Capítulo 1: A Detenção
Era
um belo final de tarde de domingo. Os últimos raios de sol
tingiam o céu poente. Seria um dia normal se não fosse
o seu casamento. Seria perfeito se ainda o amasse...
Ginevra
Molly Weasley mirava-se no espelho, mas sem realmente se ver. Seus
pensamentos estavam bem longe dali, nele... Sabia que não
valia a pena, mas não podia evitar. Foi tirada de seus
pensamentos pela voz de Hermione, que aparecera à porta:
-Como
você está linda, Gina! –a morena exclamou.
-Ahn...
Ah, obrigada. –respondeu, sem verdadeiramente sorrir.
-Você
está bem, Gina? –perguntou, pegando as duas mãos
dela.
A
ruiva, com seus olhos amendoados e melancólicos, olhou
profundamente nos olhos da outra:
-Não
sei. Eu me sinto estranha. Como se eu estivesse e não
estivesse aqui ao mesmo tempo. –tentou explicar.
-Quer
que eu chame um medibruxo? –Hermione se mostrou preocupada.
-Não,
Mione, não adianta. Não é físico, é
mental...
-Está
pensando nele novamente, Gina? –perguntou em tom reprovador.
-Você
é a única que sabe a verdade, Mione. Eu não
consigo esquecer, dói profundamente o meu coração.
Hermione
abraçou a noiva:
-Você
está fazendo a coisa certa, Gina. Esse casamento é a
coisa certa. Você será feliz, ele fará com que
você esqueça as mágoas do passado. –e soltou-a,
se dirigindo novamente para a porta –Estamos te esperando. Vai dar
tudo certo. –e saiu, fechando a porta atrás de si.
Ninguém
entendia. Todos estavam felizes com a escolha que ela havia feito em
se casar com ele, mas apenas Hermione sabia toda a verdade. E ainda
assim a morena parecia achar que seria fácil para ela apagar
de sua mente tudo o que acontecera. Não era difícil,
muito menos fácil. Para Gina era impossível. Eram
lembranças demais para serem simplesmente
esquecidas...
Quase dois anos atrás, Hogwarts
-Quem
dá mais? Quem dá mais? –era Colin Creevey perguntando
animadamente para a multidão que aquele "espetáculo"
havia juntado –Em quem vocês apostam dessa vez?!? Da última
vez Gina Weasley ganhou! Será que Draco Malfoy ganha na
revanche?!?
-Dois
galeões na Weasley! –Ernie Mcmillan, da Lufa-lufa resolveu
apostar, apoiando a grifinória.
-Cinco
galeões no Draco! –Pansy Parkinson gritou mais alto e houve
vivas da Sonserina.
Justino,
também da Lufa-lufa, apostou em Gina. Pansy apostou ainda mais
em Draco.
Apesar
de toda a balbúrdia, a Weasley e o Malfoy estavam alheios a
isso. Tinham as varinhas empunhadas. Seus rostos estavam afogueados e
com uma expressão de raiva. Gritavam um com o outro:
-Sua
Weasley idiota! Por que não vai atrás do Cicatriz? Me
pouparia da sua desagradável presença.
-Cale
a boca, Malfoy! Você é apenas um Comensal da Morte
nojento! –ela revidou.
-Não
fale do que não sabe, sua aberração...
Ela
o cortou:
-Sua
doninha Albina repugnante! Só sabe ficar debaixo da saia da
mamãezinha, como um garotinho mimado...
-Agora
você foi longe demais!!! RICTUSEMPRA!
No
último segundo, a Weasley conseguiu desviar do feitiço
dele:
-É
assim? TALANTALEGRA!
Draco
também desviou. Disseram ao mesmo
tempo:
-ESTUPEFAÇA!
-PETRIFICUS
TOTALLUS!
Os
feitiços chocaram-se e ricochetearam. Houve gritos e a platéia
se abaixou. Nesse instante, ouviu-se:
-BASTA!!!
–era Minerva Mcgonagall, lívida em fúria, os lábios
apenas uma linha fina e severa.
Houve
um silêncio sepulcral à chegada da diretora com
Slughorn. Os telespectadores se endireitaram, Colin escondeu as
moedas. Draco e Gina ainda se fuzilavam com o olhar e sustentavam as
varinhas em posição de combate:
-Baixem
essas varinhas, os dois. –e eles obedeceram relutantemente –Não
quero ouvir uma palavra de reclamação. Acompanhem-me
até o escritório. -a Diretora disse assustadoramente
séria.
Sem
uma palavra, eles a acompanharam com Slughorn. A senha da gárgula
era "O lamento da Fênix". Ao entrarem no escritório,
o vice-diretor e também Professor de Poções,
fechou a porta.
Mcgonagall
não os convidou a sentar, tampouco se sentou. Lançou
aos dois alunos um olhar penetrante e duro:
-Essa
não é a 1ª vez. Também não é
a 2ª, a 3ª ou a 4ª. Essa é a 12ª vez que
vocês brigam em público.
-Mas
Professora, -Draco apelou –a culpa é toda da Weasley, ela
esbarrou em mim de propósito.
-Mentira!
–Gina exclamou prontamente.
Minerva
revirou os olhos:
-Não
me interessa qual de vocês é o culpado. –declarou –Eu
não agüento mais ter que lhes dar detenção
e tirar pontos de suas casas. Nada disso adiantou até agora.
Estão tentando ser expulsos?
-Não,
senhora. –o loiro disse sem hesitar.
-Por
favor, tenha piedade. –Gina pediu, juntando as mãos em
frente aos peitos.
-E
vocês tiveram piedade ao perturbar a paz dessa escola?
Slughorn
entrou na conversa:
-Se
me permite Minerva. –e ela fez que sim –Eu tenho uma idéia.
Nenhuma das detenções funcionou. Eles continuam não
se suportando. Então temos que ensiná-los a conviverem
harmoniosamente. Forçá-los a isso.
-Tem
razão, Horácio. Antes de partirmos para expulsão,
vamos tentar uma detenção pela última vez.
-O
que vamos ter que fazer? –o Malfoy perguntou –Eu vou ter que
arrumar algum lugar do castelo com essa... Weasley? –e fez cara de
nojo.
-Não,
Sr. Malfoy. –ela conjurou um par de algemas –eu vou algemá-los
durante as férias de Natal e Ano Novo.
-Não!
–os dois protestaram e começaram a falar juntos e
desconexamente.
-Quietos!
–ela ordenou –Estou lhes dando uma última chance, deveriam
estar agradecidos. Vamos, estendam os braços.
Draco
e Gina olharam para lados opostos e levantaram o braço
esquerdo:
-Não,
não. Um de vocês terá que estender o
direito.
-Ela!
–draco disse.
-Ele!
–Gina replicou.
Mcgonagall
suspirou:
-Vamos,
Sr. Malfoy. Seja cavalheiro e estenda o braço direito.
Draco
nada disse e fez o que lhe era pedido. A Weasley ficou surpresa com
essa pronta submissão dele, sem uma palavra de
reclamação.
"Decididamente
isso é estranho. O Malfoy não reclamando? Qual é?
Eu e a doninha albina vamos ficar algemados por mais de uma semana!
Eu tenho que apelar." A ruiva pensou.
-Professora
Mcgonagall, a senhora não poderia...
-Não,
Srta. Weasley. –respondeu-lhe antes que terminasse a frase,
prendendo o pulso da ruiva e em seguida o de Draco –Muito
surpreendem-me vocês. Monitor-Chefe e uma Monitora da
Grifinória brigando desse jeito. Estarei de olho nos dois. Se
eu ouvir dizer que causaram outro escândalo, o distintivo será
a primeira coisa que perderão. Estamos entendidos? –os dois
fizeram que sim –Essas algemas irão alongar a corrente
quando precisarem ir ao banheiro.
