N./A.:Agradeço a todos os incentivos para a continuação da fic, mas em especial vai um agradecimento a Athenas de Áries que sempre aturou os meus surtos ao longo desse tempo todo sem a fic… obrigada linda.
Há dois capitulos novos postados, retirei o aviso de hiatus... Capitulo 4 e 5 no ar.
And now, avanti!


Capitolo cinque

- Vox populi, vox Dei est -


Vaticano. Capital mundial do catolicismo e ao mesmo tempo o estado mais pequeno do mundo. Lugar do suplicio e do tumulo de São Pedro.

Uma torrente de pessoas enchiam a praça no intuito de assistir à missa do Domingo de Páscoa, outras viam ali uma oportunidade de avistar o Papa.

Afrodite mais uma vez tinha chegado atrasado, a missa dominical tinha começado à um bom tempo. Malditos transportes públicos que funcionavam duas vezes mais lentamente em dias de festa!

Travando caminho por entre a multidão, conseguiu finalmente chegar perto de uma coluna que limitava o recinto. Arfante pela correia, retirou rapidamente a câmara do bolso da calça, começando, como muitos turistas, a tirar o máximo de fotografias que a memória lhe permitia. Ir a Roma e não ver o Papa, era quase sacrilégio.

Respirando fundo, finalmente recomposto, pegou um elástico para prender o cabelo num rabo de cavalo frouxo. Nunca pensou que em Abril, início da Primavera, conseguisse estar tanto calor naquela cidade. Para ele, claro.

Segundo Carlo, aquilo era temperatura amena fingindo calor porque o sol estava mais alto que no Inverno, o que originava bem menos sombras. Para os gregos, aquilo não passava de um ou outro dia mais "aconchegante", que em nada se comparava ao calor Grego no pico do Verão. O Espanhol concordava com Carlo, os dois países tendo um clima semelhante.

Já Camus... começava a sentir na pele as desvantagens da exposição em demasia ao sol.

Afrodite não entendia nada do sermão que estava a ser proferido. Latim não era decididamente o seu forte, mas toda a intensidade com a qual algumas pessoas viviam aquele momento sagrado, toda a aura que tinha sido criada em volta daquele recinto tocava-o de uma forma inimaginável. Pessoas à sua volta murmurando rezas enquanto a voz do Papa era ouvida pelos altifalantes dispostos por toda a praça, milhões de fieis reunidos para celebrar a ressurreição do Cristo. Mesmo não tendo a mesma religião, Afrodite identificou-se naquele lugar. Aqueles momentos de introspecção, mesmo não entendendo uma palavra do que era dito, o seu subconsciente apelava-o a pensar na vida; no que podia ter feito melhor; no que tinha feito bem; no que tinha feito mal...

Um sorriso nos lábios, o sueco sentiu as lágrimas subirem aos olhos quando o som da música sacra ecoou pelo recinto.

Cento e quarenta estátuas de santos e mártires, papas e fundadores de ordens religiosas pareciam saudar os peregrinos do cimo das balaustradas das colunas. Tudo ali tinha o seu significado: a forma de uma elipse rodeada por quatro enormes fileiras de altas colunas dóricas abriam-se a todos os que queriam como num grande abraço maternal, simbolizando a Igreja Mãe.

Por exigência do papa, os peregrinos deveriam ser capazes de entrar e olhar o balcão central do qual este dava a sua bênção «urbi et orbi»: à cidade e ao mundo.

Tão emerso nos seus pensamentos, Afrodite sobressaltou quando sentiu o celular vibrar no seu bolso. Tinha recebido uma mensagem.

"Encosta a sua cabecinha no meu ombro e chora..."

O sueco levantou uma sobrancelha, não entendendo o que aquilo significava. O nome "Milo" tinha aparecido no inicio, zoando abertamente com ele. Mas como podia ele saber? Instintivamente olhou em volta tentando identificar o grego naquele recinto. Nada.

Tomou o celular nas duas mãos começando a digitar uma mensagem de volta no intuito de perguntando onde estava, mas nem tempo teve de acabar quando alguém o abordou.

- Oh criatura! Procurámos você em todo o lado! – uma voz demasiado conhecida chamou a sua atenção para trás – perdemos metade da missa por causa de você!

