N/A: este é o último capítulo e o humor se suaviza para dar mais espaço ao romance. Espero que curtam bastante.
Parte 3
As coisas não estavam indo como planejou. E isso lhe deixava cada vez mais frustrado. Olhava pela janela, aguardando seu retorno, sabia que cedo ou tarde ele estaria em casa, afinal, aquela era a casa dele também.
Angustiado com o que fazia, deixou a janela e passou a andar pelo quarto, mordendo o polegar.
Era lamentável – Draco Malfoy roendo as unhas!
E tudo por causa de quem? De quem? Sim... Por culpa daquele velho.
Achava que ficaria com trauma de velhotes de cabelo e barba branca, independente se usasse ou não óculos.
Lembrou-se do que leu naquele livro de relacionamentos básicos na aristocracia e teve ganas de gritar revoltado.
Potter poderia estar nesse exato momento com um amante, homem ou mulher, não importava, o fato era que ele poderia estar lhe traindo!
E pela primeira vez percebeu como seu meio social era preconceituoso. Enquanto não era o passivo e se iludia que teria uma vida como a de seu pai – patriarca, poderoso, independente, dono do que quer – até achava bem justo essa tradição vinda de não sei quantos séculos, mas agora que estava do outro lado, já não era a mesma coisa.
Só em pensar trair seu marido, lhe causava um mal-estar tão grande e aquele terrível sentimento de culpa, de imundice que descartava essa possibilidade de vingança, afinal, tinha certeza que Potter estaria com alguém. E tudo graças ao feitiço do enlace e do maldito clone de Dumbledore!
Sentou-se na cama se sentindo ainda pior ao pensar em Harry beijando e acariciando outra pessoa, alguém que ele gostava... Sentiu uma pontada de dor no coração que lhe fez encher os olhos de lágrimas ao mesmo tempo em que se enfurecia por estar sentindo isso.
Nesse momento o sentiu aparatar na sala e se ergueu quase alegre (na verdade estava alegre, mas soube dissimular bem).
Outro fator do feitiço matrimonial, essa capacidade de se sentirem, como uma mostra viva de que o enlace deu certo e compartilhavam uma família.
Aos poucos e lentamente, a magia tanto Malfoy como Potter impregnavam a mansão, deixando seus vestígios peculiares e se misturando entre si. Essa magia, além de acolher seus moradores, servia de proteção. Aquela simples casa passava a ser o útero dessa nova família e estava pronta para receber os novos membros. Coisa que nem Malfoy nem Potter sabiam.
Com um pouco de receio Draco saiu do quarto e se dirigiu à escada, espiando o moreno que falava com alguém pela lareira.
- Está tudo resolvido – Harry dizia alegremente. – Faço questão que seja aqui na minha casa.
- Mas não terá problemas com Malfoy? – Perguntara Hermione, um tanto duvidosa.
- A casa também é minha e eu tenho o direito de fazer o que quero nela – falou um pouco rude, mas se sentia irritado quando o assunto desviava para certo loiro.
- Olha Harry, eu sei que a casa também é sua, mas vai ser Natal e não quero que seja um dia carregado de discórdia...
- Eu quero que todos se reúnam aqui, pois chamarei nossos amigos de Hogwards, se for na Toca, a senhora Molly vai ficar maluca, pois já não bastam os filhos, quem dirá comportar em sua casa tantos outros encrenqueiros da Grifinória – e sorriu, um sorriso realmente verdadeiro.
- Certo então, está combinado – a garota devolveu o sorriso e com um beijo, desapareceu.
Draco voltou ao quarto pensativo. Semana que vem seria o Natal e Potter queria fazer um jantar para comemorar com seus amigos. Estreitou os olhos ao se lembrar que entre esses amigos poderia estar o amante no meio.
Uma batida na porta chamou sua atenção. – Entre.
Quando a porta se abriu, não conseguiu evitar que seu coração desse um salto ao ver Harry.
- Malfoy, podemos conversar?
- O que quer conversar? – soou friamente.
Harry manteve-se olhando ao loiro durante alguns segundos, vendo seu traje de dormir. Era um yukatá como da vez que dormiram na hospedaria, mas esse era prata com uma fênix bordada em dourado ao invés do preto com dragão. Percebendo que estava contemplando a Malfoy, logo se pôs tenso e um pouco grosseiro ao falar com ele.
- Convidei meus amigos para cearem no Natal. Só queria avisar – esperou contradição por parte do loiro, já com algumas respostas na ponta da língua, mas o que ouviu foi bem diferente do que esperava.
- Por mim... – Draco deu de ombros, como se desse pouco caso ao que o moreno fazia ou deixava de fazer. – Também chamarei alguns amigos. Espero que não haja problema com os seus.
- Creio que não, só se os seus amigos começarem alguma discussão com os meus amigos – estreitou os olhos e se retirou, batendo um pouco a porta.
Harry foi diretamente a seu quarto depois que conversou com Malfoy.
Estava fulo por ter sido ignorado e tratado tão friamente. Então era assim? Ele ficaria frio o tempo que passassem juntos? Sim, porque já não tinha certeza que conseguiriam se separar.
Havia uma vez tentado a separação à força. Saiu de casa sem dizer uma sílaba para o sonserino e estava decidido a viver sua verdadeira vida, longe dele e de qualquer encrenca que fosse, mas por culpa do feitiço de enlace, começou a ter uma crise de consciência e aquela sensação de não se encaixar em lugar algum. Era o patriarca e como todos os chefes de família, não podia abandonar a sua. E a primeira coisa que fez depois de voltar uma hora após ter saído, foi perguntar a Draco se ele estava bem.
Nessa hora descobriu o quanto estava ferrado.
Como uma lembrança puxa outra, lembrou-se da festa de casamento e em como o loiro dançava... Essas lembranças lhe trouxeram um sorriso no rosto que logo fez desaparecer.
Essa convivência forçada estava afetando seu cérebro e sua personalidade.
Quando o Natal chegou, tudo estava muito mais tenso do que esperavam. Aos poucos, a campainha ia sendo tocada e as pessoas chegando.
Ron nem acreditava que estava sentado no sofá da casa de Harry e Malfoy. Olhava a tudo com certa curiosidade, notando em alguns objetos o gosto de Harry, mas em compensação, haviam outros totalmente ao gosto do sonserino.
Sobre a lareira podia se ver uma miniatura da Firebolt ao lado de um mini jogo de snitch. Esses objetos certamente eram de Harry, apesar de que Malfoy também apreciava o jogo, então poderia ser de Malfoy, não se dava para ter certeza. Havia também um porta-retrato com a foto dos pais de Harry o carregando ainda bebê e isso o impressionou. Aquela foto era tão importante para Harry que não sabia como ele teve a coragem de deixar ali, para que Malfoy pudesse se livrar dela a qualquer hora que quisesse. E como para responder as suas perguntas, notou que do lado oposto havia outro porta-retrato com os pais de Malfoy o carregado ainda bebê.
Se aproximou da lareira para observar mais de perto.
No centro a miniatura da escova e o mini jogo, ao lado da vassourinha estava a foto de Harry e ao lado da snitch a foto de Malfoy. Seria que... Esses objetos pertenciam a ambos então compartilharam a lareira daquela forma tão harmoniosa?
Ficou horrorizado só de pensar um absurdo desses. Nunca Harry faria isso junto com aquele furão grotesco!
- Algum problema Ron? – Hermione chegou a seu lado e lhe abraçou pela cintura, também apreciando os objetos.
- Parece até que eles fizeram uma combinação – disse meio rindo, como se fosse um pensamento bem tolo.
Hermione analisou a foto de Harry. Seus pais sorriam e seguravam sua mãozinha ajudando que desse tchau. Um bebê nitidamente carinhoso com grandes olhos verdes. Depois olhou à foto de Malfoy. Os pais dele estavam sérios, como se realmente posavam para uma pintura. Narcissa carregava um bebê tão pálido de cabelo num louro quase branco e de espertos olhos azuis prateados. A diferença entre ambos era gritante.
- Um complementa o outro... – ela sussurrou para si mesma, dando um sorriso. Tudo no que um sobrava, no outro faltava.
Ron, que ouviu, ficou ainda mais enojado – Harry não faria mal a uma mosca, já Malfoy...
Um chamado anunciou que a ceia estava servida. Harry havia contratado dois empregados e um elfo doméstico para cuidar da casa, coisa que Malfoy não reclamou, tendo quem fizesse os trabalhos e deixasse tudo em ordem.
Sentaram à mesa as famílias Weasley, Granger, Parkinson, Crabbe e Goyle. E os que vieram sem a família Seamus Finnigan, Neville Longbotton e Blaise Zabinni.
No começo, tudo parecia tranqüilo, mas como sempre, algo sempre teria que dar errado ou não seria a vida de Harry Potter.
E o que Harry jamais se esqueceria desde aquela noite até o resto da vida era que: um Malfoy apaixonado será sempre um Malfoy psicopata...
Enquanto todos conversavam animadamente e por motivos de milagre, sem nenhuma briga ou provocações por nenhum lado, Draco batucava com seus botões.
Seus olhos passavam detenidamente de rosto em rosto, tentando descobrir algo. Nem sabia exatamente o que estava tentando descobrir, mas buscava algo com afinco.
