puxou a cadeira.

Lily acertou sua postura, e, mesmo sem saber direito o que falar, começou.

- Bem, eu queria... pedir desculpas pelo comportamento do James naquele dia.

Kyle franziu a testa, mas deixou que ela prosseguisse.

- É que ele, bem... é um pouco super protetor, sabe?

Kyle apenas balançou a cabeça, tentando entender aonde ela iria chegar.

- Ele... bem, eu nem sei de onde ele tirou essas ideias, mas...

Lily não conseguia se expressar direito. Na verdade, depois que começou a falar, não sabia direito o que queria dizer. E sentia algo muito estranho, como se não devesse falar daquele assunto com Kyle. Sua cabeça estava muito confusa, e ela começou a se sentir muito constrangida. Ela achava que James estava sendo muito bobo tendo ciúme de Kyle. Não havia nada entre eles, e Kyle sempre fora muito gentil, e só isso. James parecia meio paranoico em relação ao assunto, e agora Lily temia que Kyle pudesse ficar estranho com ela, ou pior, pudesse se afastar. E ela não gostaria que ele se afastasse. Kyle era uma pessoa tão, boa, tão legal... ela não queria perder sua amizade.

Lily percebeu que ficou um bom tempo sem falar nada, tanto que Kyle começou a responder.

- Bem Lily... eu... não acho que você tenha que me pedir desculpas pelo comportamento do James, não é?

Lily saiu de seu transe momentâneo, e o rapaz prosseguiu.

- Você não fez nada de errado. Na verdade, você sempre é gentil comigo. Nunca, jamais, fez qualquer coisa que não fosse me tratar bem e ser educada.

Lily desviou o olhar instintivamente. E o rapaz continuou.

- Quanto ao James... bem, não quero causar problemas...

Lily imediatamente rebateu.

- Você não causa problemas, Kyle. Tudo que você sempre fez foi me ajudar.

Kyle não conseguiu suprimir o sorriso que veio aos seus lábios. Mas continuou a falar.

- Bem, eu quero dizer... sou seu amigo. Qualquer problema que você tiver. Se qualquer pessoa te tratar mal... qualquer pessoa mesmo... você pode contar comigo. Vou sempre estar ao seu lado.

Lily imediatamente sorriu. E respondeu.

- Obrigada, Kyle. Você é muito legal.

O rapaz sorriu de volta. E ficou olhando o rosto de Lily. Ela era tão linda! Ele não conseguiu suprimir o pequeno suspiro que escapou de seus lábios. Tinha vontade de se aproximar, de tocar o rosto dela, e beijar suavemente seus lábios. Mas, sabendo que era errado, ele reuniu as forças que tinha, e levantou, determinado a não vacilar.

- Bem, vou parar de te atrapalhar. Conversamos mais depois, certo?

Lily apenas sorriu, e concordou com a cabeça.

- Certo. Até mais tarde, Kyle.

O rapaz concordou com a cabeça, e saiu silenciosamente da sala.

Lily sentiu-se satisfeita. Pelo menos Kyle não parecia chateado, e parecia que tudo estava se encaminhando bem. Até que ela relembrou uma frase dele, e franziu a testa.

Se qualquer pessoa te tratar mal... qualquer pessoa mesmo... você pode contar comigo.

Lily levou a mão ao queixo. A quem Kyle estava se referindo ao falar essa frase?


Ellie chegou quinta-feira na escola decidida e dar um basta na situação bizarra entre ela e Sirius. Ela tinha passado o dia anterior pensando em meios de conter seus ímpetos de brigar com o rapaz, e tentar seguir o conselho de Melissa e James, mudando a forma de encarar a disputa entre os dois.

James mesmo tinha assegurado que Sirius só tinha ficado de papo com as garotas da Sonserina no dia que eles discutiram, e que o rapaz só fez aquilo para deixá-la irritada. Nos outros dias Sirius passou a fingir que nada estava acontecendo, mas também parecia não estar dando muita bola para ela.

Melissa volta e meia mandava alguma sugestão de ação via mensagem no celular, mas Ellie não estava convencida que as ideias da amiga fossem surtir algum efeito. Na verdade Ellie sabia exatamente o que Sirius gostava, mas estava era mesmo tentando criar coragem para efetuar seu plano. Inspirando fundo, e contando com a boa organização que ela planejou no dia anterior, chegou o momento de colocar a nova tática em prática.

Exatamente por esse motivo, Ellie chegou um pouco atrasada para a aula. Ela avisou a James que iria sozinha para aula naquele dia, e quando chegou na sala, o professor já estava na classe.

Ela levantou o queixo, inspirou fundo, e entrou.

A turma, obviamente, reagiu.

Ellie costumava sempre ir bem arrumada para as aulas em Hogwarts, mas naquele dia ela caprichou bem mais que o normal. Os cabelos estavam perfeitamente arrumados, com uma tiara delicada complementando. O uniforme estava perfeitamente alinhado, e ela usava um casaco perfeitamente ajustado ao seu corpo por cima,de uma grife famosa. A bolsa combinava com todo o look, que incluía um sapato novinho, com salto mais alto que costumava usar na escola, e meias longas de seda pretas. Ouviu um assobio ao cruzar a porta, e suprimiu o leve sorrisinho. Havia conseguido chamar a atenção para si, como planejado.

Ela foi caminhando suavemente até seu lugar, e percebeu, para própria satisfação, que atraiu o olhar da única pessoa que pretendia com toda aquela produção: Sirius.

Ele a observava, com um olhar que misturava curiosidade e interesse. Ela viu o olhar dele descendo levemente, para observá-la por inteiro, e depois desviando propositalmente, como se tentasse evitar o olhar na direção da garota. Mas isso só durou um instante, e ele voltou a observa-la. Ellie ficou satisfeita. Até agora o plano ia bem.

Ela chegou ao seu lugar, e sentou-se como se nada tivesse acontecido. Falou bom dia aos amigos, fazendo uma expressão inocente, e sentou-se no seu lugar.

Não demorou um segundo para seu celular vibrar com uma mensagem que chegou.

Ellie discretamente olhou para o aparelho.

Ardilosa. Gostei!

Ellie suprimiu a risadinha, e olhou para o lado, na direção de Melissa. A amiga sorria, cúmplice. Agora só faltava a segunda parte do plano. A parte mais difícil.


Depois da aula, boa parte dos alunos de Hogwarts foi embora da escola. Os que ficaram eram os que tinham alguma atividade extra naquele dia. Lily ficou satisfeita que não teria treino da torcida, e pode voltar cedo para casa. Assim conseguiria colocar a matéria da escola em dia, e quem sabe conseguiria um tempo extra para ficar com James um pouco.

Melissa e Remus planejaram uma ida ao cinema naquela tarde. Eles estavam tentando levar o relacionamento aos poucos, com calma. A garota não admitia, mas em parte gostava de evoluir lentamente com o relacionamento. Mesmo que parte dela também quisesse que Remus apressasse mais as coisas, ela se sentia segura assim. Ele parecia querer mesmo estar com ela. Já o rapaz temia que Sirius estivesse certo, e Melissa quisesse algo mais quente. Mas optou por seguir sua ideia de evoluir o relacionamento naturalmente, para que ela se sentisse segura com ele.

James também não tinha treino de basquete naquele dia. Então poderia ir mais cedo para casa. Mas apenas tinha uma tarefa, encomendada por Ellie. Assim que a cumprisse, estava livre para ir embora, e ligar para Lily. Ele queria passar um tempo com ela longe de todos, para que pudessem ter privacidade. Ele realmente ansiava bastante por esse momento.

Então, assim que conseguiu distrair Sirius pelo tempo combinado com a amiga, ele simplesmente inventou uma desculpa, e foi embora.

Sirius caminhava pelo corredor que Ellie combinou com James, sem saber do plano que se encontrava em ação. Mesmo sem saber, ele estava pensando em Ellie, e nos olhares cheios de luxúria que ela lançou para ele durante o dia. Ele realmente estava vacilando, e pensando em ir na casa da garota, e esquecer sua determinação de fazer com que ela baixasse as barreiras e ficasse com ele de maneira livre, sem se preocupar com a reação das outras pessoas, e sendo sincera com ele.

Mas ele não precisou decidir o que faria. Porque Ellie se encontrava exatamente no mesmo corredor, e olhava diretamente para ele, encostada na porta de uma sala qualquer.

E ela sorria.

Imediatamente, ele se encaminhou para perto dela. Ela mantinha o sorriso sexy nos lábios, e ele esqueceu qualquer ideia que tinha anteriormente. Só queria estar com ela.

- Oi. – ela falou, com uma voz envolvente.

Ele sorriu de lado, e respondeu.

- Oi, linda.

Ellie sorriu, e percebeu que o plano iria da certo.

Ela esticou a mão, e percorreu os dedos suavemente no peito dele.

- Está indo para casa?

Sirius entrou no jogo dela, e respondeu.

- Estou. A não ser que você... me apresente uma opção melhor.

Era a resposta que ela queria. Imediatamente ela abriu a porta da sala que estava à suas costas, e o puxou para dentro. Fechou a porta e imediatamente falou, se aproximando mais.

- E essa opção... é melhor?

Sirius nem hesitou.

- Muito, mas muito melhor.

E a beijou. Intensamente. Uma de suas mãos foi direto para a nuca dela, e a outra para a cintura, envolvendo-a, e puxando-a para perto.

Ellie correspondeu imediatamente o beijo. Esse era seu plano desde o inicio. Como não pensou nessa opção antes? Precisou de Melissa e James para que ela percebesse que sim, ela conseguiria seduzi-lo facilmente, e quem sabe acabar de vez com os problemas entre eles.

O casal foi se encaminhando, ainda se beijando ferozmente, até uma mesa que se encontrava perto da porta. Sirius imediatamente segurou a garota pela cintura, e a colocou sentada ali. Ela separou os joelhos, e ele se encaixou ali, entre as pernas dela. E voltaram a se beijar ferozmente.

As mãos dele percorriam o corpo dela, indo até as pernas. Ellie suspirava, de olhos fechados. Então ele começou a levantar a saia do uniforme dela, e falou, numa voz mais rouca que o normal.

- Eu sempre quis fazer isso aqui na escola com você.

Ellie apenas sorriu seu melhor sorriso sedutor, e respondeu.

- Fico feliz em realizar sua vontade, então.

