CAPÍTULO 07 – RENDER-SE

Podia-se ouvir a voz de Elise ao longe. E ela estava muito zangada. Ravenah se mexeu e as pontadas que estava sentindo nas têmporas só aumentaram. Emitiu um gemido de dor.

Esforçou-se para abrir os olhos, mas não conseguiu, suas pálpebras pareciam pesar uma tonelada. "O que estava acontecendo?" Ela pensou. Fez mais uma tentativa e conseguiu finalmente abrir os olhos. As imagens se formavam confusas, embaçadas. Mas, passados alguns instantes pôde visualizar com clareza, onde se encontrava. Com certeza não era a ala hospitalar de Hogwarts e tampouco seus aposentos. Ao perceber pontos de mofo nas paredes teve certeza de onde estava. "Mansão Black".

— Venah! Que bom que você acordou! - Elise apareceu na porta acompanhada por Sirius. - Estava ficando preocupada.

Ravenah se sentou e segurou a cabeça com as mãos devido à tamanha dor.

— Você está bem? - Elise entrou no quarto apressadamente e sentou ao lado de Ravenah.

— Não devia se preocupar tanto. - respondeu áspera. - Mas, obrigada assim mesmo.

— Ok, desculpa - Elise estava estranhando a atitude da amiga. - Você vai descer? O quer descansar mais um pouco?

— Vou descer. - disse Ravenah ficando de pé um pouco cambaleante. Sirius estendeu o braço para ajudá-la, mas foi categoricamente repelido.

Elise olhou sem entender para Sirius, que devolver o mesmo olhar confuso. Ravenah passou por eles e saiu do quarto.

— Que bicho mordeu ela? - Sirius perguntou ainda surpreso.

— Não tenho a mínima idéia, mas vou descobrir - Elise saiu do quarto e foi atrás da amiga.

Antes de entrar na cozinha Ravenah alisou as vestes tentando disfarçar os amarrotados. Alinhou os fios de cabelo que haviam se soltado do coque. Depois de ter a certeza de que estava impecável entrou na cozinha. O ar abatido de Ravenah chamou a atenção da Sra. Weasley.

— Oh minha querida, o que aconteceu com você? - O tom maternal de Molly mostrava toda a preocupação que sentia. - Você está se sentindo bem?

— Não aconteceu nada, Molly. - respondeu Ravenah. - Não. Não estou me sentindo bem. Mas, com certeza, depois de uma boa noite de sono, vou estar bem.

Molly sorriu em resposta e voltou a sentar ao lado do marido. Mas ela não retribuiu o sorriso.

Ravenah percebeu que havia uma cadeira vazia do lado de Snape e antes que alguém tivesse a mesma idéia que ela, resolveu se sentar ali mesmo. Antes que Sirius o fizesse e a reunião se tornasse um caos.

Entrou na cozinha sendo seguida por Sirius. Todos os membros já estavam lá. Viu Ravenah ao lado de Snape. A aparência abatida da amiga a deixando preocupada. Sentou-se numa cadeira vazia perto de Quin e tentou se concentrar no diretor que começara a falar.

Sua atenção toda hora era desviada para a amiga que se mantinha impassível diante da situação. Não sabia o que estava acontecendo, mas Ravenah estava agindo de modo estranho. Muito estranho.

Viu os membros começarem a se levantar e se deu conta de que a reunião havia acabado. Virou-se para o namorado que a observava atentamente.

— Você ouviu alguma coisa que o diretor falou? - ele perguntou sorrindo marotamente.

— Claro que sim! - respondeu veementemente, mesmo sabendo que era ume mentira deslavada. Levantou-se. Procurou Ravenah no meio da multidão mas não a encontrou. Saiu rapidamente da cozinha a procura da amiga.

Assim que a reunião terminou Ravenah deu um jeito de se misturar aos outros e se afastar. Não estava preparada para Elise e seus questionamentos. Se esgueirou pelo cômodo até desaparecer pela porta, ansiando que ninguém a tivesse visto sair de mansinho.

Caminhou sem rumo até que encontrou uma porta semi-aberta. Entrou e percebeu que aquela sala era a biblioteca. Admirou a vasta coleção. Curiosamente a lareira estava acesa. Como se alguém estivesse estado ali. Sentou-se na poltrona que se achava diante da lareira. Apesar do cheiro de mofo o ambiente estava convidativo. Estava tão sossegado. Mas sabia que aquele sossego não duraria muito. O barulho da porta se abrindo veio a confirmar seus pensamentos.

Andava pelos corredores da mansão a procura da amiga. Já havia procurado em todos os cômodos dos andares superiores. Fechou a porta do cômodo vazio do segundo andar. Estava exausta. Desceu as escadas rapidamente indo em direção ao único cômodo não vasculhado. Abriu a porta da biblioteca e se deparou com a amiga sentada numa poltrona de costas para a porta. Ravenah se virou e viu que Elise a havia encontrado.

— Venah! O que está acontecendo? - Elise olhava fixamente para a amiga. - Não venha me dizer que não está acontecendo nada, porque eu não sou nenhum idiota!

— Oi Elise! Tudo bem? Pois comigo não está nada bem. - disse Ravenah num tom azedo imitando a maneira de Snape falar. - Estou cansada e indisposta.

