Capitulo vinte e três: THE END.

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Eu ainda podia sentir o peso de seu corpo sobre o meu. Sentia suas mãos passeando pelo meu corpo, os lábios cubrindo-me de beijos, seu cheiro misturando-se ao meu. Lembrava de como ele me beijava com urgência e com aflição. Eu correspondia, com o desejo extravassando por cada centímetro de meu ser. Aquilo não podia ser o fim. Não. Eu queria mais.

E, quando senti nosso ritmo diminuir, e as carícias começarem a ser mais demoradas e carinhosas, vi que não poderia mais me conter.

-Não vá embora. - chorei, a voz tomada pelo desespero.

James não pôde me responder, apenas desviou o olhar. Parecia que havia algo que ele queria falar, mas não queria ser precipitado. Apenas aninhou-me em seu peito e continuou em silêncio, com a respiração pesada, e apenas ouvindo a minha respiração pesada.

-Eu não vou me demorar. - falou ele, em um tom de voz tão baixo que eu só pude ouví-lo devido ao silêncio mórbido que tomava todo o quarto. Ele falava lentamente e com pesar, como se todas as palavras que deixavam sua boca fossem doloridas, difíceis de pronunciar. - Eu tenho que ir, Lily. É a vida do meu pai. O trabalho dele. É o meu trabalho. Ele levou anos construindo tudo isso. É a obra da vida dele.

Segurei por pouco o choro, limpando as lágrimas pelo canto dos olhos.

-Eu não entendo por que tem de ser você. - protestei, inconformada.

James suspirou.

-É por que eu sou o sócio majoritário, obviamente. Pra começar esse negócio novo por lá, eu tenho de ir, já que sou o 'dono'. - respondeu ele.

-O seu pai se aposentou?

James riu pelo nariz.

-Você não está querendo que eu peça a um homem que acabou de sair da UTI, com uma saúde frágil, velho e cansado que vá no meu lugar, está? - perguntou ele, abismado e levemente irritado.

Eu afastei minha cabeça de seu peito e encarei-o com perplexidade.

-Eu não sugeri nada, James. Eu só estou tentando achar uma solução para nós dois, coisa que você não parece ter feito até agora, se considerando que eu sou tão importante para você. - respondi, um pouco ofendida pelo seu comentário irônico.

-Você não pode estar duvidando de mim após tudo o que eu te disse... ! - exclamou ele, a irritação crescendo rapidamente.

-Não, James, eu não estou duvidando. Eu só estou lhe pedindo que me ajude a encontrar uma solução! - disse, com a voz esganiçada.

James se remexeu na cama, incomodado.

-É óbvio que eu já tentei pensar em alguma solução, Lily! Você acha que eu quero ir embora? Acha que eu quero deixar a minha vida, meus amigos, minha casa, meu país para trás? Acha que eu quero te deixar? Você não acha que eu tenho muito mais a perder? - respondeu ele, frustrado.

-Você está sugerindo que eu não tenho as mesmas coisas a perder?

-Não foi bem isso que eu quis dizer! - retrucou ele - Mas será que você já considerou em ir embora comigo?

-É claro que já! - encarei-o, com os olhos arregalados, surpresa. - E você por acaso me convidou?

-Então foi apenas um pequeno mal entendido, querida. - disse ele, fazendo-me estremecer ao ouvir aquela última palavra que ele havia utilizado. - Eu, por acaso, não tive coragem de lhe pedir para deixar para trás o que eu estou deixando a tanto custo.

Nós ficamos nos encarando por um bom tempo, pensando bem antes de dizer o que nos vinha a cabeça, já que foram as palavras mal pensadas que proferimos que nos machucaram tanto. Ambos parecíamos estar com algo entalado na garganta.

-Não vai dar certo. - eu sussurrei, resignada. - Nunca foi para dar certo no final, não é? Sempre tem alguma coisa no caminho.

Eu me levantei, enrolei-me em meu robe escocês, presente que ganhei de minha mãe no meu último aniversário, e caminhei até a janela, dando as costas a ele. Suspirei.

-Você também acha, não acha?

Ele também suspirou.

-Tudo o que eu sei, Lily. - respondeu, a voz carregada de sinceridade. - É que não quero passar minhas últimas horas que tenho com você discutindo. Você vai ao aeroporto, não vai?

Eu virei-me para ele, indignada.

-E justo quando é necessário você não quer discutir, James?! - exclamei, mas ainda tentando me manter calma. - Sabe o que a gente faz quando a gente tem problemas? A gente os resolve. Ou pelo menos tenta! Bem vindo à vida adulta!