Ele voltou a atacar a boca dela, percorrendo as mãos pela perna, subindo cada vez mais. Até que percebeu algo. Ele olhou para as pernas dela, e viu que ela usava cinta-liga prendendo as meias de seda. E ele sorriu, deliciado.

- Você faz isso de propósito. Pra me deixar louco.

Ellie levantou uma sobrancelha, e respondeu.

- Não gostou?

Ele levou os lábios para perto do ouvido dela, e sussurrou.

- Adorei.

Um arrepio involuntário percorreu as costas de Ellie, e ela imediatamente começou a abrir os botões da camisa dele.

Ela sentiu que ele estava soltando os prendedores da liga, e levou suas mãos ainda mais para cima da saia dela. Num movimento rápido, ele ergueu a garota, puxando a calcinha dela.

Ellie soltou uma pequena exclamação de surpresa. No instante seguinte, ele estava puxando sua calcinha pernas abaixo.

Ellie viu o rapaz pegando a calcinha dela, e guardando no bolso da calça. Ela riu, e falou.

- O que você está pretendendo?

Ele sorriu, e respondeu.

- O mesmo que você.

E eles retomaram os beijos. Agora Ellie tinha conseguido retirar a camisa de Sirius, e percorria as unhas pelas costas nuas dele, e ele abria, botão por botão, a camisa dela. Ela agora tinha certeza. Tudo ficaria bem entre eles. Ela coseguiria resolver tudo calmamente depois que conseguissem dar vazão ao desejo que os consumia naquele momento.

Uma das mãos dele estava perdida por baixo da saia dela, e a outra a puxava mais para perto, para que ele conseguisse beijar os seios da garota. Ellie deixou sua cabeça pender para trás, sem conseguir formar nenhum pensamento conexo. Tudo estava certo, como deveria estar.

Até que...

O telefone de Ellie tocou. E tocou. Sem parar.

Ela ouviu Sirius suspirar, e falou, com a boca ainda entre os seios dela.

- Você não vai atender, né?

Ellie, ainda sem conseguir raciocinar, apenas falou.

- Eu...

E o telefone continuava tocando. E Sirius novamente falou.

- O que pode ser mais importante pra você do que o que estamos fazendo agora? – e ele continuava beijando os seios dela, bem de leve. E a mão dele, por de baixo da saia, continuava trabalhando.

Ellie não tinha capacidade nenhuma para responder. Nada. Nem ninguém. E ele prosseguiu.

- Será que se você atender, vai me dispensar novamente? Acho que não.

Agora ele beijava o pescoço dela, e Ellie nem lembrava mais de telefone, de nada mais. Apenas da boca de Sirius, e de suas mãos em seu corpo...

- Afinal, acho que você está gostando mais de agora, do que gostou do sábado...

A palavra sábado fez a garota recobrar um pouco da consciência, e falar.

- Sábado?

Mas ele continuou aquela tortura, e respondeu.

- Sim, o dia que você preferiu me dispensar pra ajudar seu priminho, e me mandou embora da sua casa. – ele falou, sem interromper a boca no pescoço dela, ou suas mãos por baixo da saia.

Foi então que Ellie percebeu.

Ele também estava jogando com ela.

A garota se afastou um pouco dele, o que o fez parar, e olhar para ela.

- Você... isso também é você...

Sirius sorriu de lado, e falou.

- Dois podem jogar esse jogo, minha linda.

Ellie abriu a boca, e falou.

- Você planejou isso!

Mas Sirius riu, e falou.

- Não, foi você que planejou, eu apenas aproveitei a oportunidade de conseguir o que eu quero.

A garota imediatamente puxou sua blusa, abotoando cada botão e falando.

- Você deixou isso acontecer pra poder transar comigo na escola?

Sirius então riu novamente, e falou.

- Não, meu plano era te fazer ser honesta comigo, e confessar seus segredinhos com seu primo. Isso que está acontecendo é um efeito colateral. E um puta efeito colateral maravilhoso!

A garota continuava a se vestir, bufando. Não sabia se estava sentindo raiva de Sirius, ou se estava morrendo de vontade de continuar o que faziam. Na dúvida, optou pelo mais seguro.

- Minha calcinha. – ela falou, tentando manter uma expressão séria.

Mas Sirius certamente não estava convencido daquilo, porque ele ria.

- Devolve, Sirius. – ela falou novamente.

Ele abotoou os primeiros botões da camisa, e falou.

- Não.

Ellie arregalou os olhos, e repetiu.

- Devolve!

O rapaz terminou de se vestir, e falou, com um sorriso sacana nos lábios.

- Não. Só devolvo quando você resolver ser honesta comigo. Não esconder as coisas, me tratar da mesma forma quando estamos sozinhos e na frente das outras pessoas.

Ellie cruzou os braços, se sentindo uma criança birrenta, mas sem a mínima vontade de dar o braço a torcer.

- De-vol-ve!

O rapaz então falou, se encaminhando para a porta.

- Então não vai ter de volta tão cedo, minha linda...

E saiu porta afora, com um sorriso vitorioso nos lábios.


James estava se sentindo muito bem naquele momento. Tinha conseguido convencer Lily a deixar pra depois a revisão da matéria da escola. E isso era algo impensável.

Lily geralmente era extremamente responsável com suas atividades acadêmicas. Ela nunca deixava a matéria acumular, sempre dava um jeito de estudar os conteúdos das aulas. James até admirava essa postura da namorada, mas nada no mundo o iria convencer a ficar estudando coisas que ele já tinha aprendido em sala de aula. Ele não tinha paciência alguma para isso, e sempre acabava indo bem nas provas. Por qual motivo então iria ficar estudando algo que já sabia?

Mas Lily concordou em inverter a ordem do que planejara fazer naquele dia. Iria ficar com James durante a tarde, e à noite revisaria a matéria. Isso acabou por proporcionar a oportunidade perfeita.

Os pais de James não estavam em casa, e os funcionários da casa já tinham ido embora. Isso significava que James e Lily estavam sozinhos na casa do rapaz, e então isso significava que eles estavam deitados em sua cama, com os lábios colados, e com bem menos roupas que poderiam usar na rua.

Lily já estava de sutiã e saia da escola, mas esta estava toda levantada, exibindo a calcinha da garota. James, por sua vez, tinha tirado a camisa e calça do uniforme, estando só de cueca. O casal se beijava vorazmente, colados um ao outro. James então começou a beijar o pescoço da namorada, sussurrando levemente.

- Linda. Linda...

Lily sorriu, e fechou os olhos.

Tudo estava correndo maravilhosamente bem. As mãos dele percorriam o corpo dela, ela o puxava mais pra perto. Então James levantou-se brevemente, procurando o botão da saia de Lily, e sorrindo.

- Vamos tirar isso daqui.

Lily sorriu, e falou.

- É aqui atrás.

Ele se inclinou para alcançar o botão, quando ambos ouviram a porta da casa de James bater, um tanto mais alto do que deveria.

Os dois se olharam, e o pavor tomou conta do casal imediatamente.

James deu um pulo para o lado da cama, buscando suas roupas freneticamente. Lily buscou com os olhos sua camisa, mas ela não estava em nenhum lugar á vista. O pânico tomou conta dela.

Mas isso durou apenas um instante. Porque passos apressados foram ouvidos da escada, e uma voz conhecida falou, num tom urgente.

- James, sua ideia foi por água abaixo!

Ellie surgiu porta adentro, sem a menor cerimônia.

Lily, congelada onde estava, apenas quase morreu de susto ao ver a amiga. Ela olhou para Lily, sorriu rapidamente e falou.

- Oi Lily, que sutiã lindinho!

E virou imediatamente a cabeça pra James, que estava com a calça nas mãos, também congelado.

A garota ignorou completamente esse fato, e disse.

- Ele está jogando comigo, Jay. O plano não deu certo!

Lily apenas conseguiu puxar a saia pra baixo, e falou, num fio de voz.

- Ellie... você... o James está...

Mas a garota apenas virou para a amiga, e falou.

- Ah, Lily, não esquenta. Eu já vi o James umas mil vezes de cueca. Não tem nada de mais nisso. – Ellie falou, sem dar muita importância ao assunto.

James fez uma expressão indignada, e falou.

- Pô, Ellie!

A garota revirou os olhos, e falou.

- Tá bom, tem algo muito importante e muito especial aí dentro, mas eu sinceramente não tenho o mínimo interesse, ok?

James pareceu um pouco mais satisfeito com a resposta dela, mas começou a vestir a calça. E falou.

- Timing perfeito... – num tom emburrado.

Mas Ellie retrucou de forma simples.

- Ah, você não estavam transando, senão não estaria um de um lado do quarto e outro na cama.

James abotoou a calça, e falou.

- E o que você iria fazer se a gente estivesse?

Ellie apenas sorriu brevemente, e respondeu .

- Eu iria embora na mesma hora, e depois ligava.

James alcançou a camisa, e vestiu. Sua expressão ainda não era boa.

- Por que diabos eu saí distribuindo chaves da minha casa para meus amigos?! – James falou, frustrado.

Mas Ellie ignorou, e falou, sentando na cama perto de Lily, que já tinha encontrado a camisa e vestido.

- Olha, vocês não sabem o que aconteceu. Eu segui o plano, e estava tudo indo bem. Até que o meu telefone tocou e...

James, mais recomposto, retrucou.

- Ah, você não atendeu o telefone durante a parada toda, né?

Ellie revirou os olhos, e falou.

- Claro que não. Mas ele começou a falar sobre o sábado, sobre eu ter "escondido" coisas dele, e tal...

- Vocês brigaram? – Lily perguntou.

Ellie soltou um suspiro inconformado, e falou.

- Não. Mas...

O casal, que agora já tinha se conformado com a interrupção, ficou esperando ela terminar.

- Ele... estava tentando fazer com que eu dissesse pra ele o que eu fiz no sábado. E ele roubou minha calcinha!

Lily arregalou os olhos, e James não conteve o riso. Ellie parecia indignada.

- Ei, não ri não!

Lily não se conteve também, e riu. Ellie ficou ainda mais indignada.

- Não tem graça nenhuma!

- Ah, Ellie – Lily respondeu – Temos que dar o braço a torcer, o Sirius é realmente criativo!

Mas Ellie não parecia nem um pouco feliz com a ideia, e levantou da cama.