E finalmente achou, no rosto de Ginny e Seamus.
Ergueu uma sobrancelha enquanto levava um pedacinho de assado à boca, mastigando calmamente e saboreando o tempero.
Ginny mantinha-se um pouco emburrada, mas seus olhos não desgrudavam de Harry. De vez em quando ela se permitia sorrir ao ouvir alguma brincadeira do moreno, mas logo fechava a cara e mantinha o olhar de fome pra cima dele.
Já Finnigan interceptava miradas ao amigo, discretas, mas cheia de algo a mais. Sempre que tinha oportunidade conversava com o grifinório, atraindo assim sua atenção.
Isso fez Draco estreitar os olhos e morder mais um pedaço de assado.
Como anfitriões, ele ocupava uma das pontas da mesa e Potter a outra. Seus amigos sentavam-se ao seu lado enquanto os de Harry do outro lado, próximo ao grifinório.
Sua obsessão em matar a Harry havia sumido e agora, queria muito pelo contrário. Mas precisava concentrar sua raiva e obsessão em outro ponto, pois senão, não seria um legítimo Malfoy desconfiado e arrogante. Assim, sua paranóia certamente havia se dirigido a outro alvo. Qual?
Matar a todos que Harry Potter esteja "ficando", entre essas pessoas, Ginny Weasley e Seamus Finnigan, fora claro que desconfiava do ruivo caçador de dragões, pois ele vivia rindo e tagarelando com o moreno, mas como ainda não tinha certeza, ficaria na espreita e prestando bastante atenção.
Passava o dedo indicador ao redor da borda de sua taça de cristal que continha vinho tinto, ainda planejando como daria um fim naqueles indivíduos. A garota seria a primeira, pois era mais fácil já Finnigan teria que esperar um pouquinho até chegar sua hora.
- Está tão calado senhor Malfoy. O que pensa em seguir carreira agora que se formou em Hogwarts? – perguntou de repente o senhor Arthur atraindo assim a atenção de toda mesa.
Draco continuou rodeando com a ponta do dedo a borda de sua taça e ergueu os olhos de modo sensual para encarar o outro extremo da mesa, mais propriamente aos orbes esverdeados que agora o fitavam. Depois desviou a mirada para o homem que havia puxado conversa.
- Pretendia cursar algo mais exótico, sem ser auror, medimagia ou essas coisas do gênero. Gosto de arte e história, algo mais voltado à geografia mundial, cultura, passado e arquitetura – sorriu afetado, após responder a pergunta.
- Isso é bem interessante – o senhor Weasley aprovou ainda mais entusiasmado.
- É uma pena que agora que estou atado – deu uma olhada nada satisfeita ao moreno, para depois voltar a olhar ao pai de Ron – Isso se torna um sonho meio que distante...
- Não vejo o por quê. – Harry se meteu, um pouco incomodado com a conversa.
- Meu marido é tão pateticamente sem noção... – Draco espetou, num tom sem humor, e logo se levantou – Bem, que tal seguirmos para a sala? É mais cômodo para se manter uma conversa e bem aquecido. Pedirei para que lhes sirvam bebidas e petiscos.
Não esperou por resposta e nem olhou a mais ninguém, apenas se retirou com o intuito de fazer aquilo que dissera. Encostou atrás da porta da cozinha e ordenou aos empregados.
- Levem o que pedi para a sala e sirvam-nos bem.
Assim que ficou sozinho, foi até os armários e buscou algo nas prateleiras. Foi achar na parte superior do armário, dois potes de vidro, um cheio de sapos de chocolates já desembalados e no outro cheio de caranguejos de caramelos.
Sorriu cinicamente vendo as guloseimas se agitarem contra o vidro, loucas para aprontarem das suas. Com cuidado pegou sua varinha que a trazia escondida dentro de sua capa de frio e enfeitiçou os sapos de chocolates dizendo o nome de Ginny Weasley e os caranguejos de caramelos o nome de Seamus Finnigan. Uma vez feito isso, voltou a sorrir ainda mais.
- Malfoy! – ouviu a voz de Zabini que se aproximava da cozinha, assim, escondeu os potes dentro da pia e se recostou nela para prestar atenção ao amigo.
- Sim?
- Por que não toca alguma música para que possamos apreciar? – na sala havia, além dos móveis comuns, um piano de cauda que pertencia ao loiro desde que este fizera dez anos de idade.
Malfoy ficou um pouco duvidoso, lançando um discreto olhar aos potes com suas criaturinhas ansiosas para serem soltas. Se negasse, seria muito suspeito de sua parte.
- Claro – forçou um sorriso.
Quando foi seguir para fora da cozinha junto de Blaise, se encontraram com Potter no corredor. O moreno olhou a cada um deles com os olhos um pouco estreitados e um semblante nada satisfeito por vê-los por ali.
- O que estavam fazendo na cozinha? – Harry perguntou naturalmente, como se por pura curiosidade.
- Conversando – Draco tratou de responder, segurando Zabini pelo braço e o guiando de volta à sala, onde todos conversavam animadamente.
Harry manteve-se parado olhando os dois sonserinos tomarem seus caminhos. Seu olhar desceu para a mão de Malfoy, segurada ao braço do outro e isso o fez estreitar ainda mais os olhos.
Na sala, Blaise se sentou num dos sofás, ao lado de Pansy e os senhores Weasley enquanto Malfoy foi direto para o piano. Todos que conversavam pararam para ouvirem pela primeira vez ao loiro tocar aquele instrumento, pelo que parecia, genuinamente muggle.
Hermione se emocionou ao saber que Malfoy sabia piano. Sempre gostava de música clássica e ouvi-la de camarote era ainda mais emocionante.
Quando as primeiras notas soaram através de dedos habilidosos, foi que Harry apareceu na sala com algumas garrafas de vinho e champagne e dois potes de guloseimas que achou tombado dentro da pia. Sentou-se perto de onde o loiro fazia seu recital e o acompanhou com os olhos bem impressionados, brilhando levemente ao vê-lo deslizar as mãos pelas teclas e serrar levemente as pálpebras.
- Os dois são parecidos... – comentou Neville, ao lado de Ron e Hermione.
- Parecidos em quê? – o ruivo ficou chocado, até mesmo Hermione, que no começo da noite havia julgado-os completamente diferentes.
– São filhos únicos e estão sem os pais numa noite tão especial como esta... Só tem um ao outro e isso torna tudo muito mais romântico e especial. Não concordam? – Neville veio a esclarecer.
Hermione riu, plenamente de acordo, já Ron ficou com uma cara nada agradável e Harry, que estava perto e também ouvia a conversa, fez uma cara pior ainda.
Romântico? Nunca Harry Potter e Draco Malfoy viveriam um romance!
Para afastar esses pensamentos, pôs-se a abrir as garrafas e encher as taças de todos. Os potes, havia disposto sobre uma mesinha de cantoneira, bem ao lado do piano.
Draco arregalou os olhos ao ver suas criaturinhas ansiosas, se debatendo contra o vidro. Não era para que ninguém se inteirasse desses doces, mas por culpa de Blaise tivera de se descuidar.
Estava bem no meio de uma Sinfonia nº40 de Mozart quando, aproveitando descaradamente, Ginny se levantou de sua poltrona e colheu o braço de Harry, lançando uma olhada burlesca para Malfoy.
- Aqui está abafado, que tal darmos uma volta no jardim?
Isso porque estavam em pleno inverno e alguns flocos de neve teimavam em cair do lado de fora. Draco pensou, estreitando os olhos.
Esperou que ambos os pombinhos saíssem para o jardim, notando perfeitamente o sorriso no rosto do moreno (e que lhe dava mais ânsia em matar aquela ruiva ridícula) fingindo manter-se concentrado na música. E quando menos esperavam, deu uma bicuda na mesinha que continha os potes, fazendo com que caíssem e se espatifassem ao chão.
De imediato as guloseimas enfeitiçadas correram para seus alvos. Viu enchendo-se de alegria mal disfarçada, os sapinhos saltitarem para o jardim e em bando, atacarem a garota que assustada, começou a se debater e rodopiar pelo gramado, gritando histérica quando os chocolates começaram a invadir sua roupa, pelo decote do vestido e por baixo da saia.
Ginny gritava cada vez mais desesperada e Harry até que tentou ajuda-la, mas eram muitos e como foi pego de surpresa, ignorou o fato de usar magia.
Outro grito foi captado, mas este vindo da sala. Olhou a Finnigan que estava sendo atacado pelos caramelos que lhe beliscavam inteiro, deixando marcas vermelhas por toda parte de seu corpo. O rapaz se debatia pelo chão, derrubando tudo que estava por perto.
Não agüentou e começou a rir, totalmente esquecido do piano.
- Ajudem-no! – gritou a senhora Molly.
O marido, disposto a ajudar, empunhou a varinha e gritou – Expeliarmus!
Apenas um, dentre os cem caramelos assassinos foi atingido e lançado longe, rodopiando ao piso, mas logo retornando ao alvo. O senhor Arthur ficou impressionado com a miséria de magia que havia lançado e isso fez Malfoy gargalhar inda mais.
Os restantes da sala, exceto os sonserinos que riam dissimuladamente e não erguiam um dedo para ajudar, empunharam as varinhas e passaram a experimentar um monte de feitiços que não lastimaria a Finnigan, não resultando em nada, visto que os doces não desmaiavam, pois não eram propriamente vivos.
