Ato Final - A Peça
Cena III –Frei Lourenço e Príncipe dos Gatos
-Bom dia, padre! – James disse, sorridente, enquanto entrava na cena novamente.
-Benedicite! Que voz matinal tão docemente me saúda? Jovem filho, isso demonstra ânimo inquieto, dizer adeus à cama em hora tão matinal. Portanto, teu madrugar denuncia que alguma inquietude te despertou ou, não sendo assim, embora acreditando acertar... – ele sorriu para James. – é que nosso Romeu não se deitou esta noite.
-O final é a verdade. – ele sorriu ainda mais. – O meu repouso foi mais doce.
-Deus perdoe o pecado. – Remus o mirou, incrédulo. – Estiveste com Rosalina?
-Com Rosalina, meu pai espiritual? – indagou, confuso. – Não; não me recordo mais desse nome e de sua amargura.
-Boa notícia, meu filho. – Remus sorriu. – Mas, onde estivestes então?
-Estive ontem em uma festa com meu inimigo, onde, de repente, uma pessoa me feriu e foi ferida por mim. E, bom frei, sabeis claramente que o caro amor de meu coração se pousou na bela filha do rico Capuleto e, da mesma maneira que a amo, sou por ela amado. Só falta, pois, para nossa completa união, que vós nos unais em santo matrimônio. Quando, como e onde nos vimos, apaixonamo-nos e trocamos nossos votos de amor, vos contarei durante o caminho. O que vos rogo, agora, é que consintais em casar-nos ainda hoje.
-Por São Francisco! – exclamou, incredulamente. – Que mudança é essa? Já esqueceste a Rosalina, a quem amavas tão apaixonadamente? O amor dos jovens, em verdade, não está nos corações, mas de preferência nos olhos! Que pranto copioso inundou tuas lágrimas por Rosalina! Quanta água salgada vertida em vão para sazonar um amor que não tem nem gosto dela! O sol ainda não purificou o céu dos teus suspiros, teus gemidos ainda repercutem em meus velhos ouvidos! – ele segurou o rosto de James e o inclinou de leve para o lado. – Olha, aqui sobre tua face, aparece a marca de uma lágrima antiga que ainda não foi limpa!
-Muitas vezes me repreendeste por amar Rosalina. – rebateu James num tom estranhamente sério.
-Por idolatrá-la, não por amá-la, meu filho. – Remus o interrompeu de forma severa.
-E me aconselhastes a enterrar aquele amor. – continuou calmamente.
-Mas, não em um túmulo que se coloca um para fazer surgir um outro.
-Eu vos suplico, não me repreendas! – falou num tom brando. – Aquela a quem amo me paga bondade por bondade e amor por amor. A outra assim não fazia.
Remus pareceu considerar por um bom período. Após algum tempo, sorriu.
-Ela bem sabia que teu amor lia de cor, sem haver aprendido a soletrar. Mas, vem jovem inconstante, vem comigo. Ajudar-te-ei por uma razão: esta aliança poderá ser proveitosa, mudando em puro afeto o rancor de vossas famílias.
Sorrindo, James beijou a face de Remus e o abraçou de forma terna e agradecida.
-Partamos! Importa-me agir depressa. – ele soltou Remus e começou a correr em direção à saída, levando um leve escorregão no caminho.
-Sabia e calmamente, pois quem muito corre, pode cair. – ele estendeu a mão para James, que a aceitou, levantando-se em seguida.
Assim foi feito. Às nove horas Julieta enviara o seu mensageiro – a ama – e, pouco tempo depois, a herdeira dos Capuleto fora desposada pelo herdeiro dos Montecchio, na capela do Frei Lourenço. Ambos despediram-se logo em seguida, aguardando de forma ansiosa pelo próximo encontro, que seria à noite, no quarto da jovem.
Neste mesmo horário, encontravam-se Mercúcio e Benvólio, sentados próximos a uma fonte da praça pública, o sol escaldante fritando as suas cabeças. O primo de Romeu tentava, a todo custo, convencer o outro a ir para casa, mas o mesmo não parecia muito disposto a fazer isso.
