Capítulo 11

Nothing you can say can tear me away from my guy.
(Nada que você pode dizer me separará do meu garoto)
Nothing you can do 'cause I'm stuck like glue to my guy.
(Nada que você pode fazer, pois estou colada com cola no meu garoto.)
My Guy by Mary Wells


A felicidade deles não durou muito.

Entre os poucos minutos do abraço caloroso de Draco e Hermione na pista de dança, muitas coisas aconteceram: algumas brigas estouraram entre Grifinórios e Sonserinos, o salão rompeu em fofocas e Pansy Parkinson deixou sair um grito agudo e prontamente desmaiou. Os professores de Hogwarts tentavam controlar a multidão o melhor que podiam, então Dumbledor anunciou a conclusão do baile e que todos deviam voltar para seus dormitórios e descansar para a viagem da próxima manhã.

Entre a comoção, uma mão firme segurou o ombro de Draco. Lissane murmurou em seu ouvido:

- É melhor você e a sua 'namorada' saírem de fininho até que essa confusão acabe.

Draco estava prestes a abrir a boca e responder à amiga, mas seus olhos caíram sobre dois bruxos altos o observando enquanto ele estava segurando a mão de Hermione. Potter passava as mãos pelos cabelos, gesticulando avidamente para Weasley, que estava muito ocupado encarando Draco com puro veneno para prestar atenção ao melhor amigo. Draco sentiu o aperto de Hermione em sua mão ficar mais forte; ela também vira Weasley.

Ele levou-a até uma salinha no Hall de Entrada, para que esperassem os alunos falantes passarem na volta à seus dormitórios.

Com a varinha, Draco acendeu o fogo na lareira, a luz calorosa jogando um brilho suave sobre o rosto e os cabelos de Hermione. Draco podia ver a pergunta nos olhos dela: ele tinha certeza? Então inclinou-se para frente e a beijou ternamente nos lábios. Ela relaxou contra ele, a sensação dela contra ele o assegurando que era exatamente ali onde queria estar: com ela.

Quando ela falou, foi com uma voz baixa e maravilhada.

- Não acredito que você me beijou na frente da escola inteira.

Ele riu.

- Se eu soubesse que beijar você era tudo o que precisava para calar Pansy por um tempo, eu teria feito há anos.

Ela riu com ele.

- Muito engraçado - um grande peso pareceu cair sobre seu coração - Você se arrependeu? - perguntou ansiosamente, olhando para as mãos, seus dedos entrelaçados com os dele.

Ele inclinou-se para que pudesse olhar nos olhos dela.

- A única coisa de que me arrependo foi não fazer isso antes.

- Não vamos esperar para fazer de novo - ela sorriu, mordendo o lábio inferior enquanto ele colocava um braço em volta de sua cintura.

Quando levantou a mão para tocar seu rosto, derreteu-se ao toque de sua pele suave contra a dela. Sua respiração falhou quando ficou na ponta dos pés e inclinou-se para pressionar seus lábios contra os dele mais uma vez. Primeiro, seus lábios moviam-se suavemente um contra o outro, mas quando ele a puxou-a mais para perto, ela apenas queria ficar ali para sempre. Hermione não tentou resistir quando Draco a beijou com toda a força que tinha. Quase como o beijo que ele a dera na pista de dança, Hermione ficou perdida na sensação dos lábios dele nos dela e segurou seu fôlego enquanto Draco fazia seu feitiço em seu coração. Finalmente afastou-se dele e olhou em volta, rindo baixinho.

- O que é tão engraçado?

- É apenas irônico. Você me beijou na frente da escola inteira para não termos que nos esconder, e o que estamos fazer agora? Fugindo?

- Não pense como uma fuga, e sim como um meio de recuperarmos o tempo perdido - sorriu para Hermione, fazendo o coração dela flutuar pelo seu peito. Ela amava quando ele olhava para ela daquele jeito.

Ele inclinou-se para beijá-la novamente, mas algo em seus olhos o fez parar. Podia ver a preocupação nos olhos dela; eles estavam abertos como um livro para ele agora.

- Mas e quanto aos seus colegas de casa e seus amigos? - ela pausou significativamente antes de olhar para seus olhos cinzentos, o fogo dançando neles - E quanto a seu pai e sua família?

A verdade era que ele não pensara sobre nenhum deles antes de beijá-la. Eles estavam dançando e nada mais importava para ele naquele momento. No fundo, queria que nada daquilo importasse, mas infelizmente sabia muito bem a realidade de sua situação. Respirou fundo.

- Eu vou lidar com os outros sonserinos. A opinião deles não importa tanto para mim quanto antes, e o fato dos Malfoy serem uma das mais antigas famílias do mundo bruxo neste país tem alguma influência. Quanto ao meu pai - sua voz sumiu enquanto ele procurava pelas palavras certas - Felizmente, ele está fora da cidade e inalcançável por muitos meses. É por isso que eu vou ficar em Hogwarts para o Natal - ele observou os lábios de Hermione curvarem-se em um sorriso ao receber a notícia. Sabia que ela ficaria para o Natal também - Então isso me dá algum tempo para encontrar as palavras certas para contá-lo sobre nós.

- Você realmente quer fazer tudo isso? Só por minha causa?

Ele podia ouvir a óbvia desconfiança em sua voz.

- Eu estou fazendo por minha causa também, Hermione. Desde aquele dia no jardim das rosas, eu venho me culpando por não ter tido coragem de ir atrás do que eu quero. E eu quero você.

Ela colocou os braços em volta dele e o abraçou apertado contra ela, chocada com o quão feliz estava. As circunstâncias deveriam ter assustado-a por causa da ansiedade e tensão para com o encontro com Harry, Rony e os outros grifinórios, mas ela não conseguia não se sentir contente quando estava sozinha com Draco.

Ele acariciou suas costas e então, hesitantemente, puxou o rosto dela para que ela olhasse para ele.

- Mas você sabe, não são só a minha família e amigos que não vão entender ou pensar que é só um grande plano.

Ela respirou fundo.

- Eu sei. Eu apenas tenho que fazê-los entender.


- Rony, você pode, por favor, dizer algo?

- O que você quer que eu diga, Harry? - Rony bateu as portas de seu armário depois de pegar seu pijama para se preparar para dormir, sua voz estranhamente controlada e sem emoção.

- No momento, eu só quero que você diga qualquer coisa - Harry admitiu - Você mal disse duas palavras desde que você viu Hermione com Malfoy lá embaixo e, francamente, isso é um pouco preocupante.

Rony virou-se para seu amigo descabelado.

- Está bem. Me diga. Você sabia sobre Hermione e aquele babaca? Você não parece nem um pouco preocupado como o resto da escola.

Harry afundou-se em sua cama, forçando-se a olhar nos olhos frios e confusos do amigo.

- Eu sabia que algo havia acontecido entre eles - rapidamente adicionou - Mas Hermione me assegurou enfaticamente que estava acabado. E julgando por como ela vem agindo nas últimas semanas, eu achei que estivesse mesmo - ele olhou para seus pés - Eu acho que a dança de hoje a noite possa ter recomeçado tudo.

- Entendo - foi tudo o que Rony respondeu, tirando os sapatos e meias e preparando sua cama.

Frustrado, Harry inclinou-se e arrancou o pijama das mãos de Rony.

- Entende o quê? - perguntou entre-dentes.

- Entendo que meus dois melhores amigos estão precisando seriamente de terapia psicológica na ala dos mentalmente idiotas no St. Mungus. Eu me pergunto se eles usam terapia de choque lá? Vocês dois precisam - ele pegou seu pijama de volta e vestiu-se enquanto Harry tentava o fazer falar.

- Rony - Harry começou, mas Rony o ignorou.

- Não se preocupe. Eu sei que Dumbledore vai assegurar que vocês tenham os melhores médicos cuidando de vocês - Rony comentou calmamente, como se eles estivessem conversando sobre o tempo. Harry tentou dizer algo, mas Rony não o deixou, deixando sua áurea calma para trás - Não agora, Harry. Falo sério. Deixe para lá.

Ele fechou as cortinas de sua cama, deixando Harry e o mundo de fora. Mas não caiu no sono, não por um longo tempo.

Harry olhou para as cortinas, um de seus melhores amigos estava escondido atrás delas, sua outra melhor amiga por aí com um de seus maiores inimigos - provavelmente o beijando sem parar. Essa imagem mental deixou Harry tonto. Tinha vontade de ir atrás dela e arrastá-la para longe de Malfoy, mas sabia que aquilo não faria bem algum - apenas a levaria para mais perto da cobra loira. Mas também não gostava muito da situação no quarto também. Precisava colocar algum juízo na cabeça de Rony e fazê-lo ver a importância de não brigar com Hermione, mas Rony estava sendo o teimoso e cabeça-dura de sempre.

