Cap. 16 – Surpresas do Coração

Naquela noite amaram-se como se fosse a última. Ambos igualmente decididos a desistir da carreira militar, à qual haviam se dedicado bravamente, pelo outro. E sem trocar uma única palavra a respeito disso: era o assunto proibido. Pesar havia, é claro. Afinal, não é sem pesar que se desiste de uma vida. Mas o simples prazer do toque silenciava, e o tremor a percorrer o corpo fazia esquecer. Vencidos, sentiam-se vencidos: o mais leve roçar de dedos, a mais leve aproximação das bocas, o mais leve toque inebriava. Perdiam os sentidos a cada beijo.

Fraqueza, alguns diriam. Em outros tempos, ambos se sentiriam fracos. Mas aquela noite era especial. Desde que um conhecera o outro, tudo era especial. Especialmente belo. Havia esperança. E, assim, sentiam-se fortes. Esperançosos e fortes. Contraditório? Claro! Vencidos, esperançosos e fortes: assim, desse jeito, sentiam-se Camus e Milo quando estavam nos braços um do outro. A bem da verdade, tudo isso poderia ser definido com uma única palavra, um único sentimento. Muitos usam o vocábulo em vão, e poucos podem se gabar de conhecer seu verdadeiro significado. Mas Camus e Milo, Camus e Milo sabiam o que era... amar. Sim, amor. Naquela noite, amaram-se como se fosse a última.

Abraçados um ao outro, não se sabia onde começava Camus e onde terminava Milo. Eram um só, e assim queriam continuar para sempre. Um nos braços do outro, entregaram-se a Morfeu, que embalou os sonhos dos amantes fazendo com que o vento em seus cabelos sussurrasse uma doce canção de ninar.

-X-X-X-

Os primeiros raios de sol surgiram no céu da Grécia e iluminaram os amantes. Camus acordou devagar e abriu os olhos com preguiça. Não teve coragem de se levantar e ficou ali a admirar o anjo loiro que dormia em seu peito. Perdeu-se nessa contemplação, e já não mais se culpava por estar completamente apaixonado e entregue. Sorriu quando dois olhos grandes e verdes se abriram e ficaram a lhe fitar, brilhantes e sorridentes.

Bonjour, mon ange! – sussurrou o francês no ouvido de Milo.

O loiro sorriu. – Bom dia! – disse, espreguiçando-se com prazer. – O que você está olhando?

– Você! – respondeu o ruivo sinceramente.

– Você ainda tem olhos gelados... – murmurou Milo dando um beijo na testa de Camus e levantando-se preguiçosamente.

Camus levantou uma sobrancelha. – Quê?

– Apesar de tudo, Camus, você ainda tem os olhos gelados... olhos sexies, misteriosos e gelados! – respondeu o inglês entrando no banheiro do quarto do hotel. Camus ia contestar mas Milo não permitiu. – Oh Camus, pede alguma coisa pra gente comer... e afinal, qual é o plano pra hoje, mesmo? – gritou já ligando o chuveiro.

– Eu prometi algo a Marin e hoje eu vou cumprir, Milo! – gritou Camus do quarto já discando para pedir o café-da-manhã. "E de noite, Milo, vamos ver quem é que tem olhos gelados... você não perde por esperar!", pensou umedecendo os lábios instintivamente.

A manhã passou morosa e tranqüila. Camus e Milo se encontraram com Másquera e Afrodite para passear pelo centro de Atenas e aproveitaram para comprar alguns souvenires. O sueco contou para o irmão que estava disposto a largar toda a sua vida estabelecida em Paris para seguir com o namorado para a Itália. E Milo, mais que depressa, fez um acordo com Afrodite para que ele, uma vez em Paris e desligado das forças armadas, tocasse o escritório de decoração do irmão. Almoçaram juntos e depois foram ao teatro.

Caía a tardinha e os quatro se dirigiram a um simpático restaurante, a mesma taberna em que Camus e Milo haviam apreciado a companhia um do outro. A mesma taberna em que o francês começara a ceder a seus sentimentos. Acenaram para a turma que já esperava numa grande mesa do lado de fora.

– Chegou quem faltava! – exclamou Shura exalando felicidade.

– Sentem-se, meninos! Sentimos a falta de vocês! – disse Shina sorrindo.

– Calma, Shina, cá estamos nós e prontos pra encher a cara de vinho e queijo de cabra com azeite! – respondeu Másquera.

