Tudo bem, eu mereço morrer pelo meu atraso

Tudo bem, eu mereço morrer pelo meu atraso. Mas a minha vida vai de mal a pior e a última coisa em que tenho pensado é em fanfics. Fica mais difícil receber a luz de Buda para inspiração, quando sua vida ta mais no fundo do poço que a Samara (bateria e pratos).

De qualquer forma, chega de conversa! Afinal, vocês, seres corajosos que tiveram a força de vontade de vir ler isso aqui, não podem ficar na mão.

Enjoy it, okay?

Disclaimer: Ano passado não deu muito certo, mas quem sabe esse ano o Papai Noel me dê os direitos autorais de Naruto de presente. Por enquanto, é do tio Kishimoto, mesmo.


Ino estava, irrevogavelmente, angustiada e furiosa. Por mais que fosse óbvio que houvera sido vendida de forma descarada para um homem de aparência suspeita e de caráter duvidoso (e pelo próprio pai), continuava recusando-se a acreditar que estava nessa situação. Quer dizer, ela só tinha dezessete anos; tinha uma vida inteira pela frente! Pretendia cursar uma faculdade, ser rica e famosa, e beijar o máximo de homens bem sucedidos que pudesse. Agora, acabaria se tornando uma escrava, ou sabe-se lá o que, pro resto da vida. E então, os anos se passariam, encarregando-se de estragar toda a sua juventude, se tornando uma velha feia e enrugada, sem direito a aposentadoria e pagando os pecados do pai com servidão eterna.

No final das contas, a vida é mesmo uma merda.

- Fique aqui. E quieta. – Gaara sibilou, no seu tão amigável tom de voz seco e impessoal de quem quer matar alguém, depois de arrastar Ino lances e mais lances de escada, muito pouco gentilmente empurrando-a para dentro de um quarto tão pequeno e sujo, que poderia ser facilmente confundido com uma jaulinha de pássaros.

- Pelo visto, o serviço de quarto é péssimo – praguejou a loira, parecendo ainda estar disposta o suficiente para fazer comentários cínicos. Esfregou o nariz, incomodada com a grande quantidade de poeira do lugar, se sentindo num estado tão alto de cansaço que não sabia se os olhos ardiam por vontade de chorar ou porque o ar imundo estava irritando sua vista.

Gaara não sentiu vontade alguma de retrucar o comentário; apenas queria trancá-la ali e não ouvir a maldita voz aguda e estridente de Yamanaka Ino nunca mais. De longe, ela era a criatura mais irritante que tivera o desprazer de conhecer, desde o surgimento de Naruto em sua vida. Francamente, não achava que uma hora de trânsito duraria tanto tempo; ele até gostava de passar horas dentro do carro, no mais absoluto silêncio e tranqüilidade, bem longe da costumeira movimentação no seu trabalho, sem ter que se preocupar em estourar os miolos de devedores viciados ou de ter que limpar o sangue, depois.

Porém, esses poucos momentos de paz se tornam totalmente insuportáveis, quando uma pirralha histérica está amarrada no banco de trás do seu Porsche, chutando ininterruptamente em todas as direções possíveis para um ser humano.

Ah, se Orochimaru não tivesse dito para não tocar na garota...

- E aí? Com quem eu falo para pedir sais de banho? – Ino perguntou e sentou-se com um baque surdo na cama. Tossiu convulsivamente quando a poeira surgiu em uma nuvenzinha densa, em resposta ao impacto do corpo nos lençóis de cama. – E como consigo uma cama que não pareça um hotel para ácaros? Esse lugar é terrível!

Gaara só fechou a porta e girou a chave. Estourar os miolos de devedores viciados parecia muito agradável, naquele momento.

x

- Naruto, pare com isso.

- Mas eu estou com tédio, Sasuke.

- Não importa. Pare com isso, antes que eu atire em você.

- Droga. Você é muito chato.