Na verdade, Harry estava ficando assustado. Ele - e estava certo que Hermione também - antecipara em sua cabeça que Rony faria um escândalo e gritaria até ficar mais vermelho do que as roupas de quadribol de Harry se acabasse por descobrir sobre Hermione e Malfoy. Então Harry estava achando a falta de explosão de Rony vagamente estranha. Sabia lidar com as típicas explosões de Rony, pois, pelo menos, elas eram previsíveis; sabia quando elas estavam vindo só de olhar para seu melhor amigo de pavio-curto. O arco-íris de cores passando pelo rosto de Rony e seu tom de voz diziam a Harry tudo - quando uma tempestade estava vindo e quando estava se acalmando. Contudo, Rony não estava mostrando nenhuma pista, e Harry sabia que, no fundo, isso era um sinal muito, muito ruim. Quando Rony inevitavelmente acordou, não avisou a ninguém, deixando um traço de tristeza em seu despertar.


Depois que Draco levara Hermione de volta à Torre da Grifinória, ele a dera um último beijo de boa-noite, que a deixou mais uma vez sem fôlego. Sentiu como se tivesse flutuando, estava tão feliz. Sonhadoramente, falou a senha e entrou no buraco do retrato. Enquanto ela andava para a escada que levava aos dormitórios femininos, alguém atrás dela limpou sua garganta. Sua alegria cessou por um momento; havia alguém ali. Respirou fundo, meio que esperando que Rony e Harry estivessem esperando por ela na sala comunal, prontos para saber porque ela tinha se misturado com um Malfoy. Mas eles não estava lá. Gina estava.

Gina estava sentada em um sofá na frente do fogo, as pernas enroscadas em baixo de si. Cobriu a boca com a mão, bocejando por estar tão tarde.

- Ei, Hermione - ela cumprimentou, sua voz simpática, seus olhos curiosos - Eu achei que você provavelmente precisaria de uma amiga e mesmo que eu não tenha a mínima idéia de como você foi acabar com Malfoy, estou disposta a manter minha mente aberta e ouvir se você quiser conversar. Eu sei que as coisas não são sempre pretas e brancas; por favor, saiba que eu estou aqui se você precisar. Ou pelo menos depois do Natal. Eu vou para casa de uma colega experimentar um Natal trouxa genuíno - ela andou até a amiga e descansou a mão no ombro de Hermione - Mas você pode me mandar uma coruja por dia se quiser.

- Obrigado, Gina - Hermione disse - É bom saber que pelo menos um dos meus amigos não acha que eu fiquei maluca - ela olhou ansiosamente para a irmã de Rony - Rony disse alguma coisa para você, sobre o que aconteceu lá embaixo?

- Ele não disse quase nada - Gina admitiu.

Hermione a olhou, incrédula.

- Você está brincando!

- Não, não estou. Eu vi Harry tentar falar com ele, mas Rony não queria ouvir qualquer coisa que ele tinha a dizer.

- Hmmm. Isso não pode ser bom. Pode?

- Eu cresci com seis irmãos, e pior do que gritar até as cabeças explodirem quando estão bravos, é quando eles não dizem nada.

- Talvez ele fale comigo antes de ficar muito ruim - Hermione suspirou esperançosamente - Ele pode estar bravo agora, mas eu sei que ainda é meu amigo.

Gina a deu um abraço de adeus.

- Eu estou só a uma coruja de distância se você precisar que eu volte para chutar o traseiro dele.

- Talvez eu precise, mesmo - ela riu, abraçando a amiga - Obrigada, Gin. E boa noite.

Depois de largar Gina no dormitório do quinto ano, Hermione fez seu caminho até o próximo andar, especialmente silenciosa para não acordar Parvati ou Lilá enquanto trocava de roupa. Havia acabado de sentar em sua cama, pronta para cair em seu travesseiro, quando as velas no quarto acenderam. Lilá estava sentada na cama de Parvati, ambas as garotas olhavam ansiosamente para Hermione.

- Então, você vai nos contar o que está acontecendo entre você e Draco? Ou você vai nos fazer usar métodos mágicos?

- O que vocês vão fazer? Vocês guardam Veritaserum embaixo da cama?

Depois de cinco anos vivendo juntas, as colegas de quarto de Hermione sabiam que ela morria de cócegas. Com olhares conspiratórios, as garotas sorriram. Parvati explicou:

- Não. Mas, em um segundo, Rictusempra pode ser tão eficiente quanto.


No dia após o baile, a maioria dos estudantes pegou o trem; mas Harry ficaria como sempre, então Rony e Hermione ficariam para fazê-lo companhia. Draco e Lissane ficaram também, pois seus pais estavam viajando.

Como sempre, a sala comunal da Grifinória estava um caos, enquanto todo mundo juntava suas coisas no último minuto antes de ir até a estação de Hogsmead. Como Monitora, Hermione tinha que ajudar os primeiranistas a arrumar suas malas e manter todo mundo dentro do horário. Claro, a única coisa que todas as garotas queriam conversar sobre era sobre o beijo com Draco Malfoy na noite anterior.

Depois que todos os alunos estavam seguros dentro do Expresso de Hogwarts, apenas ela e Draco sobraram na plataforma. Haviam pego diferentes carruagens para chegar até lá, portanto não viram-se até chegarem na plataforma.

- Oi.

- Oi.

Riram nervosamente, ao ver um ao outro na claridade alarmante do dia e sem músicas suaves ou luz de velas para dar um clima romântico. Draco deu o primeiro passo em direção à Hermione.

- Bom dia, Granger - ele disse com um sorriso malicioso - Eu ouvi que você se meteu em algumas atividades surpreendentes no Baile de Inverno.

- Verdade, Malfoy? O que você ouviu? - ela perguntou inocentemente.

- Que seus movimentos na pista de dança com um cara incrivelmente bonito encerraram o baile, já que você era uma ótima parceira.

Maliciosamente, ela respondeu:

- Os rumores podem ser verdade. Mas eu não vou dizer - ela ficou na ponta dos pés e beijou-o suavemente na bochecha.

- Talvez nós possamos discutir isso com uma cerveja amanteigada no Três Vassouras - ele esticou a mão e segurou a mão de Hermione na dele. A pulsação de Hermione aumentou com esse simples gesto - Você pode me contar tudo sobre seu novo namorado; ele me parece fascinante.

Estava frio do lado de fora, então andaram rapidamente. Seus rostos estavam corados e seus narizes vermelhos quando chegaram ao Três Vassouras. Uma vez lá dentro, Hermione notou alguns flocos de neve descansando nos cabelos aveludados de Draco; ela esticou a mão para espaná-los, deixando seus dedos serem envolvidos na sensação suave do cabelo dele. Andaram até uma mesa no canto do pub; Draco esticou a mão para pegar a capa de Hermione e pendurá-la no cabideiro enquanto ela se sentava.

Madame Rosmerta apareceu, parecendo cansada com os clientes que vinham comprar seus presentes de última hora. Quando viu Hermione, a bruxa mais velha sorriu calorosamente.

- Como está, querida? É bom vê-la novamente. Devo trazer três cervejas amanteigadas bem quentes, para você, Rony e Harry?

- Hm, não, Rosmerta. Apenas duas, obrigado. Uma para mim e...

- Uma para mim - Draco terminou. Sua voz estava seca, e, enquanto ele sentava-se na cadeira oposta à dela, Hermione sabia que ele estava mais ansioso do que admitiria.

Madame Rosmerta olhou nervosa entre os dois alunos e inclinou-se para falar com Hermione.

- Ele está a incomodando? Eu posso trazer Hagrid aqui pela rede Flu em trinta segundos.

Draco olhou intensamente para Hermione. Ela sorriu simpaticamente para a dona do pub.

- Isso não será necessário. Apesar duas cervejas amanteigadas, por favor, para mim e - ela esticou a mão por cima da mesa e segurou a mão de Draco - e Draco - olhou significativamente para a bruxa, cujos olhos estavam largos de supresa - E alguns cardápios, por favor.

Rosmerta murmurou:

- Eu espero que você saiba onde está se metendo, querida - e virou-se para voltar ao bar.

O lanche no Três Vassouras não foi uma experiência totalmente agradável. Receberam mais do que alguns olhares curiosos de pessoas que os conheciam, bem como de estranhos que viram os emblemas das casas e perguntavam-se como um sonserino e uma grifinória podiam estar de mãos dadas.

Finalmente, Hermione sugeriu:

- Por que não voltamos ao castelo?

Enquanto andavam por Hogsmead para voltar para Hogwarts, pararam para olhar as vitrines de algumas lojas, decoradas com temas festivos para o feriado do Natal. Na vitrine da Zonko's, havia vários itens de piada, e Draco dobrou-se de rir enquanto apontava um objeto.

