MALDIÇÃO

MALDIÇÃO!

Meu nome é Tashio Inuyasha e tenho 21 anos. Estou no 3º ano da faculdade de Publicidade e Propaganda e já fui modelo fotográfico. Segundo o público feminino, sou lindo, gostoso e muito popular. Tenho porte atlético, cabelos negros cumpridos e lisos, e olhos castanhos com alguns traços violeta. Venho de uma família rica e moro em um apartamento no centro da cidade, ao lado de um colega meu de faculdade, o Mirok. Antes que eu me esqueça de contar, hoje é o primeiro dia da faculdade esse ano e eu acabei de quebrar esse maldito despertador.

1...

2...

3...

É. Estou mais calmo.

Me levantei da minha confortável e tão convidativa cama e fui até o banheiro. Tirei minha bermuda e a joguei no cesto de roupas sujas. Entrei rapidamente no box do chuveiro e tomei um delicioso banho morno. Não demoro muito nisso, fiquei apenas uns 15 minutos.

Saí do banheiro com uma toalha na cintura e fui até meu extenso guarda-roupa. Peguei uma calça jeans simples e uma camiseta preta qualquer. Dei um jeito no meu cabelo, higiene pessoal e fiz tudo mais que era necessário.

Ao abrir a geladeira, percebi o que mais temia:

– Preciso fazer compras... – resmunguei baixo.

Comi o último sanduíche que estava ali dentro, joguei minha mochila nos ombros e saí do apartamento, trancando a porta.

– SE QUISER CARONA PARA ECONOMIZAR GASOLINA, EU TO INDO MIROK! – gritei batendo na porta do meu vizinho colega. Sem esperar resposta, fui para o elevador.

Antes que as portas abrissem, Mirok saiu correndo do próprio apartamento. Como eu calculava, ele acabara de acordar. Estava com uma camisa branca desabotoada, calça jeans com o zíper aberto, tênis desamarrado, cabelo escuro totalmente desarrumado e um pão francês na boca. Correu até o elevador e entrou comigo.

– Você podia ter me acordado mais cedo, inuyasha... – disse sonolento, terminando de se aprontar. Não era mais novidade vê-lo daquela maneira.

– Está na hora de você aprender a acordar sozinho.

Até o elevador chegar no estacionamento, meu prezado amigo terminou de se vestir. Fomos até a minha vaga, ou melhor, até o meu 'carrinho'. Não vá pensar que seja um desses, populares, pequenos, desconfortáveis e fedendo a suor. Era uma Ferrari 599 GTB Fiorano; mas não vou descrevê-la muito. Só saiba que não é para o bico de qualquer fulano.

– Já na ativa? – perguntou Mirok, já sentado.

- Não acho que te interesse, mas sim. – respondi sem nenhum interesse. Sabia do que ele estava falando, sem dúvidas. Aliás, ele só fala de mulheres; não há como errar.

Peguei uns atalhos no caminho, e em poucos minutos cheguei na universidade. Ainda faltava um pouco para iniciar as aulas do nosso curso. Vimos no edital onde teríamos as aulas e fomos até um lugar próximo de onde seria nossa primeira aula, onde tinha alguns bancos e árvores. Desde o ano passado eu gostava daquele lugar. É bem fresco, e as garotas adoram passar rebolando.

Me sentei e fechei os olhos, tentando aproveitar a brisa fresca da manhã. Logo um pessoal nos rodeou, mas nem prestei atenção em nada que falavam comigo.

– Parece que são as mesmas pessoas do ano passado na turma do 3º ano da nossa faculdade... Ninguém novo até agora. Não fazem mais transferências externas? – suspirou Mirok. Pude perceber o descontentamento dele.

– Não se estresse... Você pode tentar as novatas de todos os cursos dessa universidade. – o tranqüilizei.

– Peraí, peraí...- murmurou ele novamente, me cutucando. – Inuzão, olhe aquela ali que está passando...

E juro que se não fosse por conhecê-lo demais, eu não teria aberto os olhos. Ele exagera sim quando vê alguma garota 'arrumadinha', mas nunca falaria daquela maneira maníaca se a tal não fosse realmente um avião. E posso garantir que não me arrependi nenhum pouco de ter acreditado no meu querido colega.