— E você acha que eu estou bem, Venah? - Elise rebateu friamente. - Não, não estou! Mas você não se importa. Mesmo assim eu me importo com você. E o que eu recebo em troca? Respostas frias e malcriadas!

— Tem razão. Não me importo. E, não quero que se importe comigo. Se está tão incomodada com o meu jeito, saia pela porta que acabou de entrar. - disse Ravenah friamente.

— Você não é a Venah que eu conheço, não é a minha amiga. - Elise gritava e as lágrimas escorriam livres pelo seu rosto. - Eu sempre me importarei! Não importa o que diga!

— Para o seu bem é melhor ficar longe de mim. - Ravenah foi dura. - A Ravenah que você conheceu morreu a muito tempo. Eu fiz muitas coisas que não me orgulho e as conseqüências de meus atos impensados estão vindo de encontro a mim e de quem estiver por perto.

— Não seja boba! Não me afaste de novo! - Elise estava desesperada. - Não importa o que você fez, ou o que vai acontecer com você! Eu não vou desistir de ser sua amiga. Nunca!

— Não estou pedindo para desistir de ser minha amiga. Quero que fique longe de mim até que esse turbilhão passe. - disse Ravenah mais amena. - Não quero que interfira na minha vida, nos meus assuntos.

Ravenah ficou de pé e se dirigiu para a porta. Não queria mais estender aquele assunto. Já falara demais.

— Deixar de participar da sua vida, e me afastar não é deixar de ser sua amiga? - Elise falou vendo a amiga deixar o aposento. - Então temos idéias diferentes sobre amizade.

— Um dia você vai entender. No momento estou sendo um monstro. Mas quando tudo for esclarecido vai me dar razão. - disse Ravenah.

— Quando esse dia que você está dizendo chegar, isso não me importará mais. - Elise enxugou as lágrimas que teimavam em cair. - Porque a nossa amizade morreu, Venah. No momento em que você me pediu para não interferir.

Ravenah já estava cansada de tudo aquilo. Se soubesse que sua volta poria Elise em tamanho perigo, jamais teria voltado. Agora estavam ali as duas em tamanha contenda. Tomara sua decisão e não voltaria atrás. Seus pressentimentos nunca a enganaram, algo de muito terrível estava para acontecer.

— NÃO! - gritou Ravenah, chamando a atenção. - Nossa amizade não MORREU... Por enquanto é melhor você ficar longe. O perigo vive em meu encalço. Lido com isso muito bem, mas sozinha. Não quero ser responsável por mais uma morte. Não a sua. Isso nunca.

— Eu sei me cuidar, Sra. Snape. - Elise respondeu friamente enquanto se aproximava da amiga. – Não que você se importe, é claro. Até mais ver.

Saiu rapidamente da biblioteca para evitar que Ravenah visse as suas lágrimas. Não sabia o que estava fazendo. Estavam entrando num jogo onde todos sairiam perdedores. Subiu as escadas sem olhar para onde ia. Se desse sorte não encontraria ninguém nos corredores a aquela hora.

Sua aparência deveria estar péssima, não era para menos. Brigar com Ravenah era a ultima coisa que ela desejava na vida. Entrou no primeiro banheiro que encontrou. Era melhor melhorar a aparência, não queria preocupar Sirius e os outros membros.

Ravenah ficou parada observando Elise desaparecer pelo corredor. Não queria que fosse daquela forma, mas não teve escolha. Agora o melhor seria voltar para Hogwarts. Entrou na cozinha onde ainda se encontravam alguns membros da Ordem. Despediu-se deles e saiu da casa sem olhar para trás.

Elise olhou-se no espelho. Seus olhos vermelhos e inchados denunciavam que ela havia chorado.Jogou um pouco de água fria, a fim de diminuir o inchaço nos olhos. Pegou a varinha e fez um simples feitiço que instantaneamente fez sumir a vermelhidão em seus olhos.

Saiu do banheiro e foi para a cozinha, onde ainda remanesciam alguns membros da Ordem.

— Elise, você está bem? - Sirius olhava preocupado para ela. - Os seus olhos estão um pouco inchados. Aconteceu alguma coisa?

— Está tudo bem, Sirius - sorriu ternamente para o namorado. - Não precisa se preocupar.

— Você vai passar o fim de semana aqui, né? - perguntou Sirius fazendo cara de cachorro molhado. - Estou com saudades.

— Sim, eu acho que eu posso ficar aqui, só preciso dar um jeitinho na Umbridge. - Sirius sorriu a puxou para um beijo carinhoso.

— Você está triste, Elise. – não era uma pergunta. – Algo aconteceu, tenho certeza. Foi alguma coisa com a Ravenah? Ela parecia transtornada quando veio se despedir. Vocês brigaram?

— Nós tivemos uma pequena discussão. Ela está querendo me afastar dela de novo e eu não vou permitir isso. – As lágrimas voltaram aos olhos de Elise. – Tudo por causa da maldita profecia!

— Profecia? - Sirius olhava para ela confuso. – Que profecia?

— Aw, eu tinha me esquecido que você não estava lá – Elise bateu com a mão na testa. – Vamos para um lugar mais reservado que eu te explico tudo. – levantou-se puxando Sirius pela mão.