- Você vê aquele espelho? Crabbe trocou o espelho no pó compacto de Pansy com um dos espelhos da Zonko's, e quando ela abriu-o, começou a gritar insultos para ela em vez de elogios. Você devia ter visto a cara dela quando ele a chamou de moça de cabelo-ruim com orelhas grandes e dentes tortos.

Hermione riu, mas a menção dos amigos de Draco a fez perguntar algo que ainda não tinha certeza se queria saber a resposta.

- Hm, Draco, falando de Crabbe, ele disse algo sobre o que aconteceu noite passada? - ela estudou os novos e melhorados fogos de artifício Filibuster, muito ansiosa para olhar para ele.

Ele limpou a garganta.

- Na verdade, nenhum deles acreditou ser verdade - isso a fez olhá-lo - Todos acham que é tipo um grande esquema para chegar até Potter ou para humilhar os grifinórios. Acho que eles acham impossível que eu possa ter sentimentos genuínos para com uma não-sonserina - ele olhou para para os pés enquanto cavava com a ponta de suas botas de couro de dragão na neve antes de levantar os olhos para ela mais uma vez - Mas tenho certeza que você ouviu a mesma coisa dos seus colegas.

Hermione virou-se e começou a andar novamente.

Ele a alcançou e colocou sua mão gentilmente no braço dela.

- Hermione, o que Potter e Weasley disseram?

Ela inalou profundamente.

- Nada.

Draco olhou-a, incrédulo.

- Você pode me dizer. Não precisa mentir por eles.

- Eu estou dizendo a verdade. Não os vi desde o baile. Voltei para a sala comunal tarde e a única pessoa acordada era Gina, que não julgou o que aconteceu e deu apoio. Então esta manhã, nem Harry, nem Rony estavam por perto.

A caminhada recomeçou, mas ficaram em silêncio por alguns momentos antes de Draco falar.

- Eu acho que o silêncio de Weasley é ruim, não?

- Bem, foi certamente inesperdo - ela pausou - E tenho uma sensação de que esta não vai ser a primeira vez que ele vai me surpreender por causa disso.

Draco segurou a mão de Hermione, puxando-a para si. Ela olhou para os olhos cheios de conflito dela e acaricou carinhosamente sua bochecha antes de inclinar-se e beijá-la. Ela moveu seus lábios contra o dele. Ele podia sentir os traços doces e suaves da cerveja amanteigada nos lábios dela.

Quando se separaram, sentindo-se consideravelmente menos melancólicos, ela sorriu para ele, seus olhos brilhando em despeito à tarde enevoada de Dezembro.

- Vamos. Eu sei o que vai nos alegrar - ela sorriu alegremente - Vamos construir um boneco de neve!

- Um boneco de neve? Nós não temos mais seis anos!

- Eu sei! - ela exclamou - Por isso que vai ser divertido.

Ela correu até um caminho com neve fresca e limpa que recém caíra, perfeita para construir um boneco de neve. Ela começou instantâneamente, começando com uma pequena bola de neve e rolando pelo chão para aumentá-la.

Draco observou-a com interesse e então riu alto.

- O que você está fazendo?

Ela olhou para ele de sua posição, abaixada no chão. Suas bochechas e nariz estavam ficando vermelhos do frio que ambos respiravam.

- O que parece? Enrolando a neve para fazer a base.

Enquanto puxava sua varinha, ele a disse:

- Mas nós temos varinhas. Lembra-se? - ele apontou a varinha e disse - Glebula nivis.

Hermione observou enquanto ele movia sua mão em círculo no ar, girando a pequena bola de neve até que ficou maior e maior. Em alguns minutos, Draco havia criado um boneco de neve perfeito, cada segmento uma esfera perfeitamente circular. Ele olhou para ela, cheio de orgulho de seu trabalho.

Ela rolou os olhos.

- Mas assim não tem graça - falou - Nós faremos um boneco de neve de verdade, sem mágica.

Ele reclamou:

- Mas a neve é fria e molhada. Nossos dedos vão cair.

- Madame Pomfrey pode fazê-los crescer novamente para você. Não seja uma moça, Malfoy - ela sorriu maliciosamente.

A boca de Draco abriu-se enquanto ele observava a desafiante grifinória.

- Eu não sou uma moça. Aliás, aposto que posso fazer um boneco de neve melhor que o seu. E você vem os construindo desse jeito a vida inteira! - ele enfiou a mão nos bolsos e puxou um par de luvas caríssimas de couro de dragão que combinavam com suas botas. Com exagerada finésse e movimentos determinados, colocou as luvas em cada mão, finalmente estendendo a mão para ela. O desafio em seus olhos os fazia brilhar de alegria.

Hermione poderia tê-lo agarrado, mas, ao invés disso, apertou a mão dele.

- Vamos começar a construir.

Encontrou um local próximo de Draco com neve fresca e espaço para construir sua obra de arte. Fizera isso tantas vezes quando criança, mas ainda levava um tempo para ela fazer; sempre tivera cuidados meticulosos em tudo o que fazia, e a construção de um boneco de neve não era exceção. Mesmo assim, levou algum tempo para construí-lo, pois ficava observando Draco envolvido com a neve, sua testa franzida de concentração, as pequenas nuvens de fumaça que exalava de cansaço, seu nariz e bochechas cor-de-rosa do ar frio de Dezembro.

Draco estava construindo um boneco de neve sem magia apenas porque ela pediu. Nunca esqueceria este dia.

Quando terminaram a construção, Draco e Hermione procuraram em volta por folhas e pedras que poderiam ser transfiguradas em objetos, para o toque final. O boneco de neve de Hermione usava um chapéu de veludo preto, um longo cachecol vermelho e branco, uma cenoura como nariz e algumas pedrinhas como olhos, boca e botões. A obra de arte de Draco estava adornada com gostos mais mágicos, como o chapéu pontudo de bruxo verde esmeralda, óculos de meia-lua e segurava uma varinha torta com seu longo braço feito de galho de árvore.

Hermione caminhou até Draco para ver seu projeto terminado enquanto ele posicionava a varinha na mão torta do boneco de neve. Teve que conter um acesso de risadas quando ela viu o orgulho fervoroso no rosto de Draco quando ele virou-se. Ele deu um passo para trás para olhar para sua criação em toda a sua glória e falou:

- Agora, este é um boneco de neve bonito - sorriu abertamente e Hermione não teve coragem de dizer que o boneco parecia ter um sério caso de artrite.

Em vez disso, ela sorriu calorosamente de volta e enlaçou sua cintura com os braços.

- Ele é lindo. Você fez um ótimo trabalho.

- O que eu posso dizer? É natural para mim. Só gostaria de ter uma câmera aqui - ele apontou para o boneco de neve dela - Principalmente porque o meu é muito mais bonito que o seu. Eu ganhei, de longe.

A boca dela abriu-se enquanto ela colocava as mãos nos quadris.

- Do que você está falando? Meu boneco de neve é muito atraente. Espere aqui por alguns instantes e você verá todas as bonecas de neve chegando nele.

Ele sorriu.

- Claro, se elas forem cegas. A boca dele está torta e ele tem uma grande cenoura como nariz - ele sacudiu a cabeça - E não me faça falar sobre as roupas.

Em falsa irritação, Hermione exclamou:

- Elas adicionam personalidade ao rosto dele!

Ele sorriu para ela.

- O que você quiser, Hermione - ele puxou-a para perto e beijou-a na testa. Podia sentir a respiração dela em sua bochecha enquanto ela suspirava alegremente - Venha. Vamos voltar para o castelo. Eu acho que há um par de canecas de chocolate quente com nossos nomes escritos nelas nos esperando.


Harry acordou aquela manhã com o som dos colegas empacotando as coisas na última hora. Por trás de suas cortinas fechadas, ele ouviu Neville perguntar:

- Dino, você viu meu livro de Poções por aí? Minha Tia Vera disse que me ajudaria com a Poção Anti-Bolhas durante o feriado.

Dino aparentemente encontrou-o para Neville, pois com um som abafado, um livro pesado caiu no chão.

- Ouch! - Neville exclamou - Caiu no meu pé!

Sabendo que nunca voltaria a dormir com todo esse barulho, Harry abriu suas cortinas e pegou seus óculos na mesa de cabiçeira. Olhou para a cama de Rony; estava vazia e feita.

- Dia, Harry - Simas disse - Já era hora de você acordar! Nós estamos descendo para o café e queríamos te desejar Feliz Natal.

Harry inclinou a cabeça para a cama vazia de Rony.

- Onde está Rony? Ele já desceu para o Salão Principal?

