Capítulo 7 - Encontros

Bill fala:

A Escócia é linda.

A casa do pai de Hagrid, chamada de Stonewall, era um chalé rústico, escondido no início das Highlands. Havia um único cômodo que fazia as funções da sala, cozinha, despensa e quarto. Os móveis, abandonados há muito tempo, estavam em sua maioria estragados e viraram abrigo de ratos e morcegos.

Remus agradeceu aos céus as muitas mantas que Molly o forçara a aceitar e, principalmente, o fato de lobisomens de qualquer idade serem realmente mais resistentes ao clima.

Era óbvio que as crianças sentiam falta da Toca, mas nenhuma delas reclamou depois que Remus lhes explicou sobre o perigo de, acidentalmente, ferirem um dos Weasley.

Tyr agia com se desbravar as redondezas e tirar os pequenos animais de sua nova casa fosse uma aventura. E seu humor acabou por contagiar a todos.

Cheios de energia pela proximidade da Lua Cheia, os pequenos ajudaram Remus a tornar a casa habitável para a primeira noite deles ali.

Na ausência de uma cama, Remus distribuiu as mantas para forrarem o chão. Quando, enfim, conseguiu fazer com que os meninos deitassem, foi surpreendido pela maneira quase sincronizada como eles se aninhavam ao seu redor, da mesma forma que faziam com Ian na alcatéia.

Na primeira Lua Cheia que passaram ali, Remus e os meninos correram livres pela imensa mata que circundava a casa. Estavam tão distantes de qualquer outro ser humano que Remus não se preocupou com os riscos que eles poderiam oferecer para alguém, e o cansaço de depois da transformação foi menos cruel que o habitual.

Dois dias depois da Lua Cheia, Remus foi até o vilarejo mais próximo - Cerrig Aoidh – procurar Angus McLaine, um bruxo que fora amigo do pai de Hagrid. Ficava há alguma milhas dali, mas nada que Remus não pudesse vencer em duas ou três horas de caminhada. Na volta bastaria aparatar.

Por sugestão do velho, Remus se apresentou como um conserta tudo e, depois de conhecer algumas pessoas do lugar, voltou para casa com um baú cheio de quinquilharias para arrumar. Escoceses, pelo visto, não gostavam de se desfazer de seus antigos objetos.

Um simples Reparo daria um jeito na maioria das coisas, poucas exigiriam um esforço maior. E Remus poderia cobrar – mesmo que não fosse muito - e com isso suprir algumas das necessidades dos meninos. A caça e a pesca, abundantes na região, deveriam dar conta do resto.

Mas trecos velhos não foram a única coisa que Remus trouxe de Cerrig Aoidh. Ele ouviu notícias de que pequenas vilas da montanha estavam recebendo gente de fora. Trouxas, em sua maioria, que fugiam dos misteriosos ataques terroristas e do clima de angústia que dominavam a Inglaterra.

Mas havia bruxos também. O próprio McLaine disse que receberia um sobrinho neto em breve.

Remus se perguntava quanto tempo levaria para a guerra de Voldemort os atingir ali.

A Luz da Lua // A Luz da Lua // A Luz da Lua // A Luz da Lua // A Luz da Lua //

Remus fala:

Os filhotes se voltavam para mim buscando respostas, e eu seguia em frente como se tivesse alguma idéia do que estava fazendo. Ás vezes parecia dar certo.

Bill admirou as Highlands. Depois de mais de um dia de caminhada pelas montanhas, ele chegou em um pequeno povoado trouxa.

As pessoas olhavam-no desconfiadas, mas isso fora uma constante em todos os lugares. Com os ataques tornando-se cada vez mais freqüentes, todo estranho era visto com desconfiança.

O pub do lugar parecia saído de um livro de contos, e a comida era boa e barata. A garçonete, uma ruiva bonita, piscou para Bill quando colocou o prato, um pouco maior do que ele havia pedido, à sua frente.

Era um povo bom, apesar de assustado com o caos que campeava fora de sua cidadezinha.

O sol estava se pondo quando Bill começou a sair da vila. Seu escasso dinheiro não permitia o luxo de pagar um quarto. Na praça central, passou por duas senhoras que comentavam o talento do conserta tudo que aparecera na cidade.

Já fora do povoado, viu uma mulher loura de ar angustiado, brigando com duas crianças por terem se afastado demais da casa. Ela olhou assustada para Bill e arrastou os meninos por uma trilha que se perdia atrás das rochas.

Seguiu um pouco mais para frente e estava procurando um lugar para montar seu acampamento quando viu o alerta: dois patronos disparando pelos céus, rumo ao leste, onde Bill sabia que havia membros da Ordem.

Alguém estava com problemas. E, nessa época, só poderia ser problemas com os seguidores de Voldemort.

Seguindo a direção de onde os patronos vieram, Bill encontrou a trilha por onde a mulher levara as crianças, minutos antes.

Com o coração batendo forte, seguiu pela mata que margeava o caminho e, depois de uma curva, encontrou uma casa antiga. Em frente a ela, um grupo de Comensais atacava dois bruxos e a mulher que tentava proteger os dois meninos.

Bill estuporou um dos Comensais que estava muito perto da mulher e correu para ajudar os dois homens. O velho, quase centenário, lançava feitiços em uma velocidade impressionante. O mais novo não parecia tão bom duelista e estava obviamente ferido.

Mesmo assim eles já haviam provocado algum estrago entre os Comensais.

Na hora em que Bill lançou um feitiço que incendiava as roupas de um dos Comensais, o velho ficou preso nos galhos de uma árvore que fora enfeitiçada por outro Comensal.

Mesmo preso, o velho conseguiu estuporar mais um Comensal, enquanto Bill enfrentava o mais ágil deles. O outro defensor da casa se atirou no chão para desviar de um feitiço, que arrancou um pedaço da parede da casa, mas consegui acertar um Comensal de raspão.

Os Comensais estavam em maior número, mas encontravam mais resistência que esperavam.

Um raio vermelho passou por cima do ombro de Bill e arremessou um Comensal contra uma pedra, deixando-o inconsciente.

Foi o sinal para os quatro atacantes que ainda estavam em pé debandarem, deixando os três desacordados para trás.

Só então Bill virou-se para ver quem entrara na luta para ajudá-los. De alguma forma, não foi surpresa. Era como se esperasse exatamente por ele.

-Remus.

-Bill.

Continua...