-Naturalmente
só as usaremos durante o dia, não é mesmo? –o
loiro perguntou na defensiva.
-Não,
Sr. Malfoy. Ficarão assim 24 horas até a meia noite do
dia 3 de janeiro, nenhum minuto a menos.
-Eu
não vou dormir na presença dele, Professora.
-Vai
sim, Srta. Weasley. Como o Sr. Malfoy é Monitor-Chefe, tem ym
quarto individual. Vocês dormirão lá.
"Não!"
a mente de Ginevra gritou "Isso tem que ser um pesadelo! Eu não
posso dormir no mesmo quarto que um Comensal da Morte!"
-Professora,
ele vai me matar! –afirmou.
-Não
seja idiota, Weasley. –Draco disse.
-Essa
é uma afirmação ridícula, Srta. Weasley.
Garanto-lhe que o Sr. Malfoy não tentará matá-la.
–a Diretora disse confiante.
-E
se... e se... –corou furiosamente –O Malfoy tentar me agarrar
durante a noite?
-Nem
que você fosse a última bruxa do mundo. –ele declarou,
veemente –Não seja ridícula, Weasley, eu nunca fiquei
tão necessito pra sequer pensar nisso.
-Não
se preocupe, Srta. Weasley, não seria agradável se isso
acontecesse... –a Diretora disse misteriosamente –Agora vão
jantar e não se esqueça de pegar suas coisas em seu
dormitório, Srta. Weasley.
Os
dois saíram em silêncio. Ao passarem pela gárgula,
o loiro falou:
-eu
não sei você, Weasley, mas eu não estou com
vontade de servir de piada pros outros no Salão Principal.
-E
o que você sugere? –perguntou mal-humorada.
-Vamos
direto na cozinha, é claro.
O
loiro não esperou uma resposta, foi andando:
-Hey,
Malfoy! Vai mais devagar, está me puxando. –ela
reclamou.
-Problema
seu, Weasley. Ande mais rápido. –respondeu rispidamente.
Ela
passou a andar mais depressa:
-Você
é desprezível.
-E
você é adorável. –disse com acentuada
ironia.
-Eu
te acho detestável. –declarou com fervor.
-Mesmo,
Weasley? Pelo menos eu tenho o que comer em casa.
-Eu
também tenho, sua doninha saltitante. Na minha casa não
falta comida.
-Você
não tem uma casa, Weasley, aquilo é um chiqueiro.
-Você
não tem o direito de dizer isso, seu Comensal da Morte
asqueroso.
Os
olhos do Malfoy estreitaram-se e ele encostou-a na parede.
Pressionando o ombro direito dela com sua mão esquerda:
-Você
também não tem o direito de dizer isso de mim, Weasley.
–disse suavemente, encarando-ª
-Me
solta, Malfoy. –tentou dizer calmamente.
O
corredor se encontrava vazio:
-E
por que eu deveria? –perguntou calmo –Eu estou de alguma forma te
ameaçando?
Gina
suspirou:
-Por
dois simples motivos. Está me machucando e não quero
ser contaminada pela sua arrogância.
Draco
soltou-a e fez uma careta quando olhou para a mão que havia
tocado o uniforme de Gina, em seguida limpando-a em suas vestes e
continuando a andar.
-Não
quero me contaminar com a sua pobreza. –explicou o gesto feito há
pouco.
-Ora,
seu... –a ruiva disse e socou-o no peito.
Ao
fazer isso a corrente entre as algemas encurtou um pouco:
-Olha
o que fez, sua débil mental. –o loiro comentou com raiva.
-O
que eu fiz?!? –perguntou indignada –Foi você quem começou!
Eu não sabia que isso iria acontecer. –defendeu-se.
-Minha
culpa? –e riu debochado –Se você não tivesse me
agredido, a corrente não teria encurtado.
-É
fácil pra você falar que eu sou a errada na história.
Você estava me irritando.
A
essa altura, já estavam em frente ao quadro da fruteira. Draco
fez cócegas na pêra e a passagem abriu. O loiro a
ignorou completamente, dirigiu-se aos elfos domésticos:
-Quero
picanha bem passada, purê de batatas, presunto e queijo cortado
em cubinhos, arroz e molho madeira.
-Srta.
Wheeezy? O que faz aqui com o jovem Sr. Malfoy? –Dobby perguntou
–Ele não é o tipo indicado para a senhorita.
Draco
olhou friamente para o elfo, só percebendo agora que ele
estava ali:
-Então
é aqui que trabalha agora... É mesmo uma vergonha para
os elfos. –disse com desprezo ao mirar as roupas chamativas e
asseadas que a criaturinha usava –Além de ganhar um salário,
fala mal de seus antigos donos.
O
elfo pegou uma chaleira próxima e bateu com ela em sua
cabeça:
-Dobby
mau, Dobby muito mau.
-Pare
com isso, Dobby! –Gina exclamou chocada, tirando a chaleira das
mãos dele.
-A
Srta.Wheezy é tão boa. –comentou sonhador
–Enquanto... –e olhou para Draco, pensando o contrário
dele.
Ao
ver que o elfo tencionava bater a cabeça na parede, por tais
pensamentos, a ruiva segurou-o:
-Está
tudo bem, Dobby. Tem toda razão e direito de falar dos
Malfoys, não trabalha mais pra eles.
-Mas
Dobby teve, Dobby teve que se castigar... –Gina olhou-o com
compaixão –A Srta. Wheezy é nobre e gentil como Harry
Potter, não é à toa que ele gosta tanto da Srta.
Wheezy.
Ela
corou um pouco e um brilho de tristeza passou por seus olhos. Sentia
uma falta imensa de Harry e o elfo acabara de lembrá-la disso.
A voz mal humorada de Draco fê-la voltar à Terra:
-O
que foi, Weasley? Já vai chorar pelo seu Potter Perfeito?
–perguntou sarcástico.
Gina
esfregou os olhos:
-Cale
a boca, Malfoy. –ralhou com ele e se dirigiu a Dobby –Quero uma
sopa e chocolate quente para mim e para o desprezível do
Malfoy.
-Não
gosto de chocolate quente. Quero o meu frio.
-Mas
estamos em pleno inverno!
-E
daí? Não se meta nos meus hábitos, Weasley. E
você, seu elfo inútil, o que está fazendo aqui
ainda?
-Sim,
senhor. –e saiu apressado.
-Malfoy,
você é um grosso, insensível e estúpido!
–disse com raiva.
-Já
terminou os elogios? –indagou transbordando ironia e ela não
respondeu –Pois você é pobre, sardenta, ignorante,
violenta e extremamente desprovida de massa cefálica, assim
como os outros da sua espécie. Porque só sendo mesmo
muito burro pra procriar desenfreadamente e com pouquíssimo
dinheiro para sustentar a família. Os seus pais nunca ouviram
falar de anticoncepcionais?
Como
ele podia dizer aquelas coisas? O sangue de Gina ferveu em suas
veias, deixando-a vermelha e com uma expressão assassina.
Draco simplesmente riu dela, fazendo sua raiva se transformar em
calor emanado por seu corpo. De repente os dois deram um pulo e
gritaram:
-AI!
-Eu
sabia que você me causa nojo, Weasley. –o loiro disse –Mas
não sabia que era capaz de me dar choque.