Os três grifinórios olharam-se nervosamente uns para os outros antes de Dino responder:

- Ele saiu faz uns vinte minutos, Harry. Eu deixei para fazer minhas malas na última hora, como sempre, e, quando eu acordei, ele já estava de pé, saindo do quarto... com sua Firebolt nos ombros.

Balançando suas pernas, Harry assegurou:

- Tudo bem. Eu disse que ele podia pegar quando quisesse. Acho que não estou surpreso.

Neville perguntou vagamente:

- Harry, o que está acontecendo entre Hermione e Draco Malfoy?

Dino sentou em sua cama, que era ao lado da de Harry.

- Antes de Rony sair, ele murmurou algo sobre como não acreditava que você não dissera nada para ele... que você mentiu para ele.

O bruxo de cabelos bagunçados suspirou com frustração.

- Eu não estava mentindo, não tecnicamente. De qualquer forma, não era meu segredo. E, honestamente, eu não achei que havia algo para contar. Hermione assegurou que não havia mais nada entre eles - levantou-se e começou a procurar por suas vestes - Eu tenho que encontrar Rony e colocar algum juízo nele.

Simas interferiu:

- O dê algum tempo, Harry. Você sabe como Rony pode ficar. Venha tomar café com a gente. Você vai precisar de comida em seu estômago antes de encará-lo.

- Não é comigo que estou preocupado. E quando ele ver Hermione?!


Depois do café, Harry ponderou sobre procurar Rony logo, mas decidiu não. Era melhor dar-lhe mais algum tempo para esfriar a cabeça antes de tentar conversar com ele. Especialmente se Rony vira Draco e Hermione entrarem nas carruagens que levariam os alunos até Hogsmead. Harry vira Hermione aquela manhã na sala comunal, tentando ajudar os primeiranistas a juntar suas coisas para a viagem para casa, mas não se aproximou dela. Na verdade, estava chateado com ela, muito chateado. Gostava da relação entre ela e Draco tanto quanto Rony, mas Harry sabia o quão importante era não empurrar Hermione para longe deles. Isso só colocaria em mais perigo.

Agora ele só precisava enfiar isso através do crânio excepcionalmente duro de Rony.

Depois de terminar de embrulhar alguns presentes de última hora e visitar Edwiges no Corujal, esperou que Rony estivesse mais frio. Foi até o campo de quadribol.

- Você não pode me ignorar para sempre - gritou, enquanto andava até o meio do campo cheio de neve, olhando para o borrão no céu - Uma coisa é certa, você vai virar um grande cubo de gelo se continuar a voar deste jeito nesse tempo. Vamos entrar; a gente come alguma coisa.

Rony diminuiu a velocidade, mas não parou completamente. Não vira ninguém sair do castelo desde o grupo de alunos que deixara o castelo aquela manhã. Quando uma figura solitária começou a vir em direção a ele, Rony pode adivinhar quem era. Conseguia reconhecer o cabelo de Harry apesar da distância. Ao ver o amigo, Rony aumentou a velocidade de seu vôo.

Harry gritou ainda mais alto:

- Weasley, traga esse seu traseiro magrelo até aqui agora!

Rony parou a Firebolt imediatamente e olhou para Harry embaixo dele, no chão. Virou a vassoura em direção ao garoto e saiu na velocidade da luz, apontando diretamente para Harry, que olhava pacientemente enquanto seu melhor amigo se jogava contra ele. Quando Rony estava tão próximo que pode ver o branco nos olhos de Harry, finalmente puxou a vassoura e parou abruptamente, mas não desmontou.

Harry cruzou os braços em frente ao peito.

- Cansou de ser um completo idiota, já?

Rony abanou com irritação.

- O que você está fazendo aqui? Eu pensei que estaria andando com Hermione e o... e o Malfoy dela! - ele exclamou, sem conseguir referir-se à Draco como o namorado de Hermione - Já que você acha que eles são perfeitos um para o outro!

- Você não tem nenhuma idéia sobre o que eu penso por que você simplesmente não ouve nenuma palavra que eu digo!

Rony balançou as pernas e pulou da Firebolt, parando em frente a Harry, os braços cruzados defensivamente.

- Okay. Fale.

Respirando fundo, Harry começou:

- Primeiro, deixe-me esclarecer com ênfase que eu não acho que Hermione e Malfoy é uma boa idéia. Ele é um idiota arrogante e pomposo que não vale nem para lamber o caldeirão dela, muito menos beijá-la - Harry podia ver que Rony estava prestes a interromper, então levantou a mão para silenciá-lo - Contudo, Hermione parece achar que Malfoy mudou depois de ir à França e brigar com ela neste momento só vai levá-la para mais perto de Malfoy. E nós não podemos arriscar isso.

- Ele está apenas a usando, sabe. Provavelmente ordens do pai dele de se aproximar dela para que Você-Sabe-Quem possa atacar você através dela - Rony disse irritado - O que diabos aconteceu com ela na França? Eles drogaram a comida dela? Como ela pode pensar que ele mudaria tanto praticamente do dia para a noite? - ele começou a andar de um lado para o outro na frente de Harry, tentando conter a onde de frustração que o engolia.

- Eu não sei como, e francamente, não quero saber todos os detalhes sórdidos do que aconteceu até agora, mas ele fez um ótimo trabalho convecendo-a de que mudou suas atitudes - Harry olhou para Rony, dolorosamente - E até fez algo 'nobre', se você conseguir acreditar.

Rony deixou escapar uma risada.

- Nobre? Malfoy? Tá brincando.

- Lembra o que aquele idiota do Phillippe tentou fazer com Hermione? - Rony fez que sim com a cabeça - E lembra que ela nos disse que Phillippe aprendera sua lição? - Rony fez que sim novamente - Bem, aparentemente, essa "lição" foi um lábio cortado e dois olhos roxos por cortesia de Draco Malfoy.

Rony exclamou:

- Não!

Harry concordou.

- Hermione estava lá. Ela disse que teve que tirar Malfoy de cima dele e que Phillippe foi levado para a ala hospitalar.

Rony continuou a andar enquanto mastigava esse novo pedaço de informação.

- Bem, eu não ligo. Malfoy ainda é o safado com cara de doninha e Hermione sempre será boa demais para ele.

- Eu concordo com você, mas você sabe como Hermione é; teimosa que nem uma mula, odeia estar errada e enfia os pés na terra quando acha que está certa. Ela botou na cabeça que ele está diferente do pai, que Draco tem bondade em si, em algum lugar e que ele não escolheu o lado de Voldemort ainda - Rony tremeu quando Harry disse o nome, mas Harry não corrigiu-se - Se nós argumentarmos com ela sobre ele, ela ficará mais determinada a prova que está certa sobre ele.

O andar parou e Rony pareceu ter um flash de brilhantismo que alegrou seu rosto.

- E se nós a forçarmos a escolher entre a gente e ele? Ela terá que terminar com ele; Hermione é nossa amiga por mais de cinco anos. Não há como ela deixar isso para trás.

- Não - Harry balançou a cabeça vigorosamente - Ultimatos nunca funcionam, Rony. Nunca. Mesmo se ela nos escolhesse, se envolveria com ele novamente, provavelmente mais profundamente. Ele a convenceria de fugir para se encontrarem, então ela sentiria como se tivesse que esconder tudo de nós; nós não conseguiríamos cuidar dela. E nós precisamos fazer isso agora, pois ela está muito perto para ver o que está bem diante de seus olhos: Malfoy é perigoso.

Rony abaixou a cabeça com resignação e suspirou.

- Então o que fazemos agora? Damos boas-vindas à doninha com braços abertos? Mostramos o aperto de mão secreto da Grifinória? Eu não vou conseguir fazer isso.

Harry riu ao ver o horror nos olhos de Rony.

- Nada tão drástico, então relaxe. Além do mais, acho que Hermione acharia suspeito se nós começássemos a agir deste jeito. Mas nós precisamos pelo menos tentar nos comportar quando ela estiver com ele.

- E quanto a ele? Geralmente é ele que começa! - Rony falou indignado.

- Apenas tente ser civilizado - Harry ordenou - Pelo bem de Hermione - houve um momento de pausa enquanto as palavras de Harry entravam na mente de Rony - E você precisa falar com ela, Rony. Não pode ignorá-la ou gritar com ela.

- Eu não acho que posso conversar com ela ainda, Harry. Tenho medo que, se fizer, eu direi algo estúpido que não poderá ser desculpado depois. Pra a bruxa mais inteligente no nosso ano, ela está sendo terrivelmente burra sobre isso, e eu não acredito que ela confia naquela cobra - Harry aproximou-se e colocou uma mão no ombro dele - É apenas inacreditável. Ontem, eu achava que Hermione odiava Malfoy tanto quanto nós, e agora ela provavelmente está na Torre de Astronomia com ele. É muita informação para pouco tempo. E se ele tentar beijá-la ou algo do gênero na minha frente? - Rony fez uma cara de nojo ao imaginar Hermione e Draco mostrando sinais públicos de afeto.