Draco voltou sua atenção ao que se passava no jardim, sem conter a risada, se debruçou sobre as teclas e apreciou a Harry tentando o mesmo que os demais – a magia. Eram tão tolos!
Sentia seu interior transbordar de prazer ao ver a ruiva tão sem-classe e ridicularizada na frente de seu amado Potty. Adorava se vingar, ainda mais depois que ela teve a ousadia de lançar-lhe aquele olhar burlesco e sair de braço dado com SEU marido. O mesmo valia para o irlandês, que tinha a cara-de-pau de estar debaixo de seu teto, e dar em cima de SEU Harry, como se nada.
E o que mais esperava, desde que a ceia havia começado, aconteceu.
Todos passaram a discutir entre si. A família Weasley e Granger acusando as famílias Parkinson, Crabbe e Goyle de não fazerem nada a respeito do pobre rapaz que ainda seguia sendo atacado por caramelos e estes, por sua vez, xingando-os de incompetentes e inúteis.
Harry lançou um olhar ao loiro, percebendo de quem foi essa idéia macabra e quem tramaria por estragar uma noite tão especial. Estreitou os olhos e firmando a varinha nos dedos, gritou bem alto.
- Accio Incantatem!
De pronto os encantamentos das guloseimas se direcionaram a um novo alvo deixando por fim dois grifinórios pra lá de cansados e humilhados.
Draco se ergueu de pronto, correndo para o jardim. Não sorria mais, pelo contrário, estava um tanto irritado pela ousadia daquele moreno e um pouco (bem pouco) preocupado com ele.
- Finnite Incantatem! – e o conjuro lhe escapou pelos lábios, ao mesmo instante, todos os docinhos que assediavam a Harry caíram imóveis ao chão.
- Foi você – Harry apontou, estreitando ainda mais os olhos de modo bem nervoso.
- Do que está falando? – Draco se fez de desentendido, caminhado para a piscina e parando na borda como se a apreciasse.
- Não se faça de tonto! – rugiu, ainda mais nervoso.
- Eles bem mereceram – Malfoy sorriu sarcástico, mas não teve muito tempo de erguer o queixo de modo prepotente quando foi empurrado para dentro da piscina por uma irada e descabelada Ginny.
Mesmo sendo inverno, a água da piscina era enfeitiçada para não congelar, mas isso não impedia que a temperatura dela fosse bem fria. Se debateu até conseguir submergir e de respiração arfante intercalada por tosses, se agarrou à borda, o cabelo grudando pelo rosto e os lábios de um vermelho sangue bem chamativo.
- Você me paga Malfoy! – a garota vociferou, pronta para afundar a cabeça do loiro de volta à água, quando teve o braço segurado por Potter que a arrastou dali à força.
- Nem pense – Harry sibilou tão sombrio, que chegou a dar um calafrio pelo corpo da ruiva e de todos que estavam na sala rindo da situação do loiro, achando que mereceu pelo que aprontou. Aproveitou e deu uma olhada em todos – Melhor irem agora. – era mais ordem do que pedido.
Todos foram embora mais rápidos que uma mosca, enquanto os empregados mantinham-se inatingíveis, apenas aguardando ordens e sem mexerem um músculo. Harry bufou, ao ver o quanto eles eram imprestáveis ao se tratar de manter a ordem ou socorrer as pessoas. Chegou a crer que se caso ele ou Malfoy estivessem morrendo, esses três imbecis ficariam apenas olhando.
Existiam mais Crabbe e Goyles espalhados pelo mundo do que imaginava...
Voltou à piscina, pensando que encontraria Malfoy reclamando todo molhado, mas o viu ainda dentro da água fria tremendo inteiro.
- Seu louco! – Harry correu para tira-lo dali – Pegará uma pneumonia se ficar mais um segundo aí dentro!
Draco o olhou enfadado – Se eu conseguisse sair daqui, acha que ainda estaria congelando nessa água? – seus dentes batiam-se um no outro, de tanto frio.
Estendeu um braço, pedindo ajuda e quando o moreno se prontificou a agarrar sua gelada e trêmula mão, o segurou firme, nem tão gelado assim, puxando com força e o derrubando de cabeça dentro da piscina.
Harry se assustou, se debatendo estupidamente na água, já com o estômago encolhido e os membros duros, não conseguiu evitar engolir um pouco de água, assim, quando saiu a cabeça pra fora, passou a tossir descontrolado.
A água não estava fria, muito pelo contrário, estava quente. Logo ouviu as risadas de Malfoy, que ria da sua cara de confusão. Encarou o loiro com mais raiva ainda, apertando os punhos.
- Há há... Muito engraçado Malfoy! – resmungou, para mais divertimento do sonserino. – Você me fez ser rude com todo mundo e os mandarem embora só pra me pregar essa peça.
- Só pra esclarecer esse seu cérebro de bombomzinho – o loiro provocou, ainda rindo e causando certo desconforto em Potter. – Quando aquela mocréia da sua amiguinha colorida me empurrou, a água estava um gelo, mas como eu sou um mago e não me esqueço disso como outros aqui – dessa vez dignou seu mais puro sorriso arrogante e esnobe – Eu esquentei a água magicamente.
Harry estava a ponto de retrucar devidamente, quando a ficha caiu. Malfoy referiu a Ginny como sua amiga colorida? Soava o mesmo que dizer – Malfoy está com ciúmes! Seu rosto de irritado passou a ser de sarcasmo.
- Está com ciúmes da Ginny? – perguntou num sussurro, tendo o prazer de ver os olhos prateados se abrirem mais que o permitido para um Malfoy e um rosado colorir as bochechas pálidas.
- Claro que não! Só em seus sonhos Potter! – retrucou de mal-humor.
- Não parece... – pensou em Seamus que também sofreu com essa brincadeira de mal-gosto do sonserino. – Do Finnigan também? Qual deles você tem mais ciúmes?
- Já disse que... – Malfoy parou de retrucar. Estreitou os olhos e com raiva, deu as costas ao moreno, indo direto para a escada a fim de sair dali e da presença embaraçosa de Potter. Não suportava vê-lo sorrindo presunçoso daquele jeito, lhe dava náuseas.
Mas Harry não ia deixa-lo escapar bem quando tinha a oportunidade de faze-lo pagar todas as situações embaraçosas que passou. Agarrou ao braço do loiro e o puxou de volta à água.
Draco o empurrou, o que revidou. Com mais raiva, o loiro lhe deu uma rasteira o fazendo afundar de repente quase não conseguindo reter a respiração. Não deixou barato e o puxou pela perna o fazendo o mesmo. Assim, passaram a se estapearem debaixo da água, tentando segurar o outro afundado enquanto tentava subir, o que resultou numa luta mais acirrada.
De tanto empurrões e puxões, acabaram com as roupas rotas, faltando alguns botões e rasgadas nas costuras. Fora suas respirações agitadas por ficarem sem ar por longo tempo debaixo da água.
Draco encostou na parede da piscina, tentando recuperar o ar. Via como a boca de Harry estava entreaberta e molhada, e seus olhos verdes sem barreiras (pois perdeu os óculos nessa briga infantil) o fitando fixamente e o cabelo mais negro que a noite, coladas em sua testa. Por outro lado, Harry via como os lábios do sonserino estavam avermelhados, suas faces levemente coradas, a respiração descompassada e o cabelo platinado quase da altura dos ombros boiando suavemente ao redor de seu pescoço branco.
- Gosta? – o loiro sorriu de lado.
- Quê? – Harry piscou confuso.
- Está me comendo com os olhos – dessa vez Draco ergueu uma sobrancelha de modo divertido.
- Vai se ferrar! E tira esse sorriso do rosto – com um tapa na água, Harry espirrou algumas gotas em Malfoy, que virou o rosto para não ser atingido em cheio.
- Vai você – Malfoy revidou, espirrando água em Harry.
Começaram uma nova disputa, dessa vez, de brincadeira e se permitindo rir, até que algo a mais se passou...
Harry encurtou a distância, prendendo ao loiro contra a parede e aproximou seus rostos, ficando centímetros separados, seus narizes roçando de vez em quando. Draco ficou em expectativa, e como o moreno estava demorando muito, o puxou pelo rosto, se inclinando para frente e unindo seus lábios num beijo apaixonado.
Como se a saudade fosse tanta, e passaram a se tocar com furor, sentindo-se com pressa e se desfazendo das peças de roupas, que lhe impediam o movimento estando dentro da água. Cada tecido foi sendo esquecido ao fundo da piscina enquanto seus corpos estavam mais dispostos para contato.
Pele se chocou com pele, causando um arrepio gostoso e repercutindo ainda mais no beijo que compartilhavam.
Harry deslizou uma mão pela perna pálida e macia, apertando um pouco e puxando para cima, fazendo com que se enganchasse em sua cintura e com um movimento de vai e vem, esfregando sua intimidade na intimidade do loiro, o fez gemer sôfrego de excitação.
Sorriu, partindo o beijo, mas permanecendo a milímetros de distância de sua boca, sentindo a respiração apressada contra a sua.