Ele revirou os olhos, cansado.

-Então vamos discutir, Lily, mas que nem adultos. - sugeriu, quase implorando. Levantou-se e começou a andar para o lado oposto do quarto, que, covenhamos, não era muito distante de onde eu estava, já que eu vivia em um apertamento. - Mas eu vejo dessa maneira: Se você não está disposta a abrir mão de certas coisas por mim, e eu não vejo como abrir mão de mais alguma coisa por você, nós estamos encurralados. Estamos presos, sem ter para onde fugir. E quando isso acontece, não há solução.

Eu engoli em seco, amargamente. Fitei-o por breves instantes, e comecei a pegar as roupas dele espalhadas pelo chão, e levá-las para a sala. James me seguiu, temeroso.

-Lily, você sabe que não tem que ser assim. - ele pediu, baixinho.

-Eu sei que tem. - respondi, breve. Parei à porta de saída da sala, com as roupas dele na minha mão. - Eu estou te libertando, James. - e cada uma daquelas palavras saiu como se estivesse cortando minha garganta. - Você está livre.

James ficou parado, em frente ao sofá, apenas me olhando, incrédulo.

-Livre de mim. Livre de nós. Deste sentimento. - acrescentei, evitando olhá-lo nos olhos. - Livre pra ser o que quer que você queira ser, lá. Enquanto eu vou ficar aqui. Isso tudo não poderia aparecer em melhor momento. Para nos mostrar que nunca daria certo entre nós.

-Lily, será que você realmente está acreditando nisso que está dizendo? - perguntou James, sério.

Eu segurei o choro.

-Você não entende. Eu tenho que acreditar! Vá embora, por favor! Vá embora, pelo amor de Deus! Vá de uma vez por todas!

Ele olhou-me com o olhar cheio de incompreensão, de mágoa e de dor. Olhou-me, por fim com uma expressão vazia. Levou uma das mãos ao peito, e segurou-o firmemente, como se estivesse tentando segurar toda a dor que estava ali dentro. Eu não entendi no primeiro momento. Não compreendi o por quê daquele gesto inesperado, exagerado. Até que Elizabeth entrou na sala.

Os olhos dela correram rapidamente de mim para James e de James para mim, e das mãos de James comprimindo seu peito.

-James! - exclamou ela, correndo para frente dele, de modo a acudí-lo. - James! Onde está o seu remédio? Você tomou seu remédio?

Ele não desviou seu olhar para Elizabeth; não, pelo contrário. Seus olhos continuaram fixos em mim, preocupados, em choque.

-James, agora não é hora para isso, mais cedo ou mais tarde ela iria descobrir. Agora me diga, os remédios, onde estão? - insistiu Elizabeth, pacientemente.

James respirou fundo.

-No bolso da calça, mas não precisa. Já vai passar. - ele sentou-se no sofá, com uma expressão exausta.

Elizabeth dirigiu-se para mim.

-Lily, você ouviu, no bolso da calça. Eu vou ligar para o Sirius, para ele buscá-lo. - e não houve nenhuma oscilação em seu tom de voz. Não hesitou nem sequer um instante. Eu observei-a enquanto ela pegava o telefone da sala e discava o número de Sirius, com um assomo de admiração aquecendo meu peito. Obviamente ainda estava em choque, mas a atitude dela me surpreendera. Elizabeth se portava como uma mulher; se mostrava determinada, decidida, e não hesitava. E eu me vi apenas como uma garota, quase como uma adolescente. Me comportava daquela maneira infantil perante a uma situação tão complicada. Era alheia a todos os problemas e a todas as dores de James. Só me importava comigo mesma. Lancei um último olhar para ele, que sentava frouxamente no sofá, pálido.

Elizabeth reposou o telefone na mesinha de cabeceira.

-Ele está a caminho.

James apenas assentiu fracamente. Eu senti um gosto amargo tomando a minha boca. Não podia olhar para James. Não entendia o que estava acontecendo, mas no momento não era o que me preocupava mais, já que James parecia estar fora de perigo. O que me preocupava, o que pesava fundo em minha consciência era a minha atitude.

-Me desculpe, James. - eu murmurei, fracamente, mas ele escutou. Olhou-me inexpressivo. Eu não pude aguentar aquele olhar sobre mim. Mergulhei na escuridão do corredor e em seguida do meu quarto. Joguei-me na cama, tentando com custo conter o fluxo de pensamentos. Depois do que parecia ter sido uma eternidade, ouvi uma batida fraca na porta.