Milo, Aioria e Camus estavam bem atrás dele.

- Milô... – a voz do francês era calma mas audível apesar do som dos cânticos – você não entende nada de Latim mesmo...

- Verdade! Mas não entendo nada de Francês igualmente e não é por isso que deixo de gostar de o ouvir falar!

Aioria revirou os olhos, aproximando-se de Afrodite. Discrição era a palavra chave para estarem ali, sabia que não iria assistir a nenhuma cena mais explicita dos companheiros. Mas vindo de Milo, tudo era possível… este arranjava sempre forma de tirar uma lasquinha do ruivo sem que ninguém desse conta. Camus gostava de brincar com a situação, respondendo que "nem ele sentira", o que desolava o grego por completo.

- É uma pena a Basílica estar fechada ao púbico hoje... – comentou Aioria observando tudo à sua volta.

- O interior é lindo! Não pode ir embora sem visitar tudo por dentro!

Afrodite não se fartava daquela cidade. Quando podia, a Basílica de São Pedro era um dos pontos favoritos para uma tarde bem passada. Construída sobre as ruínas do circo de Nero, lugar do sacrifício de São Pedro, a Basílica erguia-se nos dias de hoje imponente.

A capela Sistina era um dos pontos chave do roteiro turístico obrigatório. Era sempre Afrodite quem incentivava os companheiros de apartamento a visitar a cidade, aproveitando assim as maravilhas oferecidas por Roma alem da sua óptima comida… e "comida".

Ao início, a capela tinha sido um projecto relativamente simples e despretensioso, destinado ao culto particular dos papas e da alta hierarquia eclesiástica. Contudo, aos poucos a expansão politica da igreja viria a dar os seus frutos, sendo considerada naqueles dias como um símbolo da desta devido à magnificência que adquiriu.

Botticelli tinha sido um dos encarregados da decoração em frescos. Mas o grande pintor e talentoso discípulo de Filippino Lippi não era a atracção principal daquele lugar.
Os magníficos frescos de Michelangelo era o alvo preferido de todos os turistas. Este tinha-se dedicado à pintura da Capela Sistina com tanta maestria que tinha acabado por ofuscar as obras primas de seus antecessores. Os frescos no teto da Capela eram, de fato, um dos maiores tesouros artísticos da humanidade.

Tinha sido difícil para Afrodite acreditar que tenha sido obra de um só homem, mas nas aulas de historia de arte o professor tinha sido bem categórico: Michelangelo tinha dispensado todos assistentes que havia contratado inicialmente, insatisfeito com a produção destes.

O tecto da capela assim como O juízo final eram as obras predilectas de Afrodite. Tinha ficado um pouco desgostoso quando, na sua primeira passagem ali, o tinham obrigado a praticamente correr devido à quantidade de pessoas para ver os frescos. Dois policiais faziam as pessoas andarem e não pararem, sem dar tempo de apreciar a sua obra no devido valor.

A missa estava quase terminando. Algumas pessoas começavam a sair da Praça de São Pedro, dirigindo-se à Via della Concilliazione. Afrodite sentiu Milo puxa-los todos pelo braço, obrigando-os a sair dali o mais rapidamente possível. Se esperassem mais minutos que fossem, nunca mais conseguiriam sair dali devido ao amontoado de gente que sairia no final.

--oOo--

Enquanto os quatro interessados na missa estavam fora de casa, Shura tinha ficado encarregue do almoço do dia de Páscoa juntamente com Carlo. Em Roma faz-se como os Romanos, vero? Descalço e apenas de jeans, o espanhol tinha acorrido a abrir a porta do apartamento, ajudando o italiano com as muitas compras.

Não morria da doença, morria da cura... para Shura que não tinha feito questão em acordar cedo para assistir à missa, acabava por ser obrigado a despertar quando, às onze em ponto, o italiano tocou a campainha despertando-o de um sono profundo. Se a sua madrecita sonhasse que tinha renegado a religião para ceder aos braços de Morfeu…

Mas graças a isso, estava tudo pronto. Quando Afrodite abriu a porta de casa sendo automaticamente empurrado por dois gregos afamados, nos segundos antes de cair no chão, conseguiu ver a mesa posta e os aperitivos.

