Reverto Umquam

Versão em português da fic "Reverto Umquam"

Autora: Jaina-com-mx

Tradução (autorizada): Inna Puchkin Ievitich


CAPÍTULO 28

La Ville-Lumière, Paris, é a cidade onde qualquer coisa pode acontecer. Disto sabia muito bem Draco Malfoy. Às vezes, o destino pode pregar peças das quais é difícil safar-se. O Slytherin estivera esperando Hermione Granger desde que chegou a Paris. Quem diria que estavam de férias de inverno na mesma cidade? Acima de tudo, Lethar Malfoy, seu tio, também encontrava-se na cidade francesa e isso lhe dava um certo alívio que não pensava ter algum dia.

Lethar olhou para Draco com suspicácia, de alguma forma sabia que esse rapaz de 17 anos estava passando por uma situação tensa. Por um momento não soube como romper o gelo, mas Lucius, seu irmão mais velho, soube como fazê-lo.

- Não é possível ter tão má sorte que aos poucos eventos que compareço tenha que encontra-lo em meu caminho.

Lethar girou para ver seu irmão e sorriu de lado.

- Isso significa que é um prazer para você me ver... irmão?

Lucius fitou-o com desprezo.

- Eu não sou seu irmão. Você não é um Malfoy.

O bruxo deixou de sorrir e caminhou para Lucius.

- Sou um Malfoy embora seja unicamente por nome, porque por interesses pessoais estamos muito distantes de nos chamarmos família. Eu não arrasto minha má ventura com os meus.

- Não permito que...

- Não pode me ordenar nada... irmão. – disse Lethar entre dentes e em voz baixa. – Esquece que já não tenho 20 anos. Não pode mandar em quem você considera não ser parte de sua família.

Lucius olhou-o com ódio, enquanto Draco observava a cena um pouco surpreso.

- Observe a Draco, Lucius. Crê que esse olhar que ele tem é por amor para com você? – disse Lethar.

- Não vou falar de meu filho com você.

- Não? Eu sim vou falar e agora.

- Repito-lhe, Lethar, que este não é assunto seu. Eu faço com meu filho o que seja conveniente.

Lethar encarou-o impaciente e olhou a seu redor em busca de alguém que os pudesse ouvir, mas estavam a sós na sala de recepção.

- Não creio ter outra oportunidade de dizer-lhe isto Lucius, de modo que vou dizê-lo agora. Não estou de acordo com a forma como trata Draco, você não pode fazer a ele o que fez a mim.

- E o que se supõe que eu fiz a você? – disse Lucius com uma sobrancelha alçada. – Quis convertê-lo em um homem de poder, de glória, de nome, e você arruinou isso.

- Você queria vender a minha vida. – disse Lethar com amargura. – Afastou-me do que eu verdadeiramente sonhava e está fazendo o mesmo com Draco.

Lucius riu levemente.

- Como sempre tão dramático, Lethar. Eu não o afastei de nada. Você mesmo o fez. Não ponha nos outros a culpa de seus erros.

- Eu sei qual é minha parte Lucius, mas creio que você nunca o soube.

- Meu dever é de salvaguardar o bom nome da família.

- O que deseja é menos que isso Lucius, você quer vender a seu filho como uma mercadoria qualquer para poder retornar ao seu "poder" e ao seu "bom nome". – disse em tom exagerado.

- Se você foi tão fraco para rechaçar o que eu oferecia, Draco não é assim. Ele, sim, é um Malfoy. – Lucius girou para olhar Draco com um sorriso irônico.

Lethar acariciou o queixo e sorriu.

- Draco fará o que você quer apenas por medo, não por amor ou respeito verdadeiro. Ele tem medo que você lhe arruíne a vida como arruinou a eles quando tornou-se Comensal.

Lucius enfureceu-se. Tomou seu irmão mais novo pelos ombros e empurrou-o de encontro a uma parede com violência.

- Jamais se lhe ocorra voltar a dizer algo assim, Lethar, ou posso esquecer a promessa que fiz de não mata-lo.

Lethar sorriu descaradamente enquanto retirava bruscamente as mãos de Lucius de sobre seus ombros.

- Realmente você me faz rir, Lucius. Já não é nada do que costumava ser. É unicamente uma sombra maldita e usa seu próprio filho para salva-los a vocês de sua própria miséria. Isso é verdadeiramente uma lástima.

- Pena? – disse Lucius. – Crê que você não dá pena com essas roupas baratas, como se fosse um asqueroso trouxa?

- Pai... – disse Draco com voz entrecortada, em um impulso, já que ao ouvir "asqueroso trouxa" sentiu que lhe fervia o sangue; depois de tudo era a mesma classe a qual pertencia Hermione.

- Cale-se Draco. – disse Lucius fitando-o rancorosamente. – Ou vai me dizer que não quer que eu chame assim a esses abjetos...