Após entrarem no quarto do maroto Elise trancou a porta com uma série de feitiços protetores. Sirius olhava para ela ansioso.

— Elise... –começou ele mas foi cortado por ela.

— Um momento, Sirius! – Ela estava de olhos fechados se concentrando em executar os feitiços. Após algumas palavras em latim ela finalmente olhou para ele. – Estava colocando alguns feitiços silenciadores para evitar de sermos ouvidos.

— Ok. – Sirius concordou ansioso. – E ai, vai me contar sobre essa profecia ou não? - Elise acenou com a cabeça concordando

— Claro que vou. – Sentou na cama ao lado do namorado e se recostou nele. – Hoje no começo da tarde enquanto eu e a Venah estávamos na torre de Astronomia conversando a Sibila entrou e falou algumas palavras estranhas antes de desmaiar. – respirou fundo. – Depois do jantar nós fomos na sala do diretor e ele nos disse que o que tínhamos ouvido havia sido uma profecia.

— O que exatamente a Sibila falou? – a voz de Sirius demonstrava toda a sua curiosidade. – Foi alguma coisa envolvendo vocês, certo? Desde que vocês chegaram aqui que vocês estão diferentes.

Elise ficou em silencio por alguns segundos enquanto se lembrava das palavras da bruxa:

— " O dia em que o Mal sucumbirá e que o Bem triunfará se aproxima. Quando o 14º ano de separação se completar o destino as unirá. A amizade se fortalecerá quando tempos difíceis elas forem enfrentar. Enquanto o amor prevalecer o mal irá se enfraquecer. Antigas inimizades aflorarão e todos seguirão o coração.O dia em que as trevas sucumbirão chegará quando o 17º ano terminar." – ao acabar de falar profecia sua voz era fraca.

Sirius permanecia paralisado. As palavras ditas pela namorada e o estado fragilizado dela o deixando sem ação. Abraçou Elise e percebeu que ela tremia.

— Tudo vai ficar bem, não se preocupe. – ele falou enquanto tentava acalmar a namorada que soluçava compulsivamente. – Vocês vão se resolver. É só uma fase.

— Não. – a sua voz estava embargada pelo choro. – Ela nunca vai me perdoar. Eu falei coisas terríveis. Nós duas falamos. Ela está diferente. Alguma coisa nessa profecia a fez mudar. Eu perdi a minha melhor amiga.

Ele sabia que nada que ele dissesse iria mudar a opinião da namorada. Ela era teimosa. Tinha certeza de que era só uma fase e as duas iriam de entender de novo. Deitou-se na cama e aconchegou Elise entre seus braços, ela estava tão frágil naquele momento, nem parecia a membro da ordem da Fênix e auror destemida que era. Depois de alguns minutos os soluços cessaram e ela adormeceu.

Ravenah adentrou o quarto intempestivamente. Bastou um olhar seu e a lareira se acendeu. O fogo ardia da mesma forma que seus sentimentos. Não podia acreditar no que Elise havia dito. Não podia ser verdade. Mas, não podia esperar nada diferente depois do que havia dito para ela. O estrago já estava feito, e não podia esperar conserto para tão cedo. Tinha que entendê-la. Estava se sentindo ferida. Só reagiu a sua agressão.

Jogou-se pesadamente na poltrona diante da lareira. Agora estava ali, sozinha, sem ter com quem conversar. "Ravenah você é uma burra." Pensou.

Não se sabe quanto tempo ficou ali, observando as chamas bailarem. Decidiu que não ficaria ali se lamentando, não podia desfazer tudo o que aconteceu.

Levantou-se e tomou o rumo da porta. O castelo era imenso. Tinha muitos cômodos e ambientes. Merecia ser explorado.

Ravenah passou o fim de semana andando pelos corredores e cômodos do castelo, mas não encontrou nada que prendesse sua atenção, fora um espelho estranho que mostrava tudo o que a pessoa desejava.

Era estranho se ver espelhada vivenciando seus sonhos mais secretos. Uma vida em comum, com Severus Snape. Só podia ser brincadeira mesmo. Aquele objeto podia viciar alguém. Mas era forte o suficiente para saber que aquela vida era algo que estava fora de questão.

Ao abandonar o recinto ela ainda imaginou que tudo aquilo poderia se tornar verdade num futuro distante. Caminhou pelo que pareceu uma hora. Aquele lugar parecia não ter fim.

Ao abrir uma enorme porta, ela ouviu um pio. Pássaros. Estava no jardim de inverno de Hogwarts. Nunca poderia imaginar que uma escola tivesse um lugar tão maravilhoso. Uma fonte jorrava no meio do ambiente, uma fada com uma jarra de onde era despejada a mais pura e cristalina água. A mais vasta e variada espécie de flores, as mais lindas e coloridas, transformava o lugar num lindo conto de fadas.

Ravenah se sentou a beira da fonte e tocou a água, e foi com grande surpresa que a sentiu quente. A água era magicamente aquecida.

Imaginou o que Snape poderia estar fazendo. Murmurou algumas palavras e a imagem dele apareceu no espelho D'água. Estava em seu laboratório, mexendo um caldeirão. Provavelmente estava concentrado na preparação de alguma poção importante tamanha era sua atenção.