– Isso, Mask, se empanturra mesmo! Depois quero só ver à noite... – murmurou Afrodite emburrado, arrancando risadas de toda a mesa.

Másquera, o sempre impassível Másquera, corou. – Ah, amore mio, você sabe que sempre estou pronto pra você, não é?

Afrodite, o despudorado Afrodite, enrubesceu. – Ai, Mask, isso lá é coisa que se diga na frente de todo mundo? Me deixa sem graça!

– Não briguem, crianças! – comentou Pandora achando graça.

Aldebaran sorriu. – Essas brigas sempre acabam entre quatro paredes, Pandora, você bem sabe!

– Ah, e como sei, Deba! Tem gente que tem um fooooogo, mas não digo quem é! – respondeu a gótica apontando para Shura.

– Eeeeeeeeeeeeeeeu, Pandorita? Quem sou eu perto de você? Olha, gente, vou confessar uma coisa... eu sempre me gabei de ser un hombre caliente, mas a Pandorita acaba com o fôlego de qualquer um! Que mujer! – exclamou Shura dando um beijo estalado na bochecha da namorada.

– Ah, espanhol, toma tenência. Fica aí espalhando pra todo mundo que não dá conta da sua mulher... depois não reclama se vier outro e... bom, você entendeu! – disse Saga sorrindo.

– SAGA! – recriminou Shina.

– Ih, pelo jeito aí o Major foi rebaixado a soldado raso... – comentou Milo e todos caíram na gargalhada.

Foi então que todos se deram conta de que, num canto da mesa, um homem e uma mulher se abraçavam comovidos.

– Marin? Por que você está chorando? E, principalmente, por que está abraçada com o Camus? – perguntou Aiolia meio enciumado.

Marin estava mesmo emocionada. Secou uma lágrima e apoiou a cabeça no ombro do francês. – Olia, quando a guerra começou, eu fiquei pra trás na base. Fui a última a sair, logo depois que a OTAN foi dissolvida. Eu estava lá, arrumando minhas coisas com o coração apertado e totalmente sem esperança. Foi quando o telefone tocou: era o Camus... – começou a Sargento D'Aguias e olhou ternamente para o ruivo. – Claro que ele ligou pra saber do Milo... sim, sim, pra saber do Uxo... mas naquele momento, no momento em que o mundo estava em chamas, o Camus me fez uma promessa. Ele me prometeu que, um dia, ainda iríamos todos sentar numa taberna em Atenas, beber vinho grego e comer queijo de cabra, e que lembraríamos da época de guerra com tristeza e sem saudade. Aquilo me trouxe esperança de novo, e eu enfrentei meus medos cheia de vida. Foi Camus quem me fez acreditar que eu o veria novamente, Olia! E agora nós estamos todos aqui, como Camus prometeu! Meu amigo, obrigada, muito obrigada mesmo! – completou Marin emocionada, apertando Camus contra si.

À sua volta, todos engoliram em seco. Tinham lágrimas nos olhos, e aquelas palavras trouxeram recordações pesarosas. Pois a guerra sempre deixa marcas. Alguns são destruídos por essas marcas, mas outros voltam fortalecidos. Para os amigos ali reunidos, a segunda opção era a verdadeira. Fortaleceram-se na guerra ao encontrar a esperança no olhar e nas palavras ternas uns dos outros.

– Ah, Marin, não fala assim da Bri que você me derrete ainda mais! – disse Milo com a voz embargada, mas foi o suficiente para quebrar o gelo e fazer com que todos rissem e que o clima ameno voltasse a reinar entre eles.

– Oh Aiolos, fiquei sabendo que você vai ficar aqui na Grécia um tempo, é verdade? – perguntou Saga.

– Sim, sim, pra seu desespero, meu amigo, vou passar uns tempos em Atenas, consegui essa permissão. Eu e o Aiolia temos muito ainda que conversar... – respondeu Aiolos.

– Na verdade, temos que nos conhecer direito, não é? – tornou Aiolia. – Meu... irmão!

– Meu irmão! Você me deixa tão feliz quando me chama assim, Olia! – comemorou Aiolos.

Saga suspirou. – É, deve ser realmente bom ter o irmão perto de si... – disse entristecido.

– Tem tido notícias de Kanon e Julian, Saga? – perguntou Mu.

– Não... os dois sumiram, evaporaram... – respondeu o Major. – Mas talvez tenha sido melhor assim!