-Depois
eu é que sou burra? –perguntou mais controlada –É
óbvio que foi por causa das algemas. Eu senti esquentar antes
de levar o choque.
O
loiro passou a mão livre por seus cabelos:
-Ótimo.
–falou ironicamente –eu não posso nem dizer umas verdades
e já levo um choque. A Mcgonagall realmente pensou em tudo. Se
isso não fosse tão humilhante eu bateria palmas para
ela.
-Verdades?
Você deveria rever o seu conceito sobre verdades. Então
perceberia o quanto é insuportável. Ninguém te
suporta, Malfoy.
Nesse
momento, a comida que pediram chegou e foi colocada sobre um balcão.
Gina e Draco sentaram-se em bancos. Antes de começar a comer,
o Malfoy disse:
-Eu
não teria tanta certeza.
Ela
pousou sua colher em seu prato:
-Certeza
do quê? –perguntou e continuou a tomar sua sopa.
Draco
estava com a boca cheia de comida, por isso terminou de mastigar
antes de dizer:
-Certeza
de que todo mundo não me suporta. Eu sou agradável
apenas com as pessoas que valem a pena.
Gina
bateu em sua testa, para sinalizar algo que havia esquecido:
-Ah,
mas é claro! As pessoas que valem a pena pra você são
Você-sabe-quem, os Comensais da Morte, os sonserinos e as
garotas mais vagabundas da escola.
-Hey,
eu não saio com vagabundas, tá bom? Muitas são
certinhas. –ele ponderou, como se estivesse pensando –Mas eu
acabo desviando elas do Reino do Céu.
-Claro,
Malfoy, porque você é o próprio diabo.
-Um
diabo que leva as santinhas ao Paraíso... –murmurou para si
mesmo.
-O
quê? –Gina perguntou.
-Nada
que te interesse saber, Weasley. –resmungou, voltando-se para sua
refeição.
A
ruiva bufou e voltou a tomar sua sopa. Não valia a pena se
irritar por causa do Malfoy.. Começou a pensar, como sempre
fazia. Lembrou de Rony e Hermione, mas como sempre, seus pensamentos
logo recaíram sobre Harry. O que estaria fazendo naquele
momento?
Ela
queria estar com ele aonde quer que estivesse. Queria dar uma palavra
de apoio, um abraço confortante. Mas ele não queria que
ela estivesse presente, temia pela segurança dela. Gina não
dava a mínima pra isso, mas ele sim e ela ainda tentava
compreender a decisão dele. Lembrou-se da última vez em
que o vira. Fora na Toca, ele e Hermione estavam passando uns dias
por lá.
Gina
percebeu que o trio voltou a ter conversas que não queriam que
ela ouvisse. Ficou brava com eles e uma vez chegou a discutir por
isso. Harry havia focado seus olhos verde-esmeralda nela de uma
maneira tão triste e resignada, que ela virou-se e saiu
correndo para seu quarto. Chorara muito. De certa forma o seu coração
sabia que o perderia em breve, mas sua mente não aceitava esse
tipo de intuição. Naquele mesmo dia, na hora do jantar,
estava anormalmente quieta e séria e com os olhos
inchados.
Ninguém
ousou perguntar-lhe qualquer coisa e ela sentiu-se grata por isso.
Foi a primeira a terminar a refeição. Pediu licença
para se retirar. Subiu as escadas solitariamente, mas antes que
pudesse abrir a porta de seu quarto, sentiu uma mão em seu
ombro.
Sabia
que era ele antes mesmo de se virar. Ao ficar de frente para Harry,
permitiu-se admirar os seus olhos e inalar seu perfume adocicado.
Fora ele a quebrar o silêncio:
-Gina,
precisamos conversar. –dissera –Eu posso entrar? –apontara a
cabeça para a porta do quarto dela.
A
ruiva fez que sim. Eles entraram e Harry usara um colloportus para
trancar a porta e acendera as luzes com um lumus.
-Sobre
o que quer conversar, Harry?
-Eu
percebi que você ficou chateada. Me desculpe, mas eu realmente
não posso contar o que eu, o Rony e a Hermione estamos
planejando.
-E
por que não? –perguntou, usando um tom que pensava não
ser acusatório.
-Eu
não consigo, não posso te envolver.
A
ruiva olhou para baixo, segurando as lágrimas. Harry levantou
seu queixo:
-Eu
amo você, Gina. Não se esqueça disso.
-Eu
também te amo, Harry. Mas por que...? –não terminou a
pergunta, ele beijou-a.
Ela
foi tirada brutalmente de seus devaneios, Malfoy a chacoalhava pelos
ombros:
-Acorde,
sua inútil! Faz tempo que eu estou te chamando.
-Ahn...
–Gina murmurou vagamente e então seus olhos recaíram
sobre os azuis gelo do Malfoy –Eu estava distraída.
Ele
fez cara de quem estava zombando:
-Não
me diga, pensei que estava contando quantos centímetros tem
cada azulejo dessa cozinha.
Só
agora percebia que havia tomado toda a sopa e o chocolate quente,
apesar de não se lembrar. Dignou-se a não responder a
provocação. Levantou-se, agradeceu aos elfos e rumou
para fora da cozinha, inevitavelmente arrastando o Malfoy
consigo:
-Temos
que ir até o meu dormitório. –disse
emburrada.
-Droga!
–ele reclamou –Vou me contaminar com os vermes grifinórios.
-E
eu serei envenenada pelas peçonhentas cobras sonserinas.
-Eu
já disse hoje que eu te odeio? –perguntou suavemente.
-Sim,
Malfoy, quando nos esbarramos. Quer dizer, quando você esbarrou
em mim. –disse, revirando os olhos.
-Eu
esbarrei com você, garota? Não diga bobagens, foi você
quem esbarrou em mim. –disse e Gina abriu a boca para retrucar, mas
ele não deixou –Em todo caso, eu vou dizer novamente, apenas
para ficar claro. Eu te odeio, Weasley? Entendeu ou quer que eu
desenhe?
Ela
fechou a cara, com a insinuação que ele estava fazendo.
Ela não era nenhuma burra, apesar dele pensar assim.
-Saiba
que também te odeio, doninha Albina. –falou
perversamente.
Ele
ficou mortalmente sério:
-Será
que não dá pra você esquecer essa história?
-Não,
não dá. –respondeu com satisfação.
-Eu
não sou albino. –reclamou.
-É
sim. –teimou, apenas para irritá-lo.
-E
você então? Com esse bronzeado de palmito não
fica nada atrás.
-Você
ainda ganha de mim, doninha saltitante. –disse e viu um brilho de
raiva passar pelos olhos do Malfoy.
-Não
me procoque, coelha sardenta.
-Ou
o quê, Comensal da Morte fracassado?
O
Malfoy fuzilou-a com o olhar:
-Ou
então irá se arrepender por isso, cabeça de
cenoura.
-Uh,
estou morrendo de medo, cobra desprezível. –disse, rindo
para esconder que a ameaça a preocupara.
-Sendo
a namoradinha do Potter se sente muito confiante, não é,
Weasley? Mas não estou vendo o Potter por aqui para
protegê-la.
Gina
não respondeu, Harry era um assunto delicado para ela. Não
falava disso com ninguém, muito menos falaria com o Malfoy.
Draco sentiu-se satisfeito.
"Até
que enfim essa menininha irritante calou a boca." O loiro pensou.
O
fato de Gina ser uma grifinória, e pior ainda, uma Weasley, o
cegava quanto a possibilidade de vê-la como mulher. Não
opinião de Draco, a ruiva era infantil. Uma garotinha
irritante que lhe dava nos nervos. Ele sinceramente não
entendia o que havia com vários dos garotos da escola, até
mesmo alguns sonserinos. Que tipo de planta alucinógena haviam
cheirado? Como podiam querer a Weasley pobretona?