Harry olhou para o outro lado do campo.

- Bem, agora é sua chance de começar a se acostumar - ele inclinou a cabeça para as duas figuras que se aproximavam - Lá vem Hermione e seu... seja lá o que ele é.


Droga, eles nos viram. Enquanto Draco andava pelo caminho em direção ao castelo, viu o cabelo vermelho de Weasley contrastar contra o branco chocante da neve fresca, e onde você via Weasley, você inevitavelmente encontrava Potter. Ambos estavam olhando para ele e Hermione enquanto andavam pela neve. A última coisa que Draco precisava era arruinar o ótimo dia que Hermione e ele estavam tendo desde que saíram do Três Vassouras. Além do mais, ele preferia beber pus de lesma ao invés de trocar palavras amigáveis com os melhores amigos de Hermione, então Draco tentou desviar a atenção dela do campo de quadribol. Eles ainda não haviam conversado sobre o intenso desgosto dele para com os amigos dela e como eles resolveriam a situação, mas, até onde ele sabia, procrastinação era definitivamente uma ótima rota a seguir.

Contudo, Hermione era muito observadora e viu os colegas com o canto dos olhos. Draco sentiu a mão dela apertar a dele apesar das luvas grossas. Seus olhos estavam travados no par do outro lado do campo enquanto Draco olhava-os vagamente. Então ele olhou para o rosto dela; a luz que brilhara de dentro dela a manhã inteira havia desaparecido ao ver os dois grifinórios. Em vez de alegre, ela tornou-se cautelosa e incerta. Nenhum deles mexeu-se por alguns momentos, apenas olharam uns para os outros. Então Hermione levantou sua mão livre em um aceno hesitante. Potter abanou de volta, e Draco pode ouvir o suspiro de alívio que ela exalou. Primeiramente, Weasley segurou-se, como se debatasse se devia ou não segui-lo, mas quando ele colocou a vassoura nos ombros e seguiu os passos de Potter, Draco soube que seu dia de sorte não iria durar muito mais.

Ele deveria ser cordial com Potter e Weasley. Feitiços não eram permitidos.

- Draco - ela começou, incerta - Eu sei como você se sente sobre Harry e Rony, mas por favor, tente não... - ela parou, pensando sobre o que deveria pedi-lo, sabendo que uma amizade entre aqueles garotos nunca ia acontecer - Bem, tente não irrita-los. Você sempre pareceu saber o botão certo a cutucar para deixá-los irados.

Ele sorriu maliciosamente.

- Eu sou bastante bom nisso, não?

- Sim, mas, por favor, tente não fazer nada que os provoque hoje. Por mim?

Ele deixou escapar um suspiro e balançou a cabeça, concordando. Inclinou-se e beijou a bochecha dela, sabendo que os dois bruxos estavam assistindo-os enquanto se aproximavam. Ela pedira para Draco apenas não dizer nada que os provocasse; não disse nada sobre fazer coisas que poderia os irritar.

Segurando a mão de Draco, Hermione começou a ir em direção aos amigos. Sabia que aquilo ia ser estranho, especialmente porque ela não falara com Harry ou Rony depois do baile. O fato de Draco estar com ela obviamente criaria mais constrangimento, mas eles teriam que se acostumar uns com os outros; não queria perder a amizade de Harry e Rony, mas também queria ter Draco em sua vida. Não esperava que os meninos virassem amigos, mas tinha esperanças que eles podiam pelo menos tentar ver porque ela adorava todos, mesmo que levasse algum tempo. Tinham que começar de algum lugar.

Mesmo que seus passos fossem lentos, uma vez que o desejo de atrasar aquele encontro era tão grande quanto o de Draco, logo ele pode ver os óculos de aro preto de um adversário e o vermelho de raiva na bochecha do outro. Instintivamente, Draco entrelaçou seus dedos com os de Hermione, como se quisesse pegar equilíbrio.

Hermione falou primeiro, um tom de felicidade exagerada.

- Oi, Harry. Oi, Rony. Vieram voar um pouco antes do jantar?

Harry mexeu-se nervosamente, trocando seu peso de um pé para o outro.

- Nós estamos aqui faz tempo - ele respondeu, com um tom pesado. Seus olhos não desviaram dos de Draco desde que exergou-o. Nenhum dos garotos piscaria primeiro - Onde vocês dois estavam todo esse tempo? Aconteceu alguma coisa no caminho para a estação de Hogsmead?

Draco apertou os olhos para o garoto de óculos, mas, sabiamente, Hermione respondeu primeiro.

- Nada incomum, só algumas coisas de última hora. Nós, hm, olhamos algumas vitrines na vila e paramos no Três Vassouras para um lanche.

De sua posição atrás de Harry, Rony riu.

- Que meigo. Seu primeiro encontro.

Draco levantou seu braço e colocou-o em volta de Hermione, descansando sua mão no ombro dela.

- Não se preocupe, Weasley. Tenho certeza que alguma garota desesperada vai desistir qualquer dia desses e sair com você - disse, ríspido. Podia sentir a tensão nos ombros de Hermione.

Ela saiu de perto dele e disse, entre dentes:

- Você não está ajudando, Draco.

Podia ver a esperança sumindo dos olhos dela; e viu o começo de desapontamento. Levantou a mão e colocou uma mecha do cabelo dela para atrás da orelha, seus lábios curvando-se em um pequeno sorriso.

- Você está certa - ele inclinou-se e deu-a um beijo suave logo abaixo da orelha - Me desculpe - murmurou baixo o bastante para apenas ela ouvi-lo.

- Por favor, tente se dar bem com eles. Apenas por enquanto - ela murmurou de volta.

- Eu não consigo fazer isso! - Rony exclamou, enojado com a proximidade de Hermione com um Malfoy. Ele começou a afastar-se do grupo - Essa coisa toda - balançou sua mão de Hermione para Draco - você e ele! É nojento! - virou-se rápido e marchou de volta para o castelo, a neve amassando-se debaixo de seus passos pesados.

Hermione começou a ir na direção dele.

- Rony, espere!

Harry esticou a mão e segurou o braço dela gentilmente.

- Deixe-o ir, Hermione.

- Ele nem ao menos fala comigo, Harry. Um dos meus melhores amigos nem ao menos me dá o benefício da dúvida!

Harry não a largou. Ele olhou profundamente para o rosto dela e falou claramente:

- Hermione, deixe-o ir. Ele precisa de tempo - olhou entre os dois - Isto é um pouco bizarro para ele, para todos.

- Bem, ser um cabeça dura não ajuda muito, Harry.

Ele riu um pouco.

- Você conhece o Rony. Ninguém é mais cabeça dura que ele.

- Eu acho... - Draco começou.

Contudo, Hermione virou-se rapidamente para pará-lo.

- Nem uma palavra.

Ele riu inocentemente.

- O que? Eu só ia dizer para entrarmos para tomar o chocolate quente que eu lhe prometi - Hermione o olhou, desconfiada, mas a irritação dela passou quando viu os olhos dele brilharem para ela. Ele esticou a mão - Vamos.

Mas os pés dela enraizaram no chão. Ela olhou esperançosamente para Harry.

- Você gostaria de vir com a gente?

A expressão de terror no rosto de ambos os garotos respondeu a pergunta, mas Harry negou educadamente.

- Hm, acho que não, Hermione. Preciso levar minha Firebolt de volta para a Torre da Grifinória, e eu prometi que ajudaria Hagrid com a decoração para o jantar de amanhã.

- Tudo bem, então. Divirta-se com Hagrid. E Harry - ela mordeu o lábio inferior, pois sabia que Harry iria atrás de Rony - Diga a Rony que eu vou estar na sala comunal depois do jantar, se ele quiser falar comigo.

Ele sorriu e colocou uma mão gentilmente em seu braço.

- Pode deixar.


Draco segurou a porta aberta enquanto Hermione entrava no Hall principal. Ele suspirou.

- Apesar de tudo, acho que foi tudo bem, não acha?

- Eu devo ter perdido a parte do 'tudo bem' entre todos os olhares mortais trocados entre você, Harry e Rony - ela disse, ríspida.

- Hermione, se uma conversa entre eu, o Menino-Que-Sobreviveu-Para-Me-Atormentar e seu confiável camarada, o Incrível Weasel, não acaba na Ala Hospitalar, então eu a considero um sucesso.

Ela segurou a cabeça nas mãos, apoiando-se contra a parede. Com um tom derrotado, disse, submissa:

- Vocês três nunca vão se dar bem, não é?