- Eu te designo a cumprir com sua posição nessa estranha família – sussurrou, ainda movimentando seu corpo, deixando o sonserino mais excitado ainda.
- Ah... – Draco não conseguia nem pensar. Sentir o pênis de Harry se esfregando em seu rego, a cabeça roçando em sua entrada... – Eu aceito...
E voltou a se inclinar contra a boca de Potter, tragando um novo beijo, mais intenso se era possível. E nesse vai e vem foi lentamente penetrado, sem necessariamente ser preparado, pois a água fazia boa parte do ato ser mais fácil e a excitação e o detalhe de não ser mais virgem todo o resto.
Apertou os braços ao redor dos ombros do moreno, lembrando-se de como ele havia lhe consumido pela primeira vez e aumentando a ansiedade de senti-lo de novo... Deslizou as mãos pelas costas largas, arranhando de leve e fazendo-o estremecer e aprofundar a língua em sua boca, percorrendo cada canto e degustando com afinco...
Se moveu contra ele, sentindo-se finalmente completo, seu interior se enchendo de desejo, de satisfação e se expandindo como se uma inundação de emoções o tragasse inteiro. E gemidos foram soltos, sendo embebidos pela boca amante, que igualmente despejava sons incoerentes contra a sua, lhe obrigando a tragar cada letra.
Era fabuloso estar nos braços dele, mesmo que ele fosse Harry Potter, grifinório, inimigo, burro, lerdo, pastel... Tudo já não importava, o que mais importava era que esse amontoado de defeitos e imperfeições lhe dava um prazer imenso...
Estava lhe fazendo perder a razão e se afundar ainda mais na loucura...
Quando o clímax irrompeu em seu corpo, gemeu alto, sussurrando palavras desconexas e se agarrando a Harry como se dele dependesse sua vida, até exausto, tentar dominar a respiração.
Harry ainda se movimentou dentro de si algumas vezes para também gemer em sua boca e exigir um novo e plácido beijo, igualmente cansado e satisfeito.
Mas Draco teve uma leve tontura, a qual tentou com afinco controlar, o que não evitou apertar os olhos e as mãos aos ombros do moreno.
- Você está bem? – Harry sussurrou, tocando com as pontas dos dedos ao lado esquerdo do rosto de Malfoy.
- Estou exausto, apenas isso – tentou dizer algo a mais, mas acabou por desmaiar.
Harry o manteve suspenso nos braços, vendo a cabeça do loiro cair para trás e os braços moles flutuarem sobre a água. Preocupado, o carregou e se dirigiu à escada, saindo da piscina e tomando rumo ao seu quarto.
Draco abriu os olhos vagarosamente e se deparou num quarto que não era o seu. Manteve-se com a mirada no dossel vermelho enquanto tentava se lembrar como foi parar ali. Sua cabeça estava um caos e parecia não vir nada em mente o suficiente para se recordar do ocorrido.
Desistindo de tentar pensar, se levantou da cama e buscou a porta. Não deixou de notar que estava com um roupão de seda dourado e bem curto, lhe cobrindo apenas o traseiro até menos da metade das coxas. Ficou um pouco estranhado, pois aquela peça não era sua, mas deu de ombros.
Ao sair do quarto, notou que a casa estava na penumbra e vozes eram ouvidas da cozinha. Ficou horrorizado ao perceber que a casa era pequena e de madeira. Janelas simples e mal fechadas permitia uma visão do lado de fora, onde o jardim deu espaço para uma terra árida e ao fundo, uma plantação de milho.
Que diabos estava fazendo num casebre desse? Acaso havia sido seqüestrado?
O medo dominou seu corpo e com cautela e uma necessidade crescente de escapar daquele muquifo nojento que se assemelhava vagamente a uma casa, se aproximou da cozinha, não tão distante do quarto em que saiu há pouco. Espiou pela porta (na verdade a ausência de porta no lugar da porta foi o que mais lhe deu náuseas), para se deparar com a imagem mais horripilante que teve na vida.
Cinco crianças de idades aproximadas entre dois a quatro anos brincavam nojentamente com a comida, sentados de mau jeito na mesa. De costas a suposta mãe das crianças mexia sopa no caldeirão, carregava a um bebê de no máximo seis meses. O cabelo num loiro conhecido estava feito um amontoado e preso por uma tira de couro gasta, sua roupa era apenas uma camisa verde-folha um pouco maior que seu corpo delgado.
Ia se aproveitar da distração daquela família miserável, quando a mãe das crianças se virou para a mesa e, não era ninguém menos que... Ele próprio!
Gritou completamente traumatizado, enquanto via a porta da cozinha ser aberta e um Harry sem camisa, com uma bermuda surrada e o peito peludo entrar com um saco de farinha no ombro. O moreno, assim como o resto da família, não dava a mínima pelo escândalo que estava fazendo, simplesmente jogou o saco no chão, abraçou a réplica deformada de Malfoy pelas costas, dando um beijo em seu pescoço suado por estar cozinhando num calor dos infernos e esfregou a mão calosa e suja de terra na cabeça de cada guri antes de se sentar.
Aquilo era demais para sua mente e seus delicados olhos que apenas apreciavam o bonito e o caro. Saiu correndo em direção à janela, na esperança de estar bem longe de tudo aquilo o quanto antes e se jogou para fora sem se importar em se machucar, quando a terra se abriu e o tragou para a escuridão.
Abriu os olhos se debatendo e transpirando. Sua roupa colava em seu corpo devido o suor.
- Draco! – Harry o abraçou apertado – Você estava tendo um pesadelo, apenas um pesadelo.
O moreno afagava com carinho o cabelo do loiro, tentando conforta-lo. Malfoy havia se revirado pela cama a noite inteira, e murmurado palavras desconexas, transpirando e de vez em quando gritando.
Com muito custo, finalmente Draco percebeu que estava em casa e Harry o abraçando. Afastou-se do moreno um tanto desconfiado e sem dar explicações, escancarou a camisa de Potter, arrebentando os botões e fitando seu peito. A pele morena era lista de pêlos e contornadas pelos músculos. As duas únicas coisas que manchavam aquela parte do corpo de Harry eram os mamilos de tonalidade mais escura.
Tocou com ambas as mãos, sentindo a maciez de encontro a sua pele, aliviado e emocionado ao mesmo tempo, passando a beijar com desespero e algo de gratidão por não ver nada além do tom bronzeado.
Harry ficou um pouco surpreso por essa reação, mas no fundo gostou de ser recebido assim. Não tinha certeza em como Malfoy o trataria, visto pelo último ocorrido na festa de casamento e em como ficaram mais frios e distantes. Agora estava mais aliviado, passando a percorrer com os dedos a marcação das costas do loiro.
- Está melhor? – Draco parou de beijar o peito de Harry ao ouvir sua voz sendo sussurrada com suavidade.
- Ainda bem que foi um pesadelo – se aliviou nitidamente. – Acho melhor eu tomar um banho.
Harry apenas concordou com a cabeça e se manteve sentado na cama enquanto se levantava e seguia ao banho. Antes de fechar a porta, estendeu os olhos ao moreno que ainda o admirava com um sorriso bobo no rosto. Hum... Não seria nada mal tentarem esse relacionamento forçado já que se separarem não entrava nos planos.
- Quer me ajudar? – perguntou com um sorrisinho malicioso e foi prontamente atendido.
O primeiro Natal que tiveram não foi lá o que esperavam, mas no fim, acabou por uni-los de certa forma. Agora passavam o Fim de Ano juntos na sala, sem ninguém para atrapalhar. Receberam cartões de felicidades e alguns presentes, assim como mandaram lembranças e cartões, mas nada além disso. Não queriam mais colocar outras pessoas no meio de algo que mal haviam iniciado e agora principalmente, que estavam se dando bem.
Era até de se espantar, mas finalmente Harry Potter e Draco Malfoy estavam vivenciando um romance e muito bem casados.
No começo Draco achou que fosse acabar nos primeiros dias de convivência íntima (sem ser sexual, mas compartilhando a casa e as tarefas juntos), o que foi bem ao contrário. Tudo parecia mais fácil e mais divertido fazer com Potter.
Quando o novo ano entrou, decidiram silenciosamente, começarem com o pé direito.
Harry começou a cursar a escola de Auror enquanto Draco passou a cursar a escola de Arte e História, isso apenas o primeiro mês, pois acabou por enjoar e se afastou dos estudos.
Como não estava mais freqüentando a escola, Malfoy passou a se dedicar a si mesmo e em seu bom gosto. Começou a trocar seu guarda-roupa e mudar a cor e alguns cômodos da casa com o pretexto que não combinavam com os móveis e vice-versa.
Também havia cismado com os empregados e os demitidos para contratar outros mais competentes, o que também não agradou e voltou a demiti-los até decidir que só contrataria elfos domésticos.
Também não disse nada a Harry que os demitiram porque havia encafifado que os empregados ficavam dando em cima do SEU marido. E havia brigado com o funcionário do Ministério que viera consertar a lareira e com a mulher do visinho, que pareceu-lhe muito descarada ao ficar secando SEU marido quando este nadava na piscina. E estuporado um par de gente que parava a Harry quando ele saía para o curso ou quando voltava, apenas para chamar-lhe a atenção.