– Nada nessa vida acontece em vão, Saga, tenha certeza disso. Todos nós temos um carma pra sanar nesta terra! – afirmou Shaka.

– Ah lá vem o indiano com a zen-budisse de plantão! Bah! – reclamou Másquera.

Milo sorriu. – Esse meu cunhado é um anjo de candura!

– Uxo, não provoca o italiano pelamordedeus! Já não basta eu ter de dividir o coração dele com o lança-chamas... se você provocar ele desiste de mim e se muda com a arma pra Roma! – brincou Afrodite.

– Ah, você sabe, né, Dite, se cunhado fosse bom não começava com c... – começou a dizer Milo.

– Calado! – manifestou-se Camus.

– Quero ver você me calar, Brig...mmmmmm... – foi calado pela boca voraz de Camus, ali, na frente de todos. – Nossa, Bri, por essa eu não esperava! – tornou Milo com a respiração entrecortada.

– As pessoas mudam... – comentou Marin.

– E como! Nossa, que calor! – abanou-se Milo. – Credo!

– Isso é pra você aprender, viu, seu lordezinho de meia pataca! – brincou o francês.

De repente Afrodite estapeou a própria testa. – Nossa, como sou esquecido. Camus, me mandaram te entregar isso! – disse, tirando um cartão postal da bolsa e dando-o ao ruivo.

– Um cartão postal de Paris? Mon Dieu, nunca vi um! – respondeu Camus irônico e ignorou o olhar mortal que Afrodite lhe lançou ao fazer um gesto que mandava o ruivo ler o cartão. Camus pousou os olhos nas letras e sorriu. – Onde você conseguiu isso?

– Meu estagiário, o Shun, me deu... – respondeu o sueco.

– O que é isso? Fiquei curiosa! Lê pra gente! – pediu Shina.

– É do Hyoga, um de meus comandados de Rouen. Meu braço direito, pra falar a verdade... diz o seguinte: "Mestre Camus, foi um grande prazer servir com o Senhor. Ser seu ordenança me ensinou muitas coisas, não só como militar mas como pessoa. Ver o que você fez do outro lado do rio e como você superou os medos e disse o que precisava para a pessoa certa me fez tomar coragem para fazer o mesmo. Obrigado por tudo!" – leu o francês.

– Ai, a Bri só me dá orgulho! – riu Milo dando um beijo estalado na bochecha do francês. – Tanto que eu tenho um anúncio a fazer...

– Não, eu é que tenho algo a dizer! – protestou Camus.

– Não, Senhor, Bri, eu é quem falei primeiro e eu é quem vou dizer! – tornou Milo.

– De jeito nenhum! Eu é que vou dizer! – Camus bateu o pé.

– Ah, desembuchem os dois logo de uma vez! – cansou-se Saga.

– Vou largar a vida militar! – disseram Camus e Milo ao mesmo tempo. – O quê? – perguntaram em uníssono. – Sim, por você! – responderam os dois.

Ficaram se olhando languidamente por alguns segundos quando perceberam que ambos estavam dispostos a desistir de suas carreiras um pelo outro. Camus acariciou o rosto de Milo, que deitou em seu ombro. – Que seja! Nós dois desistimos então... se não há lugar pra pessoas como nós nas forças armadas, e se ainda por cima temos de servir em países diferentes... isso não é vida! – constatou Camus.

– Camus, você já pensou em deixar o cabelo crescer? – perguntou Mu.

– Hein? Que pergunta é essa agora? – tornou o francês levantando uma sobrancelha.

– Sim, porque o Milo sabemos que adoraria... – pontuou Shaka.

– Onde vocês querem chegar, pequenos espiões? – perguntou o inglês curioso.

– Bem, Shaka e eu precisamos de mais duas pessoas pra inteligência da OTAN. Tem muitas coisas acontecendo por aí e poucos de nós agindo, não é mesmo, Shaka? – começou Mu sorrindo.

– Claro, meu amor. E, como já dissemos, ninguém costuma desconfiar de um casal gay de cabelos longos, não é? – tornou o indiano.

– Com certeza, não! – sorriu Mu.

Camus e Milo mal cabiam em si de tanta felicidade. Não deixariam a vida militar e muito menos deixariam um ao outro. E, ainda por cima, teriam os longos e belos cabelos de volta. O resto da reunião seguiu tranqüila e amena, todos brincando com todos. Algum tempo depois, todos se despediram e seguiram cada qual para seu quarto de hotel ou casa. Na taberna, ficaram apenas Shaka e Mu.