"Vai
ver é porque ela saiu com o Testa-aberta. Só porque ele
é famoso...Mas ele é quatro-olhos, deveriam saber que
só com problemas de visão para querer essa
menina."
Chegaram
em frente ao Quadro da Mulher Gorda:
-Srta.
Weasley, o que faz com esse tipo de companhia? –perguntou com
visível desagrado.
-Isso
é contra a minha vontade. –Gina fez questão de
esclarecer –Detenção.
-Uma
detenção? –a Mulher Gorda perguntou entusiasmada,
curiosa para saber qual era a última que haviam
aprontado.
-Coração
Puro. –Gina se apressou em dizer.
-Mas
me contem sobre essa detenção. O que andaram fizeram
dessa vez?
-Não
é da sua conta, quadro fofoqueiro. –o loiro disse,
irritado.
-Coração
Puro. –a Weasley insistiu.
-Não
posso deixar que ele entre nessa torre. –a Mulher Gorda disse
pomposamente.
-Pode
ter certeza de que não me agrada pisar num antro de adoradores
de sangues-ruins. –o sonserino reclamou.
-Não
vê que estamos algemados? Coração Puro! –a
Weasley exclamou.
Contrariada,
a Mulher Gorda abriu a passagem. Rapidamente os dois precipitaram-se
para dentro do Salão Comunal.
"Nada
mal." Draco pensou, ao ver as poltronas aconchegantes e a lareira
acesa.
Gina
puxou-o. Para a surpresa da ruiva, a escada não se transformou
em escorrega, talvez porque estivessem algemados. Meio ressabiada,
abriu a porta do dormitório e entraram. Sally estava no
quarto, lendo, e virou-se ao ouvir a porta se abrindo. Ela estava no
mesmo ano em que Gina e era namorada de Colin. Seus cabelos eram
castanhos claros e seus olhos verde-oliva:
-Gina?
O que o Malfoy está fazendo aqui com você?!? –perguntou
abismada –Vocês dois no dormitório é
meio...
-Nem
termine essa frase, Grant. –Draco falou de mau-humor –É
ridículo, não é nada do que está
pensando.
-Eu
vim pegar as minhas coisas, Sally. A Minerva nos deu uma
detenção.
-outra?
Mas nunca adianta.
-Dessa
vez é diferente. Eu vou ter que ficar algemada com esse traste
até o dia três.
-Oh,
meus pêsames. –a morena falou, dando uns tapinhas leves no
ombro direito de Gina.
Draco
sorriu daquele jeito a que estava acostumado, com um ar de deboche e
superioridade em cada centímetro da boca:
-VocÊ
não quis realmente dizer isso, Grant, quis? –perguntou,
neutro, mas havia algo mais em seus olhos.
No
memso instante Sally corou e baixou os olhos:
-E-eu
preciso...procurar o Colin, Gina. –disse e saiu apressadamente com
o livro nas mãos, meio perturbada e quase tropeçando
nos próprios pés.
Gina
olhou feio para Malfoy, ele parecia satisfeito consigo mesmo:
-O
que fez com a Sally, seu oxigenado?
O
loiro deu de ombros e virou as costas para Weasley, estava observando
o dormitório. Gina virou-o de volta:
-Eu
te fiz uma pergunta.
-E
eu não sou obrigado a responder. –falou e encarou os
amendoados olhos dela, que naquele instante pareciam pegar fogo –E
só para constar, o loiro do meu cabelo é natural. Eu
não sou oxigenado.
Gina
revirou os olhos:
-Que
seja. –e então fez cara de dó –O garotinho mimado
não gostou de ser chamado de oxigenado. Tadinho dele...O que
fará agora? Será que vai correndo chorar para a
mamãezinha? Ou quem sabe vai chorar com a Murta-que-geme, deve
ser a única capaz de te agüentar. Você é
mesmo muito mimado...
-Cale
a boca, Weasley. –ele avisou, mas Gina continuou.
-Não
agüenta ouvir a verdade, não é mesmo? Bebezinho
chorão, vá chorar com a Murta. Qual de vocês dois
será o que mais...
-CALE
A SUA MALDITA BOCA, WEASLEY! –e Gina finalmente se calou, ele
olhava furiosamente para ela –Maldito Potter! –praguejou –Pra
quanta gentalha ele andou espalhando?!? –perguntou, chacoalhando-a
pelos ombros de maneira brusca.
-O
quê? –foi o que conseguiu dizer, estava com medo dele, talvez
não devesse ter ido tão longe.
"Como
eu sou inconseqüente!" chutou-se mentalmente "É uma
péssima idéia deixar um Comensal da Morte com tanta
raiva.."
Ele
interrompeu os pensamentos dela:
-Não
se finja de idiota, Weasley! Pra quem mais o Testa Aberta
espalhou?
-Espalhou
o quê?
As
mãos dele apertavam fortemente os braços da ruiva e
aquilo estava machucando. Draco lançou-lhe um olhar de puro
desprezo e praticamente cuspiu as palavras:
-Sobre
a Murta.
-Ah...O
Harry sabe disso? –ela perguntou com surpresa.
-Não
se faça de sonsa. Não tente proteger o seu namoradinho,
eu sei que foi ele quem te contou. –falou serimanete.
-Não.
–Gina negou –O Harry não me disse nada e até onde
sei, não deve ter dito à ninguém, se é
que ele realmente sabe, como você diz.
-Então
como...?
-Eu
vi. Uma vez estava passando perto do banheiro e ouvi a voz da Murta
consolando alguém. Fiquei curiosa e espiei. Quando vi que você
estava chorando quase não acreditei.
Ele
soltou os braços dela –ao que Gina agradeceu mentalemnte –e
olhou para outro lado:
-E
pra quem você contou? –perguntou, com a voz meio estranha.
A
ruiva podia quase compreendê-lo. Era uma coisa íntima
dele e representava uma fraqueza. Aos seus ouvidos, a pergunta dele
ressoara de maneira receosa.
A
resposta de Gina viera para aliviá-lo:
-Nunca
comentei com ninguém, eu juro. De qualquer forma, quem
acreditaria se eu contasse? –alguns momentos de silêncio e
então –Como é que o Harry sabe?
-Do
mesmo jeito que você. Xeretice grifinória. Vocês
leões não sabem cuidar de suas próprias vidas, o
Creevey principalmente.
Ao
mencionar Colin, fê-la lembrar da repentina saída de
Sally:
-Por
quê a Sally ficou daquele jeito e saiu?
Draco
estufou o peito e respondeu tranqüilamente:
-Metade
da população feminina dessa escola suspira quando eu
passo. –fez uma pausa –A outra metade suspira quando eu
sorrio.
-Não
me inclua nessa sua avaliação fajuta.
-Vai
me dizer que nunca ouviu as garotas falarem de mim?
Sim,
ela tinha que admitir que já ouvira, mas ele estava
exagerando. A maioria das grifinórias queria distância
(ou pelo menos fingiam isso muito bem). Gina já ouvira os mais
diversos comentários sobre ele.
-O
malfoy me dá medo. –uma dizia.
-Mas
é esse jeito de badboy que o faz tão sexy. –a outra
completava.
Já
ouvira também conversas do tipo:
-Não
chore, amiga.
-Como
não? Eu amo o Draco e ele terminou tudo entre nós. –e
lágrimas rolavam sem parar.
-Mas
vocês não estavam saindo há apenas uma
semana?