- Não é isso. – disse Draco interrompendo seu pai. – É apenas que estamos em um lugar público e presume-se que não nos importe mais as classes sociais. Recorde-se que agora é um delito nomear os trouxas dessa maneira.

Lethar riu e estalou a língua.

- De forma que agora você finge que se agrada dos trouxas? Realmente você caiu bem "baixo".

- Suponho que isso não lhe importe, não é? Deve ser amigo de muitos... trouxas.

- Ha! Quase não, mas o restaurante aonde gosto de ir é um trouxa, deveria tentar ir lá alguma vez.

Lucius fez uma careta de asco.

- E você me diz que está melhor que eu? Definitivamente meu filho não vai cair no mesmo em que você.

O garoto abaixou a cabeça, mas não o olhar. Tinha os punhos apertados contendo a raiva que sentia por dentro. Queria dizer que relacionar-se com alguém trouxa ou de família trouxa não era ruim de todo. Pensava em Hermione, pensava na única dali que tinha família trouxa. Realmente não lhe importava nenhum outro: somente ela.

- Draco. - disse Lethar. – Você não precisa que seu pai maneje sua vida a seu bel prazer. Você é dono dela. Se precisar de mim já sabe onde me encontrar. Não duvide.

Draco não disse nada. Apenas concentrou-se em olha-o fixamente. Lucius sacou sua varinha e apontou-a a Lethar.

- Deixe meu filho em paz. – disse ameaçante.

- Por hora Draco lhe tem "respeito", então você ganha. – disse Lethar ironicamente, ao tempo em que dava um passo em direção a saída. – Mas há de chegar o dia em que ele se dará conta do que você está fazendo a ele, e vai deixá-lo sozinho com a sua miserável vida.

O Slytherin observou como seu tio afastou-se deixando seu pai tremendo de ira. Draco acreditou que Lucius o atacaria pelas costas mas tão somente atinou-se a guardar novamente sua varinha. Não foi necessário que Lucius dissesse mais nada a Draco, com um olhar obrigou-o a retornar à galeria e a cumprir com seu dever: permanecer ao lado da garota Renaud.

Draco permaneceu quase em silêncio por bastante tempo na galeria, enquanto Adrienne Reanud sorria a todos e agradecia pela visita. Ao longe lhe pareceu ter visto Viktor Krum, o famoso ex jogador de quadribol da Bulgária, com o qual sabia que Hermione tivera um romance. Um pensamento assaltou-lhe de repente: ela estivera com aquele Krum?

Afortunadamente, as horas foram passando e pronto retornaram à mansão. Lucius foi direto à biblioteca e encerrou-se pedindo que ninguém o incomodasse. Draco ia subir para seu quarto, porém não tinha vontade de fechar-se em quatro paredes. Decidiu que o melhor era ir para o jardim.

O jardim era um espaço não muito grande com árvores, pequenos arbustos e flores. Em várias partes havia estátuas de estilo gótico, gárgulas que na noite reviviam e custodiavam a mansão.

Draco sabia que a mansão estava oculta para os trouxas, mas Lucius sofria de certa paranóia a respeito. O rapaz sentou-se em um banco próximo de uma fonte e observou como a água caía dela. Fazia frio mas não lhe importava, apenas podia concentrar-se no cair da água e em Hermione.

Tinha que fazer algo a respeito. Sabia que ela estava em Paris embora podia estar em qualquer lugar. Tinha que confessar o que estivera acontecendo com ele nesses dias por não vê-la. Não era um simples capricho, havia algo mais. Talvez o mais conveniente era decifra-lo e juntos embarcarem em uma grande história.

- Você acredita que estou apaixonado? – sussurrou Draco à gárgula de pedra, que obviamente não lhe respondeu.

Draco sorriu.

- Realmente sou um estúpido. Tudo é uma farsa, vivi pensando no que não devo fazer mas... e no que quero fazer?

O Slytherin fechou os olhos para sentir o vento gélido que lhe acariciava o rosto. Recordou que dias antes estivera deitado na neve com Hermione e que haviam se beijado. Recordou, também, que ambos concordaram ser cúmplices de uma relação às escondidas de todos.

Sua vida havia se convertido em um caos, não sabia o que fazer a respeito de seu pai, de Lethar, de Irina, de Hermione.

Não estava seguro de nada. Não estava seguro se o que sentia pela Gryffindor era amor. Tudo lhe dava voltas na cabeça e nada aterrissava. Como podia saber? Que tinha que fazer? Sabia apenas que sentia algo, mas se era amor? Se estava verdadeiramente apaixonado?

Abriu os olhos e observou que o sol pouco a pouco estava ocultando-se. Começava a ver-se umas ondas violáceas no céu.