Camus, calmo como sempre e sem se abalar, deixou as três crianças no chão, passando por cima deles para entrar em casa e avançou despreocupadamente até à mesa.

Carlo com a ajuda de Shura, tinha trazido as mais deliciosas iguarias: prosciutto crudo, queijo parmigiano cortado em fatias pequenas, um prato de brócolos levemente cozidos a vapor e misturados numa caçarola com azeite, um pouco de alho e alguns pimentões vermelhos; bolas de arroz recheadas com queijo e tenras parras fritas em azeite abundante, levemente alourados numa frigideira com alho, e, finalmente, o mais fresco queijo mozzarella que derretia na boca.

- Mais quel bancquet! (Mas que banquete!) – comentou para si, pegando um pedaço de presunto e levando aos lábios.

- SAI DE CIMA! – apesar das tentativas do sueco, não havia forma de conseguir se livrar de dois gregos brigando para saber quem se levantava primeiro.

- EIÓ! (Sai!) – finalmente Aioria puxando o longo cabelo loiro do companheiro, tinha tomado o decimo e aproximou-se da mesa hipnotizado pela comida.

Chamado pela barulheira que acontecia na sala, Shura apareceu na porta da cozinha, uma cerveja na mão direita.

- Crianças... comportem-se... pelo menos uma vez na vi...

- SHURA CAZZO! VIEN QUI! – a voz grossa do italiano berrava por si na cozinha – PRESTO!

Finalmente de pé, Afrodite conseguiu fechar a porta de casa impedindo que algum dos vizinhos extremamente curiosos olhasse para dentro. Aproximou-se calmamente da cozinha apesar da pressa à qual via Shura atender ao chamamento. Não durou muito para que fechasse instintivamente os olhos, deliciado com o maravilhoso odor que pairava no ar.

- Timballo! – espantou-se ao reconhecer aquele odor – Você fez um Timballo!

O italiano desligou o forno, um sorriso nos lábios. O comer ficaria ali até ser hora de ir para a mesa. Não era simples de fazer aquele prato, alem de demorado, mas iam degustar uma verdadeira delicia. Perfeito para dias de festa.

Carlo arrancou a cerveja das mãos do espanhol, bebendo um gole antes de se aproximar do sueco.

- Como foi no Vaticano? – perguntou antes de ter um selinho roubado dos seus lábios.

- Único! Mas toda aquela movimentação abre o apetite!

- Bene, podemos passar à mesa...

Sem dizer duas vezes, já todos estavam sentados prontos para a degustação. Todas as refeições que faziam juntos eram animadas. Apenas ele e Camus vinham de países conhecidos pela frieza da população, mas era impossível não se deixar levar por dois gregos, um italiano e um espanhol. Gente demais, vinho, gargalhadas e suficiente clima para algumas revelações.

Rapidamente os anti-pasti tinham desaparecido, dando espaço para o prato principal, assim como o Timballo que Afrodite tanto esperava.

Um dos pratos principais alem do famoso Timballo, consistia na junção de duas fases distintas: primeiro o ragu, o rei de todos os estufados de tomate, rico em pedaços de carne de porco e vitela guarnecido com rolos de carne de vaca recheados de alho e pinhões. Apesar de não ter a certeza do que fazia, Shura tinha ficado encarregado de o cozinhar lentamente em lume brando, mexendo-o frequentemente e adicionando água até que a carne adquirisse a cor do tomate e o molho escuro desenvolvesse um sabor intenso e penetrante.

Do seu lado, Carlo começava a segunda fase: o sartu, uma base moldada de arroz recheada de camadas de acepipes: cogumelos porcini, almôndegas minúsculas, salsichas picantes e muitas outras coisas. O aroma que aquele bolo gigante de arroz exaltava enquanto alourava no forno era por si só uma delicia.

Todos observavam atentamente o italiano colocar o prato na mesa, quase babando quando chegou a hora de cortar um pedaço e regá-lo com o ragu já feito.

O timballo di macheroni não ficou atrás: um tambor feito de massa para bolos, recheado com pasta temperada com ragu e parmigiano, disposta em camadas de salame, ervilhas, beringelas fritas, ricotta cremoso e mozzarella aos cubinhos. Tudo para levar Afrodite à loucura com uma simples garfada.