Mas de um modo ou de outro Harry parecia saber o que ficava fazendo, se é que não ficava fazendo isso na cara dura, mas o fato era que o moreno perdeu a paciência quando Malfoy, após uma crise de ciúmes, soltou um Incêndio no cabelo de uma colega de classe de Harry, quando conversavam através da lareira sobre uma pesquisa importante que estavam fazendo em grupo.
A pobre garota ficou com os longos cabelos castanhos chamuscados e fedendo a queimado, gritando histérica até desaparecer.
- Malfoy, o que está acontecendo? – estava nitidamente zangado.
- Ela estava te flertando na minha frente! – se defendeu com um semblante ofendido.
- Ela apenas estava falando comigo sobre uma pesquisa! – disse entre dentes, já sem paciência.
- Você estava gostando, é isso! – pôs-se a acusa-lo, mudando as feições para mágoa e dor.
- É claro que não! – passou a mão pelo cabelo de modo frustrante – Draco, meu amor... O que você tem?
- Eu não sei... – sussurrou desolado, ultimamente estava tendo umas crises emocionais que nunca passou na vida. Seu humor e temperamento mudavam como o ponteiro de um relógio. Era espontâneo e muito confuso.
Harry suspirou, voltando a sua conhecida calma e o puxando para um abraço, passando a depositar beijos pelo seu pescoço. Isso sempre acalmava ao loiro.
Os dois dormiam agora juntos, no quarto de Harry. O quarto ao lado Malfoy havia cismado fazia algumas semanas, mudando diariamente de tonalidade e deixando totalmente sem móveis, sem se optar se usaria uma cama de visitas, ou se faria daquele quarto uma espécie de escritório ou mini sala de descanso.
Mas o que estava incomodando a Draco não era apenas as pessoas que ficavam querendo ser os amantes de Potter, e sim, os pesadelos que vinha tendo desde o Natal.
Havia sonhado com cada situação estranha e impossível que nem queria se recordar. Em todos os seus sonhos, Harry estava no meio. E a freqüência com que sonhava essas coisas ia aumentando e fazendo com que perdesse o sono, preferindo a insônia.
Nessa noite, estava tentando não adormecer, mas depois de ter feito amor com um Harry bem experiente no assunto de deixa-lo prazerosamente esgotado, foi inevitável.
Enquanto o moreno dormia tranqüilamente, com o braço ao redor de sua cintura e a respiração de encontro ao seu pescoço, fazendo-lhe um gostoso arrepio, o observava de perto, passando o polegar suavemente sobre sua bochecha e um pouco pelo lábio inferior, ainda inchado e vermelho por suas mordiscadas quando estavam imersos no prazer. Era tão bom ficar daquele jeito que acabou por adormecer sem que desse conta.
Caminhava por uma colina verdejante. O vento soprava seu cabelo despenteando-o e o sol brando dava-lhe um calor confortante. Estendeu a vista ao redor, procurando algum sinal de vida que lhe comprovasse que não estava só, mas nada via além da natureza a cerca-lo.
Caminhou mais alguns metros e se deparou com uma enorme e frondosa macieira. Olhou assombrado para essa árvore, vendo os frutos suculentos que pendiam pelos galhos.
- Está com fome? – olhou assustado ao tronco da macieira, dando a volta para ver do outro lado, por onde viera a voz suave.
Harry estava sentado sobre um galho, nu como viera ao mundo e com um membro enorme pendendo semi-ereto pelo meio das pernas.
- O que faz aqui desse jeito? – tentou conter o riso, era hilário e um pouco assustador ao mesmo tempo.
Os olhos verdes brilharam com malícia e um sorriso sacana desabrochou aos lábios do moreno. Este pegou uma enorme e vermelha maça e a estendeu em sua direção.
- Pegue... Estou te oferecendo... – voltou a sussurrar com suavidade.
Draco estendeu a mão e pegou a maçã. Era tão bela e cheirosa que dava água na boca. Passou a língua pelos lábios, vendo que Harry também passava a língua pelos seus, mas o olhando como se ele fosse a verdadeira e suculenta maçã.
Ficou um pouco receoso, mas afastando esses receios, deu uma grande mordida na polpa. O caldo escorreu pelo canto de sua boca até o pescoço sob a mirada penetrante de Harry, que sorria ainda mais satisfeito.
Nesse instante as maçãs que estavam na árvore caíram todas e delas, se transformaram em crianças ruivas como os Weasley. Milhares delas, cada uma com uma idade diferente e não mais que quatro anos de idade.
Assustado, derrubou sua maçã que rolou mordida pelo chão e antes que pudesse raciocinar, as crianças começaram a se agarrar em seu corpo, chamando-o de mamãe, algumas chorando, outras esperneando e o restante pedindo colo.
- Harry socorro! – suplicou apavorado, lançando um olhar piedoso ao moreno que ria ainda sentado ao galho da macieira.
Ao invés de ajuda-lo, Harry lhe mostrou outra grande e suculenta maçã.
- Pegue... Estou te oferecendo... – e sorriu ainda mais malicioso.
Com um grito assustado Malfoy se sentou na cama, tremendo inteiro.
Harry também se sentou, preocupado com o estado de saúde de Draco. Passou um braço pelos ombros do loiro e com a mão lhe acariciava a cintura, subindo e descendo com carinho por sua pele suada.
- Outro pesadelo?- Draco confirmou com a cabeça, tentando se esquecer da sensação horrível de ter mini-ruivos lhe assediando e o chamando de mamãe, e não somente um ou outro e sim vários. – Vem.
Harry o puxou de volta ao colchão, fazendo com que ficasse recostado em seu peito. Segundos depois, sentiu a mão de Malfoy escorregar por seu corpo até seu pênis, tocando-o e sentindo-o de todas as formas, e como ainda não satisfeito, afundou a cabeça pelo lençol para olha-lo de perto. Potter corou e se estremeceu um pouco, sentindo a excitação lhe dominar.
- Draco... Er... O que está fazendo? – levantou um pouco a barra do lençol, olhando ao loiro que descia vagarosamente pelo seu corpo.
Draco respirou perto de seu membro, fazendo-o se estremecer ainda mais excitado.
- Gosto dele – acariciou como a um animalzinho de estimação. – Não é monstruoso.
- Monstruoso? – Harry riu. – Tem certeza de que está bem?
- Ele é perfeito e proporcional – o loiro não deu ouvido, totalmente imerso em sua contemplação do pênis de seu marido.
Logo passou a depositar beijos em toda a extensão daquele membro, passando a língua com cuidado até a cabeça onde deu voltas, umedecendo a ponta para voltar a lamber até os testículos e chupa-los devagar.
Harry começou a arfar, jogando a cabeça para trás. Isso era maravilhoso. Seu corpo se retesou inteiro e estremeceu quando foi tragado inteiro até raspar no fundo da garganta de Malfoy, que começou as sucções ritmadas, subindo e abaixando a cabeça.
Não pôde evitar gemer, levando uma das mãos ao cabelo loiro e agarrando aos fios macios, ajudando nos movimentos e a outra se aferrando num dos travesseiros. Fechou os olhos com força, abrindo a boca sem conseguir soltar outro gemido que se afogava em sua garganta assim que Draco o sugou com força até a ponta, passando a mordiscar sua pele sensível e passar a língua. Seu quadril começou a se mover involuntariamente, tentando se enterrar mais uma vez dentro dessa boca quente e úmida.
Malfoy sorriu ao sentir Harry tentar forçar sua cabeça para baixo, mas ao invés de atender suas necessidades, preferiu tortura-lo, passando a chupar a lateral desse membro, intercalando alguns beijos e mordidas até voltar aos testículos, massageando-os com a boca e a língua de um modo que fez o moreno voltar a gemer pesadamente, a respiração mais descompassada que antes. Sua mão havia ocupado o lugar da boca masturbando o membro inchado. Parou o que fazia para voltar a dar atenção aquele pedaço de carne, abocanhando-o mais uma vez, pressionando os lábios com força enquanto o colocava inteiro dentro de sua boca e sugava ao mesmo tempo.
Harry se impulsionou para cima, totalmente fora de si, gemendo mais que tudo, seus dedos apertando o cabelo loiro e jogando a cabeça contra o travesseiro. Tinha que admitir que Malfoy era um profissional na arte do sexo.
Sexo. Sexo. Sexo... Apenas essa palavra foi o que restou em sua mente, quando o clímax se aproximava perigosamente. Suas pernas tremeram e suas costas arquearam fazendo seu peito subir acima da linha do maxilar e sua cabeça se enterrar ainda mais no travesseiro e urrou de prazer, retendo a respiração e se desfazendo naquela boca ousada.
Draco sentiu o gosto do moreno, espalhando o sêmen em sua boca com a língua, apreciando como a um cardápio exótico e especial antes de engolir tudo. Quando abriu os olhos, se deparou com o olhar esverdeados, um pouco obscurecidos pelo prazer e que o fitavam com satisfação e curiosidade.
A mão de Harry ainda estava em seu cabelo, mas sem o agarre rude quando extasiado. O acariciava com carinho, contornando atrás de sua orelha e seu pescoço.
- Sempre quando você me faz oral, fica degustando meu leite... Por que? – perguntou, assim que seu coração se acalmava e conseguia articular alguma coisa.
- Tem um sabor diferente... Me agrada – o loiro sorriu, se arrastando por cima do grifinório até ficarem cara a cara. – é a sua verdadeira essência...