Paris, estava na mesma cidade que ela. Começou a sentir um certo infortúnio, uma dor que lhe aguilhoava. Hermione corresponderia esse sentimento que palpitava dentro de si? Como poder sabê-lo se não a veria dentro de várias semanas? Como poder suportar essa sensação de vazio?

- L'amour est le symbole de l'éternité.

Draco ouviu um murmúrio. Uma voz masculina que provinha do jardim. O garoto ergueu-se do banco e caminhou para onde cria haver escutado o murmúrio. Não encontrou nada. Estavam somente as estátuas góticas que pouco a pouco iam se cobrindo pela escuridão.

Já houveram outros momentos misteriosos naquela mansão desde que chegou. Sabia muito pouco sobre o lugar, apenas que era muito antigo, talvez do século XV.

- O amor é o símbolo da eternidade. – sussurrou o garoto, repetindo a frase anteriormente dita em francês por um desconhecido.

A idéia do amor deu-lhe um pouco de temor porque nunca antes em sua vida estivera perto de apaixonar-se. Contudo, sabia que desejar o bem e a felicidade da Gryffindor era sinônimo de algo mais que uma atração. Ele era feliz se sabia que ela era feliz.

Nesse instante, podia apenas dar o seguinte passo, dizer-lhe que por fim descobrira algo: o amor.

E para isso tinha que sair a fim de procurá-la.

Transcorreram-se quatro dias desde o encontro com Viktor Krum na galeria. Hermione não havia passado um dia sem pensar no sucedido, no quão pequeno pode ser o mundo dos bruxos na Europa. Não tivera tempo de desfrutar a cidade como sempre costumava faze-lo. Sua família mal percebia o quão distraída estava a garota, já que podia dissimular muito bem. Apenas seu primo, Steven Graham, a observava e intuía que algo acontecia.

- Sabe prima? – Interrompeu Steven a Hermione, enquanto caminhavam pela Rue des Barres. – O amor é algo muito complicado, mas necessariamente não tem que ser assim.

Hermione franziu o cenho. Por que Steven a interrompia sempre assim?

- Não sei do que fala, Steven. Eu não estou apaixonada.

- Hermione, não me tome por um tolo. Não sou tão excelente aluno como você, mas nesses ministérios do coração sou um experto e desde alguns dias você está muito pensativa. Somente um garoto pode deixa-la dessa forma.

- Já vamos chegar logo a Torre Eiffel? – disse Hermione intentando mudar de tema.

- Estamos perto. – disse o rapaz sorrindo. – Mas não queira mudar de conversa, sou muito persistente.

- Isso pude notar.

- Está apaixonada por alguém?

Hermione guardou silêncio um momento e baixou o olhar. Estava?

- Realmente não sei, Steven. Há um rapaz de minha escola que me atrai, mas não sei se realmente esteja apaixonada.

- Você o beijou?

- Sim. – respondeu timidamente.

- E... o que sentiu?

A Gryffindor entrecerrou os olhos e tentou ver mais além em seu coração.

- Nervosismo, emoção, doçura, ódio... – suspirou.

- Tudo isso é amor. Complicado, não?

- Não creio, Steven, ele é um rapaz a quem odeio. Sempre nos odiamos, existe uma rivalidade em tudo.

- Com muito maior razão existe a atração. – disse o trouxa, com um grande sorriso. – Aquilo que parece impossível é o mais atraente. É a lei do caçador. Gostamos do difícil, o que não podemos ter. Estou certo de que se beijaram com intensidade. – disse apertando um punho e erguendo à altura do peito.

Hermione negou com a cabeça e suspirou.

- Você está perdendo tempo, Paris é a terra do amor, dos apaixonados. Por que não é sincera consigo mesma e permite desbordar essa paixão que pede a gritos para sair de você?

- Steven... paixão? Não creio. – disse ruborizada.

Steven se deteve e olhou adiante onde caminhavam os pais de Hermione e os seus, para certificar-se de que não os ouviam.

- Acha que a paixão é má? Acredita que a paixão é unicamente sexo? A paixão não é nada disso. Não é deitar-se com alguém e gritar desesperado como se vê nos filmes. Isso é uma grande falsa idéia.

Hermione olhou-o fixamente e com um leve rubor.

- A paixão, prima, é um modo de vida, é uma espécie de gasolina que o ser humano precisa para lutar neste mundo. A paixão em viver, amar, entregar-se... a paixão é tudo. – continuou.

- Você acredita que o que eu sinto por ele é... paixão?

- Amor, eu creio que você está apaixonada por ele e por conta disso sente desejo por vê-lo, sentir seus braços, seus lábios, sente essa força que a impulsiona para o que nunca pensou que faria.

A garota guardou silêncio por uns momentos, isso era justamente o que Malfoy a fazia sentir: uma força impulsiva que a levava fazer o inimaginável.