Naruto parou de fazer a cadeira acolchoada girar contínuas vezes e apoiou a cabeça na borda da grande mesa de mogno a sua frente. Estava cansado de ficar ali, esperando, no meio de tantos corpos mutilados e ensangüentados pela sala. Definitivamente, Orochimaru devia ser um homem realmente amado, para que seus subordinados fossem constantemente surpreendidos por ataques inesperados de inimigos comerciais ou pessoais. A situação só parecia ser pior pelo fato de estar ali com Sasuke, que segurava um maldito cigarro.

- Você sabe que um dia isso vai te matar, não sabe? – resmungou, com seu usual timbre infantil e despreocupado, com os pés apoiados no assento da cadeira e os joelhos flexionados. Torceu o nariz quando o Uchiha soltou a fumaça por entre os lábios partidos, sem nem ao menos parar para olhá-lo.

- Morrer de câncer é a menor das minhas preocupações. – revirou os olhos, apenas conformando-se a pacientemente olhar para o relógio de cinco em cinco minutos. A última coisa de que precisava era de Naruto se metendo na sua vida.

- Sempre tão despreocupado. Sem medo de morrer. É por isso que gosto de você, Sasuke-kun. – a voz rouca e ligeiramente cínica veio de detrás da porta da luxuosa sala oval em que os dois entediados estavam, que logo foi aberta por um homem alto e de longos cabelos lisos.

- Você demorou, Orochimaru. – disse Sasuke, ignorando o comentário perverso do seu superior. Continuou na mesma posição, com uma das pernas apoiada relaxadamente sobre a outra.

Orochimaru apenas deu uma rápida olhada no relógio e riu de forma despreocupada e maldosa, inspirando profundamente o ar pesado de suor, fumaça e sangue da sala.

- Podemos acabar logo com isso? 'Tá começando a feder. – Naruto fez um muxoxo e empurrou um dos corpos masculinos jogados no chão com o pé.

- Claro que sim. Por que não? – o homem apenas manteve-se de pé próximo aos outros dois, as mãos dentro dos bolsos. – Fez boa viagem, Naruto?

- Até que sim. A viagem de avião foi muito longa e as aeromoças eram feias. Aeromoças russas são horrorosas. – pôs a língua para fora, fazendo uma careta. – Mas a sobremesa que servem no trem para cá é gostosa!

- Se forem ficar falando sobre isso, eu vou embora. – resmungou Sasuke, sem paciência.

Recebeu como resposta apenas um palavrão mal-humorado vindo de Naruto e uma risada de Orochimaru.

- Muito bem, vamos falar de negócios. – o homem de olhos dourados apoiou as mãos na mesa e sorriu de lado. – Parece que, ultimamente, os alemães andam... hn... "Desconfiados" sobre a exportação de porcelana que fazemos do Japão para a América. Acham que, para a quantidade exportada e vendida, estamos obtendo lucros elevados demais em relação ao preço que estabelecemos para a venda.

Sasuke apenas soltou um pequeno riso seco de profundo descaso e deu mais um trago no cigarro.

- É um tanto óbvio, você sabe disso. Está se aproveitando das baixas tarifas alfandegárias para vender o nosso produto por um preço inferior e em maior quantidade. Não o deles. – Sasuke recostou-se mais contra as costas da cadeira. – Estamos revendendo as drogas que produzem de volta para eles, com uma alteração na saturação da química. Eles não vão demorar a descobrir; sabe disso.

- É, eu sei. – Orochimaru riu e olhou para o loiro, que estava inquieto em sua cadeira, fazendo-a girar sem parar. – É aí que o Naruto vai entrar, Sasuke-kun.

-...? – e pela cara de emburrado que Naruto fez, foi muito óbvio que Sasuke só reagiu à notícia de Orochimaru com uma profunda expressão de "esse inútil...?".