-Por favor, bom Mercúcio, retiremo-nos! O dia está quente, os Capuleto estão ausentes e, se nós os encontrarmos, não escaparemos de uma briga, pois agora, nestes dias quentes, ferve o sangue frenético.
-Tu és como um desses bravos que, ao adentrarem os umbrais de uma taverna, atiram a espada sobre a mesa dizendo: "Queira Deus que não necessite de ti!" – debochou Sirius com um meio sorriso. – E apenas haja produzido resultado o segundo copo, esgrimem-na contra o taverneiro quando na verdade não havia necessidade de tal coisa.
-Eu sou como um desses bravos? – Amus arqueou uma sobrancelha.
-Vamos, vamos! – tornou-se a rir. – Tu és uma criatura de um furor tão arrebatado como não há igual na Itália e depressa ficas encolerizado quando te sentes provocado.
-E que mais?
-Nada. Se houvesse dois iguais, dentro em breve teríamos um, pois um teria matado o outro. Tu! Mas tu procuras briga com homens porque tem um cabelo na barba a mais ou a menos do que tu! – muitos riram. – Brigarias com um homem por quebrar castanhas, tendo como único motivo que teus olhos são castanhos. Que olho, a não ser olho semelhante, iria descobrir tal motivo da briga? – ele arqueou uma sobrancelha e prendeu o riso. – Tão repleta de querelas está tua cabeça que...
-Por minha cabeça, estão chegando os Capuleto! – interrompeu Amus com voz de temor.
-Por meus calcanhares, – debochou Sirius, adquirindo um ar displicente. – eu não me importo.
Snape, acompanhado de alguns outros alunos figurantes, aproximou-se dos dois com a feição de profundo asco ao que Sirius curvou os lábios num sorriso debochado.
-Boa tarde, cavalheiros. – a voz fria dele ecoou pelo recinto. – Uma só palavra com um de vós.
Sirius, com um cenho franzido, olhou para um lado e para o outro e depois apontou para si próprio.
-E só uma palavra com um de nós? – ele debochou numa voz falsamente amedrontada. – Juntai-a com alguma outra coisa para que sejam uma palavra e um golpe! – completou em tom de desafio.
-Bastante disposto me acharei para isto, senhor, se me derdes ocasião. – ele mesurou de leve, sorrindo de forma escarninha.
-Não poderíeis agarrar a ocasião sem que ela vos fosse oferecida? – retrucou, se levantando calmamente.
-Mercúcio, és consorte de Romeu...?
Sirius encarou Snape com uma fúria reprimida.
-Consorte? Pensas que somos menestréis? – ele avançou alguns passos ao que Snape recuou com um ar superior. Sirius se reprimia de fúria. – E se pensas que somos menestréis, só esperes ouvir discordâncias. Aqui está o meu arco de violino. – ele disse, desembainhando a espada. – Aqui está o que te fará dançar!
-Estamos falando em lugar público muito freqüentado. – Amus murmurou, numa tentativa de aparta-los. – Procuremos um lugar mais afastado e raciocinemos serenamente sobre vossos agravos, ou retiremo-nos sem mais nada. Todos os olhos estão fixos sobre nós.
-Os olhos dos homens foram feitos para ver, deixa-os olhar; não me mexerei para dar prazer a ninguém.
Snape apenas sorriu e embainhou a espada, ao notar a presença de James no palco.
-Bem, ficai em paz, senhor. Está chegando o meu homem.
Sirius olhou para trás momentaneamente e viu o rapaz chegar até eles com um olhar surpreso.
-Romeu! – Snape falou num meio sorriso, ao que James e um Sirius, ainda ofegante e com espada em punho, trocaram um olhar. – O ódio que tenho por vós não pode encontrar melhor expressão do que esta: és um covarde!
James soltou um longo suspiro, tentando se controlar para não dar uma resposta à altura de Snape. Poderiam estar apenas atuando, mas a inimizade real entre os dois falava mais do que isso, e o maroto tinha plena certeza que cada frase dita até ali tinha o seu fundo de verdade.