-Sim,
mas eu amo ele.
-Bem,
é compreensível... –a outra murmurava, abraçando
a amiga.
"Patético."
Gina pensara ao sair do banheiro em que as duas estavam.
Certa
vez, na biblioteca, ela vira o próprio nos amassos com a
garota corvinal mais popular da escola.
"Patético."
Pensara mais uma vez, levando uma braçada de livros para a
mesa em que estava anteriormente. "A biblioteca é lugar de
estudar. Não sei porque certas pessoas se tocam disso."
Completou mentalmente, a imagem dos dois não lhe saía
da mente "é, o Harry me faz falta..." e suspirara.
Outra
vez na biblioteca, a Weasley, enquanto procurava livros para um
trabalho de Herbologia, entreouviu uma conversa:
-Vamos,
Candy. O que você queria tanto me contar?
-Ah,
Vick, é que...
-O
quê? –a outra perguntou impacientemente.
-Eu
e o Draco...
-Não!
–a tal da Vick disse teatralmente e Gina lembrou-se que Candy era a
corvinal que estava se agarrando com o Malfoy no outro dia –Me
conta! –pediu entusiasmada.
-Ele
é muito bom... –murmurou, aparentemente envergonhada –Bom
de cama. –as duas soltaram risinhos cúmplices que irritaram
Gina.
"É,
parece que daqui alguns dias haverá mais uma choradeira no
banheiro feminino. Os casos do idiota do Malfoy nunca duram muito."
Pensou, arriscando um olhar para a corvinal, Candy, que tinha um
enorme sorriso e parecia estar nas nuvens. Mas por quanto
tempo?
-Hey,
Weasley! –ele gritou no ouvido dela, assustando-a –Não
sabia que a pobreza podia deixar alguém tão lesado.
A
ruiva fez cara feia:
-Eu
não tenho problemas mentais, loiro aguado. Estava me
perguntando quantas idiotas existem nessa escola.
Draco
fez um muxoxo:
-aposto
que você encabeça a lista, cabeça de cenoura. –e
ela bufou –Vai logo, sua lerda! –reclamou –Não agüento
mais ficar em território tão desagradável.
Gina
enfiou seus pertences em seu malão e fechou-o:
-Acabei
de terminar. –respondeu, desgostosa só de pensar no que
viria pela frente.
Oh,
eu estou vivendo um pesadelo. Ninguém merece ter que agüentar
essa cobra desprezível."
"Até
que enfim sairei desse lugar." Pensou enquanto acompanhava a
Weasley.
Vendo-a
carregar o malão visivelmente pesado, sorriu. Ajudá-la
seria a última coisa a passar por sua cabeça. Não
que não tivesse o mínimo de cavalheirismo. Usava paenas
quando era conveniente, como quando queria conquistar uma garota. Mas
a Weasley? Não, ele não seria gentil com ela. Draco não
tinha a mínima consideração por nenhum
Weasley.
"Por
que eu teria? São seres inferiores. Ela tem mesmo que ser uma
burra de carga." Pensou calmamente.
Ao
passarem pelo Salão Comunal da Grifinória, os
grifinórios que ali estavam, pararam o que estavam fazendo
para observar os dois.
-O
que foi?!? –Draco perguntou irritado –VOLTEM A SE PREOCUPAR COM
SUAS VIDINHAS MEDÍOCRES! Não ouviram? Eu sou Monitor
Chefe dessa espelunca, se vocês...
Todos
voltaram a fazer o que faziam antes, não estavam a fim de
perder pontos para a Grifinória.
-Não
precisava ser tão grosso. –a ruiva retrucou ao passarem pelo
Quadro da Mulher Gorda.
-Não
me diga como agir, sujeitinha inferior.
-Inferior
é você, roedor das masmorras.
Draco
olhou feio para ela:
-Vá
se foder, menininha irritante. Quem sabe assim ganha alguns
trocados.
A
ruiva ficou vermelha de vergonha e raiva:
-Seu...Seu...
–seu sangue fervia de irritação e não
conseguia encontrar palavras, mordeu o lábio inferior um
segundo antes de acontecer.
Os
dois levaram um choque.
-Sua
desgraçada...
Gina
tentou se controlar, não queria levar choque novamente:
-Você
me enoja, Malfoy. –falou de maneira afiada –Não é
porque você é gigolô que eu tenho que ser uma
puta. Eu não sou assim. –falou com os dentes
cerrados.
-Gigolô,
eu? –ele perguntou, rindo –Nenhuma mulher me sustenta para que eu
fique com ela. Você é tão ridícula,
Weasley.
Ela
bufou:
-Não
te sustenta com dinheiro, mas sim com outras coisas. Eu quis dizer
que você é devasso. É capaz de transar com
qualquer coisa que tenha duas pernas e fique parada tempo o
suficiente. –comentou com desprezo.
Ele
riu com gosto, debochadamente, como sempre, antes de dizer:
-Ora,
ora, ora. O que temos aqui? A menininha Weasley gostaria de
experimentar um homem de verdade. Entre na fila, Weasley e quem saiba
eu te atenda no dia em que os unicórnios criarem asas e
dançarem ao som de As Esquisitonas.
Fuzilou-o
com o olhar:
-Merlin
me livre! –foi veemente.
Draco
não perdeu o rumo da provocação:
-Confesse,
Weasley. Você tem inveja delas. –disse calma e
convencidamente.
A
ruiva olhou-o com incredulidade:
-Inveja
nenhuma. –respondeu com toda dignidade –Onde está o
privilégio em ir pra cama com um garotinho mimado como
você?
Isso
não o abalou nem um pouco:
-Vejo
que tem uma língua afiada. –comentou, tranqüilo –Mas
é apenas uma grifinóriazinha inocente.
-Eu
não sou inocente! –ela protestou.
-Ah,
é sim. A garotinha weasley, superprotegida e inalcançável.
Ouvi dizer que ainda chora pelos cantos a ausência do
Potter.
-Não
é da sua conta. –disse seriamente.
-Não
se irrite, garotinha Weasley.
-eu
não sou uma garotinha! –exclamou, odiava quando a tratavam
como uma criança.
-É
sim. Você é infantil, garota. Não se comporta
como uma mulher, é uma moleca.
Ela
estreitou os olhos:
-Eu
já disse, malfoy, não sou nenhuma piranha. Não é
porque eu não fiquei com mais ninguém que eu não
seja uma mulher.
-Será
que o Potter não é tão certinho quanto parece?
–perguntou, erguendo uma sobrancelha, gesto que irritou a
ruiva.
Suas
bochechas estavam levemente coradas quando respondeu:
-Não
é da sua conta o que eu e o Harry fizemos ou deixamos de
fazer.
-Uh.
Não é que a Weasley gosta de desafiar? Pois eu vou lhe
dar um conselho. Não é sensato agir desse modo.
-É
mesmo, Malfoy, você é especialista nesses assuntos.
Esqueci que estava falando com um Comensal da Morte.
Draco
ficou sério:
-Por
que você diz isso? Por que eu pensa que eu sou um
Comensal?
-Porque
você é! O Harry me contou.
-E
o que o Potter sabe sobre a minha vida? Você não devia
dar crédito a tudo o que ele diz. Ele pode ser o heróizinho
trágico, mas também é passível de
erro.
Gina
fez um muxoxo. Para ela não adiantava ele insinuar que não
era um Comensal da Morte, sabia que ele era:
-A
mim você não engana, Malfoy.
-Como
você é injusta, Weasley... –ele murmurou.
-Eu,
injusta? Por quê? Apenas estou dizendo a verdade.