Ele era muito meticuloso. Fazia tudo com muito cuidado, com muita destreza. De repente ele ergueu a cabeça, como se procurasse por algo, estava alheio a tudo como se percebesse que alguém o estava observando. Depressa ela reverteu o feitiço e a imagem dele desapareceu. Com certeza ele não era um bruxo qualquer, era mais poderoso do que podia imaginar. Sentiu que estava sendo observado. Novamente Ravenah tocou a água refez o feitiço agora imaginando em como Elise estaria.

A imagem dessa vez apareceu difusa. Talvez tivesse um feitiço protegendo a mansão Black.Mas como não existe nenhum feitiço que ela não conseguiu transpor, murmurou o feitiço com mais convicção e então ela pôde visualizar Elise deitada abraçada a um travesseiro. Sirius estava com ela, muito solícito. Garota de sorte. Ele estava do lado dela a apoiando, muito preocupado. Encantador. Não deixou de sentir uma pontinha de inveja. Nunca teria ninguém que se importasse tanto assim.

Elise se virou para Sirius e murmurou algo que ela não entendeu e ele a abraçou muito carinhoso. "Obrigada Sirius!" Ravenah pensou com os olhos cheios de lágrimas. Vendo eles assim tão próximos, tão unidos, teve a certeza que foram feitos um para o outro.

Ainda observando aquela cena de carinho mútuo jurou que nada nem ninguém iria destruir a união dos dois. Nada e ninguém. Pois antes teria que passar por ela

Bateu a mão na água desfazendo a imagem de Elise e Sirius, ficou sentada por um tempo admirando as petúnias vermelhas que ela tanto adorava, em seguida deixou o lugar e voltou para seus aposentos.

Ao tocar a aldrava da porta de seu aposento, Ravenah ouviu um alto ruído vindo do laboratório de Snape, parecia vidros sendo quebrados. Parece que o Mestre de Poções estava tendo problemas com seus preparados.

Ela decidiu ver o que estava acontecendo. Dirigiu-se até a porta do aposento do sonserino. Bateu forte. Mas não obteve resposta. Bateu novamente e nada.

— Snape! - chamou. - Snape! Aconteceu alguma coisa?- insistiu ela.

Ela virou a aldrava e a porta se abriu. Achou muito estranho que ele não tenha posto nenhum feitiço para manter a porta trancada.Ela caminhou até o centro da grande sala.

— Snape! - ela chamou mais alto. - Onde raios você se meteu?

No canto esquerdo havia uma porta semi-aberta, para onde ela se dirigiu. Se bem conhecia Snape, sabia que por onde ele passava deixava uma porta escancarada

Ela entrou no cômodo que descreveria como o mais bem organizado que já vira na vida, fora alguns frascos que estavam espatifados no chão perto do caldeirão. As paredes do cômodo eram cobertas de prateleiras abarrotadas de frascos de poções dispostos em ordem alfabética.

Estava tudo muito perfeito no cômodo, fora duas coisas: os frascos quebrados e a falta de Severus.

Ravenah saiu do laboratório e procurou por Snape nos outros cômodos, mas nada dele. Decidiu que o esperaria, uma hora ele teria que voltar. Acendeu a lareira e se acomodou no sofá.

As horas foram passando e nada de Snape aparecer. Começou a se preocupar. Onde ele teria ido? Ela se questionava. E, principalmente estaria fazendo o quê?

Já estava quase amanhecendo e nada do mestre de poções. Ravenah andava de um lado para o outro, se continuasse assim, abriria um buraco no chão.

Um barulho chamou sua atenção. Ela se virou e viu um Snape cambaleante entrar no aposento. Ele estava todo coberto de fuligem, como se tivesse saído de uma lareira.

Ravenah correu até ele e o amparou para que não caísse.

— Por Merlin! Mas o que foi que te aconteceu?- indagou ela. - Onde esteve até agora?

— Me solte, mulher! - sua voz era fria e cortante. - Eu não pedi a sua ajuda e nem a de ninguém. - Ele parou para respirar fundo. - Não te interessa o que eu estava fazendo e nem com quem. Eu não te dei esse tipo de liberdade.

Ela fingiu que não ouviu o ataque de fúria dele. Após o acomodar no sofá se dirigiu até o laboratório e voltou munida de um frasco.

— Tome isso! - ela pediu entregando a ele o frasco. - Sem recusas!

— Sra Snape, eu não preciso da sua ajuda. - O tom dele era baixo e impaciente, sua respiração entrecortada indicava que ele havia fraturado algumas costelas. - Não vou tomar nada, e antes que eu me esqueça Saia já dos meus aposentos!!!

— De forma alguma vou sair daqui! - devolveu ela. - Só depois de ter a certeza de que está cem por cento.

Ele a fulminou com o olhar e rosnou:

— SAIA - JÁ - DAQUI! Antes que mesmo a coloque para fora.

— Pois tente me pôr para fora. - ela o provocou. - Só saio daqui depois de ter a certeza de que está bem. Já disse.

— Eu estou bem, não que isso lhe diga respeito - Ele respondeu tentando controlar a raiva. - Agora saia!

— Não. - ela disse calmamente. - Diga-me por que deixou a porta de seus aposentos aberta? O conheço o suficiente para saber que não é de fazer isso.