-Tebaldo, a razão que tenho para estimar-te desculpa o ódio de similar saudação. – ele falou num tom calmo, olhando feio para Sirius, que se controlava para não rir. – Não sou um covarde. Sendo assim, adeus, pois estou vendo que não me conheces.
James mordeu o lábio inferior por alguns segundos e deu as costas pra Snape, fazendo menção de voltar pelo lugar de onde veio. Todos olharam surpresos para ele e Severus ficou momentaneamente sem reação.
-Rapaz, isto tudo não pode perdoar as injúrias que me fizeste! – ele foi atrás de James e o empurrou, fazendo-o ir de encontro ao chão. James encarou Severus de modo firme e fuzilador ao ver o ar superior que o sonserino exibia. – Portanto, levanta-te e desembainha a tua espada!
-Protesto, nunca te injuriei, mas estimo-te mais do que possas presumir, até que saibas a razão do meu afeto. – ele falou, ainda ajoelhado no chão, mas virando-se para ele. – Assim, pois, bondoso Capuleto, cujo nome estimo tanto quanto o meu próprio, considera-te satisfeito.
Os dois encararam-se momentaneamente. James tentava manter a expressão serena no rosto enquanto sua têmpora pulsava. Snape não conseguia esconder o seu ar triunfante... Algum tempo depois, James fora jogado ao chão, enquanto levava a mão a uma das faces, que recebera um tapa do sonserino. Cerrou um dos punhos com força, contendo a vontade de avançar para cima de Severus, enquanto sentia o gosto de sangue nos lábios.
Sirius resmungava algo enquanto via James caído ao chão. Snape preparou-se para desferir num novo golpe e James inspirou profundamente.
-Tebaldo, caça-ratos, queres dar uma volta? – gritou Sirius, fazendo com que o rapaz parasse e voltasse o olhar para ele.
-Que desejais de mim? – ele desembainhou a própria espada ao notar que Sirius apontava a sua para ele.
-Bondoso Rei dos Gatos... – Sirius provocou, atritando a sua lâmina a dele lentamente. – nada apenas uma de vossas noves vidas, com a qual farei o que bem me pareça e, em seguida, segundo a maneira de conduzir-vos, espancarei as outras oito.
-As vossas ordens!
Os dois começaram a duelar. James permaneceu algum tempo deitado no chão, observando a cena um tanto quanto estupefato, antes de se levantar de modo brusco e ir de encontro aos dois.
-Tebaldo! Mercúcio! – ele os chamou, nervoso. – O Príncipe vetou expressamente os combates nas ruas de V... Mântua! – ele se pôs entre os dois, segurando Sirius firmemente. – Não, bom Mercúcio.
O silêncio reinou entre os três. James e Sirius arregalaram os olhos ao mesmo tempo. O primeiro, confuso e o segundo, surpreso. A espada de Snape estava banhada de sangue. Lançando um olhar para os seus companheiros, bateu em retirada, sendo seguido logo depois pelos mesmo.
Sirius resmungou algo para James e o rapaz o encarou de modo sério.
-Quê...? – James falou, um tanto quanto alto demais. Todos olharam surpresos para ele. Snape sorria. – Estás ferido? – completou, rapidamente. Amus o encarou, confuso, afinal, aquela fala era dele.
Sirius empurrou James para longe e segurou firmemente a cintura, enquanto um sangue jorrava de algum ponto acima dela.
-Sim, sim... – ele riu. – Um arranhão, um arranhão... Basta.
-Coragem, meu bom amigo. – James aproximou-se dele cautelosamente. – Não... Não há de ser grave.
-Não, não é tão profundo quanto um pólo, nem tão largo quanto o portal de uma igreja; mas, é suficiente para produzir efeito. – ele fez uma careta de dor. – Perguntai amanhã por mim e encontrar-me-eis um homem sério como um túmulo. Estou amaldiçoado, posso garantir-vos, para este mundo! – ele pendeu o corpo para frente, ao que James o sustentou, descendo calmamente até o chão e o amparando em seus braços. – Que uma praga dizime vossas famílias! – ele mirou James firmemente. – Por que diabo te interpuseste entre nós? Fui ferido debaixo do teu braço!