– Estou tão feliz, meu querido! – comentou Mu acariciando a mão do namorado.

– Eu também! Eles fazem um belo casal... e tenho certeza de que serão excelentes agentes pra inteligência! – respondeu Shaka. – O que foi, Mu? Está com o olhar perdido...

– Todos vão seguir seus caminhos, querido. Mas algo me diz que essa história não termina aqui... – disse o tibetano em tom profético.

-X-X-X-

– Ai, Milo... vai subindo que eu já vou! Preciso comprar uma coisa! – pediu Camus assim que os dois pisaram no saguão do hotel.

– Comprar o quê? – perguntou o inglês e cruzou os braços, desconfiado.

– Uma coisa! Agora VAI! – ordenou o ruivo.

– Cruzes, Bri! Credo! – exclamou o inglês e foi subindo.

"O que será que ele está aprontando?", pensou Milo para si mesmo. Pegou sua chave e destrancou a porta do quarto. Sentou-se e esperou calmamente, mas nada de Camus chegar. "Pelos deuses, o que esse francês maluco está fazendo?", tornou a pensar. Foi quando ouviu alguém bater. Abriu a porta cada vez mais desconfiado e o rapaz do hotel entregou-lhe um bilhete. "Milo, mon ange, me encontre na praia", e nada mais. O inglês sorriu. "Adoro surpresas!", murmurou.

Não demorou muito e Milo caminhava pela praia que ficava perto do hotel. Era noite e não havia ninguém ali, a não ser a luz branca da lua que iluminava o mar azul do Mediterrâneo. Viu o francês acenando ao longe e correu ao encontro dele. – O que é tudo isso, Camus? – perguntou ao ver o ruivo vestindo um smoking finíssimo com uma garrafa de champagne nas mãos. – Eu não estou vestido à altura para você, não... – reclamou o inglês ao perceber que vestia uma calça jeans dobrada nas pernas para andar na areia e uma camiseta vermelha, e que estava descalço.

Camus aproximou-se de Milo e abraçou-lhe ternamente. – Você está sempre lindo, mon ange. Toujours parfait! – murmurou o ruivo mordendo de leve o lóbulo da orelha do outro, arrancando um gemido abafado. Separou o abraço e estourou a champagne, sorvendo um gole da própria garrafa. – A nós, Milo. A champagne está ótima! Quer provar? – perguntou Camus lambendo os lábios.

– Ah-hãn... – grunhiu Milo afirmativamente.

– Então vem cá! – tornou o francês puxando o loiro para si e dando-lhe um beijo apaixonado.

– Uma delícia... – afirmou Milo assim que separaram o beijo.

Camus sorriu e ofereceu a mão para Milo, e os dois começaram a caminhar pela praia com as mãos entrelaçadas. – Milo, você gosta de música? – perguntou o ruivo.

– Claro! – respondeu o inglês. – Mas por que a pergunta? Você vai cantar pra mim? – tornou rindo.

– Como você adivinhou? – disse Camus abrindo os braços.

– É sério? – indagou o loiro arqueando uma sobrancelha.

Seaside whenever you stroll along with me in merely contemplating what you feel inside Meanwhile, I ask you to be my Clementine. You say you will if you could but you can't... I love you madly. Let my imagination run away with you gladly. A brand new angle highly commendable Seaside Rendez – Vous! – cantou Camus danaçando e rodopiando.

Milo riu. – Agora a Brigitte quer dar uma de Fred Astaire... canta, atua, sapateia... é um artista completo mesmo! – gargalhou o loiro.

I feel so romantic can we do it again? Can we do it again sometime? I'd like that! Fantastic c'est la vie mesdames et messieurs! And at the peak of the season the Mediterranean this time of year it's so fashionable! – continuou Camus.

– Não sabia que você dançava o charleston! – riu Milo.

– Você não sabe muitas coisas sobre mim, mon chèr! E eu quero lhe mostrar todas elas! – respondeu Camus. – Mas agora, ouça a música! I feel like dancing in the rain. Can I have a volunteer? – continuou a cantar e dessa vez tomou Milo pela mão e começou a rodopiar com ele pela areia. – Just keep right on dancing, what a damn jolly good idea! It's such a jollification as a matter of fact... so très charmant my dear!