— Você não me conhece e não é da sua conta se eu deixo ou não a porta da MINHA sala aberta. - ele se levantou com um pouco de dificuldade e marchou até o quarto. - E não ouse vir atrás de mim!

— Só achei estranho quando eu toquei a porta e ela se abriu. - Ravenah apertou o frasco na mão. - Não quer mesmo a poção?

Ele a ignorou, entrou no quarto e fechou a porta com um estrondo. Ravenah olhou para a porta fechada em desolação. Que homem difícil! Ela pensou.

— Deixe de ser teimoso! - ela disse para a porta fechada. - Sabe muito bem que se eu quiser entrar, não vai ser uma porta e um mestre de poções de carranca que vão me impedir.

Ravenah esperou, mas ele não respondeu, tampouco grunhiu. Ela tocou na trava da porta e esta se abriu sem muito esforço, bastou apenas ela pensar que queria a porta certo receio ela entrou no quarto. Na penumbra ela visualizou Severus sentado na beira da cama.

Severus ouve o ruído da porta sendo aberta e vê Ravenah vindo em sua direção.

— Eu não falei para você não me seguir? - sua voz fria ecoou pelas paredes de pedra. - Eu não desejo a sua presença aqui. Saia dos meus aposentos!

Quando percebeu que ela não iria se mexer ele continuou:

— Você está sendo muito inconveniente, Sra. Snape. Eu diria mal educada. - sua voz sedosa soando perigosamente calma.

— Ainda não viu nada Sr. Snape! - Ela disse maliciosa. - Como está se sentindo?

— Você é surda ou o que? Eu já disse que é para você sair daqui - Severus bufou impaciente. - Acho que você está passando tempo demais com o Black e seu amiguinho lobisomem. Isso está prejudicando o seu cérebro. Não sabe mais a diferença de um convite e de uma expulsão.

— Não é a primeira e tampouco a última vez que alguém me expulsa de algum lugar, Severus. E, nada prejudica mais meu cérebro que um cabeça dura que não quer ser ajudado. - ela respondeu com uma nota de cansaço na voz.

— Se está achando que eu prejudico o seu cérebro então vá embora e me deixe em paz!

— Se ao menos me deixasse ajudá-lo. Estaria livre dessa dor em questão de segundos. - ela insistiu.

— E quem disse que eu estou com dor, Sra. Snape? - Severus sorria desdenhosamente.

Ela se aproximou e sentou do lado dele na ponta da cama.

— Ninguém disse. Estou vendo que não está bem. - disse calmamente. - Se quiser. Somente se quiser, posso ajudá-lo!

— Eu já disse que não quero a sua ajuda, mulher! - Severus afastou-se dela rapidamente. - Você não ouve o que eu digo?

— É impressão minha. Ou está com medo de mim?- ela provocou.

— Medo de você?? - Severus tinha se levantado e agora estava de frente para ela. - Você realmente acha que eu tenho medo de você? Eu sou um espião, vivo no meio de comensais, presencio coisas horrendas, tolero a presença do Lorde das Trevas, você realmente acha que eu teria medo de uma mulher como você?

Ravenah não esboçou nenhuma reação.

— Não acho que tenha medo de mim. Estava te provocando. - Ravenah o encarou. - O que quis dizer com não ter medo de uma mulher como eu?

— Exatamente isso que você ouviu. Você não tem nada que possa me ameaçar. - a impaciência estava presente na sua voz. - Você é apenas uma mulher sozinha, sem amigos, que está presa a um casamento de mentira e é obrigada a se esconder para proteger aqueles que chama de amigos.

— Igualzinha a você,Severus. Tirando a parte de se esconder para proteger aqueles que chama de amigos. Por que a única pessoa que tem amizade por você é Dumbledore.

— Me desculpe por não ter amigos, Sra Snape. Mas enquanto você fica brincando de se esconder com a sua amiga auror, eu fico arriscando o meu pescoço para manter todos vocês a salvo. - Severus estava irritado. - Você acha que eu tenho tempo para amizades?

— Sabe. Mesmo não querendo, sou a única família que você tem. E minha amiga auror, decidiu que me odeia. Sei que não tem tempo para nada. - ela disse sem emoção. - Sei que não gosta de mim, mas podíamos ao menos tentar nos dar bem.

— Infelizmente você é o único parente meu vivo, e não é questão de se dar bem. Existe uma coisa que se chama limites e me parece que você não conhece. - Ele virou-se para ela. O cansaço estampado no seu rosto pálido. - Eu já tenho que te aturar durante as aulas. Considere isso o suficiente.

— Gostaria que você fosse meu único parente vivo. Meus pais me dariam de mão beijada para Voldemort, é só descobrirem onde estou. - Ela disse. - Nunca pensei que fosse tão difícil assim para você me aturar. - Severus Snape tinha um dom, o dom de fazer qualquer um se sentir o resto do resto. Era assim que estava se sentindo

— Claro que é difícil te aturar, Ravenah. Você é uma intrometida irritante que não tem limites. - Ele apertou em sinal de dor de cabeça. - Quando eu pedi para você sair, você ficou e ainda por cima entrou no meu quarto. E você ainda vem me pedir para nos darmos bem? Você perdeu a noção!

— Só te propus uma trégua. Mas você entendeu meu pedido como uma condenação à forca. - ela comentou, pondo-se de pé. - Ainda não está bem. Está mais pálido que o normal.