- Provavelmente não - ela olhou para ele, seus olhos cheios de lágrimas, o que o fez adicionar rapidamente - Mas, se você for ver, eu nunca imaginei que gostaria de passar o dia inteiro com você, então nem tudo está perdido. Ainda.

- Eu não estou esperando que virem amigos; apenas tente ser tolerante com eles. Okay?

Ele jogou a cabeça para trás e suspirou com resignação, sem querer perder uma tarde perfeita com Hermione discutindo sua "relação" com Potter e Weasley. Quando olhou para cima, viu alguns galhos com folhas verdes e pequenas frutas vermelhas; azevinho. Isso o deu uma boa idéia.

- Venha cá - mandou carinhosamente, segurando as vestes de Hermione e puxando-a até ele - Eu quero lhe dar parte do seu presente de Natal.

Olhou para cima e sorriu para o azevinho pendurado em cima de suas cabeças. Os olhos de Hermione seguiram os dele, então ela voltou-se para ele e sorriu maliciosamente.

- Mas o Natal só é amanhã - disse.

- Eu não posso esperar até amanhã por isso - ele disse, puxando o rosto de Hermione contra o dele e capturando os lábios dela em um longo e profundo beijo.

Ainda não acreditava que negara a si próprio essa maravilhosa sensação por medo e preocupação com que os outros diriam.

- Mmmm - uma voz sensual chamou, forçando-os a pausarem o beijo sob o azevinho. Viraram-se para ver Lissane apoiada na parede do corredor que levava até as masmorras da Sonserina - Draco, todo mundo na sua lista de Natal vai ganhar um desses? - ela lambeu os lábios - Eu imagino que Prof. Snape vai ficar bastante surpreso com o seu presente. - os lábios dela curvaram-se maliciosamente para o par interrompido.

Hermione rapidamente começou a arrumar suas vestes com a mão. A grifinória ficou corada por ter sido pega em um amasso debaixo do azevinho, mas Draco apenas limpou os cantos da boca com os dedos. Ele olhou para Lissane por debaixo de sua franja loira, mas quando falou, foi sem malícia.

- Não é educado interromper pessoas, Liss. Seus pais não a ensinaram isso? - ele brincou.

A pequena sonserina abanou para o jovem casal.

- Eu tenho modos impecáveis, Draco. Mas você sabe como adoro o surpreender - ela riu.

Draco virou-se para Hermione.

- Não deixe Lissane te assustar, Hermione, ela gosta de provocar todo mundo; o latido é pior que a mordida.

Lissane jogou o cabelo para trás dos ombros e deu um grande sorriso.

- Bem, isso é debatível.

Hermione sorriu agradecida para Draco, pois, na verdade, Lissane Sheldon parecia um pouco intimidadora para ela. Sua chegada e proximidade com o bruxo loiro chamou a atenção de Hermione em mais de uma ocasião, mesmo quando ela e Draco tentaram manter distância um do outro. Mas a garota da Sonserina tinha vantagens que Hermione nunca teria. Lissane conhecera Draco por toda a vida; ela estava na mesma Casa que ele, ela tinha as mesmas idéias 'apropriadas' que muitos dos bruxos da alta sociedade sangue-pura tinham e estava rodeada de uma aura de mistério e sedução, a qual - Hermione sabia - intrigara mais do que apenas um bruxo em Hogwarts. Hermione cuidaria o jeito que Lissane se portaria em volta de Draco a partir de agora; mesmo que ele disssera que a via apenas como uma irmã mais nova, Hermione não lembrava de ter visto garotas olharem seu irmão mais velho do jeito que Lissane olhava para Draco.

- O que essas duas crianças enlouquecidas estão armando?

Hermione olhou incerta para Draco.

- Er, nós estávamos indo pegar um chocolate quente. Estávamos lá fora construindo bonecos de neve e estava bem frio - olhou duvidosa para a outra garota - Você gostaria de vir conosco?

- Oooh, bonecos de neve e chocolate quente. Não parece divertido? - Lissane comentou com falso entusiasmo.

Hermione teve que morder a língua para não responder o que gostaria. Aprendera uma coisa ou outra sobre sonserinos durante Hogwarts, e eles geralmente acovardavam-se em situações desconhecidas. Para que ela e Draco pudessem seguir juntos, Hermione sabia que um deles teria que tentar dar o primeiro passo para começar a se dar bem com os amigos do outro. Já que a cena lá não saíra muito bem, Hermione sentiu que era sua vez de fazer um esforço. Então ela sorriu, tentando parecer mais natural do que podia.

Sentindo a agitação crescente de Hermione perante os comentários maldosos de Lissane, Draco posicionou-se entre as duas garotas e olhou significativamente para sua colega de casa.

- Sim, foi divertido. Foi a coisa mais divertida que eu fiz em anos. Você deveria tentar algumas vezes; pode ficar surpresa.

Ela respirou fundo.

- Está bem. Agora?

Draco olhou para ela, incrédulo, pensando qual seria seu jogo.

- Você quer ir tomar chocolate quente com a gente? - perguntou, sem acreditar.

- Claro. Por que não? Eu gosto tanto quanto ela - linkou seu braço com o de Hermione, assustando a grifinória - Alguma chance de ter rum ou licor dentro?

Draco balançou a cabeça e riu.

- Não dessa vez, Liss. Mas tenho certeza que você conseguirá tomar de qualquer jeito.

- É - ela sorriu para Hermione - Isso me dará a chance de lhe contar tudo sobre quando Draco era um menininho.

Hermione sorriu com a idéia; ele sempre parecera tão refinado e educado, mesmo com onze anos. Seria interessante ouvir algumas histórias engraçadas sobre ele de alguém que o conhecia a tanto tempo. Não pode conter a malícia em seu sorriso. Talvez conversar com Lissane não seria tão ruim assim.

Draco comentou rapidamente:

- Que histórias? Eu nunca fiz nada embaraçoso durante minha vida inteira.

Lissane arqueou as sobrancelhas, surpresa.

- Sério? E quanto aquela vez que você roubou a varinha da sua mãe do criado-mudo e tentou ficar verde para poder camuflar-se na grama durante um jogo de esconde-esconde? - ela pareceu bastante alegre quando Draco empalideceu com a lembrança.

Hermione riu.

- Sério, ele não fez isso! Quantos anos tinha?

Draco correu os dedos rapidamente entre os cabelos, imaginando quantos 'acidentes' de infância Lissane podia lembrar-se.

- Liss, você não tem que ir jantar ou algo assim? Tenho certeza que Hermione não quer ouvir nenhuma história chata.

- Tarde demais. Agora estou intrigada - Hermione respondeu, sorrindo genuinamente para a outra garota - Então, sobre esse esconde-esconde... o quão verde ele ficou?


A porta fechou suavemente atrás de Hermione. Fechou os olhos e suspirou alegremente, encostada na porta. Ela acabara de passar mais de uma hora com Draco e Lissane e não fora tão horrível assim. Primeiro, Lissane foi muito antipática, o que Hermione suspeitou ser por ciúmes de ter que dividir seu melhor amigo de infância com outra garota. Mas eventualmente Lissane se acalmou e os três conseguiram conhecer uns aos outros um pouco mais. Foi melhor do que ela antecipara. Além disso, Draco a levara até a Torre da Grifinória e ela o dera um beijo que, com certeza, o deixara sem palavras. Ambas ela e Lissane queriam se arrumar para o jantar, e Hermione esperava conseguir falar com Harry e Rony antes que eles tivessem que repartir o pão da mesma mesa que Draco.

Hermione sentia-se estranha. Devia estar estressada e ansiosa com as reações de seus amigos para com o relacionamente entre ela e Draco, mas não conseguia parar de sorrir. A única coisa que sentia era tranquilidade.

Harry observou-a do parapeito estofado de uma das grandes janelas da sala comunal da Grifinória. Ela parecia tão feliz, sorrindo para si mesma, os olhos fechados. Mas ele não tinha vontade de saber o que ela estava pensando. Nem ao menos conseguia lembrar de tê-la visto tão radiante. Fazia seu estômago revirar saber que Malfoy deixava-a assim.

Por que ele tinha que notar o quão bonita ela se tornara agora, quando ela estava com Malfoy?

Ela desencostou-se da porta, ainda sorrindo, para começar sua subida para se arrumar quando viu Harry empuleirado no parapeito da janela, observando-a com uma expressão curiosa no rosto. Aproximou-se dele hesitantemente.

- Ei, Harry. O que está fazendo?

- Apenas relaxando um pouco antes de tomar um banho para o jantar - ele esfregou o pescoço com a mão - Hagrid me deixou segurar a coleira de Fang quando o levamos para dar uma volta no jardim. Fang viu alguns esquilos e quase arrancou meu braço quando tentou os perseguir.

Hermione riu e colocou uma mão em cima da boca.

- Ouch. Aposto que não foi legal.