Carlo tinha-se superado. As horas passadas na cozinha com o espanhol ao seu enlaço tinha dado os seus frutos. Uma verdadeira delicia.

Nada sobrou no final do almoço, pouco foi dito enquanto todos saboreavam um pouco dos dois pratos principais. O simples degustar de algo tão delicioso era demasiado importante para cortar com palavras. No final, Milo recostava-se na cadeira suspirando, a mão acariciando o estômago mais que saciado.

- Não aguento mais... – deixou-se descair, apoiando a cabeça nas costas da cadeira – acho que nunca comi tanto na minha vida.

- Eu acho que vim morar na casa errada... em vez de você Milo, devia ter-me infiltrado numa família italiana...

- Nunca conseguiria se separar da minha moussaka, gatinho...

Aioria levantou uma sobrancelha, encarando o loiro.

- Você nunca fez uma moussaka na vida! Milo, você não sabe cozinhar!

- Quem disse? Só porque nunca fiz, não significa que não saiba! – Milo respondeu levando o copo de vinho tinto aos lábios.

- Milo... cada pessoa possui um dom neste mundo. Mas se o seu é cozinhar... melhor pedir indemnização!

- Eu te dou a indemnização grego de meia dose! – Milo preparava-se para se levantar e vingar de Aioria, quando uma mão parou o seu balanço.

- Mas vocês os dois juntos são uma praga! Mon Dieu! Nem sei como esta casa aguentou tanto tempo em pé com vocês aqui!

Afrodite ria, feliz. A sua vida nunca mais seria a mesma sem as cenas daqueles dois; às quais Camus se juntava como mediador. Sentiria saudades quando tivesse que voltar, mas essa era a desvantagem do intercâmbio. Todos se reunião ali, mas cada um voltaria para o seu país de origem no final do ano; deixando para trás a saudade de amigos e, no caso de Afrodite, um namorado.

Olhando em volta, sabia que todos ali dia ou outro tinham pensado no assunto. Milo tinha Camus, mas apenas por mais quatro meses. Shura sentiria falta de todos enquanto amigos, companheiros de casa, assim como Aioria. Carlo, do seu lado, sofreria a tristeza de ver os outros partir sem nada poder fazer. Vê-lo partir.

O sueco fechou os olhos abanando a cabeça discretamente. Era dia de festa, não ia começar a pensar nisso antes do tempo. Ainda faltavam quatro meses para voltar definitivamente à Suécia.

- Afrodité – a voz de Carlo chamou a atenção do sueco, despertando-o dos seus pensamentos – ajude-me a levar os pratos para a cozinha.

O sueco empilhou prontamente a louça suja, levantando-se rapidamente. Pegou nos pratos juntando-se a Carlo na cozinha, deixando os restantes conversarem animadamente, de estômago completamente cheio.

Sentiu o olhar insistente do italiano sobre si, acabando por lhe dirigir um sorriso forçado. O moreno, encostado na bancada da cozinha não parecia nada convencido com o sorriso que Afrodite lhe dirigia. Tinha percebido a mudança drástica nas feições do sueco, mudança que tinha passado despercebido aos olhos dos restantes.

- O que aconteceu? – a voz do italiano era baixa, apenas audível para o sueco.

Afrodite pousou a loiça na pia calmamente, abrindo um pouco a torneira, deixando cair um pouco de agua. Suspirou longamente antes de se aproximar do moreno, abraçando a sua cintura instintivamente. Precisava sentir o calor de Carlo, os seus braços envolvendo-o e acalentando-o, fazendo-o esquecer tudo à sua volta.

O italiano permaneceu estático durante uns segundos, mas não resistiu muito tempo ao pedido mudo do amante. Afagando lentamente os cachos loiros, alisava as suas costas permanecendo calado. Esperava que o amante falasse, sem que fosse obrigado a puxar por ele.

- Pensamentos bobos… nada demais. – o loiro voltou a levantar o rosto que mantinha escondido no ombro do namorado, dando um selinho nos seus lábios – acho que estamos todos a precisar de sair desta casa.

- Sabe que no vai conseguir esconder isso de mim muito tempo…

Afrodite apenas manteve um sorriso enigmático, juntando os lábios aos de Carlo, dando inicio a um beijo lento e sensual. Não valia a pena deixar um clima tenso entre todos naquele dia. Mais tarde pensaria nisso. Agora, tinham uma grande luta pela frente: fazer quatro molengões de barriga cheia passear em algum lugar em Roma.