Dizendo, tomou-lhe a boca com violência, passando a língua contra a do moreno, fazendo com que Harry sentisse seu próprio sabor, meio picante, levemente amargo e salgado. Permitiu que Draco lhe chupasse a língua, depois o lábio inferior para voltarem a se beijarem com mais desespero.
A mão do moreno deslizou do cabelo, sentindo a curva do pescoço e ombro, a maciez e o suor das costas pálidas até o fim da coluna e o início dos glúteos. Apertou um pouco uma das nádegas do sonserino antes de direcionar sua mão para a parte da frente, sentindo a virilha e os pêlos finos até o membro ainda intumescido que se espremia entre seus corpos.
Draco gemeu no beijo ao sentir os dedos de Harry o rodear com precisão. Seu corpo escorregou quando Harry virou de lado, ficando ainda abraçados e se beijando sem quererem parar. Essa posição permitia que Harry lhe masturbasse melhor, friccionando a mão em seu membro com rapidez e carinho. A mão que lhe sustentava abraçado desceu lentamente por suas costas, fazendo quase o mesmo caminho que a outra fizera, mas dessa vez, dedos travessos se aprofundaram por seu rego, tocando-o nessa parte tão escondida e acariciando suavemente, querendo penetrar-lhe sem realmente faze-lo e isso o deixava ainda mais excitado e ansioso.
Mais um pouco... Só mais um pouco e se desmanchou num longo gemido que ainda era sufocado pela boca faminta do moreno. Seu corpo sacudiu inteiro pelo prazer e quedou-se palpitante e de respiração difícil.
- Isso é bom... – Draco sorriu, assim que o beijo terminou e antes de Harry voltar a exigir outro, mais intenso e apaixonado.
A cabeça de Hermione apareceu na lareira.
- Harry? Está em casa? – ela chamou.
Malfoy apareceu na sala, vindo da cozinha com um prato cheio de camarão salpicado na brasa e uma garrafa de suco de abóbora.
- Hum... Malfoy, olá – ela pareceu um pouco incomodada em falar com o loiro.
- O que quer Granger? – o loiro a olhou nada feliz em vê-la.
- Eu queria falar com o Harry – ela pronunciou um pouco enfadada pela recepção do sonserino. Já faziam mais de três meses e ele ainda tratava os amigos de Potter dessa forma arrogante.
- Ele não está – disse de mal-humor – Agora cai fora que está me atrapalhando a refeição – fez um movimento de "some daqui" com a mão que segurava a garrafa.
Hermione franziu o cenho. Eram dez da noite e Malfoy estava comendo um prato cheio de camarão com uma garrafa de suco de abóbora? E como a maioria das mulheres que prestam atenção em tudo, reparou que o loiro estava mais...
- Malfoy, se continuar comendo dessa forma ficará mais gordo ainda – ela soltou, sendo eternamente sincera e racional. O loiro parou abruptamente pelo caminho e a olhou horrorizado como se fosse a primeira vez que ouvia uma ofensa como essa. – Não precisa me olhar assim, eu só estou te dando um conselho.
- Como é que é? – grunhiu ainda mais ofendido.
Draco estremeceu quando a garota começou a rir dissimuladamente, com os olhos cravados em sua barriga. – Parece até que está grávido!
Totalmente revoltado e insultado, o loiro atirou o prato que levava contra a lareira, na tentativa de borrar a imagem burlona da sangue-ruim.
Do outro lado, Hermione afastou a largas passadas até cair sentada no sofá da Toca. Por pouco não era atingida pelo prato. Viu que alguns camarões saltaram pela lareira e se espalharam pelo piso.
- Vá para o inferno! – ouviu-se o loiro praguejar do outro lado, pois as lareiras ainda estavam conectadas.
Nesse instante Ginny apareceu na sala, toda feliz com sua roupa nova para mostrar a amiga, quando escorregou ao pisar num dos camarões e caiu de costas batendo a cabeça no chão, soltando um audível grito.
Draco sorriu ao escutar. – Bem feito!
- Com quem está falando? – Draco olhou a Harry, parado na escada e o olhando estreitamente.
- Ah, Harry! – sorriu feliz, mostrando a garrafa de suco. – Vamos beber?
Harry ficou ainda mais desconfiado. Malfoy não parecia muito bem e essa mudança brusca de assunto era ainda mais estranha. Olhou à lareira, pois Hermione ficou de entrar em contato e reparou no prato espatifado junto com as toras de fogo.
Draco caiu com os ombros, totalmente desolado. Derrubou a garrafa e se encolheu ainda mais, tampando o rosto com as mãos.
- Draco? – se aproximou do loiro, tocando seus ombros e completamente confuso por essas reações. Realmente o estado psicológico de Malfoy não estava nada bem.
- Praguejaram pra mim! – Draco soltou, revoltado. – Aposto que foi aquele maldito clone de Dumbledore!
- O que foi dessa vez?
Draco não respondeu, estava pensando em sua vida desde aquela mentira. Mordeu o lábio inferior se sentindo frustrado e incapaz de fazer alguma coisa. Então considerou:
Por culpa da sua mãe teve que inventar aquela mentira escabrosa...
Por culpa de Crabbe e Goyle o quatro-olhos mais sexy do mundo foi metido no meio da mentira...
Por culpa do velhote biruta estavam casados...
Por culpa de Harry, poderia nesse exato momento, ter transformado aquela mentira em verdade absoluta...
Por culpa de Hermione a ficha estava caindo, mas se negava a aceitar tal fato...
Por culpa dos pesadelos estranhos esses fatos pareciam realmente válidos...
Resumindo, fizeram um complô contra sua pessoa! Só podia ser!
- Draco... A culpa é somente e precisamente sua, por ter mentido... – Harry lhe respondeu, calmamente.
- Que? – o loiro piscou várias vezes, sem entender.
Potter suspirou, cansado. – Usei Legilimência... – se esclareceu. – Era o jeito de saber o que se passa.
- Você ousou... – sibilou, entrando em estado de nervos.
Não foi uma boa idéia passar por esses estados emocionais, pois começou a se sentir mareado, e as náuseas que ultimamente estava tendo com qualquer coisa que ouvia ou via se fez mais forte o obrigando a tampar a boca e correr para o banheiro.
Harry o seguiu para ajuda-lo e no rosto, mantinha um indisfarçável sorriso de felicidade, enquanto Malfoy praticamente se acabava indignamente na privada. O loiro grunhiu em revolta o que apenas serviu para desencadear outro acesso de vômito.
Harry mantinha os olhos em branco. Não foi uma boa idéia provocar Malfoy.
Se passaram duas semanas depois que descobriu o que realmente havia acontecido para que se unissem daquela forma tão absurda e quando descobriu que Draco realmente estava grávido.
Enquanto o loiro resmungava e xingava a Merlin e todo mundo, foi dizer a ele uma frase que se lembrava de ter lido naquela revista de Hermione.
Quem cospe pra cima cai na cara...
Má idéia. Levou um tapa bem ao estilo Malfoy e que lhe doeu horrores. Depois o loiro voltou a ser o arrogante e arisco de sempre. Sem carinho, sem noites de amor, sem conversas civilizadas e quando menos esperava, as facas voltaram em ação.
- Ai! – reclamou, lançando um olhar nada gratificante à enfermeira.
- Desculpe senhor Potter, mas precisava dar ponto, pois a faca cravou fundo e somente a poção de regeneração não bastaria.
- Sei, sei... – reclamou em tom baixo, olhando à sua perna esquerda.
- Férula – a enfermeira conjurou para atar o ferimento. Assim que terminou, ela recolheu as coisas e deixou o quarto. Na saída, tropeçou em algo e foi pro chão, se estatelando com frascos de poções.
Draco recolheu a perna e ficou inocentemente olhando para o corredor. Instantes depois, o moreno saia do quarto mancando.
Harry olhou à moça que limpava a sujeira ajoelhada no meio do corredor, depois olhou ao loiro estreitando os olhos.
- Não foi você foi? – inquiriu desconfiado.
- Eu? – se ofendeu. – Por que eu faria isso?
- Conheço sua paranóia Draco... – soou enfadado e de mal-humor. – E lembre-se que não era para eu estar aqui e sendo cuidado por elas se você não tivesse cravado aquela faca na minha perna.
- Não quero assunto com você – o loiro simplesmente declarou, sem olha-lo nos olhos.
Harry suspirou. – Certo...
Caminharam em silencio pelo corredor. Draco levava uma espécie de caixinha nas mãos.
- O que é isso? – o moreno indicou com a cabeça. Malfoy o ignorou completamente. Harry voltou a suspirar, dessa vez passando um braço ao redor da cintura nem tão delgada do sonserino. – Ok! Desculpe! A culpa é toda minha...
Draco quis sorrir satisfeito, mas evitou, olhando a Harry de esguelha – Como?
O grifinório resmungou por baixo antes de repetir. – Sinto muito Draco, não deveria ter rido do seu estado e nem usado Legilimência naquele dia...
Com o ego renovado, Malfoy sorriu abertamente e lhe dignou a responder. – Isso aqui é a imagem do bebê.
- Oh! – Harry se emocionou – Então podemos vê-lo?