-Deixa
pra lá, você não entenderia. –ele deu um
suspiro cansado.
-Agora
eu quero saber!
-Não.
–respondeu categoricamente.
-Vai,
Malfoy. Diz pra mim.
-Já
disse que não, sua bisbilhoteira. A vida é minha. Será
que todos os grifinórios querem se meter onde não
devem? Deve ser essa a razão de tão alta taxa de
mortalidade.
Gina
ficou com raiva. Era verdade que nas férias vários
alunos da grifinória e pessoas simpáticas à
Ordem haviam sido mortas, mas era insensível do jeito que ele
falara. Como se estivesse satisfeito com o acontecido.
"O
que eu não duvido nada." Foi o que veio em sua mente.
-Se
não vai sair dessa sua boca nada que se aproveite, é
melhor que fique calado.
Para
a surpresa de Gina, o loiro ficou em silêncio. Ao olhar para
onde ele olhava, pôde descobrir o motivo. Candy Smith se
aproximava deles, com visível apreensão:
-Oi,
Draco. –ela ignorou Gina completamente.
-Oi,
Smith. O que você quer? –ele perguntou aborrecido.
-A
gente precisa conversar. –ela disse timidamente.
-Eu
não tenho nada para conversar com você, Smith.
O
olhar da corvinal recaiu sobre Gina:
-Você
me trocou por essa Weasley? –perguntou, indignada.
-O
quê?!? –ele perguntou e deu uma risada sarcástica –É
claro, porque eu adoro sangues-ruins e a Grifinória.
Principalmente os Weasley. Sabe que estou até pensando em
pintar o cabelo de vermelho e ir morar no chiqueiro deles?
Gina
deu uma cotovelada no Malfoy ao ouví-lo falar de sua família,
ele apenas lançou um olhar fuzilante para Gina.
-Não
precisava ser sarcástico, Draco. –Candy murmurou melosa.
Ele
revirou os olhos:
-Como
não? Você vem dizendo absurdos.
-É
que eu pensei...Você terminou tudo tão de repente. O que
foi que eu fiz?
-Você
é um chiclete, Smith, é isso o que é!
"Assim
como todas as outras." Ele pensou desgostoso "Por que as mulheres
pegam tanto no meu pé?"
-Desculpa,
Draco. Eu prometo que vou melhorar.
-Não,
eu já te dei uma chance e você desperdiçou. Já
tinha reclamado da sua marcação.
-Quem
é a outra? –perguntou, os olhos já marejados.
"Aff..
Que ceninha ridícula. Onde está o orgulho, o
amor-próprio dessa garota? Se humilhar por causa de um garoto?
Não vale a pena, ainda mais se for um como o Malfoy. Faça-me
o favor." Ela pensou enojada.
-Outra?
Não tem outra. Vá para a sua torre, Smith.
-Draco,
você tem que me ouvir! Eu te amo.
-Menos
10 pontos para a Corvinal. –ele disse, sério.
-Por
quê? –perguntou completamente indignada.
-Está
zombando das medidas de segurança da escola ao andar sozinha
por aí.
-Então
me leve para a minha torre. –ela pediu.
-Você
é muito folgada, sabia? –a ruiva se pronunciou.
-Ninguém
pediu a sua opinião, menininha estúpida. –Candy
respondeu.
De
novo haviam chamado-lhe de criança. Como ela odiava ser
tratada assim!
Há
muito tempo que a viam como ingênua e fraca, mesmo tendo por
várias vezes demonstrado que isso não correspondia à
verdade. Sua família sempre tinha a superprotegido. Ao se
tornar adolescente, Gina tinha se revoltado com isso e passou a
mostrar seu verdadeiro eu.
-Eu
não vou até a Torre da Corvinal! –Gina afirmou.
-E
quem disse que eu pedi pra você?
-Olha
aqui, sua loira burra, eu estou algemada com o Malfoy. É uma
detenção da McGonagall, caso o seu cérebro
subdesenvolvido não tenha percebido.
-Vai
embora, Smith, antes que eu tire mais pontos da sua Casa. –o loiro
ameaçou e sem esperar uma resposta da corvinal, saiu puxando
Gina.
A
grifinória arriscou uma olhada por cima do ombro e se olhar
fosse uma metralhadora, Gina Weasley poderia se considerar morta por
Candy Smith.
-Eu
não te entendo, Malfoy. –ela comentou.
-Lógico,
eu sou complexo demais para o seu cérebro limitado. –disse
cheio de si.
Gina
bufou e resmungou:
-Idiota!
Ele
revirou os olhos:
-O
que você não entende? –perguntou, tentando demonstrar
indiferença.
-Você
e aquela loira fresca estavam se agarrando na biblioteca outro dia.
Por que é que você foi tão rude com ela?
-Depois
quando eu digo que os grifinórios são
intrometidos...
-Ora,
eu não tenho culpa. –disse com dignidade –Eu fui pegar
alguns livros numa prateleira e vi. Não é minha culpa
se vocês estavam quase se engolindo num lugar reservado a
estudos, a única coisa que poderiam estar estudando era
"bilíngüe". Fazer aquilo num lugar daqueles chamaria
a atenção de qualquer um.
As
bochechas do malfoy adquiriram um coloração levemente
rosada, mas fez uma cara de safado ao dizer:
-Isso
foi uma lamentação? Por que será que eu acho que
você quer ser a próxima?
-O
quê? Eu não acredito no que acabei de ouvir. Fique longe
de mim, Comensal da Morte.
-Só
porque eu sou da Sonserina? Não é motivo para me chamar
de Comensal. Além do mais, acho difícil ficar longe de
você nas atuais circunstâncias. –falou, olhando para as
algemas.
-malfoy,
eu não vou permitir que encoste um dedo em mim. –falou
seriamente -Fui clara?
-Depois
eu é que me acho...Quem disse que eu pretendo encostar um dedo
em você? Mas é burrinha mesmo. Eu tenho classe, não
iria me rebaixar a ponto de ficar com uma criança miserável.
O
sangue afluiu pelo rosto dela, transformando-o em vermelho de
raiva:
-Ora,
seu... –ela não pôde continuar, mais uma vez levaram
um choque.
-Controle-se,
pirralha. –ele ralhou –è uma droga levar choque. Por acaso
é masoquista?
-Você
me enoja, Malfoy. –ela disse de forma bem clara.
-Como
se para mim fosse agradável a sua presença. –comentou
com acentuada ironia.
A
Weasley resolveu ignorar o que ele havia dito. Logo chegaram a um
trecho de parede de pedra lisa e úmida, que dava acesso ao
Salão Comunal da Sonserina. O loiro olhou com desprezo para
Gina e suspirou antes de falar a senha:
-Orgulho
Sonserino.
Uma
passagem se abriu e eles passaram por ela, Draco à frente. O
Salão Comunal da Sonserina era um aposento comprido e
subterrâneo com paredes de pedra rústica, de cujo teto
pendiam correntes com luzes redondas e branco-esverdeadas. Um fogo
ardia na lareira encimada por um console de madeira esculpida e ao
seu redor havia alguns alunos sentados em poltronas de couro negro.
Mas nem todos os sonserinos estavam sentados. Pansy Parkinson estava
em pé e conversava com duas amigas. Ao ver Draco, ela foi até
ele:
-O
que essa garota inútil faz aqui? –perguntou, percebendo
Gina.
-Calma,
Pansy. É uma detenção idiota. –explicou,
mostrando as algemas.
-Ah
tá. –e passou os braços por trás do pescoço
dele –Sinto por você ter que dar uma de babá. –falou
e beijou-o.