-Entre. - eu disse.

Elizabeth entrou, cautelosa. Não disse nada, apenas deitou-se ao meu lado e me abraçou.

-Você está bem?

Eu ri pelo nariz.

-O que você acha? - perguntei, irônica.

Elizabeth sorriu.

-Acho que perguntas como essa deviam ser evitadas por agora. Tente dormir. Ainda precisaremos conversar muito pela manhã. - respondeu ela, carinhosamente, se virando para o outro lado para dormir.

Eu fechei os olhos, disposta a pelo menos tentar seguir o conselho dela. Descobri que estava exausta e que não conseguia de repassar minha briga com James mentalmente, palavra por palavra. Lembrei-me de nossa briga quando ainda estávamos na escola, e um pensamento puxou o outro. Passei a noite em claro, apenas assistindo a flashes de memória, hora felizes, hora turbulentos, hora desgostosos. Ouvia a voz de James em minha mente, alegre, irritada, calma, amarga.

Por fim, mergulhei em um sono leve. Estava meio acordada, meio a dormir. Podia ouvir a voz de James em meus sonhos mas também podia ouvir a respiração lenta de Elizabeth. E bastou apenas que ela colocasse, de leve, sua mão em meu ombro para que eu despertasse.

Abri os olhos lentamente, acostumando-me com a semi-claridade em que se encontrava o quarto. Elizabeth postava-se em pé, próxima à porta, trazendo uma bandeja com o que parecia um café da manhã. O cheiro do chá de hortelã invadiu minhas narinas, e eu estremeci, pois era o meu favorito. Sorri fracamente.

-Obrigada, Lizzie. - disse. E acho que ela pôde perceber que com aquele simples obrigada eu não me referia apenas ao café da manhã que ela havia preparado. Me referia a tudo. A tudo que ela já fizera por mim até ali.

-Então. - disse ela, fazendo sinal para que eu me sentasse e para que assim ela pudesse depositar a bandeja em meu colo. Feito isso, ela se sentou na beirada da cama. - Como você está?

Eu respirei fundo, tomando um gole prolongado do chá.

-Eu pensei muito. - respondi, evasiva.

Elizabeth sorriu.

-Então o que você ainda está fazendo aqui? Você já não acha que o James já correu atrás de você de mais? Não é hora de você retribuir? - perguntou ela.

Eu assenti com a cabeça. Não me surpreendi com o que ela havia dito. Encontrava-me, no entanto, um pouco temerosa.

-Eu não posso te deixar aqui sozinha.

Elizabeth riu.

-Eu não vou ficar sozinha, Lily. Não seja boba. Eu ainda tenho pais e ainda tenho uma grande família. Morando no interior, é claro, mas já vi que essa de cidade grande não é para mim. - respondeu Elizabeth, simplesmente, fazendo um gesto de descaso com uma das mãos. - Mas não vamos falar sobre mim.

-Eu quero falar sobre você. - interrompi-a, de imediato. - Eu me sinto na obrigação. Depois de tudo que você fez por mim, Lizzie. Você sempre cuidou de mim, enquanto eu estava triste, deprimida, machucada. Mas eu nunca pude ver o quão triste, deprimida e machucada você estava. Me diga, há algo que eu possa fazer? O Sirius, ele...

-Terminou comigo. - disse Elizabeth, prontamente.

Eu não pude me impedir de ficar um pouco surpresa, embora tenha reparado que Sirius não havia dormido lá em casa na noite passada.

-Eu não o culpo. - disse ela, simplesmente. - Eu fui precipitada, e eu reconheço isso. Mas... - ela fez uma pausa aqui. - Eu apenas não pude conter o que eu sentia naquele momento! Eu me senti tão segura, e eu achava que ele estava dormindo. Eu entendo o Sirius, sabe? Eu acho que não existiram muitas mulheres que já o entenderam como eu o entendo, agora. Você provavelmente o entende, mas você e o James e tudo o mais. Enfim, eu sei agora que ele não gosta de se sentir sufocado. Sei que ele não está pronto ainda. E eu não posso esperar, Lily. Foi divertido passar algum tempo com o Sirius. Mas eu não estou a procura de diversão. Eu preciso de algo mais. E é enorme o sentimento que eu tenho por ele, você pode ter certeza. Não vai ser fácil superar. E eu sei que ele também gosta de mim, mas não a maneira que eu gostaria que gostasse. Eu só sinto que... não deveria ser. Por mais que eu quisesse que tivesse dado certo. Por mais que quando eu estou sozinha em meu quarto ou apenas perdida em meus pensamentos eu penso o quanto eu queria tê-lo ao meu lado. É isso que eu sinto. É nisso que eu preciso acreditar. Para seguir em frente.