- Exato, mas ainda está pequeno.
Quando chegaram em casa a primeira coisa que foram fazer foi ver a imagem mágica do pequeno bebê que Malfoy gerava.
Harry sorriu abobalhado. Era a coisinha mais maravilhosa que já viu na vida.
Quase seis meses depois, entre altos e baixos na relação forçada de Harry Potter e Draco Malfoy,as mesmas pessoas que estavam naquela carruagem se reuniam na Mansão Potter para um delicioso jantar.
Todos estavam na mesa, conversando e rindo muito, felizes pela felicidade dos anfitriões.
Draco estava uma bola, mesmo assim, se dispôs a cortar o bolo para a sobremesa.
Hermione sorria emocionada por ver Malfoy saudável e gerando tranqüilamente uma criança. Ron permanecia com uma cara meio estranha, sem saber se era de repulsa ou de assombro. Crabbe e Goyle olhavam ao loiro como se fosse uma aberração.
- Draco! – Goyle chamou.
- Que quer criatura? – o loiro apertou os dentes, tentando ter paciência.
- Agora podemos ver que você tem um pãozinho no forno! – Crabbe riu estupidamente, fazendo uma distinta veia saltar na testa de Malfoy.
Hermione, Ron e Harry seguraram a risada o máximo que conseguiam.
- Realmente conseguiram perceber isso? – o loiro se fez de sarcasticamente assustado. – Os milagres existem!
- Draco! – Goyle voltou a chamar.
- Que é agora? – o loiro apertou mais forte o cabo da faca.
- Mas se você é o forno, quem é o cozinheiro?
Hermione e Ron caíram na gargalhada enquanto Draco punha olhos em branco, tentando se controlar.
- É claro que o cozinheiro só pode ser o Potter! – Crabbe esclareceu, orgulhoso pelo seu alto grau de raciocínio.
- Cinqüenta pontos para Sonserina – Harry brincou, rindo e corando ao mesmo tempo, mas parou abruptamente, quando sentiu a lâmina da faca bem em seu pescoço.
Todos caíram ainda mais na risada ao ouvirem a piada do moreno e os dois sonserinos inflavam o peito orgulhosos.
- Cala a boca, amor... – Draco sibilou entre dentes enquanto ainda mantinha o queixo de Harry suspenso pelo fio da lâmina e com a outra mão girava com extrema habilidade nos dedos uma outra faca. – Alguém tem mais algum comentário? – ameaçou, encarando cinicamente a todos.
Ninguém contestou mudando de assunto, mas sem esconder o divertimento.
Os restantes das horas passaram agradáveis, conversando animadamente como bons amigos. Fora alguns comentários de Malfoy, mas esse não tinha cura.
Quando todos foram embora, e o casal dormia abraçado, Harry por trás de Malfoy, a mão espalmada em seu ventre arredondado, o bebê deu de querer sair a todo custo.
Draco abriu os olhos com horríveis dores e transpirando. Agarrou ao cabelo negro e sacudiu bruscamente, despertando a Harry.
- Merda... – grunhiu. – A dor não passa!
Meio dormindo-acordado, o moreno saltou da cama e mais descabelado que o normal, pegou as coisas que já estavam preparadas e sem pensar duas vezes, abraçou ao loiro e o ajudou a ir até a lareira sumindo nas chamas esverdeadas e aparecendo no St. Mungus.
As enfermeiras vieram de pronto e levaram o sonserino para um quarto pré-preparado onde o deixaram trabalhando o parto com atendimento exclusivo do medimago que o atendia desde o pré-natal.
Enquanto o tempo corria, Harry caminhava preocupado pela sala de espera. Era para nascer daqui três dias. Imerso em pensamentos, foi despertado por uma das enfermeiras que lhe indicou onde seguir. Ao passar por todo um ritual de esterilização, finalmente pôde ver a Draco, deitado sobre uma mesa e gemendo de dor.
Se aproximou e lhe segurou a mão, dando apoio. – Vai ficar tudo bem... Meu amor...
- Vai pra merda, Harry! – o loiro grunhiu, retendo outro gemido de dor.
Potter franziu o cenho e deu uma discreta olhada ao corpo docente que estava presente e obviamente rindo.
- Logo vai passar... – tentou consolar o arrogante sonserino.
- Isso porque não é você que está sentindo – arfou um pouco apertando os olhos – Essas dores horríveis! Seu desgraçado! Filho da mãe! Energúmeno! Demente! Bastardo! Aahh! Retardado! Imbecil, cretino e burro! Testa-rachada quatro-olhos cabeçudo!
Sem condições de continuar sua extensa lista de apelidos ofensivos (que havia voltado ao seu estado normal de insultos), começou a gritar de dor, até que exausto, deixou o corpo amolecer quando o choro de uma criança inundou o lugar.
- É um menino, parabéns.
Emocionado, Harry via como o medimago colocava sobre o peito de Draco uma criatura tão pequena e frágil. Acariciou com cuidado, dando um beijo nos dedos do loiro, que ainda mantinha seguro na mão.
- É lindo... – murmurou com um largo sorriso.
Malfoy abriu os olhos com dificuldade e observou o bebê que se aconchegava em seu peito. Torceu o nariz um pouco reticente no que pensar. – É enrugado e... Mole.
Harry bufou. – É tudo que tem a dizer do nosso filho? – Draco deu de ombros ainda arrasado pelo tamanho esforço de suportar a dor e fazendo o moreno rolar os olhos.
- Hora de levar o garotinho para o banho – a enfermeira avisou.
Harry teve que se despedir dos dois e voltar à sala de espera. Nesse tempo em que teve de aguardar, chamou Ron e Hermione para virem ver seu filho recém-nascido.
Estavam os três frente ao vidro da maternidade quando a moça lhe mostrou o bebê, enroladinho numa manta branca.
- Oh, que gracinha! – Mione sorria feito uma boba. Até Ron não conseguia evitar de arregalar os olhos emocionado e dando tapinhas no ombro do melhor amigo.
- Pode ir ver seu esposo – a enfermeira avisou, logo levarei o bebê para que possam carregar.
Harry deixou os amigos na espera e seguiu para o quarto onde estava Malfoy. Ao entrar, o encontrou recostado na cabeceira da cama e os olhos fitos no lençol.
- Tudo bem? – se aproximou e depositou um beijo na testa de Draco.
- O desgraçado do medimago me cortou... – declarou simplesmente – É assim que os bebês nascem num homem.
- Oh... – Harry ficou sem fala.
- Eles cortam a nossa barriga para retirar a criança... Depois fecham de volta... – disse seco, sem fitá-lo.
- Sinto por isso...
- Não quero mais ter filhos – Draco finalmente ergueu a cabeça, emburrado e se auto-apiedando.
- Será nosso único filho então – tentou ser complacente.
Nesse momento a porta se abriu e a enfermeira entrou com o bebê chorando no colo. Ela se aproximou de Malfoy e o colocou em seus braços.
Com falta de jeito e fazendo uma careta de desagrado, o loiro tentou embalar o filho. Era uma imagem graciosa, mesmo pela cara do sonserino.
- Precisa alimenta-lo – a enfermeira avisou, um pouco envergonhada, pois não era sempre que se tinha a oportunidade de apreciar uma gravidez masculina.
Draco fez uma careta pior. Deu uma olhada a Harry e depois à moça, lançando uma expressão que dizia "cai fora" para ela. Um pouco chateada, ela sumiu porta afora. Sozinhos, e sob a atormentada mirada curiosa e ansiosa do moreno, Draco abriu os botões de sua camisa, deslizando o tecido por um ombro e desnudando um mamilo intumescido. Sem jeito, encostou o rostinho do filho, vendo-o instintivamente buscar o bico e sugar desesperado. Corou profundamente por estar amamentando aquela criaturinha recém chegada ao mundo sob o olhar encantado do seu marido.
E assim, os dias foram seguindo mais calmos após a chegada de Williams, como resolveram batiza-lo.
Harry passava o tempo com sua rotina de sempre, estudando e estagiando no Ministério, depois, ao retornar em casa, bajulando a Draco e ao pequeno Willy. Sorria feito uma criança quando tinha a oportunidade de carregar e banhar o filho, mas a maioria das vezes quem fazia isso era Malfoy, mais cuidadoso e seguro que ele.
Certa noite estava em seu escritório, abrindo as correspondências, quando parou em uma em especial. Era de Severus Snape. O seu antigo professor dizia que estava de volta à Inglaterra, trabalhando no St. Mungus, pois pedira as contas de Hogwarts e que viria no Natal, para conhecer o filho de seu afilhado com o cabeçudo do Potter. certamente a carta era endereçada a Malfoy, mas como estavam casados e nenhum ligava que o outro lia a correspondência do outro, resolveu por abrir e se precatar do que se tratava.
Bem, tirando o fato da ofensa a sua pessoa, Harry foi para o quarto, onde encontraria o loiro para lhe contar a má-nova do Snape. Ao encostar ao batente da porta, ficou estático apreciando a Draco, nu, tão perfeito como sempre, deitado de bruços na cama, amamentando o pequeno Willy, também peladinho após o banho, e sonolento, deitado tranqüilamente no colchão e mamando esfomeado.