James suspirou e pôs a mão por cima da de Sirius, que ainda tampava o ferimento.
-Eu fiz com a melhor das intenções.
Sirius tossiu.
-Que a peste caia... sobre vossas famílias.
O rosto de Sirius pendeu para o lado e James o sacudiu de leve.
-Mercúcio...? – ele o chamou baixinho. – Mercúcio...?
O grito de James ecoou pelo recinto, ao mesmo tempo em que ele abraçava o corpo inerte do amigo. O palco tremeu um pouco e a cena girou calmamente.
Sirius abriu os olhos, xingando todos os nomes que lhe vinham em mente, enquanto retirava a mão da cintura e verificava o ferimento.
-Aquele desgraçado! – ele bradou, com fúria. James estreitou os olhos em igual estado.
Marlene e Lily vieram correndo ao seu encontro.
-James, o que você ainda está fazendo aqui? – a ruiva o repreendeu.
-O Sirius foi ferido. – ele disse numa voz rouca.
-É normal, James. – Lily revirou os olhos. – Ele "morreu".
-Não, Lily! De verdade! – ele cerrou os punhos e se levantou. Marlene e Lily soltaram um gritinho. A primeira correu para socorrer um Sirius ligeiramente manhoso e num estado muito pior do que normalmente alguém ferido de leve poderia estar.
-Mas, James, pode ter sido só um acidente... – ela falou, baixinho.
-Ah, não, Lily! – James se alterou. – Você vai ficar defendendo aquele desgraçado de uma figa? Ele feriu o Sirius! – ele apontou para o amigo, que recebia de forma satisfatória a atenção e o cuidado da outra grifinória. – E ele me bateu... – apontou para o lábio ferido. – de verdade!
-Deve ter sido sem querer, James! – ela retrucou de imediato.
-Não defenda aquele patife! – ele aumentou o tom de voz, tremendo de raiva. – Ele podia ter realmente matado o Sirius!
-Não grite comigo, Potter! – ela retrucou no mesmo tom e muito vermelha. – Eu já disse; isso foi um acidente. As lâminas eram reais antes de serem enfeitiçadas, pode simplesmente ter sido um feitiço mal feito. – ela suspirou. – O Snape não fez por mal. Pára de implicar com ele, Potter.
-É assim que você pensa, não é? – ele falou num tom de mágoa, desembainhando a espada. – Ótimo; Evans. – ele retirou a varinha do bolso. Lily segurou o braço dele firmemente.
-Você não vai fazer isso. – ela disse de modo sério. – Não na minha frente.
-Lily, não me force a te machucar... – ele falou num tom mudo de súplica.
-Isso é errado, James.
-Lily...
-James, é perigoso... – ela o encarou de modo firme.
-Lily... – ele falou num suspiro, tornando a embainhar a espada. Lily sentiu as mãos dele segurarem o seu braço de modo firme e, num gesto rápido, empurra-la contra a parede, capturando os seus lábios com uma certa ansiedade e raiva.
Quando sentiu os pés no chão novamente, Lily abriu os olhos e percebeu James se separando dela de forma rápida, dirigindo-se ao palco com a varinha em uma mão e a espada em outra. Suspirou profundamente.
N/A: Espero que tenham gostado! E como é costume... Uma prévia do próximo e penútilmo - chora compulsivamente - capítulo.
"-Tu, estúpido rapaz, que eras companheiro dele, com ele partirás. – James foi empurrado para longe, ao que ele rolou sobre o chão.
Numa agilidade incrível, ambos se levantaram e desembainharam a espada.
-Tu, eu, ou ambos devemos ir juntar-nos a ele. – falou com a voz trêmula, avançando impetuosamente para cima de Snape, desferindo golpes ofensivos e furiosos para cima do rapaz, dando a ele uma mísera oportunidade de defesa. – Tu, eu, ou ambos devemos ir juntar-nos a ele. – aumentou o tom de voz, respirando de forma descompassada."
Até a próxima/ Lisa dá tchauzinho e corre para a aula /