Milo abraçou Camus e deixou-se embalar pelas palavras cantadas pelo francês. – Underneath the moonlight, together we'll sail across the sea! Reminiscing every night! Meantime, I ask you to be my Valentine! – continou Camus a cantar. Milo apoiou a cabeça no ombro do ruivo, cada vez mais entregue. – Namora comigo? – sussurrou Camus baixinho no ouvido de Milo, e o sentiu estremecer. Não deixou que o inglês respondesse, pondo-se a cantar novamente logo em seguida. – You say you'd have to tell your daddy if you can... I'll be your Valentino! We'll ride upon an omnibus and then the casino... Get a new facial start a sensational seaside rendez – vous... so adorable! Seaside rendez-vous! Oohhh! Seaside rendez-vous... give us a kiss! (1) – terminou Camus. Não precisou pedir duas vezes, pois Milo tomou-lhe a boca de assalto. – Namora comigo? – perguntou novamente o francês.

Milo encarou Camus languidamente. – E você ainda tem alguma dúvida de que minha resposta seja sim? – disse sorrindo. – Só que agora vamos logo pra esse quarto de hotel porque caso contrário não respondo por mim e te agarro aqui mesmo!

Foram correndo para o quarto de hotel, parando de quando em quando para trocar um beijo voraz. Mal abriram a porta e Milo jogou Camus na cama, fechando-se no quarto. O inglês sorriu lascivamente e lançou-se em cima do outro, sentando-se em seu colo com uma perna de cada lado do francês que refestelou-se deitado. Lambeu-lhe o lóbulo da orelha, mordendo de leve logo em seguida. Desceu uma das mãos pela perna do outro, apertando a coxa.

Camus gemeu. – Ai apressadinho!

– Você atiçou, agora agüenta! Meu namorado! – sorriu o inglês. Beijou Camus mais uma vez, e depois desabotoou a camisa do outro. Admirou o peito desnudo de seu amante e suspirou de luxúria, abocanhando um de seus mamilos.

– Milo, Milo... com você me sinto no Jardim do Éden! A única diferença, chèr, é que com você as delícias não são proibidas! – exclamou Camus e aproveitou para livrar o inglês de sua camiseta.

Naquele jogo gostoso, em pouco tempo os dois já estavam nus e completamente excitados. Ficaram na dúvida gostosa que sempre antecedia cada momento dos dois: quem seria de quem? Milo sorriu e mordeu de leve o pescoço de Camus. – Hoje, eu sou a namorada... – murmurou no ouvido do outro, fazendo-o suspirar. Lançou-lhe um olhar maroto e foi descendo pelo corpo do amante, parando com os lábios perigosamente próximos da parte do corpo do ruivo que mais reclamava por seu toque.

Camus riu. – Isso lá é coisa que se fale? Namorada, Milo?

– Sim, namorada, namorado, amante, amigo... Meu lindo, sou o que você quiser! – respondeu o loiro e circundou com a língua a extremidade do membro do parceiro.

O francês gemeu, alto. – Você acaba comigo...

– É minha intenção! – sorriu Milo antes de abocanhar o sexo do outro por inteiro, fazendo Camus estremecer de prazer.

O loiro continuou aquilo até que Camus implorou para que parasse. Então virou Milo de costas, e foi distribuindo beijos e mordidas pelos músculos bem trabalhados. Entrou devagar, gozando da maravilhosa sensação de estar dentro daquele corpo já conhecido e cada dia mais desejado. Começou com movimentos leves e foi aumentando o ritmo conforme o inglês pedia por mais. Foi massageando a ereção do outro até que Milo, não se agüentando mais, explodiu de prazer. Pouco depois foi a vez de Camus visitar o céu no corpo de seu namorado.

Separaram-se exaustos. Camus levantou o tronco e colocou-se por cima de Milo, encarando-lhe nos olhos. – Ainda tenho olhos gelados, mon ange?

– Seus olhos, Camus, são como fogo no gelo! – respondeu o inglês passando a ponta do dedo pelo rosto do outro. – Mas você como Fred Astaire é uma ótima Brigitte Bardot! – gargalhou.

– Ora seu...! – reclamou Camus, mas também não se agüentou e caiu na risada. – Ah, e ainda por cima sujou toda a cama de areia...

– É por isso que você me ama! – afirmou Milo esticando os braços e fechando os olhos.

– Agora eu te amo porque você suja a cama de areia? Francamente, Milo! – pontuou o ruivo sem entender muito bem o que o outro quis dizer.