Seus olhos caíram sobre a perfeição do loiro, os cabelos mais compridos a pender sobre seu rosto inclinado, seu tórax tão masculino como sempre foi, apenas os mamilos se viam mais inchados e intumescidos que o normal, a maciez de sua pele refletindo um brilho sedoso pelas velas acesas e o sorriso de felicidade... Draco sorria como nunca havia sorriso, um sorriso que apenas aqueles que geram um filho pode dispor no rosto.
Olhos prateados se dirigiram a si, o envolvendo num brilho de vida e de alegria.
- Eu acho que os olhos dele serão verdes como os seus – Draco comentou casualmente, ainda imerso em alegria. Willy mantinha os olhinhos fitos em sua mamãe, como se viciado em seu rosto aristocrático.
Harry esqueceu-se de Snape e se aproximou com um largo sorriso nos lábios. Sentou-se devagar ao lado de Malfoy e o abraçando pela cintura e apoiando o queixo em seu ombro, também ficou ali, apreciando seu filho e sentindo o calor de seu esposo.
Não podia ter desejado uma família mais perfeita como essa e nem uma vida mais feliz...
Agora agradecia ao clone de Dumbledore pelo bem tão grande que lhes fezeram.
Os cinco velhotes de aparência semelhantes apreciavam embelezados à cena que se passava pela bola de cristal. Alguns suspiravam sonhadoramente, outros enxugavam algumas lágrimas fugidias com um lenço e haviam dois deles exatamente que sorriam amplamente, orgulhosos de si mesmos.
Um deles era Dumbledore que por fim havia conseguido unir os dois temperamentais rapazes para que fossem felizes juntos. O outro era Maquiavelus, que cantarolava alegremente pelos seus atos maquiavélicos e certeiros.
- Cupido que morra de inveja, mas eu sou um ótimo unificador de corações! – riu divertido.
Mas um outro feiticeiro se assomou perante o grupo de velhotes, causando um reboliço tremendo. Nenhum deles conseguiram escapar, mesmo que tentassem com desespero.
- Abusando de seu poder, Maquiavelus? – rugiu uma estrondosa voz, nada satisfeita pelo que ousara fazer.
- Me-merlin! – o velho empalideceu e caiu de joelhos, tremendo feito vara-verde.
Antes que pudesse se explicar, todos os magos ali presentes foram aparatados pelo mago supremo até não restar nenhum deles. Daria o castigo conforme mereciam. O feiticeiro milenar deu uma olhada à bola de cristal, onde se focalizava a família Potter e bufou. Eram apenas criaturas patéticas, não perderia seu tempo corrigindo o destino alterado que tiveram.
Potter era para ter se casado com Ginny e formado um lar mais grande que a própria família Weasley, por isso Malfoy havia sonhado com um monte de crianças ruivas.
Malfoy era para ter se casado com Margot e se mudado para a França onde perderia muito dinheiro por culpa da fracassada família da moça, atolada em dívidas, e contando com o casamento o quanto antes. Viveria mais pobre que os Weasley, tal como o primeiro sonho.
Nenhum deles se reencontrariam por um bom tempo, somente daqui a longos anos, quando o tempo lhes tingissem os cabelos, e veriam o quanto poderia ter sido diferente...
Assim, Merlin aparatou, para castigar certos magos encrenqueiros. Brincar com o futuro era uma falta gravíssima.
Cinco anos depois...
Hermione enfeitava a grande árvore no meio da sala da Mansão Potter sendo ajudada por Ron e os gêmeos Weasleys. Do outro lado da árvore Neville e Ginny faziam o melhor para enfeitar seu lado da árvore. Narcissa, que havia se recuperado de seu estresse psicológico fazia dois anos, estava na cozinha junto com Remus e Snape (que mantinham um caso às escondidas), preparando a ceia de Natal. Seamus e Blaise estavam arrumando a mesa e estavam juntos, para surpresa de todos. Pansy havia se casado com um francês que estranhamente se lembrava a Malfoy e estava passando sua lua-de-mel em Paris, por isso não compareceria à ceia. Uma ruivinha de três anos dormia no sofá ao lado de uma garotinha da mesma idade e de cabelos castanho escuro alvoroçados, prendidos com algumas presilhas de lacinhos verdes. A ruiva era filha de Hermione e Ron, e a outra menina era de Seamus e Zabini.
Harry estava sentado na poltrona e carregado a Willy. Faziam enfeites com os apelidos de todos para colocarem espalhados pela árvore.
Draco estava enfeitando a lareira com meias coloridas e carregando num dos braços uma menina de lisos cabelos castanhos e olhos azuis de dois anos de idade. Era Lindsey (ou Lindy), a segunda filha deles.
- Pai – Willy olhou a Harry sorrindo.
- Sim?
- Falta fazer um enfeite com o nome do papai – disse num sussurro, para que Draco não ouvisse.
- Mmm... – Harry pensou. – Bem, que apelido você prefere?
O garotinho negou com a cabeça – Quem tem que dar um apelido ao papai é você pai.
Harry suspirou, tentando achar um nome carinhoso para Draco. Não podia ser AMOR, pois esse era o seu apelido, visto que Draco lhe chamava assim sempre que estava furioso consigo. Lembrou-se de todos os anos em Hogwrts, das mentiras absurdas que o loiro inventava, dos apelidos pejorativos e ofensivos que ele vivia lhe tachando (mesmo agora), de quando tentou mata-lo na festa de casamento, de como tentou matar seus amigos ou os pobres inocentes que cruzavam seu caminho... Em todos os momentos difíceis que tivera que suportar porque ele era Draco-nunca-serei-passivo-Malfoy e fazia da vida de qualquer um, um inferno... E sorriu carinhosamente.
- Angel... – escolheu. – É um nome carinhoso bem bonito não acha?
O menino concordou alegremente e ambos, pai e filho, montaram um belo enfeite com as letras ANGEL em cores negras e brilhos prateados dando um efeito parecido com a noite cheia de estrelas. Como retoque final, penduraram uma miniatura de dragão verde debaixo do nome carinhoso.
- Está terminado – Harry sorriu satisfeito – Quer colocar na árvore agora?
O menino fez que sim. Harry o carregou e o levava aonde o garotinho escolhia que ficaria cada nome. Assim que tudo estava devidamente colocado, só lhe restava o último e mais bonito enfeite nas mãozinhas.
- E onde você quer colocar o papai?
O menino torceu os lábios, um costume que Harry sempre tinha desde criança e apontou, com os olhos brilhando. O moreno sorriu, levantado o filho acima da cabeça, para que ele pudesse colocar bem aonde desejava.
Draco parou ao lado dos dois, lançando um olhar curioso para o enfeite mais brilhante, que reluzia bem na ponta da árvore de Natal e ergueu uma sobrancelha.
Ali, reluzia um ANGEL, a criatura que se não existisse, nunca daria vida a essa bela e feliz família... E seguindo mais embaixo vinha o AMOR, pois sem amor, o anjo estaria sozinho e triste e mais embaixo, CARINHO e FOFURA lado a lado, a criação da combinação de Angel e Amor...
Draco sorriu, beijando a bochecha de Lindy e a testa de Willy, para enfim, tragar o alento dos lábios de SEU marido, um certo moreno de olhos verdes irritante que também poderia ser denominado de diferentes formas, mas que no momento, não vinha ao caso...
N/A: aqui termina a fic, espero que tenham gostado! Um grande abraço a todos que leram!
Agradecimentos a:
Joana – oi, espero que tenha gostado desse, mesmo não sendo mutio humor como nos outros, bjs! Bibis Black – oi, aha, teve mais lemon nesse chap, espero que tenha gostado tanto quanto o da dança, apesar q na dança tinha aquele clima, bjs! Nandda – oi, sorry, demorei mais do q previ, mas enfim, está postado!bjs! tamyy – oi, nossa, adoro seus reviews, e é uma honra saber q minhas fics te agradam tanto, eu agradeço muito pelas palavras! Bjs! Fabi – oi, essa parte é bem romance, espero q tenha gostado, bjs! Kaline Bogard – oi, a fic está concluída, espero q tenha curtido até o fim, e agradeço as palavras! bjs! Miah-chan – oi, a Ginny sofreu mais um pouquinho aq (rsrrss), e o fã-club yaoi do Dumbledore foi pego! O.O (rsrrss), deu pra perceber o que o Maquiavelus fez de tão feio neh? Mudando com o destino dos dois! Bjs! Adriana – oi, eles estavam fazendo tudo na frente de todos, mas Remus e Severus afugentaram as pessoas então terminaram se divertindo a sós mesmo, para decepção de muitos! Rsrrss bjs! Mathew Potter-Malfoy – oi, demorei um pouco na atualização, mas só uma semana, espero q tenha curtido o final, bjs! Mila-nesa – oi, ahaha, pois é, o pãozinho finalmente foi pro forno! E nesse chap o Harry se precaveu se estava já assando direitinho:p bjs! Felton Blackthorn – oi, nossa duas reviews! Obrigada! Nesse chap me retive mais no romance, mas espero q tenha gostado! E teve mais lemon! Bjs! Monique – oi, demorei, mas finalmente postei! Espero q tenha curtido o finalzinho! Bjs!
Obrigada a todos e um super beijo! Fiquei super feliz com seus comentários! Ainda estou vibrando de emoção por ter agradado a tanta gente!