N/A.: Finalmente reparei o primeiro capítulo e ele está em minha conta. Em breve ou outros estarão aqui, assim como a continuação. Agradeço, novamente, a todos que acompanharam a fic e que compreenderam porque estou fazendo isso. Agradeço também pelas lindas reviews que recebi e antecipadamente pelas que poderei vir a receber (todas serão respondidas). Para quem a lia, espero que continue acompanhando; e para quem ainda não leu, espero que tenha uma agradável leitura.

Disclaimer: Saint Seiya Não me pertence. Todos os direitos à Masami Kurumada e cia. Este capítulo foi originalmente elaborado com a participação da Drica de Áries.


Por Amor

1- Atropelamento

Uma noite quente e comum na cidade de Nova York. Passava das dez e o movimento nas ruas estava longe de terminar.

Um ruivo estava em uma boate situada num bairro classe média-alta, reconhecida por sempre ser muito freqüentada. Sentou em um banco ao lado do balcão e pediu um uísque. Precisava de alguma bebida forte. Bebericava enquanto observava o ambiente que lhe era tão familiar; as pessoas dançando seguindo as batidas da música... Sentia inúmeros olhares, tanto femininos quanto masculinos, frequentemente voltados para si. Tinha consciência que chamava atenção, cada gesto seu sendo sensual.

Notou quando um rapaz aproximou-se. Ele tinha cabelos longos azuis e olhos esverdeados. Estava extremamente bem vestido, todo em negro, e possuía um olhar lascivo, muito sedutor.

– Quer conversar? Vejo que está só... – O jovem de cabelos azuis recostou ao seu lado, sorrindo maliciosamente.

– Depende. O que teria a me oferecer para me convencer a aceitar sua companhia? – depositou o copo já vazio no balcão.

– Que tal um drink, como começo, enquanto nos conhecemos melhor? – Sorriu sarcástico. Logo entendeu do que se tratava.

– É, acho que vou aceitar o convite, senhor...?

– Kanon. – fez um breve sinal ao garçom e fez os pedidos.

Como o ruivo já imaginava, foi só questão de uma rápida conversa para que seu mais novo cliente começasse a passar a mão em si e a dar cantadas cada vez mais ousadas, obviamente por causa das bebidas.

Não demorou e o rapaz o chamou para sua casa. Era um apartamento grande e bem dividido, com enfeites elegantes e de bom gosto.

Mal haviam chegado, Kanon já começou a beijar seu pescoço despir seu corpo. O ruivo retribuía às carícias habilmente. Em sua face estampava um sorriso safado que sempre usava como disfarce para sua angústia.

Kanon era bruto, arrancando as roupas do ruivo de qualquer jeito, arranhando-o com força. O outro sabia que seria mais uma noite longa...

Após as marcas em seu corpo, que lhe deixavam todo dolorido, o rapaz pegou o dinheiro, vestiu-se e retirou-se friamente, como sempre fazia.

Kanon havia adorado o achado da noite e prometeu para si mesmo procurá-lo novamente e tê-lo por várias noites.

Assim que alcançou a rua, Kamus, o ruivo, começou a pensar em sua vida um tanto medíocre.

Começara a se prostituir para pagar o tratamento do irmão mais novo, Hyoga, que estava no hospital e para sustentar o outro irmãozinho, Issak, que estava fazendo companhia para o mais novo.

Toda noite tinha que aturar cantadas e engraçadinhos que o queriam em sua cama, se sujeitar a humilhações e sempre agüentar os sádicos que cruzavam seu caminho só para conseguir o dinheiro. A vida era realmente dura. Uma fina e dolorosa lágrima deixou seus olhos, afagando seu rosto alvo e belo. Sentia nojo de si, apenas em pensar nas pessoas que o tocaram e viriam a tocá-lo, em suas roupas que sempre voltavam bagunçadas, com cheiro de outros ou até com rasgões.

Atravessava a rua principal imerso em pensamentos, não percebendo o carro que dobrava a esquina e vinha em sua direção, em alta velocidade.