– Bobo! Você me ama porque eu sou intempestivo... se fosse você quem tivesse vindo descalço da praia, ia ter tomado banho antes de transar! – sorriu o inglês.

Camus lhe encarou lascivamente e lambeu os lábios com luxúria. – Você me deu uma ótima idéia! Vem comigo! – disse cheio de sensualidade, arrastando o outro para o banheiro.

-X-X-X-

Era início de uma noite fria de outono e a cidade agitava-se em luz e esplendor. O dourado das folhas misturava-se ao dourado imponente da iluminação deslumbrante. Passeavam loiro e ruivo de mãos dadas sem chamar a atenção. A avenida era grande e larga, ladeada por árvores altas. Ao fundo, via-se, imponente, o Arco do Triunfo.

– Essa é a Avenue des Champs-Elysées, mon chèr! – disse Camus.

Milo estava boquiaberto. – É simplesmente maravilhoso, meu lindo!

Continuaram caminhando pela cidade. Desviaram pela Place de Vendôme até chegar à Ópera de Paris. O prédio surgiu imponente como a obra-prima francesa do século XIX. Tomaram o metrô e foram parar em Montmartre, o bairro boêmio em que Camus passara algum tempo como artista de rua.

– Veja, Milo, contemple a Sacrè-Coeur! Ali em cima, no alto da torre à esquerda, vê a estátua de Jeanne D'Arc em seu corcel, segurando a Fleur de Lis? Sempre com seu olhar zeloso pela França e seu povo, Jeanne... – disse Camus fazendo uma reverência respeitosa.

– Você sempre tão patriota... assim eu fico com ciúme! – brincou Milo mas em tom respeitoso.

O francês sorriu. – A França é minha mãe, Milo, e não minha amante!

– Acho bom! – piscou o loiro.

.Foram caminhando até um dos pequenos portos do Rio Sena, em que tomaram um Bateaux Mouche. O barco singrava iluminado e cheio de turistas, igualmente deslumbrados pela cidade. Desceram na Île de la Citè e caminharam aos pés da Senhora de Paris, Notre Dame.

Tomaram o metrô novamente e foram até a Torre Eiffel. Nada no mundo pode ser comparado à sensação única de admirar a Torre Eiffel, totalmente iluminada de dourado, surgindo no horizonte. Com Milo não foi diferente, e o inglês apaixonava-se cada vez mais pela Cidade Luz. Subiram na Torre para admirar melhor a cidade, e Camus mostrou cada canto para um extasiado Milo.

O francês abraçou o loiro por trás e beijou-lhe o pescoço, logo depois afundando-se em seu ombro. Milo sorriu. A cidade a tudo envolvia com seu ar romântico e sensual, abraçando e unindo a todos num sentimento de pertencimento único. Em Paris, era como se todos fossem parte da História universal, que se impunha, senhora do destino dos homens, através das construções milenares. Onde quer que se pise, sabe-se que milhares de pessoas, por mais de mil anos, ali estiveram e construíram suas vidas. Até o ar de Paris é milenar e belo.

– Sabe, Camus? Agora eu entendo... – afirmou o inglês.

– Entende o quê? – perguntou o francês envolvendo a cintura do namorado.

Milo sorriu. – Entendo o porquê da Inglaterra querer isso aqui... o porquê dessas guerras malucas ao longo de séculos! É tudo tão... maravilhoso. É, não consigo encontrar palavra melhor pra descrever isso tudo a não ser maravilhoso! Agradeço a Mu e Shaka por terem nos mandado pra cá!

– Eu sou francês, Milo. Nasci e me criei nessa terra, que é boa. Só que foi a Inglaterra e a Grécia que me deram o que mais amo no mundo! – murmurou Camus e beijou seu namorado, despudoradamente. – Eu sou francês, Milo. Essa é a minha terra. Só que tudo que é meu é seu também. Então, essa terra também é sua: você tem um pedaço da França com você, Milo!

– Eu não tenho um pedaço da França, Camus. Eu tenho o melhor pedaço! É, La Patrie foi uma mãe generosa pra mim também, não posso negar! – tornou Milo sorrindo.

A vida na caserna pode ser dura, mas às vezes traz surpresas para o coração. No topo de Paris, sentiam-se no topo do mundo. Contemplando la Citè des Lumières, trocaram mais um beijo francês. Iluminados pelo dourado das luzes, souberam que, enquanto estivessem juntos, seriam pra sempre felizes.