- Não é mau sentir paixão por alguém. A paixão não é amor mas é parte dele. Não negue o que o seu coração sente, não deixe que esse sentimento escape de você, porque quando desejar libertá-lo será tarde demais. As coisas passam e murcham. – disse Steven seriamente.

- Sim, entendo, é só que... todo mundo o odeia. Seria difícil.

- O que seria difícil? Que os demais o aceitem? Seus amigos, familiares, professores? E você o que diz a respeito? Ele a faz feliz?

- Às vezes creio que me faz feliz ao vê-lo, mas em outras vezes sinto muito medo.

- É a culpa. Se vai amar alguém não o faça com culpa. Melhor não fazer a menos que queira lutar por ele.

- Você lutaria Steven? – perguntou a garota, mordendo-se um lábio.

- Eu me 'apaixonei' centenas de vezes, mas me 'enamorado', nunca. A paixão pelas garotas só dura uns dias, mas se minha paixão estivesse a ponto de converter-se ou está convertida em algo mais, então eu lutaria contra o que fosse para tê-la comigo. São emoções que nem sempre se repetem. Há gente que passa toda uma vida sem saber o que é o amor.

Steven prosseguiu caminhando e Hermione fez o mesmo. Ambos ficaram calados pelo resto do caminho rumo à Torre Eiffel.

Por um instante, Hermione teve a sensação de sentir-se próxima de Draco e desejou poder estar com ele quando subisse na torre. Nesse minuto quis poder cerrar os olhos e beija-lo, entregar tudo o que ela tivesse para ele. Essa paixão desbordante, como dizia seu primo Steven.


Notinha da Tradutora

E isso é o que podemos chamar de "puta espera"! Dois anos depois da publicação do 27º capítulo da Reverto Umquam original (precisamente dois anos e dois meses), e Jaina retorna das sombras em que esteve mergulhada - problemas pessoais, mais problemas pessoais e... questões pessoais (leia-se "problemas") de força maior – com mais um capítulo desta fic que tornou-se, para meu não tanto espanto, a menina dos olhos de muitos fic-leitores! Digo "não tanto espanto", porque RU é realmente uma fanfic muito boa, não é vero? Sim, vocês que a acompanham por aqui devem partilhar da mesma opinião. ;) Ei-la, pois, novamente atualizada, depois de um longo período de hibernação. O capítulo é curto comparado com os anteriores, mas logo se vê que é a primeira parte inacabada de outras partes que, espero, virão até o momentum ansiado por todos (creio eu) do enlace entre Draco e Hermione. Enquanto esse não chega, vocês, amantes de DM/HG, torçam daí para que Jaina atualize sua outra fic, "Draconis", que aguarda apenas seu último capítulo. Há tempos que também pretendo traduzi-la e só não o fiz ainda porque disse a mim mesma que quando voltasse a traduzir, apenas as histórias conclusas entrariam na pauta. Definitivamente, não farei os leitores passarem por tão dolorosas esperas, nunca mais. O lado negativo da coisa é que boa parte das fics que gostaria de traduzir (HP/HG's, DM/HG's e várias outras de vários casais, inclusive slash – sim, titia Inna gosta disso, ahauahuahau!) permanece em modo 'espera'. A bem da verdade, estou cogitando a possibilidade de começar a traduzir fanfics de animes/mangás - Hiorrana sabe a história toda de minha audaz e "bizarra" pretensão... Aliás, você está por aí, mizifia? ;) – mas se eu voltar a traduzir, certamente fics do universo HP terão prioridade. Prometo.

Bueno, chega de mim e de mim mesma! Espero que tenham apreciado o retorno de Reverto Umquam e que continuem suas orações para que Jaina prossiga sempre e sempre mais... até, pelo menos, o último capítulo.

Antes de ir, um P.S. para a Thaaa Malfoy: O seu desespero foi bem maior que o de muitos, e eu agradeço por isso. ;) Foram tantas cobranças feitas à Jaina, e a sua faz parte da lista, que ela forçou-se, por amor à própria honra, a fazer um último esforço em prol dos leitores. Portanto, parabenize-se! Sua atitude, somada à centenas de outras, surtiu o efeito desejado! Como diria o velho refrão (de algum funk que não aprecio): É na pressão, é na pressão! ;D E sim, posso add-ciona-la no MSN. O e-mail é innapuchkin(arroba)hotmail(ponto)com. Fique à vontade!

Oh sim, como sempre e para não perder o velho hábito ruim... o capítulo não foi revisado. ;)

Oh sim, parte 2: "La Ville-Lumière", para quem não sabe, é "A Cidade-Luz ou Cidade da Luz" - como é chamada Paris.

Com isso, vou-me, desejando retornar em menos tempo que da última vez. Cuidem-se e fiquem bem!

Abraços,

Inna