- Ok, vou deixar vocês voltarem ao ato de paixão. Mas ainda não estou nem um pouco satisfeita com essa história do Sirius. Ele... eu vou arranjar algo pra revidar, vocês vão ver!

Ela foi caminhando para a porta, e, antes de sair, apenas falou, risonha.

- Usem camisinha, ok?


A sexta-feira passou como um foguete. Os alunos, que antes estavam discutindo sobre denúncias de corrupção, dinheiro desviado e política, foram embora de Hogwarts com um novo assunto para discutir.

Lara Malfoy anunciou que iria dar uma festa em sua casa. Como os pais dela estavam fora, tentando fugir do escândalo com uma longa viagem pelo continente europeu, a garota achou que seria de bom tom marcar seu retorno a Hogwarts em grande estilo. Não se falava em outra coisa na escola.

Ellie estava determinada a não ir à festa, mas ao ouvir Sirius falando com todas as letras que iria à festa, ela mudou de opinião e decidiu ir, e não apenas isso, decidiu arrastar as amigas e amigos com ela.

Então Lily se resignou, e passou a tarde de sábado na casa de Ellie, juntamente com Melissa e Alice, pra se arrumarem juntas para a festa. Marlene era a única das amigas que não iria, já que vários dos filhos dos denunciados por seu pai estariam na festa, e ela preferiu ir com a família para o interior do país, fugindo da impressa insistente que perseguia o Sr. Mckinnon por onde ele estava.

Lily não gostava muito da ideia de ir a uma festa na casa de Lara, mas se conformou com o fato de que praticamente a escola toda estaria lá, e ela e James poderiam arranjar uma oportunidade de ficarem sozinhos. Ela já estava começando a ficar frustrada com as várias interrupções que ela e o namorado tinham tido em seus momentos sozinhos, então uma festa poderia ser uma boa desculpa. Mesmo que fosse para escapar do local antes da festa acabar, e encontrar outro local mais privativo e sem seus amigos loucos invadindo o quarto.

Então, no final da tarde, Lily se encontrava no enorme closet de Ellie, escolhendo algum batom para usar na penteadeira da amiga, enquanto Alice escovava os cabelos de Ellie, e Melissa terminava de pintar as próprias unhas, sentada no chão de madeira.

- Quer um penteado, Ellie? – Alice falou. Ela gostava de fazer penteados nas amigas.

A garota não respondeu imediatamente, estava trocando mensagens de texto com alguém. Então respondeu.

- Acho que vou com ele solto, Alice. – então virou para as amigas, e falou – O James disse que daqui a pouco eles estarão prontos.

Por eles Lily entendeu James e Sirius. E ela arregalou os olhos.

- Já?

Ellie sacudiu os ombros.

- Homens.

Melissa levantou os olhos, que estavam fixos nas próprias unhas, e falou.

- E o...

- Remus? – Ellie completou – Peraí.

Ela recomeçou a digitar, e alguns minutos depois, respondeu.

- Também não vai demorar.

- O Frank vai me encontrar lá. Já combinamos. – Alice falou, prevendo a pergunta das amigas.

As garotas então se preocuparam em terminar a arrumação para a festa. Depois de muitas opções de roupas, arrumação de cabelos, sapatos e maquiagem, elas estavam prontas. Já estava de noite, e próximo ao horário de início da festa.

Lily mandou uma mensagem para James, mas descobriu que o rapaz já estava no táxi, à caminho da casa de Remus, e depois iriam para a festa. Lily ficou um pouco chateada de não ir com o namorado, ainda mais que era casa de Lara Malfoy, uma garota que ela mal conhecia, e que vivia olhando de forma estranha pra ela.

As garotas chamaram um taxi, e foram ao endereço fornecido por Ellie. Lily então se recordou que Ellie devia ter frequentado de forma mais assídua a mansão Malfoy, uma vez que ela e Lara tinham sido amigas.

Ao chegarem à festa, as amigas perceberam que a mansão estava muito mais cheia do que previam.

Na festa não estavam apenas alunos de Hogwarts. Várias pessoas desconhecidas para elas, alguns em idade para frequentar a faculdade, estavam circulando pelos cômodos do local. A música tocava alta, ensurdecedora. Luzes piscavam em um canto da sala principal, e várias pessoas circulavam com bebidas nas mãos.

Alice logo encontrou Frank, e eles foram ao bar pegar drinks para tomar. Lily, pelo que Alice falou, percebeu que o casal logo fugiria para algum quarto disponível, em busca de mais privacidade.

Lily fez uma busca rápida pela enorme sala principal da mansão Malfoy, e encontrou quem procurava.

James estava com Sirius e Remus ainda próximo à entrada, como se tivessem chegado há pouco no local.

Ela viu o namorado e os amigos notando a presença delas ali, e se encaminhando na direção delas. Lily notou que Ellie imediatamente ficou estranha, como se não soubesse como agir perto de Sirius. A amiga virou para o lado, e fingia observar as pessoas espalhadas pelo salão.

Quando os rapazes se aproximaram, James logo se posicionou ao lado de Lily, e deu um beijo delicado nos lábios da namorada. Remus sorriu para Melissa, e ela retribuiu um sorriso discreto. E Sirius dava um imenso sorriso para Ellie, e estava determinada a fingir que nem o conhecia.

- Oi Ellie. – ele falou, com um sorriso sarcástico no rosto.

A garota não sabia se tinha vontade de socar a cara dele, ou de beijá-lo de forma enlouquecida. Optou por um meio termo.

- Oi. – ela falou, tentando manter a pose de indiferente. Não estava sendo muito convincente no objetivo.

O rapaz não ficou intimidado com a postura dela, e falou, com a melhor voz sedutora.

- Você está linda... – e percorreu o dedo de leve pelo braço da garota. Sirius estava realmente se divertindo com essa nova abordagem em relação à Ellie. Não tinha ideia de que, com essa mudança de estratégia, parecia muito mais provável que ela se abrisse pra ele. A estratégia anterior, de confrontar a garota, de tentar provocar ciúme ou de brigar constantemente já tinha se provado um tanto ineficiente. Agora, ele via reações totalmente novas, e, ele tinha que admitir, reações que ele estava gostando muito de provocar na garota.

A reação de Ellie foi imediata. Ela desviou os olhos do rapaz, e olhou desesperada para as amigas.

- Vamos ao banheiro. – Lily ouviu Ellie falando, de forma urgente. Ela simplesmente agarrou a mão de Lily e de Melissa, puxando as amigas sem esperar uma resposta.

Sirius viu as garotas se afastando, e sorriu. Sabia que estava mexendo com Ellie. Era uma questão de paciência agora.


Quando as garotas entraram no banheiro, Ellie soltou as mãos das duas, e falou.

- Preciso de uma estratégia!

Lily a olhava com os olhos arregalados, e Melissa estava com uma das sobrancelhas levantadas. E logo falou.

- Já tentou virar a mesa? Jogar o jogo dele contra ele?

Ellie pareceu interessada, mas Lily logo questionou.

- Por que você não conta logo a verdade pra ele, Ellie?

Ellie se aproximou, e falou.

- Não posso, é um segredo que não é meu.

Lily então concordou com a cabeça. Não cabia a Ellie revelar o namoro secreto de Marlene e Regulus. Quem deveria contar era Regulus, já que era o irmão mais novo de Sirius.

- Fora que tem aquele papo estranho de que ele disse na escola, sobre eu "ter problemas com as pessoas olhando". Seja lá o que ele quis dizer com isso!

Lily fez uma expressão de compreensão, e Ellie rebateu.

- Você entendeu o que ele quis dizer? O que?

Melissa também fez uma expressão de quem sabia o que ele tinha dito, mas ela ficou quieta pra esperar a opinião de Lily. A ruiva então falou.

- Ah, Ellie... o Sirius não sempre reclamou que você se fecha, e que por várias vezes tentou manter as coisas entre vocês longe dos olhos de todos? Vai ver é isso que ele quis dizer...

Ellie franziu a testa, e falou.

- Mas eu namorava abertamente com ele!

Desta vez foi Melissa que falou.

- Só que vocês ficaram juntos desde Paris, e nada de retomar o namoro...

Ellie refletiu um pouco mais, mas não disse nada. Para ela algo estava faltando. Alguma parte do quebra cabeças. Mas ela preferiu investigar sozinha. Poderia tentar rebater o que Sirius fazia da mesma forma. Poderia ser uma boa estratégia.


As garotas saíram do banheiro, e voltaram ao local que estavam anteriormente. Mas os rapazes não se encontravam mais ali.

Lily fez uma busca com os olhos por perto, mas não viu o namorado. Estava para virar para as amigas e falar para irem atrás dos rapazes quando ouviu uma voz às suas costas.

- Oi Lily.

Ela virou, e viu Kyle. Cumprimentou o colega de volta, e ele se aproximou.

- Não sabia se você vinha à festa. – ele falou.

Lily estava muito surpresa em encontrar Kyle numa festa de Lara Malfoy. Então respondeu.

- Não achei que você viria, também.

O rapaz sorriu, e falou.

- A Lara me convidou ontem.

Lily sentiu algo estranho, como se o fato de Lara ter convidado Kyle realmente a deixasse desconfortável. Kyle era um cara muito legal, e pensar em ele com Lara fazia ela se sentir muito mal.

- Não sabia que eram amigos. – Lily falou, sem perceber que sua voz soou mais fria que pretendia.

Kyle encolheu um pouco os ombros, e falou.

- Bem, não a conheço bem. Só conversamos algumas vezes.

Mesmo mais tranquila com essa informação, Lily ainda estava incomodada. E não sabia explicar o motivo.

Mas Ellie logo falou, distraindo a garota de seus pensamentos.

- Olha lá eles.

Lily observou, e viu James, Sirius e Remus. Eles estavam perto da escada principal da casa. E, para sua surpresa, viu Lara Malfoy com eles.

Na verdade, ela percebeu que Sirius e Remus conversavam entre si, e Lara se inclinava para falar com James. E apontava na direção dela.

Lily inspirou profundamente. E percebeu algo. No olhar de James.

O namorado a observava. E não parecia feliz.

Então ela percebeu que James via a mesma coisa que ela. Ela, conversando isoladamente com Kyle, e Ellie e Melissa juntas, conversando entre si.


- Eu não disse, Jay? – a voz de Lara soava falsamente inocente, mas firme ao mesmo tempo.