O motorista freou bruscamente ao ver o rapaz, mas o acidente foi inevitável.

Quando o ruivo se deu conta, os faróis estavam sobre si. Ouviu um cantar de pneus, olhando na direção com os olhos assustados. Ficara paralizado. Sentiu uma forte pancada acompanhada de uma dor alucinante, dando-se conta que estava no chão em instantes.

OoOoOoOoO

Miro estava dirigindo pelas ruas de Nova York, revoltado. Era um grande empresário dono de uma famosa gravadora que herdou de seu pai. Sempre mimado, foi de ter às mãos tudo o que queria, mas gostava de fugir um pouco de sua vidinha perfeita. Fazia o tipo de "não me importo com ninguém além de mim!", mas, a verdade era que se importava com os outros.

Falava no celular aos berros com um dos seus diretores de marketing. Acabara de chegar de uma viagem, estava irritado e pisava fundo no acelerador. Virou uma esquina sem perder muito a velocidade, desligando o celular e jogando-o no acento do carona balbuciando alguns palavrões.

Apenas um breve desviar de atenção.

Quando viu, estava quase em cima de um rapaz que paralisou ao ver os faróis. Miro freou bruscamente, cantando os pneus, mas foi inevitável.

Saiu do carro o mais depressa possível para prestar socorro. Como alguém poderia aparecer no meio da pista de uma hora pra outra?

Porque isso tinha de acontecer logo com ele?

Abaixou-se para observar o acidentado.

O rapaz caído estava com os olhos semi-cerrados. O corpo deveria estar dormente pelo impacto. O olhou brevemente, perdendo a consciência em seguida.

Miro quase se desesperou. Sabia que não devia ser boa coisa o outro ter perdido a consciência.

Lembrou dos conceitos básicos: nunca tocar no ferido e chamar por ajuda especializada o quanto antes. Prontamente voltou pro carro, pegando seu celular para chamar uma ambulância. Passou o endereço, desligando o aparelho e voltando para o lado da vítima. Havia deixado os faróis ligados sobre o jovem, para facilitar o socorro. Por sorte era madrugada e não havia movimentação nas ruas.

Em poucos minutos chegou a ambulância para levarem o rapaz, ainda inconsciente, para o hospital. Miro apagou os faróis de seu carro, estacionando-o e trancando.

Foi na ambulância.

OoOoOoOoO

– O... O que houve...? – Murmurou baixinho, tentando imaginar onde estava e porque sentia tanta dor pelo corpo e em especial em sua cabeça.

Kamus acordou reconhecendo estar num quarto de hospital, grande e confortável. Sentiu sua perna doer. Quando a tocou, pode notar que ela estava engessada. Sua cabeça latejava e via-se com boa parte do corpo enfaixado, usando apenas um short leve.

Deu uma olhada melhor no local e acabou por deparar-se com um belo rapaz dormindo, desconfortavelmente, numa poltrona do quarto. Observou-o atentamente, tentando se lembrar dos últimos acontecimentos. O cara, a casa, o carro, o atropelamento, um ser desconhecido e mais nada. Seus pensamentos foram interrompidos por um médico que adentrara no quarto, sorrindo.

– Bom dia senhor...?

– Kamus... – falou baixo. Ainda estava confuso.

– Como se sente? – o médico abaixou o lençol até a cintura do ruivo, olhando as ataduras pouco ensangüentadas.

– Bem, eu acho... Mesmo com a perna quebrada e minha cabeça latejando.

– Isso é bom. Você chegou aqui em estado grave e quase teve um traumatismo craniano.

– Como vim parar aqui?

– Aquele rapaz o acompanhou até aqui. – indicou Miro.

Kamus se ajeitou na cama. Tentou sentar, mas não conseguiu em decorrência dos ferimentos.

– Não se esforce, senhor Kamus. Seu estado não é muito favorável. – o médico o precavia.

O rapaz da poltrona finalmente começava a acordar.