- Não faça essa cara. – deslizou a língua pelo lábio inferior, umedecendo-o. – Ele está trabalhando infiltrado entre eles há cerca de quatro meses. Não foi muito difícil. Apenas uma identidade falsa e mudança no registro de nacionalidade. Além disso, o pai do Naruto é, de fato, alemão. Então quase não tivemos complicações. – Orochimaru finalmente sentou-se numa cadeira, depois de empurrar um cadáver que estava jogado por sobre esta. – Naruto não está aqui porque eu o chamei.

- Não...? – o rapaz dos olhos escuros arqueou uma das sobrancelhas.

- Não. – confirmou, após lamber o polegar, que havia ficado sujo de sangue, após ter afastado o cadáver. – Ele foi mandado pelos alemães até aqui. Para me matar.

- Oh.

x

Sakura se desfez de sua roupa da escola e pôs o uniforme de empregada, já que saía do colégio e ia direto para o trabalho. Havia muito serviço a fazer no dia, e estranhamente se sentia muito disposta. No dia anterior não houvera tido tempo para pedir sua demissão, já que todos os empregados pareciam muito exaltados e atarefados devido à chegada de um hóspede, por isso havia tornado-se praticamente invisível para todos. Exceto quando iam reclamar sobre alguma sujeira que havia deixado no assoalho ou sobre algum banheiro que esquecera de limpar.

Não fazia importância. Aparentemente o tal visitante ainda ia demorar algum tempo a chegar, o que significava que todos haviam adiantado os preparativos para sua estadia e estavam mais relaxados. Graças a isso, poderia comunicar sobre sua decisão para a governanta. Ino ficaria realmente feliz por saber que não estava mais no emprego.

De repente, sentiu uma pontada de preocupação. Ino não havia ido para a escola, e justamente num dia de provas. Normalmente, a amiga estaria pendurada consigo no telefone a madrugada inteira, fazendo perguntas sobre o que poderia cair sobre o assunto do teste, totalmente desesperada. Porém o telefone não tocou sequer uma vez. E isso era muito, muito estranho.

Tentou telefonar para a casa da Yamanaka, mas quando Inoshi atendeu ao telefonema e Sakura mencionou Ino, ele apenas soltou um ruído fugidio e desligou sem lhe dar satisfações. O que, afinal, estava acontecendo?

- Haruno, a tubulação de ar está com algum problema. – comunicou um rapaz baixinho, que costumava estar sempre com a cozinheira. – Você poderia dar uma limpada? Achamos que deve ser excesso de sujeira.

- Ah, sem problemas. Eu faço isso.

Soltou um suspiro. Iria ficar toda suja. Havia algum tempo que estava pensando o quanto as entradas de ar estavam imundas, e estava cogitando a idéia de limpa-las. Mas nem havia passado por sua cabeça entrar na tubulação. Consternada, apenas pegou um espanador, panos úmidos e outros materiais de limpeza dentro de um armário e soltou um gemidinho, antes de abrir a entrada para a tubulação e começar a limpar.

Ficou mais aliviada em saber que havia um espaço considerável por dentro e, tirando o fato de ser um tanto abafado, não estava tendo muitos problemas. A tubulação não estava assim tão suja. Pelo contrário, parecia haver sido limpa há não muito tempo.

Deu de ombros, sem reclamar da função, por mais que só houvesse alguma poeira espalhada lá por dentro. Ao menos terminaria bem rápido. Sakura apenas resolveu cantarolar e ir limpando, assim, quando menos esperasse, já teria terminado o serviço.

- Eu realmente não vejo como a tubulação pode estar entupida. Está tudo perfeitamente limpo por aqui. – murmurou para si mesma, passados alguns momentos desde que começara o seu serviço. Passou as costas de uma das mãos pela testa suada e engatinhou mais, satisfeita por chegar à conclusão de que não faltava muito para terminar a limpeza.

Olhou um pouco mais à frente. Viu um montinho negro não tão longe, que não conseguiu identificar devido à escuridão do local. Apanhou o material e saiu engatinhando novamente, quase soltando um suspiro de alívio ao concluir que a causa da obstrução da saída e entrada de ar era só um objeto meio grande, que parecia ter ficado preso lá dentro. Provavelmente foi sugado quando a tubulação estava aberta e ninguém percebeu.