Severus respirou fundo. Visivelmente tentando controlar a dor.

— Não seja teimosa uma vez na sua vida, saia dos meus aposentos. - Apontou para a porta. - Eu passei a noite em claro, preciso de um tempo só.

— Eu sei que passou a noite em claro. Isso é visível. Também passei a noite em claro, tentando descobrir onde você estava e se estaria bem. - Ravenah soltou um suspiro de insatisfação. - Me perdoe por me preocupar.

— Eu não pedi a sua preocupação - ele disse áspero. - Não venha me culpar por uma noite de sono perdida.

— Não estou de culpando por nada. Minha preocupação foi à toa pelo visto. - Ravenah se aproximou dele. - Admiro sua determinação.

Ao aproximar-se dele o suficiente para tocá-lo, mesmo com ele tentando recuar, ela foi mais rápida e segurou sua a mão esquerda. Não queria ser ajudado. Mas o ajudaria assim mesmo. Estava ali somente para isso. Concentrou-se e drenou todo mal que o assolava. E, com vagar a expressão de dor e a palidez excessiva dele foram desaparecendo.

Assim que teve a certeza de que ele não sentia mais nada, se afastou.

— Bom, agora tenho a certeza de que está bem, e acho que já tomei muito do seu precioso tempo. - Ravenah tomou a direção da porta do quarto, mas antes de sair se virou. - Tenha um bom domingo.

A dor que sentia estava deixando Ravenah alucinada. Cambaleou para fora dos aposentos de Snape e com certa dificuldade chegou até os seus.

Após a sua "querida esposa" finalmente o deixar em paz, Snape rumou até o armário e encheu um copo de whisky de Fogo. "Mulherzinha intrometida!" - ele pensou irritado. Sentou-se numa poltrona perto da lareira e deu Graças a Merlin por ser domingo. Com certeza não agüentaria dar aulas com ela ao lado depois de uma noite em claro. Não sem lançar-lhe algum feitiço. Riu do próprio pensamento enquanto levava novamente o copo aos lábios.

A falta de ar a castigava, e a certeza de aquilo tardaria a passar encheu Ravenah de um ódio mortal. Ódio de si mesma, por ser uma estúpida irremediável. Por ser culpada pela dor que sentia em todo o corpo. Era uma louca. Uma louca apaixonada, que jamais mediria esforços para ver Snape sempre bem. O ridículo de tudo aquilo era que ele nem notara que a dor o abandonara. Talvez já estivesse acostumado àquela rotina de maldições e torturas.

Vagou pelo quarto pensando na poção que a ajudaria. Dirigiu-se a um armário rústico que ficava bem centralizado entre as prateleiras de livros, de onde ela retirou um frasco de uma poção verde. Com certeza aquela amenizaria sua dor.

Após sorver todo o conteúdo do frasco se dirigiu para a cama. Precisava descansar. Passara a noite em claro e agora isso, dor intermitente. Dentro de minutos estaria dormindo e só acordaria no fim da tarde.

Mas, o efeito da poção a fez dormir o dia todo, como também a noite toda. Vindo somente a acordar na manhã de segunda-feira.

Acordou sentindo uma forte dor de cabeça. Olhou em volta confusa e notou que estava no quarto do namorado. Rapidamente as lembranças da briga voltaram a sua mente e ela sentiu-se tonta. Um vazio tomou conta do seu peito e seus olhos se encheram novamente de lágrimas.

Levantou-se vagarosamente da cama, com receio de que suas pernas não agüentassem o peso do seu corpo. Olhou-se no espelho. Estava deplorável. As roupas amassadas e os cabelos despenteados junto com seus olhos inchados e vermelhos davam-lhe uma aparência doentia.

Andou pelos corredores vazios e escuros, provavelmente já devia ter passado na meia noite. Entrou na cozinha e encontrou Sirius e Remus conversando.

— Boa noite. - sua voz estava rouca pelas horas de choro. - Ainda acordados?

— Boa noite. - respondeu Remus com um sorriso. - Não consegui dormir.

— Eu achei melhor te deixar descansar - Sirius levantou e andou na direção de Elise. - Está se sentindo melhor? - Ele sussurrou em seu ouvido enquanto a abraçava. Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça, incapaz de responder com palavras.

Ainda abraçada com o namorado ela andou em direção a mesa, onde Remus permanecia sentado. Olhando atentamente para o rosto dela ele perguntou:

— Aconteceu alguma coisa? - seu tom era preocupado. Elise desviou os olhos do amigo, não queria falar sobre aquele assunto.

— Não, Remus. Está tudo bem. - sua voz estava fraca e levemente embargada pelo choro.

Remus olhou confuso para Sirius, buscando uma explicação. Estava claro que alguma coisa havia acontecido. Ele nunca vira Elise tão fragilizada.

Depois de se recompor Elise voltou a olhar o amigo que a encarava preocupado. Sorriu para ele tentando faze-lo acreditar que estava tudo bem. Mesmo não estando. O aperto em seu coração aumentava a cada momento, e todas as vezes que ela lembrava da amiga e de suas palavras as lágrimas voltavam aos seus olhos.