– E quando eu vou poder sair daqui? – Falou preocupado, para o doutor.

– 48 horas em observação. E fora daqui, duas semanas, no mínimo, sem qualquer esforço físico. – entregou-lhe um comprimido com um pouco d'água. – Tome, aliviará suas dores.

O ruivo tomou o remédio e recostou-se, suspirando. O médico cumprimentou o moreno ali presente e retirou-se.

– É até pouco pro seu estado! – o rapaz que até então estivera calado se meteu, coçando os olhos de forma infantil.

– E quem é você? – Kamus perguntou sem qualquer emoção.

– Chamo-me Miro. Eu... – começou dizer com um sorriso.

– Muito obrigado por ter me atropelado, senhor Miro... – Falou com ironia, interrompendo o outro – ... e por me dar uma perna quebrada.

O sorriso de Miro murchou tão rápido como apareceu. Kamus viu e se arrependeu por ter sido tão grosso com ele, afinal, o rapaz, apesar de tê-lo atropelado, o socorreu. Coisa que muitos não fariam.

– Desculpe-me. Sei que sou o culpado disso tudo, mas eu pretendo te ajudar enquanto não puder sair ou trabalhar. Se quiser, telefono para sua família e patrão para informar do ocorrido e...

– Tudo bem, esqueça. – disse num tom frio, tentando inutilmente se acomodar na cama.

– Pode contar comigo para qualquer coisa! Diga-me, você tem algum parente? – Miro aproximou-se. Pegou o lençol que cobria parte do corpo de Kamus e o puxou, para cobri-lo novamente.

– ... – o ruivo decidiu por dar uma chance no jovem, que parecia uma boa pessoa. Não tinha grande escolha mesmo. – Tenho dois irmãos, um chamado Hyoga que está internado e outro chamado Issak. Mas não quero que recebam essa notícia, ficariam preocupados e não quero isso.

– Entendo. O que o Hyoga tem? – demonstrou preocupação. Agora entendia porque o ruivo foi tão ríspido. Estava pensando nos irmãos.

– Hemofilia. Uma doença de sangue. Qualquer corte pode matá-lo e ele tem hemorragias constantes. Precisa de transfusões... Tem de ficar internado. – Foi inevitável seu olhar melancólico. – E eu precisava trabalhar, eu quem pago a conta.

– Quantos anos eles têm? – entendia a preocupação do outro. Pagar por uma internação não era nada barato.

– Hyoga tem cinco e Isaak onze.

Miro parou pra refletir um pouco. Se fosse em outra ocasião, já tinha mandado tudo para o diabo que o carregue e voltado para casa, deixando uma boa quantia em dinheiro para as despesas do atropelado.

Detestava que o tratassem com ignorância. Mas achou que o certo seria ajudar o rapaz, afinal, a culpa foi sua por dirigir ao telefone. Principalmente ao saber que aquele jovem era responsável por duas crianças. Não custaria nada ajudar no tratamento do irmão dele neste período, afinal, era economicamente bem de vida.

– Eu vou te ajudar. Pode deixar que vou arcar com todas as despesas de seu irmão, enquanto estiver assim. – Falou simpaticamente.

– Não pedi sua ajuda!

– E nem precisaria! Estou me oferecendo, a culpa do acidente foi minha, então, é minha obrigação lhe ajudar. – O repreendeu. – Enquanto não puder trabalhar, eu me responsabilizarei por vocês três. Agora deixe de ser teimoso, mude essa cara rabugenta e volte a descansar. É tudo o que precisa se preocupar agora. E nem pense em contestar algo do que disse!

Kamus não disse nada, observando-o por um bom tempo, sério. Cansado e sob efeito do remédio, voltou a dormir. Depois pensaria se aceitaria a ajuda do outro.

Miro voltara para a poltrona onde estava sentado e ficou velando o sono do outro. Estava decidido. Iria ajudar aquele teimoso até que ele melhorasse!

CONTINUA...