--oOo--

- Estou completamente exausto...

Afrodite largou a bolsa sobre a cadeira de canto, jogando-se no sofá. De olhos fechados, suspirou longamente afastando com esse gesto a farta franja loira dos olhos. Não havia muito o que fazer num dia feriado, já que todos estavam de férias, mas nunca se nega um pouco de sol.

Apenas um lugar estava aberto naquele dia: o Panteão de Roma. Único edifício da época Greco- Romana que ainda se encontra em perfeito estado de conservação. Carlo tinha conseguido captar a atenção de todos sem excepção, contando a história daquele monumento único. Construído em 27 a.C. pelo Imperador Agripa, foi usado muito tempo depois como templo Cristão.

Milhares de turistas aproximavam-se fotografando sem parar, a maioria sem saberem a verdadeira essência daquele monumento. Arrasado em 80 d.C. por um incêndio, o presente panteão foi totalmente reconstruído no reinado de Adriano, grande admirador da cultura Grega.

Dando asas ao seu cosmopolitismo, Adriano tinha cedido ao seu desejo de fundar um templo dedicado a todos os deuses, abrangendo assim a conquista dos novos povos, que adoravam as mesmas divindades mas com nominações diferentes.

Tanto Afrodite como os restantes tinham ficado impressionados com a imensidão da cúpula. Uma abertura no cimo da imensa abobada permitia um fecho de luz solar de entrar, criando um clima místico na sala.

Última morada do pintor Rafael, do arquitecto Peruzzi, além de Victor Emanuel II, rei de Italia; o Panteão tinha sido uma das maiores influências para os arquitectos europeus, americanos e não só, do Renascimento até ao sec XIX.

Afrodite tinha arrastado todos para lá, mas o problema não tinha sido para ir, mas sim para voltar. Conclusão: eram demasiados sem meio de transporte, sendo obrigados a seguir enlatados no ónibus que passava raramente. Além, claro, de muita e muita marcha.

Felizmente, tinha optado por dormir mais uma vez no apartamento de Carlo, bem mais perto que a sua casa. Já os outros não tinham essa sorte, sendo obrigados a seguir para mais longe.

- Vocês na Suécia não andam a pé não? Cansam com tão pouco!

Carlo jogou a chave de casa sobre a mesa, juntamente com a carteira e celular, antes de acompanhar Afrodite no sofá. Este, abrindo um olho, encarou o namorado sorrindo sarcástico. Levantou as pernas cedendo um canto do assento para que o moreno se sentasse, voltando a apoiar os pés no seu colo.

- Nós, Suecos como você diz, preferimos usar as nossas energias em outras "tarefas" que não a marcha...

Afrodite entrelaçou os dedos sobre a própria barriga, voltando a fechar os olhos, ouvindo o riso do italiano.

Um suspiro saiu dos seus lábios ao sentir o namorado livrá-lo dos sapatos, massajando os seus pés de forma lenta, com um toque de sensualidade. Ronronou, acomodando-se melhor no sofá, deixando-se levar pela carícia deliciosa.

- Além de óptimo cozinheiro, tenho um italiano óptimo em massagem...

- Em vários tipos de massagens...

Afrodite abriu instintivamente os olhos, percebendo um sorriso no canto dos lábios do moreno. Num gesto típico, acompanhou o sorriso, mordendo levemente o lábio inferior.

- A que tipo de massagem se refere?

- Isso terá que merecer para descobrir...

Com estas palavras, preparava-se a se levantar, mas rapidamente foi impedido pelo sueco, o olhar predador. Carlo manteve-se sentado, sustentando aquelas íris azuis escurecidas pelo sentimento que ele conhecia tão bem: desejo. Observou-o engatinhar no sofá apoiando uma mão na sua coxa, aninhando o rosto no seu pescoço.

- Hum... está no bom caminho... – suspirou sentindo os dedos longos do amante subirem pelo seu rosto. Cedeu ao pedido mudo fechando os olhos e recostando-se no sofá. Afrodite teria de "trabalhar" se queria que aquilo fosse adiante.