De longe ela tinha aparentemente 18 anos. Tinha os cabelos negros, lisos e cumpridos lhe caindo sobre os ombros. Seios enormes e empinados, cintura fina, quadris largos, barriga lisinha, coxas grossas e uma bunda que só por Deus! Traduzindo: MUITO, mas muito boa mesmo. Ela vestia uma calça jeans colada naquelas pernas esculturais dela, e uma camisa azul claro justa, com os botões de cima abertos, deixando a mostra o vale dos seios e um pedaço do sutiã preto. Essa aí veio para matar, posso garantir...

Infelizmente, quando eu ia reparar no rosto dela, a menina se virou de costas e entrou na 'minha' sala.

Não preciso dizer que estava quase babando enquanto a encarava, não é? E não somente eu, mas como todos os seres do sexo masculino na linha de visão.

- Gostou da garota? – perguntou Mirok, arrancando minha concentração mais uma vez.

– Interessante... – disse observando a porta pela qual ela entrou. Vai ser minha primeira esse ano.

– Só não seja egoísta, cara de cadela... – me interrompeu Bankotsu, sentado do meu lado e também observando a direção por onde a tal havia passado.

- Cale a boca... – murmurei me levantando e colocando a mochila nas costas novamente, olhando para o relógio de pulso – Estamos no horário.

Fui na direção da sala, já sabendo o que procurar com os olhos. A gostosa que vi a poucos minutos já havia se enturmado. Estava conversando animadamente com três caras. Um era o Houjo, outro era o Hiten – nota mental: descobrir como ele veio parar aqui, já que agora pouco o maldito traíra estava conosco nos bancos – e o último eu não me lembro o nome...

Como se fosse uma sina, ela continuava de costas para mim. Melhor em certo ponto, já que tive um privilégio de admirar novamente suas 'partes traseiras' que não deixam nada a desejar.

Segurei mirok pela gola da camisa, para o impedir de se apresentar antes de mim. Ele resmungou algo, só não entendi direito. Deve ser algo do tipo: "me solta, que você está me enforcando"... Tanto faz!

Posso dizer que estava curioso para ver o rosto daquela com tão perfeitos atributos corporais. Quando cheguei mais perto, senti um perfume maravilhoso, que por mais estranho que pareça, eu recordava de algum lugar. Fui até as costas da 'desconhecida'.

– Olá linda..? – murmurei no ouvido dela. A senti se assustar.

Ela se virou para mim de solavanco.

Por um instante fiquei paralisado. Seus olhos eram lindos e mais profundos do que eu me lembrava. Seu perfume doce de flores do campo invadiu minha cabeça. O perfume combinava perfeitamente com ela, mesmo que eu tenha negado isso durante anos...

O QUÊ? O QUE EU ESTOU DIZENDO?!

- KAGOME! – gritei, também a despertando.

– Inuyasha! – ela revidou com uma expressão tão surpresa quanto à minha.

Ela! Era ela a menina que conheci quando eu tinha uns 8 ou 9 anos. Foi minha vizinha, e logo no primeiro dia nos apegamos de uma forma inexplicável. Logo depois do susto, e antes que eu tivesse ainda alguma reação, a senti pulando em cima de mim. Por pouco não caio ao chão junto dela, o que não seria muito ruim. Correspondi àquele abraço forte, como sempre fiz. Abraço assim que tive constante até meus 14 anos de idade, quando minha melhor amiga viajou. E só resolveu voltar para mim hoje...

Tão diferente! Cresceu tanto... Já é uma mulher. Uma mulher maravilhosa, pelo que já pude notar. Mas continua com os mesmo olhos intensos, o mesmo sorriso aconchegante, o mesmo perfume doce...

Me senti arrepiar quando ela deu vários beijos estalados na minha bochecha, como quando éramos crianças. Nunca reparei quão macio era os lábios dela..

- E não é que a pirralha voltou? – a provoquei, ainda abraçado a ela. Infelizmente eu estava muito próximo daquele rosto e daquela boca perfeita.

CALE A BOCA INUYASHA! Ela é sua melhor amiga de infância, e não uma de suas vadias..

– Pirralha? – questionou se soltando um pouco e me examinando dos pés a cabeça, ainda com aqueles braços de pele suave enlaçando meu pescoço – Você também não mudou muito, moleque...

Ficamos alguns segundos nos encarando. E começamos a gargalhar, chamando a atenção de todos à volta.