FIM

-X-X-X-

1 – A música é Seaside Rendez-Vous, do Queen. Segue tradução.

Ao lado do mar sempre que você passeia comigo

Meramente contemplando o que você sente

Enquanto isso, peço para que seja minha Clementina

Você diz que seria se pudesse mas não pode

Eu te amo loucamente

Deixe minha imaginação fugir com você felizmente

Um ângulo novo altamente recomendável

Rendez-vous (encontro) ao lado do mar

Me sinto tão romântico

Podemos fazer isso de novo? Podemos fazer isso de novo qualquer dia? Eu gostaria!

Fantástico! C'est la vie mesdames et messieurs! (é a vida senhoras e senhores!)

E na alta temporada o Mediterrâneo nesta época do ano

Está tão na moda

Estou com vontade de dançar na chuva

Posso ter um voluntário?

Somente continue dançando

Que idéia ótima!

É uma alegria pra dizer a verdade

Tão très charmant (muito charmoso) meu querido

Sob a luz da lua

Juntos navegamos pelo mar

Lembrando cada noite

Nesse meio tempo eu te peço para ser minha Valentina (namorada)

Você diz que precisa perguntar a seu pai se você pode

Serei seu Valentino (namorado)

Vamos pegar um ônibus e depois um cassino

Consiga um novo rosto e comece um sensacional

Rendez-vous (encontro) ao lado do mar, tão adorável!

Rendez-vous (encontro) ao lado do mar, oooh!

Rendez-vous (encontro) ao lado do mar,

Dê-nos um beijo!

-X-X-X-

A/N: É triste que me despeço de Caserna. Quando comecei a escrever não fazia idéia que a fic ia angariar fãs e muito menos que teria 16 capítulos. Confesso que eu tinha a história estruturada, mas algumas coisas foram crescendo e crescendo e crescendo. É, não adianta, estou triste. Amei escrever essa fic, e cada review foi com certeza um incentivo e uma felicidade pra mim! Estou lisonjeada e orgulhosa dessa fic, que com certeza tem um lugar de honra entre meus trabalhinhos!

Quando comecei a escrever esse capítulo pensei que seria bem maior, como os outros. Mas no fim saiu um capítulo curtinho, curtinho. Achei que não valia a pena aqui explorar mais nada – se eu for fazê-lo, vai ser em Caserna II. Estou com muita vontade de escrever uma continuação pra Caserna, de verdade. Já defini os vilões, com a ajuda providencial da Enfermeira-chan, agora só falta um pequeno detalhe: a história. Hahaha. Só espero que, se eu realmente for escrever Caserna II, não padeça da maldição das continuações, que são sempre piores que os originais, né?

Sobre o título desse último capítulo: Surpresas do Coração é a tradução brasileira do título do filme French Kiss (beijo francês), com a Meg Ryan. Pensei em colocar o título como Frech Kiss mesmo, que tinha muito mais a ver, mas como todos os títulos estão em português esse ia destoar muito.

Gostaria de deixar alguns agradecimentos especiais aqui, mas não acho justo. Todo mundo que leu eu agradeço e muito: em especial os que me acompanharam, deixando sempre um review como incentivo pro próximo capítulo! Tenho certeza que vocês, que lêem, sabem pra quem é esse agradecimento, e eu deixo aqui meu MUITO OBRIGADA!

Saibam que estou sempre disponível pra críticas, sugestões, opiniões, etc. Quem quiser falar comigo, pode falar que não mordo!

Ai, ai, estou aqui enrolando e muito porque não quero dizer o que tenho que dizer, mas não tem muito jeito: BEIJOS E ADEUS POR ORA!

Fica aqui agora as respostas aos reviews anônimos:

Nuriko: Muito obrigada pelos (ou pelas, nunca sei se é feminino ou masculino) reviews! Agradeço muitíssimo pelas dicas sobre Exército e patentes. Não sou expert no assunto mas realmente sei que seria meio difícil pro Camus comandar uma guerra daquelas. Mas como a própria guerra em si era um absurdo sem tamanho, escrevi e pronto, rs. Mas agradeço e muito e vou tomar mais cuidado das próximas vezes! Assisti Círculo de Fogo, mas não consegui ver Band of Brothers, preciso mesmo! A trilogia das cores manda muito bem mesmo, adoro! Você baixou a música do Aqua? Olha, te confesso que eu me surpreendi com essa música, de verdade! Como pode o grupo da Barbie Girl ter feito algo tão bom? Mistérios da vida, hahaha! Mais uma vez, obrigada pelas reviews e pelas dicas! Espero que tenha gostado desse! Bjoks!