Beijos leves, mas demorados. Carícias com os lábios eram distribuídas pelo seu pescoço, à medida que os dedos finos eram incumbidos da tarefa de o despir. Um a um os botões da sua camisa foram abertos, a sua pele morena atiçada pelos leves roçares de unhas. Permitiu-se um suspiro, levando a mão ao longo cabelo sedoso do sueco, afagando-o ou puxando-o levemente mostrando onde e como queria ser beijado.

Afrodite ronronava perto do seu ouvido, deliciado com a degustação da pele morena, o aroma já meio apagado de perfume atiçando o seu olfacto.

Very Valentino... sempre achara uma óptima escolha para o italiano. Abriu lentamente a camisa, expondo o tórax definido aos seus desejos. Mordidas, lambidas, eram distribuídas pela pele do italiano, traçando um caminho invisível até ao umbigo.

Carlo deixou a cabeça pender para trás, quando o botão das suas calças foi aberto, a mão quente do sueco tocando suavemente o seu baixo-ventre.

- Este tipo de massagem? – a voz doce de Afrodite era sussurrada ao seu ouvido.

Carlo deixou escapar um suspiro longo e prazeroso pressionando a nuca do amante levemente. Um simples gesto que tanto dizia.

Sorrindo, Afrodite não cedeu logo.

- O que foi, amore?

Carlo abriu os olhos, encarando-o. Sabia o quanto Afrodite podia ser sensual, perigoso naquele tipo de jogo. Desde a primeira vez que tinha cedido ao desejo, em momento algum se tinha arrependido.

- Você sabe o que é...

Afrodite tomou os seus lábios num beijo intenso, repleto de desejo e sensualidade. Mas com a mesma rapidez que ofereceu o beijo, travou-o, mordiscando o lábio inferior do italiano. Sempre testando os limites, inebriando Carlo, desceu o rosto lentamente, continuando com os beijos sensuais agora no seu membro desperto.

O moreno emaranhava os dedos no cabelo sedoso do amante, gemendo baixo.

Afrodite sugava, beijava, lambia... tudo numa calma propositado. O moreno sabia que, apesar de fazer par dos seus desejos, Afrodite era quem ditava as regras. Beijava quando queria... tornava a felação mais intensa quando julgava que devia fazê-lo. Era a única forma que Carlo permitia ceder daquele jeito.

Ah, mas ele também sabia quando e como fazer o sueco gemer. Deixou um sorriso de escárnio subir aos seus lábios, quando puxando com mais força os cabelos sedosos, tinha mostrado a Afrodite que ele tomava as rédeas da acção. O tempo do loiro tinha acabado.

- Andiamo biondo... (vamos loiro) – com um gesto de cabeça, indicou a Afrodite que o seguisse na direcção do quarto.

O sueco levantou-se, avançando felinamente até a porta, onde Carlo o esperava. Viu-se rapidamente abraçado por trás, o longo cabelo loiro afastado do seu pescoço e a sua pele assaltada por lambidas demoradas e mordidas um tanto fortes. As marcas ficariam bem viziveis...

Afrodite gemeu, fechando os olhos, tendo da sua vez a camisa aberta. As mãos fortes de Carlo vagueando pelo seu peito alvo. Naquela noite, Carlo seria dele e apenas dele até ao fim.

Continua…


Cantinho ariano:

Acabei por escrever mais dois capítulos, incentivada pelas reviews maravilhosas que recebi. Foi numa crise de inspiração que nasceram esses dois. Desde o inicio que a fic está toda planeada, portanto foi fácil dar continuação.

Não deu mesmo para fazer lemon entre Carlo e Dite… ando demasiado exausta para pensar sequer em duas palavras coerentes de seguida.

Agora esperando uma nova crise de inspiração para continuar a escrever essa fic, tendo planeado pelo menos mais uns 3 ou 4 capítulos até ao final. Não esperem que os restantes capítulos saiam rápido, pois esta fic é apenas escrita nas horas vagas das outras. Ou seja, só mesmo quando a inspiração bate com força.

Dedico esses dois últimos capítulos a todos os que me mandaram mensagens assim como reviews a incentivar. Muito obrigada mesmo e espero que apesar do tempo em que ela ficou em hiatus, continuem a gostar da fic.

Beijo a todos

A.s.