Senti falta daquilo. No dia que ela me avisou da viagem que iria fazer, chorei muito. Chorei como um bebê que alguém roubou o doce. Durante aqueles anos, ela tinha se tornado minha companheira. Íamos à escola juntos, brincávamos a tarde toda no parque, no video-game, na lama. Descíamos o pequeno morro de skate e passeávamos com os cachorros da vizinhança em troca de chocolate...

(Início Flashback)

- Ei, K-chan! – chamou um garoto de aproximadamente 14 anos de idade, na porta de sua casa.

Ao avistar a menina se aproximar correndo de cabeça baixa e olhos lacrimejantes, se preocupou. Foi rapidamente até ela. Se encontraram num abraço forte.

– O que aconteceu, Kagome? – perguntou baixo, com os olhos violetas sérios.

– Eu vou embora, Inu-kun! – gritou levantando o rosto coberto por lágrimas – Eu vou embora.. E nunca mais vou te ver!

Ele apenas a abraçou mais.

– Não diga isso! Eu não vou deixar isso acontecer...! – replicou o menino, sentindo o choro se apossar de seus olhos. – Não vai...

– Mamãe e eu... Vamos embora daqui alguns minutos... Ela me avisou hoje quando eu acordei, agora pouco... – foi murmurando a garota entre soluços.

Os dois adolescentes apenas continuaram chorando, abraçados.

– Higurashi! Estamos atrasadas! – chamou a mãe algum tempo depois.

– Me promete que vamos nos ver de novo...? – sussurrou Kagome, se soltando um pouco do amigo.

– Não vá... – pediu Inuyasha novamente, chorando. Desceu os lábios e os selou nos da jovem, como era de costume; só que dessa vez, mais demorado. – Preciso de você aqui...

A menina apenas começou novamente a chorar mais forte e correu até o carro de sua mãe. Em instantes, partiram.

O garoto correu para dentro de seu quarto e lá ficou trancado chorando por alguns dias.

(Fim do Flashback)

– É.. – eu disse contendo o riso e passando a encará-la – O que me surpreende é você conseguiu arrumar cérebro para entrar na faculdade... – continuei o mais cínico que pude, com uma expressão pensativa.

– Também senti sua falta irmãozinho... – a ouvi dizer, meiga como eu me lembrava. Mas me senti estranho quanto a ela me chamar de 'irmãozinho'. Eu sei que era assim que nos chamávamos, de tão amigos que éramos. Mas na nossa situação atual - eu abraçado a uma mulher gostosa que não tem nenhum laço de sangue comigo - e ser nomeado de 'irmão', é bem estranho... – E sinta orgulho! Sua melhor amiga, por mais bizarro que pareça, conseguiu SIM entrar na faculdade! – sorriu ela completando.

– Grande coisa! Você continua feia. – murmurei arqueando as sobrancelhas. No dia que ela for feia, eu sou uma tartaruga marinha. Mas... ela não precisa saber disso.

– Feia é? Se me recordo bem, a poucos instantes você estava tentando me cantar, me chamando de.. Ahn... Como era mesmo? Ah! ''Linda...'' – disse ela imitando 'AQUELA' voz. A voz que eu mais ODIAVA.

– Acho que isso é coisa da sua cabeça, querida... Você, mais do que ninguém, sabe que eu nunca falaria isso para você, não é? – a encarei com um olhar superior. Ela sorriu e eu, como sempre, não resisti muito. – Você fez falta, pirralha... – murmurei lhe dando um beijo leve nos lábios. Alguns podem achar isso estranho, mas era assim que nos cumprimentávamos na nossa infância: com o conhecido 'selinho', ou 'bitoca'. Mas agora está tudo mudado. A boca dela parece muito mais quente, macia e convidativa do que antes. Demorei mais do que pretendia. A vi fechando os olhos e alargando o sorriso.

Senti muita saudade dessa menina barulhenta e insuportável. E assumo que está sendo muito difícil ficar abraçado sem esquecer que ela tem pernas, cintura e seios maravilhosos; e que é minha 'irmãzinha'.

Mirok, que antes estava em volta da gente, se aproximou mais. E como tudo o que é bom dura pouco, não tive tempo nem de aproveitar um pouco mais com minha irmã crescida antes de nos afastarmos e ela cumprimentar meu maldito colega.