James olhava duramente na direção de Lily. Lara Malfoy estivera nos últimos minutos falando o tanto de tempo que Lily passava com Kyle Wilshire, as horas sozinhos no centro de monitores, e como Kyle era obviamente fascinado pela ruiva. Ela tentava imprimir um tom de quem se preocupava com os sentimentos de James, como se fosse sua melhor amiga. James sabia que Lara não era flor que se cheirasse, lembrava muito bem todas as vezes que ela meteu Ellie em encrenca, e principalmente a ultima vez que ela colocou a amiga em apuros, que serviu de basta final na amizade das garotas.

Só que os argumentos de Lara estavam soando cada vez mais convincentes, e James tinha a impressão que Kyle estava o tempo todo no entorno de Lily. Cada vez que ele se distraída, o loiro aparecia e ficava ciscando por perto da namorada dele, e essa constante presença estava deixando James cada vez mais raivoso.

- Você devia dar um basta nisso, Jay. Estou falando isso como sua amiga. É sério.

E, por mais estranho que pudesse parecer, Lara parecia estar realmente sendo sincera. James franziu a testa e olhou para a loira.

Ela parecia estar preocupada, mas também pareceu estar com muita vontade de falar algo, como que revelar alguma coisa. James foi vencido pela curiosidade, e falou.

- Do que você está falando, Lara?

A garota deu um pequeno sorriso satisfeito. E disse.

- Tenho uma ideia que pode realmente te ajudar. Que pode trazer a tona revelações. E pode te fazer conseguir afastar o Kyle da Lily de uma vez por todas.

Por mais que um instinto o dissesse que Lara era encrenca, e que ele não devia confiar na garota ficasse lhe dizendo para esquecer o que ela dizia, a curiosidade era maior. E o desejo de afastar Lily de Kyle também.

- Qual ideia? – ele falou.

Lara sorriu vitoriosa. E explicou seu plano.


Lily ainda observava a cena, da conversa entre James e Lara. Mas não teve tempo de dizer nada. Ela apenas sentiu a mão de Ellie puxando a sua, indo em direção aos rapazes. Quando chegaram lá ninguém teve tempo de falar nada. Porque Lara falou.

- Olá, queridas. – seu tom era propositalmente falso – Estávamos esperando vocês.

James continuava olhando fixamente para Lily e Kyle, que as acompanhou até ali. Mas quem respondeu foi Ellie.

- O que você quer, Lara?

Lara fez uma expressão ofendida.

- Eu convido vocês para minha festa, e é assim que você fala comigo?

Ellie revirou os olhos. Conhecia bem o jogo de Lara.

Mas quem falou naquele momento foi James. Ele continuava olhando para Lily, e disse.

- A Lara quer nos convidar para algo.

Lara sorriu, e disse.

- Sim! Como James falou, eu quero convidar todos vocês para um pequeno jogo. Garanto que será divertido.

Lily não gostava daquela ideia, e viu Ellie abrir a boca pra protestar. Mas o olhar severo de James, e seu tom de voz cortante fez com que ninguém o questionasse.

- Todos nós vamos.

Lily sentiu um arrepio ao perceber aquele tom de voz em James. Mas acabou seguindo seus amigos até a sala que Lara indicou. Sem questionar.


Lara os conduziu a uma sala no segundo andar da casa. No meio, havia uma mesa redonda, e copos. No numero exato de pessoas. E uma garrafa de bebida.

- É muito simples. É uma jogo de verdade.

Ellie foi a primeira a protestar.

- Eu não vou cair nesse seu joguinho.

Mas James novamente falou.

- Todos vamos jogar.

Sirius olhou para James, estranhando a postura do amigo.

- Jay, tá tudo bem?

Mas James continuava sério, e falou.

- É só um jogo. Ninguém aqui tem nada a esconder, certo?

Lara sorriu, e continuou.

- Cada um fala uma frase, dizendo algo que nunca fez, e quem fez o que a pessoa disse,,, bebe a bebida.

Lily não estava gostando daquilo, mas o olhar duro de James a fez ficar quieta.

Ellie novamente protestou, falando.

- Não vou participar dessa besteira!

Mas Sirius, vendo todas as possibilidades que aquele jogo poderia trazer, resolveu entrar no jogo de Lara e James.

- Você está com medo de que? Tem algo a esconder? – falou Sirius, sabendo que iria conseguir alfinetar Ellie desta forma. Mas a garota rebateu.

- Não estou com medo de nada!

Ele então sorriu, e falou.

- Então não tem motivos para não participar.

A garota pensou por um instante, mas logo se deu por vencida. Imaginava que seria impossível revelar o segredo de Lene e Regulus com aquelas regras explicadas por Lara.

Então sentou na cadeira á sua frente.

Melissa e Remus se entreolharam. Aquilo tudo tinha um grande potencial para terminar mal. Mas James parecia realmente determinado, e não iria ceder.

- Melhor participarmos também. Para evitar que algo ruim aconteça.

Melissa concordou com a cabeça, e refletiu que, uma vez que já tinha contado sua história para Remus em Paris, e ele tinha aceitado tudo tão bem, não havia um motivo real para ela temer ser confrontada com a verdade.

Kyle apenas se sentou numa das cadeiras. E permaneceu calado.

Então, quando ficou estabelecido que todos participariam da brincadeira, Lara se levantou, e fechou a porta do cômodo. E voltou falando.

- Vamos começar. Quem aí quer ser o primeiro?

James olhou de canto de olho par Lily. Tinha que aproveitar aquela oportunidade para deixar claro que Kyle não era a pessoa certa para ela.


O jogo começou pouco animado. As primeiras perguntas não revelaram nada de ão a maior parte das perguntas iniciais terminavam com quase todos os participantes bebendo sua bebida, sem maiores acontecimentos.

Ellie logo resolveu acabar com o sorriso arrogante que Lara tinha no rosto, falando coisas que a loira tinha feito, para que ela encerrasse logo o jogo. Mas Lara não se constrangia facilmente, então logo as frases começaram a ficar mais pesadas.

Mas Lara sorria abertamente. Ela nunca se constrangia com nada mesmo, então todas as tentativas de deixá-la embaraçada eram inúteis. E olha que Ellie continuava se esforçando bravamente.

- Eu nunca transei com um completo estranho. Aliás, com mais de um cara que nunca tinha visto antes em uma mesma noite. – Ellie falou, olhando diretamente para Lara.

- Claro que não. – falou Lara, e seu tom era falsamente amistoso. – Você gosta de manter tudo entre amigos...

Ellie franziu a testa, mas loira ergueu o copo, e fez um brinde. E bebeu o líquido sem qualquer sinal de vergonha. Ela ainda exibiu um sorriso vitorioso para Ellie.

Remus olhou à sua volta. Ninguém da mesa tocou no copo. Ele ficou particularmente feliz por Melissa não ter bebido também. Mesmo que não pudesse se importar com o passado dela, aquela notícia era bem reconfortante para o rapaz.

Lily era a próxima. Ela não estava gostando daquela brincadeira, mas o olhar decidido de James a estava impedindo de sair dali. Era como se ele estivesse testando sua lealdade. Então ela precisava ficar ali até o fim.

Sem saber o que falar, ela simplesmente disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

- Eu... nunca usei drogas.

Novamente Lara ergueu o copo, e bebeu. Só que desta vez, para surpresa da loira, além de sua total satisfação, ela não foi a única.

Melissa levou seu copo à boca, sem olhar para ninguém. Mas imediatamente após ela pegar o copo, Ellie e Remus também beberam das suas respectivas bebidas. E foram acompanhados por James e Sirius.

Lara abriu um enorme sorriso. Ela olhou para o trio James, Sirius e Ellie rapidamente, depois olhou com certa expressão de surpresa para Remus. Ela ignorou Melissa, tanto por não conhecê-la bem, mas também por não julgar surpresa alguma aquela informação. E falou.

- Vocês dois não são exatamente uma surpresa, e a Ellie eu sabia, já que a pose de princesinha perfeita de Hogwarts é só mesmo uma pose, mas o Remus? Muito bom saber que você não é tão certinho como tenta parecer...

Ellie inspirou profundamente. Queria gritar para Lara diversos desaforos, contar que Remus tinha tomado drogas sem saber. Mas também não queria dar essa satisfação para Lara, então ficou quieta.

Lily abaixou a cabeça, e não encarou ninguém. Não podia dizer que era exatamente uma surpresa aquela revelação, já que ela sabia que James, Sirius e Ellie freqüentavam a noite londrina há muito tempo. Era uma questão de lógica imaginar que eles poderiam ter experimentado algo alguma vez, seria até bem natural ter esse tipo de curiosidade. Mas ela não podia deixar de perceber como a vida dos amigos era diferente da sua, antes de se mudar para a capital. Em sua pequena cidade, Lily não costumava ir a pubs e boates desde os 13 anos, coisa que ela sabia que os três faziam. Naquele momento, Lily se sentiu muito incomodada, e extremamente ingênua perto de pessoas da sua idade, mas com experiências que ela nunca havia vivido. Toda a vida de James, Sirius e Ellie antes dela conhecê-los parecia algo completamente fora de seu alcance, e que ela nunca saberia completamente, e nunca poderia entender de forma correta.

James era o próximo da fila. Ele já estava ficando incomodado com a presença de Kyle ali, então disparou.

- Eu nunca quis roubar a namorada alheia.

Lara riu, e falou.

- Lembrem-se que todas as perguntas valem para todos. Então essa vale para as garotas também, só para ficar claro.

E ela levantou seu copo, e deu um gole. E seu olhar estava fixo em James.

Novamente, ela não foi a única. Sirius deu um gole largo, e Ellie o olhou franzindo a testa. Ele explicou.

- Você namorava aquele babaca que foi para os Estados Unidos. Se eu pudesse, tinha te feito colocar um par de chifres nele...

Remus deu um gole discreto, e Melissa se remexeu em sua cadeira. Era bem óbvio quem ele quisera roubar do namorado. Mas como Ellie e Sirius estavam distraídos falando sobre o passado, eles não notaram essa movimentação.

Apenas uma pessoa a mais bebeu naquela rodada. Surpreendentemente, Kyle levou seu copo à boca, e bebeu um gole.

Lara sorriu de lado, mas ficou calada. E ficou esperando a reação de James.