Ela parou de falar um pouco, observando atentamente um fio solto na costura de meu edredom e enxugando timidamente algumas lágrimas que insistiram em escorrer pelo seu rosto. Eu me inclinaria e a abraçaria, se não fosse a bandeja cuidadosamente equilibrada em meu colo. Por fim, ela suspirou e voltou seu olhar para mim.

-Vamos falar de você. O vôo de James é às três horas. É melhor você chegar adiantada lá, caso ocorra algo de errado. Vai ter um efeito melhor se você for atrás dele agora. Se o alcançar a tempo no aeroporto, digo. Uma vez que ele já tenha ido embora, talvez vocês já estejam muito distantes. - ela desatou a falar.

Eu apenas assenti com a cabeça.

-Hm, então, você quer que eu, hum, vá lá no aeroporto comprar a passagem agora? - perguntei.

Ela riu.

-Não, sua boba. Eu já comprei as passagens. Hm... O Sirius comprou sua passagem. Ele pediu à secretária deles que quando você se encarregar de comprar a do James comprasse a sua. - explicou ela, sorrindo. - Viu como a vida pode ser simples as vezes?

Eu senti meu peito ser tomado por um assomo de gratidão a Sirius.

-Por que você está aqui perdendo seu tempo comigo, Lily? Já são onze horas. Você pode demorar até chegar ao aeroporto, nao concorda?

E parecia que só àquela hora eu havia despertado. Eu tinha que levantar, me arrumar, juntar minhas coisas, me demitir, ligar para a minha família, e quando todos aqueles pensamentos me bateram na cabeça, veio um que parecia se sobrepor aos outros: EU IA ME MUDAR PARA OS ESTADOS UNIDOS E MORAR COM O JAMES!

Tirei a bandeja do meu colo e levantei de súbito.

-Ai meu Deus! Ai meu Deus! - exclamei, surtando.

Elizabeth riu escandalosamente, e depois de se acalmar, pôs-se a me acalmar.

-Eu arrumo sua mala enquanto você liga para todo mundo para se despedir, e depois você liga para o Sirius para ele te levar até o aeroporto, o que você acha? - sugeriu Elizabeth, tranquilamente.


Uma vez tomada a decisão de que eu iria com James, meus pensamentos não paravam de viajar sobre nós dois em alguma cidade dos EUA. Aliás, eu mal sabia para qual cidade estava indo. Só sabia que estava me mudando para o outro lado do planeta, e o mais importante: com James. Era como um amanhecer de uma noite muito longa, sombria e fria. Sentia um calor em meu peito, que se espalhava e aquecia todo o restante. Mas sabia que era apenas uma prévia do que estava por vir.

Sentia um frio na barriga, também, enquanto pensava sobre o que dizer a James. Dizer que eu sentia muito, que eu o amava, que eu havia sido estúpida durante todo aquele tempo, renegando os sentimentos de nós dois e explodindo subitamente toda hora com ele. Sirius me observou de soslaio durante todo o longo caminho até o aeroporto, mas permaneceu em silêncio, com a única exceção de quando ele me perguntou o que eu pretendia fazer. Dei um longo suspiro, e olhei para as ruas e os prédios do lado de fora. Eu sabia o que ia fazer, o problema é o que ia dizer.

-Oras, eu vou me mudar para os Estados Unidos. - foi o que consegui dizer, forçando um sorriso para Sirius.

Apesar do alívio inicial que surgiu quando eu havia tomado minha decisão, agora eu sentia era uma enorme tensão. Vasculhava meus pensamentos, formulava idéias e, no entanto, não tinha nada definido. Passei a mão por entre os cabelos, nervosamente, tentando ajeitá-los, observando minha própria imagem no retrovisor. Nada novo: o rosto branquelo, com algumas sardas (graças a Deus não muitas!), olhos verdes amendoados e cabelos ruivos. Mas apesar de não poder ver apenas por aquela imagem, eu sabia que havia sim algo novo.

Quando chegamos ao aeroporto, Sirius dirigiu suave e tranquilamente, estacionou e logo desceu do carro para tirar minhas malas do bagageiro. Eu desci lentamente, e senti os pés comprimindo o chão com maior intensidade, como se o peso de minha decisão estivesse sobre meus ombros. Eu não me arrependia. Só estava nervosa.