Gina
pigarreou:
-Hem-hem.
Eu estou aqui.
Eles
interromperam o beijo:
-Jura
que está aqui, Weasley? –Pansy perguntou com deboche –Pois
pra mim é um zero à esquerda.
-Pelo
menos eu não sou um fantoche nas mãos do Malfoy. –Gina
defendeu-se.
-Como
você se atreve a...? –ela começou a dizer, mas foi
cortada pelo loiro.
-Não
começa, Pansy. Eu poderia deixar que se matassem, mas me
irrita ter que presenciar isso.
-Draco!
–ela reclamou –Eu não acredito que está defendendo
essa pobretona. –e seu tom de voz mostrava que ela se sentia
profundamente ofendida com isso, apesar de seu semblante ser
duro.
-Não
viaja. Até parece que eu ia defender uma Weasley. –disse
displicente –Agora se não se importa, eu quero ir para o meu
quarto para poder descansar.
-Para
o seu quarto? Com a Weasley? Você não...
-E
o que espera que eu faça, Pansy? –perguntou com irritação
–Não é minha culpa. Por mim, eu ficaria bem longe
dela. Não me agrada ser babá.
-Eu
sei me cuidar muito bem, oxigenado.
-Ninguém
pediu a sua opinião, sardenta. –Pansy defendeu o
loiro.
Draco
revirou os olhos ao perceber o perigo de briga e disse:
-Tô
indo. Boa noite, Pansy.
Antes
que o malfoy pudesse se afastar, a sonserina beijou-º
"Que
nojo!" a ruiva pensou "Duas cobras se esfregando... E eu sou
obrigada a aturar isso?!?" revoltou-se e saiu andando, forçando
o Malfoy a acompanhá-la.
-Por
que a pressa, Weasley? –perguntou, postando-se na frente
dela.
-Porque
eu detesto a idéia de estar cercada por cobras. –e olhou
friamente –Além disso, não gosto do jeito como os
seus amiguinhos estão me olhando.
Draco
percebeu que, de fato, os sonserinos olhavam naquela direção.
Tinham uma expressão de 'Oba! Carne nova no pedaço.'.
Acenou para eles com a cabeça, gesto que lhe foi
devolvido.
-Não
precisa se preocupar, Weasley. Eles não vão fazer nada,
você está comigo. –falou displicente e começou
a andar.
-Como
assim "eles não vão fazer nada, vocÊ está
comigo"?
-Eu
sou o Monitor-Chefe, eles me respeitam. –respondeu, como se fosse
óbvio.
Subiram
alguns lances de escadas e depois seguiram por um corredor, parando
em frente a uma porta com um letreiro "Monitor-Chefe".
-Alorromora.
–disse Draco, apontando sua varinha para a fechadura e em seguida
empurrando a porta –Lumus. –ele fez e as luzes acenderam-se.
O
quarto era sombrio e de tamanho médio. Havia uma cama de casal
com dossel, uma mesa (na qual estava os livros escolares do Malfoy) e
uma lareira. Um lindo e macio tapete negro ficava próximo à
lareira acesa.
-Pode
deixar as suas tralhas perto do meu malão. –o sonserino
disse, apontando para o pé da cama.
Gina
fez o que ele disse:
-Eu
vou tomar banho. –ele anunciou.
-E
eu com isso?
-Ô
sua burra, estamos algemados! Quanto você acha que essa
corrente estica?
-Não
sei, entra no banheiro. –sugeriu.
Draco
foi entrando no banheiro e quanto mais ele entrava, mais a corrente
se alongava:
-É,
deu certo. –ele comentou –Só não vai dar para
fechar a porta com essa corrente, apenas encostar.
-se
você me espiar, Malfoy, eu vou te azarar tanto que vai ser
difícil até para a sua mãe te reconhecer.
-Como
se tivesse algo debaixo desses trapos que você chama de
roupas.
-Que
seja pra você, nada mesmo. –disse com acidez.
O
Malfoy lhe deu as costas, mal fechando a porta, e começou a se
despir. Gina ficou de costas para a porta do banheiro. Sempre que
estava desocupada, o tópico Harry cruzava sua mente. Agora não
era diferente. Desde que ela e Harry haviam terminado o namoro, não
tinham tido nenhuma recaída, exceto na véspera da
partida dele. A ruiva voltou a pensar naquela
noite.
Flashback
Gina
e Harry beijavam-se passionalmente. Tanto ela quanto ele, sentiam uma
falta desesperada um do outro. Por mais que se vissem todos os dias
na Toca, não era suficiente, não agora que sabiam que o
que sentiam não era amor fraternal. O moreno descolou seus
lábios dos dela:
-Desculpa,
Gina. E-eu sei que não devia...
-Mas
eu quero, Harry. Você me faz falta. –ela disse, o abraçando
com força.
Harry
devolveu o abraço e afagou-lhe os cabelos:
-Gina,
eu amo você, mas... nós não podemos ficar juntos.
Eu já te expliquei. Não quero que corra perigo por
minha causa.
-E
eu já disse que não me importo, desde que esteja com
você. Eu nunca vou conseguir amar outro homem. É você
quem eu quero. Não quero o harry Potter, eu quero o Harry. Pra
mim, você não precisa ser o herói do mundo, basta
que seja o meu herói.
A
essa altura, lágrimas caíam dos olhos da ruiva. Harry
olhou nos olhos dela. Estavam tão melancólicos e
desprotegidos, dizendo claramente o quanto necessitavam dele:
-Eu
não posso, Gina. –disse com grande pesar –As pessoas que
eu amo tendem a morrer. Não suportaria se você fosse a
próxima.
-Você
vai me deixar, Harry? –ela perguntou, mas ele desviou o olhar e não
respondeu –Tudo bem. –ela suspirou, no entanto, não havia
nada bem –Eu não vou te forçar a responder isso,
mesmo porque eu posso ver a resposta nos seus olhos. Harry, eu
quero... –ela disse, ficando vermelha.
-O
quê? O que eu posso fazer?
A
ruiva acariciou a bochecha dele e desviou o olhar para outro lugar,
antes de dizer:
-Eu
quero que você não me esqueça. Quero que façamos
amor.
Harry
ficou surpreso e virou o rosto dela para si:
-Isso
é algo sério, Gina. Tem certeza que pensou o suficiente
para decidir isso? –perguntou.
-Sim,
eu venho pensando nisso há algum tempo, mas não achava
uma oportunidade para te falar. Por quê? Você não
quer?
-Eu
sempre quis, apenas pensei que não fosse digno de...
Ela
o cortou:
-E
por que não, Harry? Eu te amo e você me ama. Por que não
seria digno?
Gina
sorriu para Harry:
-E
então, Harry?
-Isso
é loucura, Gi. –ele disse, antes de juntar seus lábios.
Gina
nem percebeu que estava andando de costas, só percebeu onde já
estava quando estava deitada na cama, com Harry beijando-lhe o
pescoço. Ela ficou surpresa. Normalmente ele não se
mostrava tão ávido. Ela tirou os óculos dele,
colocando os gentilmente na mesa-de-cabeceira. As mãos de Gina
embrenhavam-se nos cabelos negros de Harry, enquanto ele aproveitava
o decote dela para depositar beijos pelo colo e parte superior dos
seios. A ruiva suspirava e não esperava pela repentina parada
dele:
-O
que foi?
-Eu
quero, mas não posso, Gina. Eu disse aos seus pais que viria
conversar com você, se eu demorar demais, eles podem
desconfiar. Imagine se eles viessem aqui.