Como era de se prever, James fechou a cara. Ele começou a respirar mais intensamente. Olhava diretamente para Kyle, e parecia que ele estava a ponto de fazer alguma besteira.

Lara era a pessoa que mais se divertia naquela sala. Ela sorriu ainda mais, porque finalmente chegara a sua vez. E ela iria fazer a pergunta que estava guardando para aquele momento.

- Eu nunca tive vontade de trair meu namorado.

Os quatro rapazes não se moveram. Apenas observaram os lados, vendo a reação das mulheres. Ellie foi a primeira a se mover. Ela levou seu copo à boca, e bebeu. Vendo a testa franzida de Sirius, ela falou, num tom de reprovação.

- Não você, seu besta! Você podia querer me roubar dele, mas o que você não sabia era que eu tive vontade de ficar com você quando ainda namorava o Adam.

Sirius sorriu de lado, satisfeito. Parecia que Ellie seria a única das garotas a beber, e que nenhuma crise iria se estabelecer a partir daquela pergunta. Mas, inesperadamente, mais uma pessoa começou a mover a mão em direção ao copo.

Lily.

James imediatamente reagiu. Ele virou para Lily, com uma expressão de raiva no rosto. Ela olhava apenas para o copo, e seu rosto estava vermelho. Ela estava envergonhada.

Todos acompanhavam a cena. Lily levou o copo à boca, e bebeu.

James não se conteve, e falou, num tom brusco.

- O que significa isso, Lily?

Lily ainda parecia envergonhada, e não conseguiu responder imediatamente. Ellie levantou repentinamente de sua cadeira, e falou, num tom nervoso.

- Chega, hora de acabar com essa besteira!

James voltou sua atenção para Ellie, e falou num tom arisco com a amiga.

- Fica fora disso, Ellie!

- Não! – ela retrucou – Você não está vendo que essa maluca só quer nos colocar uns contra os outros?

- Já falei para ficar fora disso! – James disparou novamente.

- É tudo culpa sua! – Ellie reclamou, olhando para Lara – Você voltou e já está causando problemas. Como sempre!

Mas Lara apenas sorriu de forma maliciosa, e falou.

- Ok. Se vocês querem parar...

Mas Ellie estava nervosa, e falou, num tom ríspido.

- Você é louca! Fica se divertindo em maltratar as outras pessoas. Devia sumir daqui!

Aquela frase de Ellie gerou uma reação em Lara. Ela visivelmente não gostou do que ouviu, e falou, mais alto que os outros.

- Sou louca? Então está bem. Mas, como essa confusão se instalou durante a minha pergunta, eu acho que tenho direito a mais uma.

Melissa franziu a testa, e protestou.

- Você já fez sua pergunta.

- Eu vou embora daqui. – falou Ellie, fazendo menção de levantar.

Mas não foi Lara que disse nada. A voz de James, dura e alta, foi que soou no ambiente.

- Vai nada. Todo mundo fica. Para a última pergunta.

Os amigos se entreolharam. Ninguém contestou James, já que ele parecia muito nervoso. Lily resolveu ficar calada. Não queria conversar com James na frente de ninguém, principalmente Lara. Então resolveu esperar a última pergunta, e puxar o namorado para um canto, e explicar o que tinha acontecido.

Lara estava com uma expressão de raiva. Ela olhou diretamente para Ellie, levantou uma de suas sobrancelhas, e falou, num tom triunfal.

- Eu nunca fiquei com mais de uma das pessoas sentadas nesta mesa.

Sirius reagiu imediatamente. Olhou para Lara e retrucou, com a testa franzida.

- A Ellie sabe o que você fez. E, além disso, nem conta, já que você que me agarrou, sua doida!

Mas Lara nem deu bola para ele. Ela olhou diretamente para Ellie, com um sorrisinho sarcástico nos lábios.

Ellie lentamente olhou para seu copo. Sabia exatamente o que aquilo significava. Então inspirou profundamente, e o pegou.

Sirius foi virando o rosto para ela lentamente. Sua expressão foi se modificando. Ele tinha a testa franzida pela frase que disse para Lara, mas lentamente uma expressão de incredulidade começou a tomar conta de seu rosto. E ela só aumentou, porque mais uma pessoa começou a alcançar o copo.

Remus.

Desta vez foi Melissa quem reagiu. Ela nem sentiu os próprios lábios se entreabrindo. Sua testa se franzindo. A decepção estampada em seu rosto.

Ellie e Remus levaram o copo à boca. E beberam o líquido.

Imediatamente, Sirius levantou da cadeira em que estava sentado. E reagiu num grito.

- Vocês dois!

Lara Malfoy começou a gargalhar. Seu sorriso de vitória estampado no rosto.

Ellie levantou o rosto, e falou, numa voz falhada.

- Sirius... eu posso explicar...

- Explicar? Explicar o que? Que vocês dois andaram me traindo? – ele falou, num tom raivoso. E imediatamente saiu andando porta afora, sem olhar para trás.

- Sirius! – Ellie gritou, e saiu correndo atrás dele.

Assim que os dois sumiram porta afora, Melissa, que estava olhando fixamente para a mesa, levantou de supetão, e também saiu do cômodo. E Remus imediatamente a seguiu, sem se importar com mais nada.

Na sala, então, sobraram apenas Lily, James, Lara e Kyle.

James ainda estava muito contrariado. Lily olhava para ele, e sua expressão era de apreensão. Já Lara estava sorridente, como se todos os seus planos tivessem dado certo. Mas Kyle estava visivelmente constrangido.

Lily tentou falar com James, mas o rapaz também levantou repentinamente. Ela o acompanhou, e ele falou, num tom sério.

- Você me deve uma explicação.

Lily abriu a boca para falar, mas ouviu a risada de Lara. Isso a irritou profundamente. Então ela voltou sua atenção para a loira, e falou.

- Você se diverte vendo o distúrbio que causou? Para que você faz isso? Para magoar a todos?

Mas Lara apenas cruzou os braços, e falou.

- Não é culpa minha que vocês fiquem escondendo seus segredinhos sujos uns dos outros. Eu só servi como... uma agente de libertação. Fazendo você confessarem. É uma apologia à sinceridade! – ela terminou a frase com um sorriso satisfeito.

James ficou olhando para Lara com uma expressão estranha. Era como se ele estivesse raciocinando a respeito das palavras da garota. E, surpreendentemente, ele parecia concordar com o que ela estava falando.

Lily ficou tão aturdida com a expressão de James que imediatamente pegou a mão do namorado, e saiu puxando-o da sala. Ela não queria que Lara Malfoy continuasse seu discurso corrompido, e acabasse convencendo James de suas loucuras.

Mas, antes de terminarem de passar pela porta, Lily ainda pode ouvir uma nova risada vinda dos lábios de Lara.


- Sirius! Sirius, pára! – Ellie gritava, inutilmente.

Sirius percorria os corredores da mansão dos Malfoy sem reparar o caminho a seguir. Ele parecia simplesmente querer sumir dali.

Ellie corria o mais rápido que podia, tentando se equilibrar nos saltos altos que usava. Mas só o alcançou quando eles chegaram ao meio da sala principal, que estava dominada pelos vários convidados e penetras da festa. Ela conseguiu agarrar o braço do rapaz, o que o fez parar.

- Sirius, me ouve!

Sirius virou para trás, e olhou para a garota nos olhos. E ela pode ver como ele estava com raiva.

- O que você quer? – ele perguntou, ríspido, e sem se importar com o tom de voz.

- Por favor, me deixa te explicar o que aconteceu.

Sirius fez uma expressão de desprezo, e falou, num tom ácido.

- Explicar? Será que você tem como me explicar que você e o Remus andam me traindo pelas minhas costas?

As pessoas em volta, que obviamente assistiam a cena de discussão do casal, imediatamente reagiram à nova informação. Alguns pareciam admirados, outros começaram a cochichar baixo. Mas Ellie nem se importou. Ela o respondeu imediatamente.

- Não existe nada entre o Remus e eu. Eu nunca te traí. Nunca!

Sirius ficou calado por um instante. Mas logo rebateu.

- Então explica o que significa vocês dois terem dito que já ficaram?

Algumas exclamações de espanto foram ouvidas pela sala. Aquela realmente era uma fofoca das quentes, envolvendo alguns dos alunos mais populares da escola.

Ellie ignorou o que acontecia em volta. E ela inspirou profundamente, e falou.

- Nós nos beijamos. Mas isso foi muito antes de nós ficarmos juntos, Sirius. E não significou nada. Foi na época que eu estava brigada com você. Por causa do baile de volta às aulas.

Sirius raciocinou durante alguns segundos. Mas mesmo assim, ele rebateu.

- E por que você precisou me esconder isso, já que aparentemente não teve importância alguma?

Ellie suspirou. Ela queria despejar toda a verdade de uma vez. Mas sabia que, com o ciúme enorme que Sirius cultivava, aquilo seria quase um suicídio para o frágil relacionamento deles.

Mas Sirius não interpretou bem o silêncio dela. Achou que ela estava mentindo, e que o beijo tinha significado algo para Ellie. A decepção dele era enorme. Tanto que ele simplesmente sacudiu a cabeça negativamente, e falou rapidamente.

- Eu sempre soube que exista algo entre vocês dois.

Ele imediatamente virou de costas, e saiu andando. Ellie novamente começou a segui-lo, chamando.

- Sirius! Sirius!

Mas ele não virou o rosto, e nem parou de andar. Então Ellie teve uma reação imprevisível, e completamente impulsiva.

- EU TE AMO! – ela gritou, a pleno pulmão.

Sirius imediatamente parou de andar. Não se virou, mas ficou parado, como se estivesse colado ao chão. E Ellie viu ali a chance que precisava. Então deixou tudo fluir.

- Eu amo você. Eu sempre amei. Nunca houve outra pessoa para mim. Sempre foi você, Sirius, sempre você. Isso tudo com o Remus, isso não foi nada. Foi algo para marcar o fim. Foi um fechamento. Ele é só meu amigo. E é seu amigo também, não faria algo para te magoar. Por favor, acredita em mim.

Sirius foi lentamente virando novamente de frente para Ellie. Naquele instante, quase todas as pessoas à volta deles prestavam atenção no desenrolar da conversa do casal. Sirius fixou seu olhar na garota, que se aproximou lentamente. E continuou falando.

- Eu só quero você. É tão difícil entender isso? Eu amo você, só você.