– Olá princesa.. – disse ele pegando a mão da Kagome e dando um beijo nesta.

Acho melhor eu tira-la daqui antes que alguém resolva tentar algo indecente com ela. Como se já não me bastasse no colégio ter que protegê-la daqueles animais, todos loucos para atacarem pequenas crianças indefesas! – Meu nome é Mirok e sou vizinho e colega do Inuyasha. Por acaso vocês são... antigos namorados?!

– Prazer, sou Higurashi Kagome.- respondeu à meu amigo, mas me encarando e com 'aquela' expressão que eu até já sei qual era.

– Ela ainda é minha namorada. Por quê? - perguntei sério, a abraçando pelas costas e apoiando meu rosto na curva do pescoço dela, como sempre. Sempre que podíamos, 'fingíamos' que éramos namorados. E a maioria das pessoas caiam nessa.

Maldição...! Não é mais tão simples como era antes. No meu ângulo de visão atual, tenho todo o colo e o vale daqueles fartos seios. E eles estão olhando para mim! Aquele perfume, aquele pescoço de pele macia, aquele corpo todo cheio de curvas pressionado contra o meu... Oh, maldição! Tenho que parar com isso. Eu não deveria me excitar com ela dessa maneira.

MALDIÇÃO! PARE COM ISSO, INUYASHA! VOCÊ SABE QUE NÃO É MAIS UM ADOLESCENTE COM OS HORMÔNIOS À FLOR DA PELE!

Só sei que está muito boa essa posição. E todos os pêlos do meu corpo estão arrepiados.

Maldição.

– Não, não é possível... Eu nunca te vejo lá, e ele tem saído com a Kikyou...– falou Mirok, estragando toda a brincadeira e me lembrando que eu ainda tinha que dar um jeito na outra.

- É só eu viajar, que você me trai?! Está tudo acabado entre nós, Inuyasha! – disse Kagome, com uma expressão de raiva que quase me assustou. Se eu não soubesse que era uma bronca falsa, teria me escondido atrás da cadeira ao lado.

- Não diga isso, meu amor. Muitas podem ter passado pela minha vida, mas você sempre será a melhor! – eu afirmei veemente. Ela já está sorrindo. Daqui a pouco não vai aguentar a cara que o Mirok está fazendo para mim, como se dissesse "Cara, foi sem querer!" ou "Droga, se vocês terminarem eu vou me sentir culpado pelo resto da vida.".

- Eu estava fazendo piadinha, Higurashi! Ele só falou de você essas semanas todas! – interrompeu meu colega, tentando rir e abafar.

Não deu mais para segurar. Mirok mentindo é a coisa mais engraçado do mundo. Sabe aqueles que torcem a cara, deixando-a com expressão de choro de criança? Então. Caímos na riso, enquanto observávamos o outro nos encarar assustado. A risada da Kagome continua a mesma: escandalosa e irresistível! É impossível você ouvi-la rir sem rir junto. Depois de menos de um minuto, cessamos o riso.

– Também estávamos fazendo uma 'piadinha'! – explicou minha 'irmã', o encarando. – Eu e o Inu somos apenas ex-vizinhos e ex-melhores amigos!

- Você continua sendo minha melhor amiga, Ká... – murmurei próximo ao ouvido dela. Sim, eu continuo a abraçando pelas costas. Senti ela se mexer um pouco em meus braços. Ela ficou incomodada em sentir meu hálito próximo da pele dela ou é só impressão?

Meu Deus, o que estou fazendo?! Estou tentando seduzir minha melhor amiga de infância!

- Então, se eu tentar algum relacionamento com a senhorita Kagome, você não vai ficar irritado? – perguntou Mirok, com malícia. Ah não..

– Vou ficar muito, mas muito irritado. A ponto de quebrá-lo ao meio! Mas não se preocupe, que como seu amigo, não vou deixá-lo cometer o erro de se meter com ela. – disse tentando parecer divertido. Acho que não deu certo. Deve ser pelo fato de eu estar encarando-o com os olhos mais assassinos que consigo fazer.

ELE QUE SE META COM A KAGOME PARA VER O QUE SOBRA PARA CONTAR A HISTÓRIA!

- Inuyasha, odeio quando você me olha assim... – sussurrou Mirok.