- Não, não foi - ele riu fraquinho, começando a massagear seu ombro.

Ela sentou-se ao lado dele no parapeito espaçoso da janela.

- Você foi ver Madame Pomfrey?

- Não pude. Ela foi passar o feriado com o irmão em Stuttgart, lembra? - ele viu as sobrancelhas dela arquearem-se em preocupação - Eu ficarei bem assim que tomar um banho quente.

Hermione esticou a mão e massageou o ombro machucado dele.

- Por que você não foi direto para o banho quando chegou, então?

A cabeça de Harry quase caiu de seus ombros enquanto as mãos dela massageavam suas costas.

- Hm, eu estava esperando conseguir falar com você sobre Rony - conseguiu dizer. Pausou, perdendo a concentração por causa dos dedos gentis dela - Sobre o jantar de hoje. Estava esperando falar com você antes, mas você sumiu por um tempo.

- Draco e eu encontramos a maiga dele, Lissane. Você lembra dela, certo? A garota de Durmstrang? - Harry concordou, mas Hermione podia sentir sua tensão. Sorriu, ao perceber uma coisa - Harry, você estava esperando por mim?

Ele deu de ombros.

- Talvez. Olhe, eu só queria ter certeza que você estava bem.

- Por que? Eu estive no castelo o tempo todo e Lissane não é a barracuda que eu pensei que ela fosse.

- Não é com ela que eu estava preocupado...

- Eu sei - ela interrompeu, um sorriso dançando em seu rosto - Eu sei que você está preocupado por eu estar com Draco, mas, por favor, tente lembrar que ele não é Lúcio. Draco se preocupa comigo, Harry. De verdade. Acredite em mim, não é como se eu fosse começar a andar pelas masmorras da Sonserina e trocar palavras gentis com Prof. Snape.

- Eu não pensei nada disse, Hermione - ele deu de ombros - Eu só me preocupo com você.

- Sempre meu protetor - ela disse - Mas tenho suspeitas de que vai ser eu que te protegerei no jantar.

Ele virou-se para olhá-la; os olhos dela brilhavam com a luz quente da lareira.

- Me proteger do quê? Não acho que Dumbledore convidou Voldemort para jantar com a gente.

Ela sorriu, sabiamente.

- Eu acabei de passar duas horas com um sonserino que estava realmente interessada em conhecer você.

- Malfoy?

- Não, seu bobo. Lissane Sheldon - ela riu - Depois que ela superou o choque de estar sentada na mesma mesa que uma bruxa nascida trouxa, ela foi bastante amigável... e muito interessada em você.

Ele ficou de uma cor vermelha chocante que Hermione pode ver, apesar da luz suave de velas.

- Ela não está interessada em mim, ela está interessada no Menino-Que-Sobreviveu. É nele que a maioria das garotas estão interessadas, aliás.

- Nem todas as garotas - ela disse com uma voz estranha.

Harry olhou para ela com curiosidade.

- O que quer dizer com isso?

- Nem todas as garotas estão em interessadas em você por causa da sua cicatriz, Harry Potter. Você é muito bonito, sabe - ela amava deixá-lo sem graça daquele jeito; o deixava mais fofo do que o normal - Argh! Não posso acreditar que vou confessar isso, mas... - ela parou - Ano passado eu tinha uma queda enorme por você, e não era por causa da sua fama; era porque você é inteligente, doce, engraçado e uma pessoa maravilhosa.

Harry ficou de pé rapidamente e virou-se, preocupado, para olhar para ela. Sua boca estava aberta e ele parecia chocado.

- Não acredito - ele engasgou-se.

Hermione concordou, sorrindo enquanto levantava-se do parapeito da janela também.

- Ah, sim, é verdade. Uma queda gigante - pode sentir que ele estava confuso e decidiu deixá-lo mais tranquilo - Não se preocupe, Harry, não é nada de mais. Você não precisa ficar tão chocado. Eu não sou a primeira garota a se apaixonar pelo melhor amigo. Além do mais, não há nada com que se preocupar; eu já não sinto mais nada por você. Agora eu sei que é melhor continuarmos amigos e que meus sentimentos por você nem eram tão românticos assim - quando Harry deu as costas para ela, ela teve certeza que ele ficou um pouco mais do que constragido com a confissão dela. Ela esticou a mão e virou-o para ela - Eu não queria te constranger, bobinho. Eu só queria que você soubesse que nem todo mundo vê você apenas como uma cicatriz.

Isto pareceu o deixar mais calmo, de alguma forma. Sua vermelhidão passou e ele conseguiu olhar para o rosto dela de novo.

- Eu sei. Eu só estou um pouco...chocado. Nunca percebi.

Ela abanou a mão para ele.

- Garotos nunca notam essas coisas. Quadribol e garotas bonitas. Isso é tudo com que garotos se preocupam.

Ele tossiu.

- Você é bonita.

Ela deixou a cabeça cair para o lado e sorriu abertamente.

- Aw, que amor você dizer. Mas não gaste seus elogios em mim. É para isso que tenho Draco agora, para me banhar de elogios e me dizer o quão linda eu sou.

Ela tomou a mão dele na dela e o puxou para as escadas dos dormitórios.

- Vamos, temos que nos arrumar antes do grande jantar.

Ele começou a subir as escadas, mas ela segurou firmemente a mão dele. Harry virou-se para olhá-la, o rosto de Hermione estava mais sério e intenso.

- Harry, eu quero te agradecer.

- Pelo o quê?

- Por não ficar doido por causa de mim e Draco. Eu sei que você está preocupado comigo e você não tem idéia de como isso significa para mim. E, apesar do que você se sente sobre Draco, você tem mostrado apoio e foi um bom amigo para mim desde aquela noite na biblioteca - ela ficou na ponta dos pés e plantou um beijo suave na bochecha dele - Obrigado.

Ele pode sentir o rosto ficando quente mais uma vez.

- Claro. É para isso que servem os amigos.

- Se Rony pudesse dizer o mesmo...

- Ele é teimoso, você sabe. Mas ele vai se acalmar. Ele sempre se acalma.

Com um rápido apertão na mão dele e um sorriso de adeus, Hermione virou-se e correu até seu quarto para arrumar-se para o jantar. Harry observou-a ir, chocado com os últimos cinco minutos. Ela gostara dele por um ano inteiro e ele não soubera. E se ele tivesse descoberto? Seria ele a banhando de elogios ao invés de Malfoy? Apenar pensar sobre aquilo fazia sua cabeça girar. Ele virou-se e correu escada acima, abrindo a porta do quarto com um empurrão.

Rony estava parado de toalha, molhado do banho, pegando algumas roupas do seu armário.

- O que houve com você?

Mas Harry não respondeu logo, andando de um lado para o outro na frente de sua cama. Finalmente, agachou-se do lado de seu baú para pegar algumas roupas para levar para o banheiro. Não conseguia abrir o cadeado direito e seus dedos tremiam de frustração. Pulou e chutou o baú com um sonoro "Droga!". A tamba abriu-se e alguns dos objetos mais em cima espalharam-se pelo chão.

- Qual é o seu problema, cara? - Rony perguntou novamente.

Harry pegou seus pertences do chão e jogou-se rudemente dentro do baú novamente.

- Nada. Eu só tive um incrível momento de clareza onde percebi que eu sou o maior idiota no planeta.


- Eu estou bem?

- Você quer parar de perguntar isso, Liss? Você está bem - ele virou-se para olhar para a amiga enquanto ela tentava acompanhar os passos longos dele - É só o jantar; não é como se fosse a festa do ano.

- Não é um jantar qualquer, Draco. Eu estarei conhecendo Harry Potter - apropriadamente - pela primeira vez. Esta é uma ocasião importante para mim - ela arrumou as vestes novamente e parou no corredor para checar seu reflexo no espelho - Hermione disse que nos apresentaria. Talvez sua namorada não seja tão ruim assim, pelo menos para minha vida social - ela sorriu abertamente para ele - Trate de se comportar, Draco, querido. Eu detestaria se meu primeiro jantar com o Menino-Que-Sobreviveu terminasse em tragédia por algo que você fez.

Draco parou seu caminhar rápido.

- Você vai passar a noite inteira babando em cima daquele idiota? Por que, se vai, não sente perto de mim - ele disse.

Estava certamente irritado com a perspectiva de jantar na mesma mesa que os Três da Grifinória e alguns dos professores. Durante todo seu tempo em Hogwarts, Draco evitara ser obrigado a manter conversas educadas com Potter e Weasley durante os jantares, portanto hoje sua ansiedade estava particularmente alta. Se Lissane começasse a flertar com Potter, Draco tinha certeza de que a noite realmente acabaria mal.

- Alguém está irritado - Lissane provocou.