Ela parou bem na frente dele. E ficaram alguns segundos se olhando, sem dizer nada. Até que Sirius a pegou pelos braços, e a puxou para mais perto. Um rosto de frente para o outro, quase colado. E ele falou, num tom um pouco mais baixo.

- Eu acho que entendi, sim.

No instante seguinte, Sirius colou seus lábios nos lábios de Ellie. Ela imediatamente jogou seus braços em volta do pescoço dele, o enlaçando. E aprofundando o beijo.

A reação das pessoas que assistiam a cena foi das mais diversas. Alguns aplaudiam, outros assoviavam, fora os que não gostaram da reconciliação, e saíram de perto resmungando. Mas o casal continuava agarrado, se beijando. Sem ligar para o que acontecia em volta.

Quando finalmente se afastaram um pouco, em busca de ar, eles abriram os olhos. Ellie tinha uma expressão de expectativa no rosto, mas Sirius logo sorriu, e falou.

- Sabe, você nunca tinha dito que me amava assim...

Ellie franziu a testa, e falou.

- É lógico que eu já tinha dito, Sirius. Há um tempão!

Ele sorriu de lado, ainda com os braços em volta da cintura dela. E respondeu.

- Eu sei, mas não dessa forma. Você sempre dizia depois de mim. Respondendo uma declaração minha.

Ellie pensou por um instante. Ela não tinha reparado nisso, mas Sirius tinha razão. Mas com uma exceção.

- Na semana passada eu falei. Quando fui à sua casa.

- Eu sei, mas ali não conta, né? Você estava querendo me pedir desculpa.

Ellie franziu a testa, e se afastou um pouco. Ligeiramente contrariada, ela falou.

- Ei! Eu fui totalmente sincera quando te falei aquilo tudo!

Mas Sirius riu, e a puxou para perto de novo.

- Eu sei. Só estava brincando com você. Mas você tem que concordar que desta vez foi uma declaração bem mais pública, não é?

Ellie olhou ligeiramente para os lados, como se só naquele instante percebesse que tinha gritado sua declaração de amor a Sirius na frente de uma pequena multidão de alunos de Hogwarts. Mas ela apenas sacudiu os ombros, e falou.

- Bem, eles já fofocam sobre nós dois sem qualquer motivo. Pelo menos agora eles tem um bom motivo para falar...

Sirius riu, e logo capturou os lábios da garota novamente. Num beijo ainda mais agarrado.


Melissa saiu cambaleando pela porta. Ela não sabia para onde ir. Só queria esquecer o que tinha acabado de ouvir.

Parecia que seus maiores temores estavam se realizando. Quando ela achava que tudo estava indo bem, que sua vida ia entrar nos eixos, um fantasma de seu passado aparecia para assombrá-la.

Ellie, que tanto a lembrava Kate, sua amiga que a traiu, parecia finalmente ter realizado o mesmo destino. Ela tinha ficado com Remus. O único rapaz que a fazia sentir emoções indescritíveis. O rapaz que ela não conseguia tirar da cabeça. Que despertava nela sentimentos novos, e únicos. O rapaz pelo qual ela estava achando que estava se apaixonando.

- Melissa! – ela ouviu uma voz gritando, atrás dela.

Mas ela não queria se virar. Não queria olhar para ele. Ele era como seu ex-namorado. Dizia que a queria, dizia que ficaria ao seu lado. Mas, no fundo, preferia se jogar na cama com sua amiga alta e curvilínea.

- Melissa! – ele insistiu.

Mas ela só queria gritar. Queria brigar com ele. Queria bater em todas as partes dele, queria que ele sentisse dor. Mas ela apenas titubeou, sem virar para trás. E foi nesse momento que ela percebeu que cometeu um erro.

Melissa simplesmente se sentiu sendo puxada pelo braço. E quando notou o que estava acontecendo, viu Remus fechando a porta de um quarto. Ele a tinha puxado para dentro do cômodo com ele.

A garota olhou em volta no mesmo instante. O cômodo parecia um quarto de hóspedes, ou algo assim. O ambiente estava escuro, e a única iluminação vinha da rua, pela janela com as cortinas abertas. Mas Melissa não se importou com isso, e logo foi em direção à porta, evitando o olhar de Remus. E foi impedida por ele.

Remus a segurou pelos braços, e a encostou com as costas na porta. E olhou nos olhos da garota.

- Me ouve.

Melissa se debateu, mas ele a segurou com firmeza. Ela novamente tentou se libertar. Só que Remus se aproximou, e falou.

- Não existe nada entre a Ellie e eu.

A frase dele a fez ficar ainda mais nervosa. Ela se debatia, mas ele não a soltou. E falou novamente.

- Eu a beijei. Mas foi antes de eu te conhecer. Antes daquele dia da boate.

Melissa ficou parada por um instante. Não estava processando de forma rápida o que ele dizia. A única coisa que ela ouvia era que Remus tinha beijado Ellie. E isso a fazia se corroer por dentro.

Remus continuou olhando para Melissa, e finalmente falou.

- Diz alguma coisa.

Ela reagiu de imediato.

- Me larga! Eu te odeio!

Mas Remus não largou. E falou, num tom muito sério.

- Não, não odeia.

A garota se debateu, e gritou.

- Te odeio sim!

Mas Remus não ligou para o que ela falou. Ele aproximou seu rosto do dela, e falou, num tom calmo.

- Eu não vou te trair. Você pode confiar em mim.

Aquela frase fez todos os sentimentos ruins de Melissa se aflorarem. Toda a amargura relacionada à traição que sofreu. Então ela se debateu com mais força, e se livrou parcialmente das mãos de Remus, e começou a bater no peito do rapaz, com raiva.

- Eu não acredito em você. Você é como ele! Como todos os outros!

Mas Remus não se afastou. Ele agarrou os punhos de Melissa, e os segurou junto ao seu peito. E falou, num tom seguro.

- Eu não sou como o George. Não sou como seu ex. Eu realmente me importo com você. Eu realmente te quero.

Melissa imediatamente se descontrolou. Tentou soltar seus punhos, e continuar batendo no peito de Remus. Ela sentia seus olhos ficando embaçados, mas não percebeu que estava chorando. Mas Remus não a soltou. Ele segurou os punhos dela contra a porta do quarto, e a imprensou com o próprio corpo. E a beijou.

Ele tomou os lábios de Melissa de forma dominadora. O beijo era colado, intenso. Melissa o correspondeu imediatamente, mas alguns segundos depois o empurrou. Sem soltar a garota, Remus olhou novamente para ela, e falou.

- Eu quero você.

Novamente ele a beijou. Desta vez de forma ainda mais agarrada. Melissa sentiu suas pernas fraquejando. Seus braços amolecendo. Remus notou que ela estava cedendo, e soltou os punhos dela. Mas agarrou a cintura dela com uma das mãos livres, e a outra ele usou para puxá-la pela nuca, aprofundando o beijo ainda mais. Não existia espaço algum entre eles. Eles sentiam o corpo um do outro. Completamente colados.

Nunca tinha sido daquela forma antes. Não tão passional. Tão intenso. Eles já nem percebiam o que faziam. Era como se eles soubessem exatamente o que fazer, em que momento fazer.

Remus beijava o pescoço de Melissa, e ela puxou o casaco do rapaz, jogando-o no chão. Remus entendeu imediatamente o recado. Ele começou a conduzi-la para a cama, mas eles não conseguiram chegar até lá. Pararam no meio do caminho, quando Remus pegou Melissa no colo, e a colocou sentada em cima de uma mesinha, que ficava encostada na parede. Ela imediatamente o enlaçou com as pernas, e eles ficaram ainda mais colados.

As mãos percorriam os corpos dos dois, sem qualquer sinal de pudor ou vergonha. Eles respiravam superficialmente. Remus enterrou seus dedos entre os cabelos de Melissa, e a puxou para uma nova rodada de beijos. Enquanto seus lábios e línguas trabalhavam, ele começou a puxar a blusa dela para cima. Melissa não fez objeção alguma. Quando ela levantou os braços para ajudá-lo, ele retirou a peça o mais rápido que pode, e voltou aos lábios dela.

Melissa então também puxou a camisa dele, despindo-o rapidamente. Quando eles se abraçaram novamente, puderam sentir a pele um do outro, quente como se estivessem febris. Remus retirou uma das mãos que tinha voltado para a nuca de Melissa, e lentamente a percorreu pelo colo da garota, passando entre os seios dela, por cima do sutiã. Melissa fechou os olhos, e inclinou a cabeça para trás. Remus começou a beijar o pescoço dela, seguindo pelo colo lentamente. Ele pode ouvir um pequeno gemido escapando dos lábios dela, e continuou descendo. Quando chegou ao tecido rendado do sutiã dela ele parou. Esticou as mãos para as costas dela, buscando o fecho da peça. Melissa respirava superficialmente. Não se dava conta do que estava prestes a acontecer. A única coisa que ela conseguia pensar era em como ela queria Remus. E como ele também a queria.

Delicadamente Remus achou o fecho do sutiã da garota. Ele estava no processo de abertura do ganchinho quando ouviu algo inesperado.

Gritos. Muitos gritos.

Ele franziu a testa. Olhou para Melissa, e viu que ela também tinha ouvido a mesma coisa.

Uma enorme confusão estava se instalando na festa. Eles não conseguiam entender o que estava acontecendo, mas era óbvio que não era algo bom.

Os dois se olharam. Mesmo em silêncio, sabiam exatamente o que fazer.

Remus largou o fecho do sutiã de Melissa. Ela pareceu apenas naquele instante perceber que estava sem blusa, e começou a procurar no chão sua peça de roupa.

Mas o rapaz foi mais rápido, e pegou a peça no chão. Entregou para Melissa, que pulou da mesinha, ficando em pé. Remus também pegou sua blusa, e a vestiu.

Os dois se olharam, e Remus finalmente quebrou o silêncio.

- Vamos ver o que está acontecendo.

Melissa concordou com a cabeça. O rapaz apenas alcançou seu casaco, e os dois saíram do quarto. Em direção à grande confusão que se instalara no primeiro andar.