— Bem... Acho melhor a gente ir dormir. - Sirius começou tentando acabar com a conversa, já que Elise parecia estar a beira das lágrimas novamente. - O dia foi cheio hoje e amanhã a gente tem um monte de coisas para fazer.

— É, acho que é o melhor a se fazer. - Elise se levantou, deu um abraço em Lupin e saiu da cozinha sem dizer mais nenhuma palavra.

— Aconteceu algo sério com ela, não é Sirius? - Lupin inquiriu o amigo. - Eu sinto isso. Mesmo que vocês dois neguem.

— Não é nada. Não se preocupe. - O tom de Sirius não confirmava as suas palavras. - Boa noite.

O fim de semana passou sem maiores acontecimentos. Elise aproveitou a calmaria do Largo Grimmauld ao lado do namorado e do amigo, tentando ao máximo não pensar no acontecido e foram poucos os momentos de tristeza.

Não sabia como seria sua estadia em Hogwarts dali para frente, e foi cheia de duvidas e tristeza que ela aparatou de volta para o castelo no domingo a noite.

Sua aparência não era das melhores. Apesar de tentar esconder sua tristeza, as olheiras sob seus olhos eram visíveis em sua pele mais pálida que o normal. O ar melancólico era amenizado apenas por um sorriso presente em seu rosto, ainda que o mesmo não chegasse aos seus olhos.

Atravessou os portões de ferro e percorreu o caminho até os seus aposentos furtivamente. Não queria encontrar o zelador e muito menos a Sapa Velha.

Forçou-se a dormir. O dia seguinte prometia. Não seria fácil reencontrar a amiga. Mas teria que ser forte. Foi perdida em pensamentos que adormeceu.

Até mesmo abrir os olhos, foi uma tarefa árdua para Ravenah. Sentia-se pesada feito uma pedra. Uma pedra cheia de dor. Merlin!!! Acho que vou morrer de tanta dor. Ela murmurou.

Devagar escorregou para fora da cama. Talvez se sentisse melhor depois de um bom banho.

Após o banho se permitiu recostar numa poltrona diante da lareira, cogitando se teria condições de participar das aulas de Snape.

Agora entendia bem o que Snape tanto vivia lhe jogando na cara que era ele quem corria todos os riscos. Nunca poderia imaginar que ele se infligia todo aquele sofrimento. Por Merlin! Que loucura!

Não estava em condições para nada. Mas teria que se esforçar. Não podia deixar falhas. Tinha que ser forte. Talvez mais tarde, fizesse uma visita à ala hospitalar.

Estava difícil até de caminhar. Mas devagar conseguiu chegar ao grande salão.

Estava apreensiva. Não queria que ninguém notasse sua fraqueza.

Quando atravessava o salão um aluno primeiranista da corvinal se chocou contra ela. Ela não conseguiu suprimir o gemido de dor. Ravenah se reclinou sobre a mesa dos grifinórios e se sentou no lugar vago entre Rony Weasley e Neville Longbotton.

Ficou alguns minutos com os olhos fechados tentando controlar a dor.

Ravenah se levantou e como se nada tivesse acontecido caminhou até a mesa dos professores. Sentou-se como de costume entre Minerva e Snape. Mal tocou no alimento. Torcia para que o dia passasse rápido.

Elise abriu os olhos ao sentir a claridade em suas pálpebras. Sentou-se na cama e respirou fundo. Tinha que se levantar. Trocou de roupa e foi até o espelho para pentear os cabelos negros. Constatou o que estava péssima e com algumas palavras fez com que as olheiras e a vermelhidão em volta dos olhos sumissem.

Andou em direção a porta. Sentia-se sozinha, desprotegida. Não sabia como a amiga iria reagir a sua presença. E ainda tinha a maldita Umbridge para atormentar a sua péssima manhã. Olhou no relógio, não podia adiar mais, estava quase atrasada. Colocou um sorriso no rosto e caminhou relutantemente até o Grande Salão.

Entrou e foi em direção a mesa dos professores, ignorando alguns cumprimentos que lhe eram dirigidos. Sentou-se silenciosamente, evitando ao máximo olhar a bruxa ao seu lado.

- Bom dia, Srta. Beauregarth, como foi o fim de semana? - Umbridge se fez presente. - Recebi uma carta do ministro pedindo permissão para a Srta. ir ajudar nos assuntos do ministério.

- Bom dia, Professora Umbridge. - respondeu calmamente - Meu fim de semana foi ótimo. Fui convocada pelo ministério porque tivemos uma suspeita da localização do Black.

- OH, é mesmo? - Umbridge estava eufórica. - E ai, conseguiram pega-lo?

- Infelizmente não. - falou ela com uma tristeza calculada. - Mais uma vez o Black fugiu como fumaça.

- Ah, que pena. - Umbridge estava realmente desapontada. - Queria ver aquele infeliz do Black atrás das grades.

Elise controlou-se para não dar uma resposta malcriada. A raiva que sentia por ter brigado com a amiga sendo transferida para a bruxa ao seu lado. Respirou fundo. Ao abrir os olhos viu Ravenah entrando no Salão.

A amiga parecia abatida, frágil. Elise não pode evitar em se sentir preocupada. Viu a expressão de dor que tomou conta do rosto da outra quando se chocou com um aluno. Estava quase se levantando quando Ravenah continuou a andar para a mesa dos professores como se nada tivesse acontecido. Respirou aliviada, quase estragara o seu disfarce.