- Muito bem, vamos limpar isso, Sakura. – esticou a mão para o objeto grande e puxou, com o objetivo de carregar para fora dali. Era pesado, e inicialmente imaginou ser algum pedaço de latão ou algo assim. Mas não.

Era uma mulher morta.

De repente, Haruno Sakura se sentiu um tanto claustrofóbica.

x

Ino revirou na cama, pelo que acreditava ser a milésima vez. Estava faminta. O ruivo desgraçado havia deixado-a trancada ali sem lhe dar nenhuma satisfação. Já devia estar trancada há quase vinte e quatro horas completas; sem água, sem comida e sem banho. E estava realmente chegando à fatídica conclusão de que estava começando a feder.

Depois de gritar, espernear e chorar, até quase pôr os pulmões para a fora, concluiu que seus apelos eram inúteis. Vez ou outra chegou a escutar passos por perto, mas bastava que chamasse por ajuda que os já mencionados passos se afastassem tão logo quanto surgiram.

Deitou de lado e abraçou o estômago. Queria tanto estar em sua casa, dentro de uma banheira com água quentinha e gostosa; queria poder sentar-se à mesa com seu pai ingrato e comer chá com biscoitos, enquanto falavam sobre como havia sido os seus dias enfadonhos e chatos. E acima de tudo, queria falar com Sakura. Ela certamente saberia o que fazer para ajudá-la.

- Maldição! – gritou, com a voz já quase fraca e rouca devido aos gritos e lamúrias anteriores. Sentou-se ereta na cama e fechou os olhos com força – torceu para que, quando os abrisse, tudo fosse só um pesadelo terrível. – Pelos Deuses... Alguém venha me tirar daq—

AAAAAAAHHHHHHHH!

Ino arregalou os olhos e nem ao menos conseguiu concluir sua frase. Tinha certeza de que havia acabado de ouvir um grito realmente assustado. Não sabia de onde vinha, mas estava por perto.

De repente, tudo só ficou mais confuso para Ino. Além de ter sido apostada pelo pai, seqüestrada por um homem estranho, ignorada por um ruivo mal-educado e estar trancada sozinha num quarto podre, acabara de ver Sakura cair do teto (mais especificamente de dentro da tubulação de ar), segurando um corpo branco e gelado, bem em cima da sua cama.

Aquilo só podia ser brincadeira. Definitivamente.

Continua...


Aêêw! Tenho o orgulho de dizer que o capítulo está concluído! Comecei a escrevê-lo sem muitas expectativas, mas, à medida que eu ia escrevendo-o, a história ia se desenrolando, até chegar a isso. Devem estar achando que ando bebendo, pra escrever essas loucuras.

Gostaria de, pela centésima vez, me desculpar pelos meus atrasos e demoras. Eu gostaria de prometer que vou postar o capítulo 5 rápido, mas eu acho que iria acabar sendo uma grande mentira XD.

Obrigada a todos que me enviaram reviews! Eu fiquei muito feliz com todas elas e pretendo responder aos logados e não-logados. Gostaria novamente de pedir para que os "anônimos" deixassem os e-mails, para que eu possa agradecer devidamente, senão não há como eu responder ao comentário ;3

Pressinto que essa história será um tanto enorme, então eu adoraria que fossem pacientes comigo. Com certeza vocês quererão me matar e xingar várias e várias vezes durante a história; especialmente porque eu devo demorar com os capítulos. Mas entendam que eu sou só uma pobre escritora meia-boca que está prestes a entrar no 3º ano (isso não é desculpa) xD.

Até mais, pessoal, e até a próxima!

(E, é claro, não esqueçam daquele botãozinho roxo tão fofo e cute-cute, que quer tanto ser apertado por você ºwº).

Matsuda Sango