James sentia Lily puxando seu braço, mas sua cabeça estava em outro lugar. As palavras de Lara ecoavam em sua mente. De uma maneira destorcida, a loira tinha razão no que dizia. Sim, ele e seus amigos estavam envolvidos numa trama de pequenos segredos, coisas que não contavam uns aos outros. Ele nunca soube do envolvimento de Ellie e Remus. Sequer suspeitava. E agora a confissão de Lily... tudo estava errado, tudo fora do lugar. E isso o fazia sentir raiva, muita raiva.

Ele arrancou o braço do aperto da mão de Lily, e falou, num tom brusco.

- Agora vai falar, ou vai querer mais tempo para me enrolar?

Lily parou de andar, e o encarou de frente.

- Não estou tentando te enrolar, James. Estou tentando buscar um local mais tranqüilo para nós conversarmos.

Por mais que James preferisse ficar num local mais reservado com Lily, sua raiva falou mais alto.

- Aqui está bom. Pode falar.

- Estamos no meio do corredor. – ela constatou.

- Não importa. – ele falou, seco. – Pode falar.

Lily preferia falar sobre esse assunto delicado à sós, e num local que ela pudesse ter certeza de estar o mais longe possível de Lara Malfoy e suas intenções escusas. Mas James precisava saber a verdade. E ela precisava contar.

- James, fica calmo. Vou te explicar direito o que falei.

Mas James estava inflamado, e retrucou.

- Vai contar, Lily? Vai me dizer exatamente com quem você tem vontade de me trair?

Essa resposta fez Lily se irritar, e resmungar.

- Tá vendo? Essa Lara só quer nos prejudicar, e nos colocar uns contra os outros! Não viu o que ela fez? Ela arrumou problemas para todo mundo, James!

E essa resposta irritou ainda mais James.

- Ah, é? Pois eu acho que ela tem razão. Todo mundo está escondendo algo de alguém, então está na hora de revelar!

- Não estou escondendo nada de você! – Lily rebateu.

- Não? Então que papo é esse de querer me trair? – ele já estava gritando.

Naquele momento Lily perdeu completamente a calma, e gritou de volta.

- Eu não estava falando de você!

James abriu a boca para gritar, mas travou. Ele franziu a testa, e falou, num tom mais baixo.

- Mas... não? E... de quem você estava falando, então?

Lily inspirou profundamente. E levou as mãos ao rosto. Ela demorou alguns segundos para responder.

- Eu... sinto tanta vergonha disso...

James, consideravelmente mais calmo, apenas a encarou, e perguntou.

- Do que você está falando, Lily?

Lily tirou as mãos do rosto, e olhou para o rosto de James. Eles se observaram por alguns instantes, e ela finalmente falou.

- Eu... namorava o Mark. Ele era ótimo, mas... eu não o amava. Não como namorado. Talvez como amigo, claro, mas...

James deu um passo em direção à Lily. Ele não sabia exatamente o que sentir. Então ficou calado, deixando que ela prosseguisse.

- Então eu conheci um outro rapaz. Ele era... diferente. Diferente do Mark. E eu... fui numa festa, um aniversário de uma colega de escola. Mark não pode ir comigo. E esse cara, ele estava lá. E eu... fraquejei.

James a olhou nos olhos. E perguntou, com uma voz vazia.

- Você ficou com o outro cara?

Lily mordeu os lábios. Nos instantes que ela demorou para responder, James pode ver todo um outro lado de Lily. Os olhos verdes dela nunca pareceram tão enigmáticos para ele. Ela parecia diferente. Misteriosa. Mas não exatamente de uma forma boa. Ele viu que ela poderia ser o tipo de pessoa que escondia a verdade. E isso o deixou com medo.

Mas Lily finalmente acabou com a expectativa, e respondeu.

- Não. Mas... eu quis. Eu não tive coragem, mas... tive vontade.

James suspirou aliviado. Mas Lily ainda parecia perturbada. Como que se ela lembrança fosse muito dolorosa para ela. Então James tocou de leve o braço da namorada, e falou.

- Lily...

A garota se jogou nos braços dele, e falou, com uma voz meio chorosa.

- Mark não merecia isso, James. Ele é meu amigo, eu não deveria ter... me sentido desta forma. Sinto tanta vergonha...

James a enlaçou com os braços, e acariciou os cabelos dela. E falou.

- Mas nada aconteceu. Não fica chateada...

Lily apertou o abraço ainda mais. E falou, com a voz abafada por sua cabeça estar enterrada no peito do rapaz.

- Eu sei, mas... me sinto mal.

Os dois ficaram calados por algum tempo, apenas abraçados. James sentia alívio por saber que Lily não quisera traí-lo. Era um peso que saía de duas costas.

Mas, após alguns instantes, sua mente começou a trabalhar.

E ele começou a duvidar de algumas coisas.

E se Lily sentisse a mesma vontade de traí-lo, como sentiu com Mark? E se Lily deixasse de amá-lo? E se Lily... fosse capaz de enganá-lo?

James tentou desviar seu pensamento desse assunto, mas todas as vezes ele voltava à sua mente. E geralmente voltava acompanhado da figura de Kyle Wilshire junto de Lily. Abraçando Lily. Beijando-a...

James tentou suprimir o sentimento de raiva que aflorava nele. Lily, alheia ao que se passava na mente do namorado, se aconchegou em seu peito.

James sentiu algo estranho. Algo... inesperado.

Ele sentiu como se Lily quisesse estar abraçando Kyle, no lugar dele. E isso o fez se remexer, e se afastar um pouco da garota.

Mas Lily não notou nada. Porque, no momento em que ele se afastou, eles começaram a ouvir gritos vindos do primeiro andar da casa. E isso os assustou imediatamente.

- O que está acontecendo? – Lily perguntou.

James, apesar de preocupado, sentiu um leve alívio por se afastar dos pensamentos que estava tendo.

- Não sei. Vamos lá ver.


Os lábios dos dois continuavam naquela dança, movendo-se uns nos outros. Aquela sensação era ótima. E ambos pareciam não estarem nem um pouco dispostos a parar.

Mas Ellie se afastou por um instante. Sirius pareceu querer protestar por um instante, mas logo abriu os olhos, e observou o rosto da garota. Ela tinha a testa um pouco franzida. E ele perguntou imediatamente.

- O que foi?

Ela hesitou por um instante, e falou, num tom levemente vacilante.

- Sirius, isso tudo significa... significa que nós... voltamos?

Sirius a olhou por um instante. Mas logo sorriu. Aquele era o problema dela? Será que não estava muito claro?

Mas ele apenas tocou de leve o queixo dela, e respondeu.

- Claro que sim. Você achou que eu não queria voltar?

Ellie pareceu ainda um pouco receosa, e respondeu.

- Bem, depois dessa semana maluca, que você mudou de comportamento umas mil vezes, eu realmente não sei o que você quer...

Sirius riu, e falou.

- Não se preocupe, minha linda. O que eu queria era que você se abrisse mais comigo. Mas, se você gosta de ter certeza de tudo, eu digo: quer voltar a ser minha namorada, Ellie?

Então ela finalmente sorriu, e falou.

- Eu nunca quis deixar de ser, Sirius.

Sirius sorriu de lado, de forma charmosa, e falou, num tom de brincadeira.

- Isso é um sim?

Ellie não resistiu, e revirou os olhos. Mas tinha um sorriso nos lábios quando respondeu.

- É claro que é um sim!

Ele se aproximou, encaminhando seus lábios na direção de Ellie. Eles estavam a centímetros de um beijo quando uma voz os interrompeu, soando bem ao lado deles.

- Oh, que romântico! – a voz era fria, e irônica.

Ellie se afastou de Sirius. Achou ter reconhecido o dono da voz, e esperou fervorosamente estar errada. Mas ela olhou para a direção da voz, e viu que estava certa.

Um rapaz loiro, com os cabelos cortados muito baixos, olhava diretamente para o casal, com um sorriso irônico nos lábios.

Era Dan. O idiota que a tinha drogado na rave. Que tinha aprontando a confusão na casa de Melissa.

Sirius, assim que viu o rapaz, fez uma expressão de desagrado. E seu olhar parecia lançar chamas.

Mas Dan apenas sorria, e recomeçou a falar. Ellie notou que ele tinha trazido seus "capangas", como na festa de Melissa.

- Será que o casalzinho pode se largar um instante? Eu quero fazer umas perguntinhas para vocês.

Ellie reagiu imediatamente. Antes mesmo que Sirius, que parecia prestes a partir para cima de Dan.

- Some daqui, seu imbecil. Você não é bem vindo.

Mas Dan não se irritou. Ele deu um passo na direção de Ellie, que tinha se adiantado ao falar, e segurou o braço dela.

- Ei, gostosa, por que você não me diz onde a sua amiguinha Melissa se enfiou?

Ellie puxou o braço com força, e retrucou.

- Deixa a Melissa em paz, e some daqui!

Dan fez menção de avançar novamente na direção de Ellie. Mas não conseguiu. Foi impedido imediatamente por Sirius, que veio de trás da garota, e simplesmente desferiu um soco bem na cara de Dan.

O loiro bambeou, e Sirius partiu para cima dele.

Imediatamente o caos se instalou.

Pessoas começaram a gritar, algumas pela excitação da briga, outras por temer que algo mais sério acontecesse. Ellie ficou paralisada por um instante. Foi como se tudo acontecesse em câmera lenta. Ela viu Dan desviando de um soco de Sirius, e o loiro acertando bem em cheio uma das maçãs do rosto do namorado. Ela tentou ir em direção dos dois, mas eles caíram embolados no chão, ainda brigando.

Logo os comparsas de Dan foram tentar ajudar o loiro na briga. Mas, cercados de alunos de Hogwarts, era questão de tempo até que uma briga generalizada se instalasse na sala dos Malfoy.

Ela viu Gideon e Fabian imediatamente partindo para cima de dois rapazes que estavam segurando Sirius para que Dan batesse nele. E logo outros rapazes da escola seguiram o exemplo dos gêmeos. E a confusão aumentou exponencialmente.

Pessoas corriam, pessoas gritavam. Ellie conseguiu se livrar de duplas de rapazes brigando, e viu Sirius e Dan se engalfinhando no chão. Ela nem pensou. Simplesmente partiu para cima dos dois, tentando ajudar Sirius.

Dan estava para dar mais um soco em Sirius quando Ellie agarrou a mão do loiro, e gritou.

- Larga ele!