– Fico muito feliz com a sua proposta de relacionamento comigo, mas infelizmente já sou comprometida com dois rapazes muito nervosos... – disse Kagome doce, me encarando de soslaio.

Bom que ela já tenha dispensado o maldito. Odeio que esse povo folgado fica tentando tirar casquinha da minha amiga. Era horrível no colégio ter que afastar todos aqueles marmanjos dela! E sempre..

Quê?

Dois rapazes..?!

Que eu me lembre, sou só um...

– Os dois são: Inuyasha, meu 'irmãozinho' ciumento.. E meu namorado, que também é possessivo! – explicou me encarando. A soltei do abraço, ficando de frente. – Kouga.

Kouga. Já fazia um ano que eu não o vejo. Ele fez o primeiro ano dessa faculdade comigo, depois mudou para outra, na França. E pelo visto vai fazer o terceiro ano aqui novamente.

Se eu odeio o Kouga? É lógico! Meu rival desde quando me entendo por gente. Sempre competimos sobre 'quem consegue mais garotas numa só noite', e quais 'as melhores idéias da faculdade'. E eu SEMPRE ganho! Só porque ele tem olhos verdes e horrorosos cabelos castanhos - observação: sempre presos num rabo-de-cavalo gay -, ele se acha o 'poderoso'.

PERAÍ!

A KAGOME ESTÁ NAMORANDO O KOUGA?!

Eu escutei direito? Se ela está namorando ele, ela também deve estar dormindo com ele! Meu Deus! Onde o mundo vai parar?! Ela ainda é uma criança! O que ele acha que está fazendo com ela?! Se AQUELE MALDITO tiver encostado UM DEDO na MINHA Kagome, vou estripá-lo e enforcá-lo com as próprias TRIPAS! E isso vai ser muito, mas muito demorado! Ele vai sentir mais dor do que qualquer um já tenha sentido e...

Inuyasha, acorda.

Ela só tem um ano a menos que você. E está no mesmo ano da faculdade que você. Não é uma criança! E se fosse, o que eu tenho a ver com isso?!

Acho que esses dias de celibato estão me deixando paranóico. Por que eu iria me importar com quem a minha melhor amiga e 'irmã' se fode toda noite! Há há há há... Eu não importo. Eu não me importo. Não me importo 'mesmo'.

- Deixe-me ver se entendi.. Você está namorando o Kouga?! – gritei, sem bom humor. A vi se afastar um pouco.

– Eu sabia que você não ia gostar de saber... – suspirou Kagome, indo para as costas do Mirok. – Que eu me lembre, você nunca gostou de nenhum namorado meu. Mas nunca gritou no meio de uma sala lotada por essa única razão... – ela concluiu, me encarando intrigada.

– Feh! Você faz o que bem entender. A vida é sua. – disse seco, indo me sentar numa cadeira bem distante daquele lugar.

Maldição! Se ela acha que vai tudo acabar assim, está enganada! Vou acabar com o Kouga, antes que ele saiba o que o atingiu.

Me sentei na cadeira e joguei a mochila no chão, fitando o teto. Alguns instantes depois, uma mão macia pousa sobre a minha, enlaçando nossos dedos. Sorrio internamente, ainda sem expressão alguma na face.

– Hey, não quero que fique bravo. Você continua sendo meu preferido! – disse ela sorrindo 'daquele' jeito. Que desde o primeiro sorriso me amoleceu. Maldição, ela sempre consegue me dobrar.

Levantei a mão dela e a dei um beijo. Não cheguei a sorrir, mas ela sabe que está tudo bem agora.

– Dessa vez eu não vou ficar bravo. Mas não se acostume. – disse a vendo sorrir mais e se sentar ao meu lado.

– Hoje nós vamos ter aulas na faculdade até o fim da tarde, por ser o primeiro dia.. Se quiser jantar lá no hotel que eu estou, eu preparo aquela lasanha de molho branco que você adora... – disse marota, ainda sorrindo – E não se preocupe que o Kouga ainda não chega hoje. Ele está terminando a faculdade na França, só nos vemos algumas vezes por semana. Passagens de avião não são baratas...

Preciso dizer o quanto isso me deixa feliz? Que saber que ela não dorme com ele todos os dias me alegra ao ponto de eu querer pular e dar um beijo no rosto do Mirok? Acho que vou ter que esquecer o que eu pretendia fazer hoje de noite.