Após ter descarregado minhas malas, Sirius apenas ficou parado ao lado delas, me olhando com um olhar indagador. Eu lhe dirigi um meio sorriso.

-Está tudo bem. Pode ir, eu já vou.

Ele só assentiu com a cabeça. Sentindo que havia a necessidade de dizer algo, ele sorriu, e disse:

-Okay. Estou feliz que você tenha tomado essa decisão.

Eu assenti.

-Sim, eu também estou. - e realmente estava.

Sirius saiu puxando uma mala - que era de rodinhas - e carregando as outras duas. Sim, três malas. E foi com muito custo que eu coloquei todos meus pertences de valor nessas malas. Não que eu tivesse muita coisa valiosa, no sentido de cara. Mas todas as minhas tranqueira tinham, de certo modo, um valor específico. Quando Sirius estava na outra ponta do estacionamento, eu finalmente me movi. Ele sabia o caminho para qualquer que fosse o portão de embarque (bem, tinha escrito na minha passagem, mas eu estava com preguiça de pegá-la no meio da confusão de pertences enfiados de qualquer jeito que era o interior da minha bolsa). Resolvi segui-lo, displicentemente.

Não posso me demorar muito na descrição do aeroporto. Não prestei muita atenção nessas coisas, apenas segui Sirius e fiquei perdida em meus pensamentos. Havia decidido, enfim. Decidido o que poderia falar para James.

Para o meu desapontamento, e para me despertar, Sirius não havia ido para o portão de embarque. Havia entrado em uma fila para deixar as malas.

-Hmm, Sirius? Será que poderíamos ir até onde James está primeiro? - perguntei, timidamente.

Ele sorriu e assentiu. Estava estranhamente sério neste dia.

Não demorou até chegarmos até James. Ele estava ali, parado, os cabelos extremamente bagunçados, mais do que o usual, caindo sobre sua face. Conversava distraidamente com Remus, e parecia com cara de poucos amigos.

Remus olhou para Sirius.

-Olhe, é o Sirius. - disse para James, em seu tom calmo de costume.

James se virou, mas ao contrário de Remus, ele olhava para mim.

-Lily.

-Oi James. - foi tudo o que eu disse. Ele estava magoado, obviamente. E naquele momento eu me odiei profundamente, por tê-lo magoado tanto. Mas James tinha um raciocínio rápido. Olhou de mim para Sirius (apenas erguendo as sobrancelhas para cumprimentá-lo, pois ainda estava concentrado analisando a situação) e de Sirius para minhas malas, que este estava carregando.

-Estas malas...? - James começou, mas não conseguiu terminar.

Remus aproximou-se. Olhou significativamente para Sirius e ele assentiu. Os dois saíram sem dizer palavra alguma.


-Está tudo bem com você, Sirius? Você está sério. - perguntou Remus, quando tinham se afastado de James.

Sentaram-se sobre um banco de dois lugares que havia ali. Sirius juntou os dedos das mãos, apoiando seu queixo neles.

-Só estou pensativo. - foi o que respondeu.

-Sei.

Sirius ficou observando as pessoas passarem, distraído e pensativo.

-Você está arrependido? - perguntou Remus, hesitante.

Sirius levantou o olhar para ele. Fitou-o por alguns instantes, até decifrar o que ele havia dito e formular uma resposta.

-Não. Só... pensativo. - respondeu, dando de ombros.

Remus meneou a cabeça, sorrindo.

-Pensando em...? - perguntou, com um certo tom de atrevimento.

Sirius também sorriu, mas um sorriso triste.

-Ora, Remus. Como pode ser tão insensível? James está indo embora!

Remus riu. Sentiu-se aliviado. Achou que outra coisa poderia estar preocupando Sirius.

-Bem... - ele começou. - Eu só achei que você estivesse preocupado com outra coisa. - esclareceu. - É óbvio que eu não gosto de ver James indo embora. Mas pelo menos ele vai com a Lily, e acertado com ela. Quem sabe eles não voltam casados?

Sirius franziu a testa, insatisfeito.

-Espero que não. - respondeu, carrancudo, surpreendendo Remus. Ao ver a expressão do amigo, ele se explicou: - Por que eu quero ser o padrinho. É melhor que eles não ousem se casar sem eu por perto.

Remus sorriu, em concordância.