- Isso já vai ser ruim o bastante sem você encher o saco. As coisas não foram muito bem hoje à tarde quando Hermione e eu vimos Potty e o Weasel lá fora, então eu gostaria que o jantar transcorresse um pouco melhor.

- Quer um conselho? Para começar, você provavelmente não deveria chamá-los de Potty e Weasel.

- Se você quer saber, eu vou tentar não chamá-los de nada. Estive pensando, e acho que o único jeito de aguentar o fato de ter que jantar com eles é fingir que eles não estão lá. Deste modo, mantemos a paz e Hermione acha que eu estou tentando me dar bem com eles.

Lissane bateu palmas de maneira infantil, irritando Draco.

- Ah, isso vai ser tão divertido! - ela exclamou - Este jantar vai ser definitivamente imperdível. Nunca estive tão feliz por mamãe e papai viajarem no Natal e me deixarem na escola.

Eles foram os últimos a entrarem no salão, já que Lissane gastou um número incontável de horas arrumando o cabelo para a ocasião. Todos sentandos em volta da grande mesa viraram-se para olhá-los quando entraram. O único que parecia genuinamente feliz de vê-los era o Diretor. Hermione parecia nervosa, Potter e Weasley pareciam mais abatidos que nunca, Prof. Snape parecia, bem, como Snape, Prof. Vector, Flitwick e Sprout pareciam incertos sobre o que pensa e Prof. McGonagall parecia pronta para interferir no mesmo momento que alguém levantasse a voz. Então, Draco hesitou quando Prof. Dumbledore os deu as boas-vindas alegremente.

- É bom ver você Sr. Malfoy, Srta. Sheldon. Boa noite para ambos. Por favor, venham se sentar; os elfos-domésticos prepararam uma ceia e tanto para nós nesta noite.

Lissane passou por Draco, sem notar a tensão na sala ou simplesmente não dando a mínima para ela.

- Obrigado, diretor. Deve estar ótimo - ela disse, abrindo um sorriso charmoso para todos em volta da mesa.

Enquanto eles se aproximavam da mesa, Draco viu o rosto de Hermione relaxar em um sorriso. Ela havia guardado um lugar para ele e abanava para que ele viesse se sentar. Seus pés falsearam ao notar Potter sentado em frente à Hermione e Weasley sentado à sua frente, ambos parecendo muito infelizes por terem de sentar perto de Draco. Eles o encaravam por trás dos ombros de Hermione. Oh, como ele gostaria de encará-los de volta, mas o rosto esperançoso de Hermione conteve a vontade de dizer algo Malfoyístico para eles.

Apesar de toda a tensão no salão, Draco não esqueceu suas boas maneiras.

- Boa noite. É bom ver todos vocês - ele respirou fundo e sentou ao lado de Hermione.

Ela esticou sua mão debaixo da mesa e entrelaçou seus dedos com os dele. Inclinando-se para perto, murmurou:

- Nós estávamos preocupados que você não viria mais; estava ficando tarde.

- E perder tudo isso? Eu nem sonharia - ele respondeu, piscando um olho rapidamente e sorrindo.

Hermione sentiu-se tragada para dentro de seus olhos cinzentos, refletindo a dança das luzes de Natal como um espelho, mas Lissane limpou sua garganta bem alto e quebrou seu pequeno devaneio. Ela olhou para a garota, que encarava Hermione significativamente.

- Ah, desculpe-me - virou-se para os dois amigos - Harry, Rony, acho que ainda não conhecem Lissane Sheldon.

Os dois garotos murmuram seus olás, mas Lissane não deixou a falta de entusiasmo desencrajá-la.

- Rony, prazer em conhecê-lo, digo, formalmente. Sua irmã está em algumas das minhas aulas e ela fala bastante bem de você.

Hermione ouviu Rony falar pela primeira vez em quase dois dias. Ele limpou a garganta.

- É, ela diz que você é okay, também - mas pela expressão nos olhos dele, Hermione podia dizer que ele duvidava muito disso; Rony não confiava em nenhum Sonserino. Ponto.

Então Lissane virou seu sorriso para Harry.

- É um prazer conhecê-lo também, Harry - ela sorriu com mais sensualidade do que muitas garotas de quinze anos possuem - Eu não pensei que jantaria com um herói antes - ela elogiou-o enquanto seus olhos escaneavam sua cicatriz.

Em vez de estar intrigado, Harry parecia distraído, mas sorriu educamente para a garota de qualquer jeito.

- É um prazer conhecê-la, Lissane.

- Se nós já acamos com o momento 'Conheça a Celebridade', talvez devêssemos começar a jantar - Prof. Snape grunhiu.

- Ora, ora, Severus - Dumbledore disse gentilmente - Eu acho que é muito bom que alunos de casas rivais estejam esquecendo diferenças para estender a mão para a amizade - ele sorriu para Lissane - Eu acho que todos podemos aprender um pouco de diplomacia com nossa querida aluna de transferência.

Como sempre, as palavras de Dumbledore tiveram um efeito calmante em todos no salão. Quando ele terminou de falar, a ceia de Natal apareceu magicamente nos pratos na frente deles, cheia de peru defumado, pato assado, molho de amoras, vegetais cozinhos e alguns pudins de Natal e tortas para a sobremesa.

Enquanto todos começavam a comer, Prof. Dumbledore limpou sua garganta e começou:

- Estas decorações me lembram de um feriado de Natal que eu passei quando garoto na fazendo da Tia Greta e do Tio Uli, na Bavária. Eu não devia ter mais de sete ou oito, e meu irmão Aberforth queria...

Draco bloqueou o som da voz do Diretor; seus olhos foram tragados para as ações de três indivíduos perto dele. Draco comera centenas de refeições no mesmo salão que Hermione, Potter e Weasley, mas sentar-se do outro lado do salão significava que nunca tivera a oportunidade de observar seus rituais até agora. Era como um ballet bem ensaiado, que trouxe ciúmes para dançar em seu coração.

Enquanto os três grifinórios ouviam as palavras de Dumbledore, pareciam não perceber a dança silenciosa. Hermione e Harry tiraram o molho de amoras do prato e derramaram em pratinhos menores; Harry pegou os dois e colocou na frente de Rony. Depois de colocar um pouco de sal em seu pato assado, Hermione colocou o saleiro em frente à Harry, que então colocou em seu próprio pato. Harry pegou o copo dele e de Hermione e deu para Rony, que serviu suco de abóbora para Harry e soda de maçã para Hermione. Era uma lembrança fria para Draco do quão próxima Hermione era dos dois melhores amigos. Mesmo quando estavam brigados uns com os outros, seus laços eram mais fortes. De repente, Draco sentiu-se um estranho.

E não gostou.

Sabia que Prof. Vector estava contando fatos de quando era uma criança, mas Draco não ligava. Empurrava a comida no prato enquanto observava-os. Ele sabia que não deveria deixar isso atingi-lo, mas quando seu olhar cruzou com o de Weasley, encarando-o por trás de seu garfo cheio de peru e batatas, Draco encarou de volta, sem piscar. Sabia que não deveria ficar irritado; não era uma competição. Mas não só os olhos de Weasley o desafiavam, e era um desafio que ele não podia dar as costas; não quando ele tinha que sentar perto da radiante amizade entre a garota que roubou seu coração e seus dois piores inimigos.

Hermione inclinou-se para ele, mas ele não tirou os olhos do ruivo do outro lado da mesa. Havia preocupação em sua voz.

- Draco, você está bem? Não está comendo, só mexendo sua comida no prato.

De repente, ele queria deixar bem claro para todos naquele salão que enquanto Hermione podia ser amiga daqueles dois bobocas, Draco Malfoy seria o único que a beijaria debaixo do azevinho, ou onde ele quisesse. Envolveu o braço em volta do ombro dela, puxando-a para perto e plantando um beijo suave do lado da testa; teve certeza que Weasley tivera uma boa visão do beijo.

- Eu estou bem, Hermione. Apenas envolvido nas histórias dos nossos professores.

Rony viu a cena diante dele com puro desgosto e repulsa. Malfoy jogando-se para cima de Hermione como se ela pertencesse a ele. E o jeito que Malfoy olhara para ele, como se estivesse fazendo aquilo para provocá-lo. Rony prometera a Harry que tentaria ser civilizado quando Malfoy estivesse por perto, mas a cobra peçonhenta estava exagerando. Ele já está na última gota d'água.

Draco viu nos olhos do garoto, mas não teve tempo de reagir. Sua mão da varinha estava em volta de Hermione.

Sem aviso, Rony ficou de pé em sua cadeira, derrubando-a no chão, e pegou sua varinha. Antes que qualquer um pudesse reagir, um flash de luz verde saiu da ponta da varinha de Rony e atingiu Draco direto no peito, o derrubando da cadeira para o chão.