- Que tal você fazer essa lasanha perfeita no meu apartamento? Depois das aulas nós vamos ao mercado. Eu preciso comprar comida pelo menos para a semana, se é que me entende. – eu respondi com um meio sorriso.

Afinal, por que eu estou arrumando desculpas para deixá-la no meu território? Ela não é uma das garotas que eu levo para cama. Falando em território..

– E você está morando em hotel?..– perguntei assustado.

- Estou sim, Inu... Ainda não achei nenhum apartamento para dividir com alguém da faculdade. Cheguei tarde, se é que me entende! E quartos individuais são bem caros.. – ela sorriu meio tristonha.

– Eu não vou deixar você dormindo num hotel ou dividindo quarto com desconhecidos! É isso que dá namorar o Kouga, que nem se preocupa com o seu bem-estar! Feh! – resmunguei. Ela só riu. – Você vai para o meu apartamento e vai ser hoje. Tenho uma suíte sobrando. Só não tem comida na geladeira, mas isso a gente resolve depois. E desde quando você se preocupa com dinheiro?

– Você se importa de falarmos sobre isso mais tarde, Inu-kun? – ela perguntou com um olhar sério e magoado. Se ela soubesse que isso me dói, talvez tampasse a face ao fazer isso. Será que foi o Kouga que fez milhares de dívidas e a faz pagar? Ou é a mãe dela? Elas podem ter brigado, e ela não paga mais a ''mesada''.

Eu concordei com a cabeça e lhe dei o sorriso mais lindo que consegui dar. Lembro dela dizer que só isso conseguia afastar as tristezas de sua cabeça. Ela correspondeu o sorriso. Logo tudo ficou silêncio e o tal professor de criação publicitária adentrou na sala.

Não sei se foi só minha impressão, mas as aulas estão passando extremamente rápidas. É certo que não sei de muita coisa que aconteceu nas aulas, já que eu estava muito ocupado observando os movimentos tão doces que os lábios avermelhados da Kagome faziam enquanto ela sorria para alguma coisa.

Ela é minha amiga. Só amiga.

Ou não.

É sim!

Talvez se não fosse, eu..

Mas ela é!

- Inuyasha! Você ouviu o que eu disse? – perguntou Kagome, me encarando brava.

– Claro.. – sussurrei, me recompondo.

– Do que falávamos? – ela me perguntou novamente. Agora percebi que estamos em um tipo de grupo. Ela, Mirok, Bankotsu, Suikotsu e uma garota que não sei o nome, me encaravam curiosos.

– Daquilo mesmo... – eu murmurei dando um sorriso de canto.

– Não mudou nada... – ela suspirou, ainda brava. – Pelo menos ouviu qual é o projeto que pretendemos fazer?

- Projeto? – repeti. Sobre que projeto ela falava?

- Você está bem, Inuyasha?! – exclamou o Mirok.

Eu afirmei com a cabeça e fiz uma expressão nervosa para ele.

– Vou explicar de novo, mas dessa vez presta atenção, ok? – disse Kagome, sorrindo. E que sorriso. – Não sei se você ouviu, mas temos uma semana para fazer uma produção visual, ou em formato de folheto ou de outdoors para um produto que ele nos passou. O nosso grupo ficou com uma marca de roupas caras nova na cidade, a Sex Symbol. A intenção dela com a publicidade é ressaltar a imagem de sensualidade e tal, então decidimos que entrará mais em contato com o público alvo em forma de outdoores. Nos deram para usar uma cota máxima de dinheiro, que é bem pouca. A grife vende peças de diferentes estilos. Estávamos pensando em nos apegar a isso na propaganda. – ela explicou, séria.

– Mas eu ainda acho que fotos de um casal se agarrando ficaria bem sexy.. E chamaria atenção. – completou Mirok, sorrindo malicioso.

– Eu concordo com o Mirok. – eu disse. Kagome me olhou espantada. – É sério, mas não do jeito que ele se expressou. No outdoor poderia sim ser fotos de um casal, mas neles podíamos expressar essa diferença de estilos. Ficaria legal se fossem fotos interpretadas, como por exemplo: uma garota, elegante, mas tímida e envergonhada. Ela junto de um rapaz meio gótico, agressivo e punk. As fotos poderiam ser insinuantes, o que também incentivaria a intenção da grife, de parecer Sex Symbol. - encerrei. Minha maninha me observava admirada e intrigada, assim como os outros do grupo.