Mas Dan furioso, e com sangue saindo de sua boca e nariz, simplesmente deu um safanão em Ellie, jogando a garota contra uma mesa. Sirius aproveitou o momento de distração, e deu um empurrão em Dan, jogando o rapaz para o lado. E conseguiu se afastar, meio se arrastando na direção que Ellie tinha caído.

Neste instante, um grito alto foi ouvido.

- Dan!

Melissa estava parada, perto de onde o loiro estava. Remus estava ao lado dela. Ele estava pálido, mas não se comparava com Melissa. Ela parecia não ter mais um pingo de sangue no rosto.

Dan esqueceu temporariamente a briga com Sirius, e foi até Melissa.

- Oi, querida! – ele falou, ironicamente – Por que não me convidou para a festa?

Melissa parecia sem palavras. Então Remus falou, num tom sério.

- Deixe-a em paz.

A interferência de Remus pareceu irritar Dan mais que qualquer coisa, até mesmo os socos de Sirius. Ele olhou rapidamente para Remus, com um misto de raiva e desprezo, e gritou.

- Você e essa vadia vão me pagar! Vão me pagar tudinho. E agora!

Dan enfiou a mão no bolso, e Remus imediatamente puxou Melissa para trás dele. Mas eles não souberam o que Dan alcançou no bolso. Ao pé da escada uma voz imperiosa soou, alta e clara.

- Dêem o fora da minha casa. Eu chamei a polícia.

Lara estava parada ali. Séria como não costumava ser. E completamente controlada.

Dan hesitou, e seus comparsas também. Lara olhou fixamente para Dan, que visivelmente era o líder da gangue. E falou novamente.

- Eles estão chegando. Se não quiserem ir para a delegacia sob acusação de invasão, é melhor irem embora neste instante.

Dan pareceu pensar por um instante. E começou a recuar. Mas, antes de ir embora, ele falou, olhando para Melissa.

- Da próxima você não escapa, Mel.

Melissa desviou o olhar, mas logo voltou a olhar para Dan. Ele tinha voltado suas costas para ela, e saiu da casa, acompanhado por seus capangas.

Só quando ele sumiu, ela conseguiu respirar aliviada. Olhou em volta e viu Ellie e Sirius sentados no chão, no tapete, perto de uma mesa. E viu sangue, no rosto dos dois.

Imediatamente, ela e Remus foram à direção dos dois. E logo James e Lily se juntaram aos dois, vindos da escada. Lily parecia apavorada, e gritou.

- Ellie! Sirius!

Antes que qualquer um dos dois pudesse reagir, a voz de Lara Malfoy soou novamente.

- A festa acabou. Vão todos embora.


Royal London Hospital.

Lily andava de um lado para o outro, nervosamente. Ela estava roendo as unhas, hábito que tinha abandonado desde a infância. Mas, naquele momento, ela nem ligava para o que estava acontecendo.

James permanecia sentado no banco da sala de espera, sem se mover. Remus estava perto de uma janela. Melissa estava ao lado dele, e um dos braços do rapaz a envolvia. Ela parecia se controlar para não chorar.

A cada pessoa que saía da sala que ligava o corredor à emergência, Lily dava um pulo. Mas nunca era alguém que viesse falar algo com eles. E essa espera estava deixando-a ainda mais nervosa.

Após longos minutos de espera, finalmente um rosto conhecido apareceu.

Lily correu até a porta, e imediatamente falou.

- Ah meu Deus, você está bem?

Ellie olhou para a melhor amiga. Assim que Lily a soltou do abraço em que a envolveu, ela respondeu.

- Estou. Foi só um corte no lábio. Essa região sangra muito.

Ela tinha uma bolsa de gelo na mão, que constantemente colocava sobre os lábios para diminuir o inchaço visível da boca. Ela, que já tinha lábios carnudos, estava com o lábio inferior bastante inchado.

James se moveu de sua posição, e veio se reunir com a amiga, assim como Remus e Melissa. E ele falou.

- Liguei para sua mãe, ela está chegando.

Ellie franziu a testa. Não queria incomodar o sono da mãe, mas sabia que seria impossível deixá-la de lado naquela situação. Então Lily fez a pergunta que estava na ponta da língua de todos ali.

- Como está o Sirius, Ellie?

Ellie inspirou profundamente. E respondeu.

- Ele está bem. Deram dois pontos logo embaixo da sobrancelha dele, mas não foi nada de mais. Ele também machucou a boca. Mas eles quiseram fazer uma tomografia. Para... sabe, ver se está tudo bem mesmo... Já que ele bateu a cabeça. Foram quatro pontos na parte de trás da cabeça. Acho que é procedimento padrão.

Ellie logo desviou o olhar. Lily pode ver que ela estava abalada. E ela então falou, num tom baixo, quase que se desculpando.

- Eu... quero voltar lá para dentro. Para ficar com ele.

James mal conseguia olhar para Ellie. Ele estava quase tão preocupada quanto a garota. Não conseguia encontrar palavras. Desta vez foi Remus que falou.

- Lógico. Vai lá, Ellie. – ele disse, num tom encorajador.

Melissa encarava o chão. Ela queria falar alguma coisa, se desculpar. Mas as palavras não a alcançavam. Então Ellie voltou para a sala de onde tinha vindo, num passo apressado.

Aquela seria uma longa noite.


Duas horas depois, Sirius foi finalmente liberado do hospital. Fez todos os exames necessários, e nada de grave foi constatado. Ele saiu da sala da emergência numa cadeira de rodas, com Ellie segurando uma das mãos dele.

- Já falei que não preciso disso! – ele resmungou.

Ellie respondeu num tom extremamente paciente, que não combinava muito com ela.

- É o procedimento padrão do hospital, Sirius. Eles sempre fazem os pacientes saírem numa cadeira de rodas.

Logo ele foi cercado pelos amigos. Lisa Dumbledore já tinha chegado, e ela logo correu ao encontro da filha, abraçando-a forte.

- Minha querida! Você está bem? – ela logo olhou para Sirius, e falou – E você, querido?

Ellie se livrou do aperto da mãe, e voltou a segurar a mão do namorado. James logo se adiantou, e foi falar com Sirius. Assim que viu o amigo, e constatou que ele estava bem, apesar de alguns hematomas no rosto, ele sentiu um enorme alívio. E conseguiu finalmente falar.

- Cara... – ele falou, esticando a mão para Sirius.

- É, eu sei. Estão me tratando como seu eu fosse uma avozinha. Saindo daqui de cadeira de rodas...

James finalmente riu, e falou.

- Agora imaginei você com as roupas da minha avó. Não foi uma bela visão, sabia?

Sirius riu, mas logo fez uma careta. James percebeu que o amigo estava bem, apesar de tudo.

Lisa logo dispensou o atendente do hospital, que estava conduzindo a cadeira de rodas de Sirius, e passou a empurrá-la ela mesma. E falou.

- Querido, eu vou ligar para seus pais. Avisar que vou levá-lo para casa, explicar o que aconteceu.

Duas vozes falaram, exatamente ao mesmo tempo, e a mesma palavra.

- Não!

A voz de Ellie se sobressaiu à de Sirius, já que o tom dela era agudo e urgente. E ela completou, olhando para a mãe.

- Mãe... por favor! Deixa o Sirius dormir lá em casa hoje. Eu cuido dele o resto da madrugada, pode deixar. Nem vou conseguir dormir mesmo...

- Eu não estou doente! – Sirius protestou.

Mas Lisa ignorou o protesto do rapaz, e respondeu a filha.

- Ellie... os pais dele tem que saber o que aconteceu. Eles vão ficar preocupados.

- Duvido... – Sirius falou, cético.

Mas Ellie novamente argumentou.

- Eles nem estão sabendo. Estão dormindo. Só vão ficar mais preocupados se ligarmos agora. Espera até a manhã, aí você liga e avisa que ele está lá em casa.

- Eu posso ligar e falar que ele está lá em casa, já que a situação de vocês... é complicada. – James partiu em auxílio à amiga.

Ellie olhou para James com visível gratidão. E então olhou para a mãe novamente.

- Por favor, mamãe... eu... preciso ter certeza. Que ele vai ficar bem.

Lisa sabia que jamais resistiria a um pedido de Ellie, não ela estando com aquela expressão no rosto. Era como se a filha precisasse que o namorado ficasse sob sua vigília atenta para que ela pudesse ter certeza que ele ia ficar bem. Como se fosse uma tortura para ela ser separada dele naquele instante. Então ela finalmente cedeu.

- Tudo bem. Mas eu vou ligar para os Black assim que acordar, está bem? Ele tem que ir para casa, ficar com os pais.

Ellie concordou. Sabia que era o máximo que conseguiria. E não pensava em reclamar de absolutamente nada. Só sentia gratidão pela permissão da mãe.

- Eu vou ligar para o Reggie, e avisar.

Mas Sirius retrucou.

- Ligar para meu irmão? Para que? Ele vai contar tudo para minha mãe na mesma hora.

- Pode deixar que eu me entendo com ele, Sirius. E ele não vai falar nada se eu pedir segredo. – Ellie respondeu.

- Meu irmão inútil. Por que você é amiga dele? Nunca consegui entender isso.

Ellie então revirou os olhos, e falou para a mãe, com um meio sorriso.

- Acho que os analgésicos estão começando a fazer mais efeito do que deviam...

Lisa riu, e continuou empurrando a cadeira de Sirius. Ellie ia ao lado do namorado.

Mais atrás, Lily, James, Remus e Melissa caminhavam juntos. Todos tinham um ar de alívio pelo estado de Sirius. Mas Melissa ainda estava se sentindo culpada. Ela olhava constantemente para o chão. Tanto que Remus reparou, e parou de andar.

Os outros três também estacaram. E Remus olhou para Lily, James, e, finalmente, para Melissa. E falou.

- Nós temos que dar um jeito nessa situação. Esse cara foi longe demais. Isso tem que acabar.

Melissa olhou para o rapaz com uma expressão de receio. Mas James foi o primeiro a se manifestar.

- É verdade. A coisa está ficando séria.

Então Lily olhou para os amigos, e falou.

- Mas o que nós podemos fazer?

Melissa desviou o olhar. E Remus respondeu.

- Eu ainda não sei. Mas temos que pensar em alguma coisa. E logo.

Atualização depois de séculos! \o/

Espero que tenham gostado, e por favor, deixem seus comentários, dúvidas e indagações... gostaria realmente de um feedback!

Beijos a todos!

Pri