-Eu sei que é meio egoísta - começou Sirius. - Mas eu sinto inveja dos dois. Quer dizer, é claro que vai dar tudo certo para os dois. Eu vou ficar sem meu melhor amigo, e com o amigo careta de sobra. O que me resta? - acrescentou a última pergunta, teatralmente.

Remus apenas pôde rir.

-Amigo careta? Obrigado, Sirius. - disse, em um falso tom ofendido.

Sirius sorriu, desculpando-se.

-Você não está sozinho, Sirius. - disse Remus.

Sirius assentiu.

-Sabe, Remus... Eu acho que se você tivesse uma irmã...

-Eu não o deixaria chegar perto dela. - cortou Remus, divertido.

Sirius ficou carrancudo novamente e voltou a observar uma cabeleira ruiva que conversava acaloradamente com uma negra muito despenteada.


Era aquela hora. A hora da verdade. Enquanto Sirius e Remus saiam, nós dois nos fitávamos fixamente.

-As malas... - disse James, débil.

Eu assenti.

-James, eu sinto muito por ontem a noite.

Ele também assentiu.

-É, eu sei.

E eu pude ver a verdade em seus olhos, por que, apesar de estar muito magoado, ele realmente sabia. Eu o abracei com força.

-E se você ainda me quiser, eu nunca mais quero sair do seu lado.

Ele beijou o topo da minha cabeça.

-Se eu ainda te quiser, Lily?

Eu ri, e me afastei ligeiramente, para olhá-lo nos olhos.

-Eu vim pensando durante todo o caminho de casa até aqui, pensando sobre o que deveria lhe dizer, depois de você ter dito coisas tão lindas para mim. E cheguei a uma conclusão. - fiz uma pausa. James sorria com o canto da boca, não conseguia evitar. - Acho que já falamos de mais e agimos de menos. Não há mais nada que eu possa dizer. Não tem como colocar em palavras o que eu sinto.

O sorriso de James se abriu ainda mais.

-Não precisa. Eu sei como é, eu sinto o mesmo.

Esse foi o fim de um longo e miserável período de melancolia. Mas foi um novo começo para nós dois. Pelo menos para mim, pois eu havia crescido. Decididamente. Definitivamente. Três anos depois, estaríamos voltando para Londres para nos casarmos, e um Sirius solteiro e não muito diferente do Sirius de sempre seria nosso padrinho. Encontrei com uma Elizabeth noiva e radiante, que nem por isso deixou de trocar alguns olhares furtivos com Sirius no casamento. Ou talvez tenha sido minha imaginação. Um ano depois do casamento tivemos Harry. E então, como dizem por aí, eu e James fomos, na maior parte do tempo, felizes para sempre.

Lily Potter.


N/A: Final muito bobinho, babão? Feliz?

Não se preocupem, eu estou louca pra escrever outros dramas, então vocês ainda vão ouvir falar de mim. Vocês vão ter que me engolir. Não sei se já posto o 1° capitulo da fic nova, por que eu nao tenho o resto dela escrito e posso demorar para escrever (tenho uma parte do 2° capitulo e umas cenas em mente, mãaas).

Eu tenho uma séria dificuldade com Lily e James, apesar de amá-los: Eles tem que terminar juntos no final (Droga!). Mesmo que eu tenha maltratado MUITO os dois, eu tenho que fazê-los ficar juntos, não é? Mas bem, os dois sofreram muito nao acham? Ainda vão sofrer mais pelas minhas mãos enquanto eu escrever sobre eles. MOHOHO.

Geralmente, eu costumo escrever um bando de porcarias nesse espaço, mas agora que chegou o fim nao sei o que escrever. Então acho que tudo o que posso dizer é "Até a próxima, pessoal". É, por aí.

To meio chateada no momento, por uns motivos ai. História muito longa pra explicar. E provavelmente vão achar futil. Mas eu supero. Tenho que ir por enquanto, por que escrever não dá dinheiro, né gente? AHEUAHEUAHEU. (como se eu trabalhasse!).

Só pedindo desculpas também, agora que eu lembrei! Desculpem pelos erros nos capitulos passados, nao tive muito tempo de revisá-los. E se esse tiver erros também, me desculpem! E podem me avisar qualquer coisa xD

Beijos e obrigada a todos que acompanharam a fic desde o seu começo!! Essa fic foi feita para vocês xD

AHH, e só mais uma coisa: LEIAM MINHA ONESHOT "CASA COMIGO" xDD. Garanto que ela é fluffy é não tem nem metade do drama de MM. Fora que foi uma das melhores fics que já escrevi em toda a minha vida 8D