– Gostei. – murmurou ela.

– Eu apoio. Todos de acordo? – perguntou Mirok entusiasmado.

Todos concordaram. É por isso que eu me amo. Sou tão inteligente...

– Agora temos que ver a questão de orçamento. Temos 500 dólares. Ou seja, nada. Não é o suficiente para pagar um estúdio de fotografia, dois modelos e um editor de imagem. – disse Bankotsu pela primeira vez.

– Eu conheço um editor de imagens ótimo que nos cobraria apenas 50 dólares pela edição dos outdoors. – propôs Suikotsu orgulhoso.

– Você tem certeza que ele é ótimo mesmo? – perguntou aquela garota desconhecida por mim.

– Sim, já fiz trabalhos com ele no ano passado. Posso garantir!

- Ótimo! Considerando que estúdios bons cobram no mínimo 350 a 400 dólares, e modelos qualificados e bonitos, cada um, no mínimo 250 dólares. O que somado daria em torno de 850 dólares, sendo que só temos para gastas 450 dólares. – disse a Ka-chan, desanimada.

– Kagome, você poderia ser a nossa modelo feminina! É linda, tem um corpão, ficaria bem em qualquer roupa. E deve saber fazer um ar tímido ou manhoso! – Mirok sugeriu empolgado. Todos pareceram gostar da idéia.

É, realmente a idéia é boa. Já pensou? Ela, naquelas saias minúsculas, blusinha rosa apertada, busto e pernas à mostra, com o dedo na boca.

Ai.

Alô? Ela é sua melhor amiga, Inuyasha!

Maldição...

Não devia ser errado desejar a irmã de consideração.

Mas é. E se não fosse...

- Inuyasha! INUYASHA? – Mirok me chamou, quase gritando. – E então? Concorda? – perguntou esperançoso.

- Não. – eu disse vendo todos os sorrisos desaparecerem naquelas faces – Primeiro porque como o Mirok mesmo disse, são fotos insinuantes. A Kagome não é modelo profissional e não deve saber o limite do real e do profissional. Segundo e mais importante, é porque sei que existem modelos do sexo masculino mal-intencionados e que podem tentar se aproveitar ela durante as fotos com coisas à mais do que se deve. – esclareci. Me olharam como se eu fosse um E.T.

- Meu caro, vamos estar junto dela no estúdio. Podemos monitorar as fotos para ninguém atacar a sua irmã! – interrompeu Bankotsu novamente.

- Mesmo assim só vamos ver depois de ter acontecido; o que não me contenta.

- Então seja você o outro modelo, oras! Você já trabalhou nisso há alguns anos atrás, não é? – propôs Mirok, sério.

Ótima idéia.

Eu, agarradinho à ela, com os rostos bem próximos. Ela, me encarando como que com medo, toda inocente. Sorrindo com perversão, escorrego minhas mãos para as pernas dela. Na volta, levanto a barra da saia...

CHEGA! CHEGA!

Malditos hormônios e maldita cabeça inferior masculina no meio das pernas!

Ela é minha amiga.

Ela é minha amiga.

Ela é só minha amiga.

Mas é uma ótima idéia.

Só não posso garantir nada quando à segurança dela.

EU POSSO SIM!

Ah.. Não posso...

POSSO! POSSO! POSSO!

Não vou resistir...

EU VOU SIM!

Não vou.

- É uma ótima idéia. – completei sorrindo.

- Que pena que você aceitou. Eu já ia me candidatar para tirar as fotos com a Kagome... – sussurrou Suikotsu encarando a minha Ka, com um riso safado.

- Cala a boca, cretino. Mesmo que eu não aceitasse, você nunca serviria para modelo, E como eu nunca deixaria você encostar nela, desista da antiga possibilidade. – eu disse, bem mais sério. Quase com um olhar assassino, acredito eu.

- Eu sei que sou demais, mas não briguem por mim. – falou a própria, tentando sorrir, mas bem constrangida. Feh, depois eu me acerto com o Suikotsu.

Algo me diz que essa semana será extremamente interessante.

(Fim do 1º capítulo.)