-É,
você tem razão. –falou devolvendo os óculos
dele.
Os
dois se levantaram da cama e foram até a porta. Abriram-na e
se olharam:
-Eu
não posso pedir que espere por mim. –Harry disse, olhando-a
seriamente –Seria egoísmo da minha parte. Mas quando tudo
isso acabar, se você não tiver encontrado outra pessoa,
eu quero ficar com você, Gina.
Ela
passou uma mão pelo rosto dele, controlando-se para não
chorar:
-Eu
também quero, Harry. Você promete que vai tomar cuidado
e que vai voltar?
Ficaram
olhando-se por alguns instantes. Harry não respondeu a
pergunta dela, apenas tomou-a em seus braços e juntou seus
lábios num beijo apaixonado. Perderam a noção do
tempo. Aquilo era uma despedida, podiam sentir isso.
-Ei
vocês dois! –era a voz de Rony e eles se soltaram –Faz mais
de um minuto que estava esperando vocês pararem. Até que
enfim.
-Por
que você não cuida da sua vida, Ronald? –ela
perguntou, brava e o moreno a apoiava intimamente.
O
ruivo abaixou a cabeça e murmurou:
-Desculpe,
maninha. Querem mais um tempo?
-Não.
–Harry falou –Já dissemos o suficiente.
Fim do Flashback
Quando
Draco saiu do banheiro, Gina pegou suas coisas e sem ao menos olhar
pra ele, entrou no banheiro, com indiferença.
"Garota
irritante." Pensou, dirigindo-se para a cama já com seu
pijama.
Acendeu
o abajur com um gesto de sua varinha. Abriu, em seguida, a gaveta da
mesa-de-cabeceira. Tirou de lá uma caixinha aveludada e um
livro. Dentro da caixinha, pegou sues óculos, colocando-os.
Deu um suspiro resignado ao olhar mais uma vez para seu pulso
direito, então abriu o livro, na página com um marcador
com o brasão da Sonserina.
Começou
a ler, desligando-se de seu tormento particular. O título do
livro era "A Arte do Duelo", tinha sido escrito por um bruxo
oriental. Basicamente, o livro tratava de diversos tipos de duelo.
Desde o duelo tradicional até aquele em que a batalha era
contra seus próprios medos. Precisava acreditar que era capaz
de vencer nem que fosse, e primeiramente que fosse, a si mesmo.
Draco
encontrava-se tão concentrado em sua leitura, que nem percebeu
quando Gina saiu do banho, com um pijama flanelado. Segurava uma
escova de cabelos e as roupas que estivera usando anteriormente. Os
longos cabelos rubros cascateavam por suas costas, não muito
acima da cintura, e estavam úmidos. Após dobrar suas
roupas e colocá-las sobre seu malão foi que a Weasley
olhou para o Malfoy (mesmo porque era impossível não
olhar, já que a corrente entre as algemas estava
diminuindo).
Ela
fez uma cara surpresa ao dizer:
-Não
sabia que usava óculos. –a ruiva foi mirada por ele, que fez
menção de falar, mas ela não deixou –Também
não sabia que era capaz de usar o cérebro para alguma
coisa útil. –provocou-o.
O
Malfoy lançou-lhe um olhar oblíquo e perigoso por
detrás dos óculos de semi-aro pretos:
-Ao
contrário de certas grifinórias petulantes que não
têm aonde caírem mortas, eu sou um sonserino.
Inteligente e astuto por natureza, se você não sabe.
–vangloriou-se.
-Cale
a boca, Malfoy. –disse calmamente –Vá contar vantagem pras
estúpidas que beijam o chão que você pisa.
-Eu
até iria se não tivesse que te levar junto. Você
realmente é um estorvo, Weasley.
Ela
ignorou esse comentário e bocejou antes de dizer:
-Estou
com sono, Quatro Olhos.
-Aposto
que o Testa Rachada você não chama de Quatro Olhos. Eu
uso apenas para não cansar a vista enquanto leio, já o
Potter...tão ceguinho, pra escolher a Weasley pobretona tem
que ser mesmo.
A
ruiva revirou os olhos:
-É
tão degradante estar na presença de um ser inútil
como você.
-Como
se você fosse muito útil, ruiva. –disse com
desprezo.
-Eu
não vou perder a cabeça com você, já levei
choques demais. Será que pode sair daí? Eu quero
dormir.
O
Malfoy fez um muxoxo:
-Até
parece que vou sair daqui, Weasley.
-Onde
eu vou dormir?!? –indignou-se.
-Tem
bastante espaço nessa cama, mas pessoalmente, eu prefiro que
durma no chão, já deve estar acostumada mesmo.
-Você
é tão cavalheiro, Malfoy. –disse ironicamente –Não
vou dar esse gosto. Vai ter que chegar pra lá, eu vou dormir
na cama.
-Eu
vou ficar onde estou, Weasley. Se quiser, terá que ir por
outro lado.
Ela
bufou.
"Ai
que ódio! Como ele é idiotA!" revoltou-se
mentalmente, enquanto descalçava as pantufas e engatinhava
para o outro lado da cama.
-Só
tem um edredom?
-Sim,
os elfos deixam apenas um.
-Mas
estamos no inverno!
-Ele
esquenta bastante, é enfeitiçado. –ele
explicou.
-Você
não espera que eu...
Foi
cortada por ele:
-Espero
que você morra congelada, não quero dividir o meu
edredom. Já tomei banho, não quero me contaminar,
sabe?
-Seu
traste! –ela exclamou entredentes –Eu vou contar para a Minerva
que você...
Foi
mais uma vez interrompida:
-Golpe
sujo, Weasley. –comentou, colocando o livro em cima da
mesa-de-cabeceira e em seguida guardando os óculos –Você
quer dividir o edredom comigo, é isso? - encarou-a, as
sobrancelhas levantadas.
-Não!
–negou veemente.
Ele
sorriu:
-Ótimo,
morra de frio, é o melhor que faz.
-Me
dá isso! –ela reivindicou, puxando uma ponta do
edredom.
-Não
mesmo! –respondeu, puxando outra ponta –Larga isso! Se você
rasgar, eu vou...
-Vai
o quê, Malfoy?
-Tornar
a sua vida um inferno. –disse sombriamente,
Ela
soltou:
-Mas
você não pode me deixar descoberta.
O
Malfoy bufou:
-Se
quiser, fique com uma parte.
-Eu
já disse que não vou dividir...
-Sua
garotinha estúpida, aceite de uma vez e cale a droga da sua
boca. –ele disse cm raiva e Gina ia abrir a boca pra falar, mas ele
continuou –Não vou passar a mão em você,
Weasley. Não sei se você sabe, mas pedofilia é
crime.
Contou
mentalmente até dez e respirou fundo.
"Eu
vou acabar socando esse desgraçado!" pensou com raiva, mas o
que fez foi puxar bruscamente o edredom e deitar-se, mal-humorada, de
costas para ele.
-Não
vai me dizer boa noite, Weasley? –perguntou cinicamente.
-Não,
malfoy. –disse irritada –Estou torcendo para sonhar que você
está tendo uma morte lenta e dolorosa.
-E
eu estou torcendo para não sonhar com uma creche devido a sua
influência.
Ginevra
cerrou suas mãos e dentes, controlando-se para não
externar sua raiva.
"Calma,
Gina. São apenas 10 dias e depois você nunca mais vai
sequer falar com ele. Nunca mais detenção. Será
o fim desse período odioso, daqui a 10 dias." Pensou,
tentando ser otimista.
Mal
sabia o quanto estava enganada. Aquele seria apenas o começo...