Elise estava perdida em pensamentos enquanto fingia tomar sua xícara de chá e mal percebeu quando Umbridge se levantou e andou para fora do Salão. Quase correndo deixou a xícara na mesa e andou tentando alcançar a bruxa que já atravessava as mesas das casas.

Após alcançar a mulher, ela ajeitou os cabelos negros que haviam se despenteado e rumou junto com a outra até a sala de DCAT.

- Sr. Weasley, o que o Sr. está fazendo? - Elise ouviu a voz falsa de Umbridge e imediatamente olhou para o lugar onde a professora estava.

- Nada demais, Professora Umbridge. Estava apenas me preparando para entrar na sala de aula. - O menino ruivo suava e parecia aterrorizado. Elise sentiu pena do Weasley mais novo.

- Nada demais? Menos 5 pontos para o Sr. Se continuar não usando o uniforme corretamente, terei que lhe tirar mais pontos. - A professora sorriu falsamente e olhou para alguns alunos que passavam pelo corredor ainda deserto.

O Weasley mais novo olhou para o se uniforme confuso. Estava tudo no lugar correto, nada que merecesse uma repreensão. Apertou um pouco mais o nó da gravata e voltou a encarar a professora.

- Isso! Não custa nada se vestir corretamente, custa? - Umbridge falou meigamente para Rony.

Ravenah caminhava em direção as masmorras para se juntar a snape nas aulas de poções quando viu um certo Weasley sem saber o que fazer com a gravata de tanto que a apertava e Umbridge retirando mais cinco pontos da Grifinória.

- Como assim menos cinco pontos? Até onde sei o Sr. Weasley e os demais alunos estão aqui para aprender sobre magia e não sobre moda. Embora eu acredite que eles não estejam aprendendo nada nas aulas de DCAT. - disse Ravenah erguendo o tom de voz e chamando a atenção de quem por ali passava.

Umbridge virou-se possessa em direção a Ravenah, enquanto Elise tentava a todo custo não sorrir.

- O que a Srta. disse? - Umbridge perdera o seu tom falsamente meigo, Sua voz era pura raiva. - Você está reclamando dos meus métodos de ensino? Quem você pensa que é?

Sua varinha já estava fora das vestes, pronta para um ataque.

Ravenah ergueu o canto esquerdo dos lábios num arremedo de sorriso.

- Que métodos de ensino? - perguntou Ravenah. - Até onde fui informada eles estão desaprendendo o que aprenderam até agora. Digamos que se uma guerra eclodisse estaríamos em sérios apuros. Não sei onde o ministro estava com a cabeça para colocá-la em uma posição de suma importância. Ele deveria ter pensado bem. Já que a Senhora é um tanto inadequada para o cargo.

- Srta. McCormarck, saiba que não há uma guerra prestes a eclodir. E você não é ninguém para julgar os métodos de seleção do Ministro. Não ouse falar do que não sabe.

- Sra. Umbridge! – se alterou Ravenah. – Não fale a Senhora O que não sabe. Sei julgar perfeitamente um mal aproveitamento. No caso a Senhora Não serve para educar nem um rato de laboratório, quanto mais esses alunos sedentos de saber, pois a DCAT é apaixonante. E, quanto aos métodos de seleção do ministro, todos que tem juízo acham bem questionável a escolha dele. Existe um termo trouxa que diz o seguinte: "A batata do ministro está assando."

- Srta., você passou dos limites! - Umbridge lançou um feitiço na direção de Ravenah que se defendeu com facilidade.

Ravenah se esquivou do ataque da bruxa e se defendeu com tamanha destreza e fechou os olhos por uma questão de segundos um vento surgiu e lançou Umbridge ao chão e ela foi arrastada até o fim do corredor.

Elise que se mantinha imparcial até o momento resolveu interferir. Com uma velocidade impressionante pôs se na frente da amiga e lançou uma série de feitiços.

Com surpresa Ravenah viu Elise se pôr diante dela e lhe atacar com diversos feitiços dos quais ela somente se desviou, mas o último a atingiu fazendo com que ela se chocasse contra a parede. A dor que vinha sentindo só aumentou e com ela toda a sua raiva. Não queria machucar a amiga, mas tinha que manter seus planos firmes até o fim. Assim que se recuperou do choque lançou um feitiço que repeliu Elise fazendo com que ela fosse lançada contra a parede como ela mesma havia feito com ela.

- É melhor ficar de fora Srta. Beauregarth, esse assunto não estende a você. Portanto não interfira. – Ravenah mantinha o olhar duro, não queria ter chegado até aquele ponto, mas não teve alternativa. – Agora... quanto a você Sra. Umbridge, pensa que é poderosa por ser protegida pelo ministro, mas saiba que tudo isso terá um fim. A aconselho a tomar muito cuidado de agora em diante, pois nunca falhei em minhas determinações e pretendo não falhar. E, quanto a você srta. Beauregarth quero que saiba que existe um ditado caipira que diz que galinha que acompanha pato morre afogada. Agora se me derem licença pretendo me recolher e espero não ouvir mais queixas referentes às aulas de DCAT.

Ravenah deu meia volta e sumiu na penumbra do corredor.