Nine66: Muito obrigada não só pela última, mas por todas as reviews! Como você viu aqui, o último capítulo não foi cheio de emoções nem nada... foi somente um apanhado, um fechamento, vamos dizer assim! Fico feliz por você ter gostado do discurso encaixado, eu particularmente amo esse discurso do fundo do meu coração! Você então gostaria do outro UA? Bem, acho que vou acabar escrevendo os dois... se bem que se eu for mesmo fazer Caserna II acho que vai ser bem menor que essa daqui! Valeu mais uma vez! Bjoks!

Hikaru: Eeeeeh, review novo! Brigadão! Valeuzão, Tsuki, por ter indicado a fic! Camus e Milo são sempre Camus e Milo, né, gente, nem tem o que dizer! Saga e Shina aconteceu do nada, e Pandora e Shura é da fic À Francesa da Enfermeira-chan. Não são casais do anime nem do manga, claro, mas gostei de juntá-los também! Bom, agradeço mais uma vez a review e espero que você goste do capítulo! Bjoks!

Bia: Eh, valeu por ter acompanhado a fic desde o início. Valeu mesmo por cada review! Espero mesmo que você tenha curtido esse capítulo! Muuuuuitíssimo obrigada, e pode ter certeza que eu vou sentir falta de seus comentários! Amei cada um deles! Ah, as piadinhas do Milo são fruto desse meu cabeção cheio de idéias mirabolantes, rs. E ele de Sherlock, bom, a fic Sherlock Milo fala por si só: não é a cara dele? Bjoks!

Uotani: Brigadão por ter acompanhado a fic também desde o início! O capítulo não teve nada de muito emocionante, né? Mas quem sabe vem uma Caserna II por aí... só o tempo dirá! E aí, se vier, mais aventura! Valeu mesmo pelos comentários, sempre! Bjoks!

Tsuki-chan: Outra a quem eu devo agradecimentos! Muuuito obrigada pelos comentários! E por ter indicado a fic! Como você viu, todos tiveram um final feliz: eu não sou muito afeita a finais tristes não! Se eu vou fazer o outro UA? Tudo indica que sim, mas vai ser menor que esse! Valeu mais uma vez pelos comentários e elogios! Bjoks!

Angel of a Down: Hei, dei uma sumida do msn mesmo. E da internet. Mas assim que der passo lá na sua fic! Bjoks!

Dudazinha: Valeu pelo review e obrigada por todos os comentários! Pois é, chegou o fim! Triste sim, mas necessário! É, no fim das contas acho mesmo que vou fazer o novo UA e Caserna II... vamos ver! Valeeeeeeuuuu! Bjoks!

Washu-m: Olha, ler essa fic de uma tacada só... brigadão, porque definitivamente não é nada fácil! Escrever um best seller? Hahahah, seria ótimo... aí eu poderia largar o trabalho e ter tempo pra mim, rs. Pena que não dá! Nem sei o que responder pra você, a não ser: muito obrigada! Amei saber que você teve paciência pra ler todos os capítulos e que achou que estava ouvindo as pessoas falarem! Fiquei ainda mais feliz quando comentou que achou a mudança dos personagens bem trabalhada, porque a mudança foi mesmo intencional. Valeu mesmo! Shina e Saga parece ter sido sensação, e foi algo que surgiu do nada, hahaha! Bom, eu pretendo escrever mais sim, e se você ler vou adorar! Obrigada mais uma vez! Bjoks!

Sayuri: Valeu como sempre pelos papos no msn e pelas dicas. Quero muito ler sua fic, está ficando ótima e eu dou o maior apoio para que você a publique! Valeu mesmo, e vamos nos falando! Bjoks!

Fran: Ah, Fran, nem preciso dizer, né? Mega máster blaster obrigada por tudo! Pelas conversas legais no msn, pelos comentários mais que agradáveis, pelos elogios. Adoro, adoro, adoro. Vamos nos falando! Bjoks!

Às minhas amigas de msn Kaoru, Babi-Deathmask e Mary aka Enfermeira-chan, super beijoks!

POR HOJE É SÓ, PESSOAL! E AGORA É DE VEZ! AU REVOIR, MES AMIS!