Retratações – "Inuyasha" não me pertence.


Dedicatória – Oh, esse fic é um presente para uma menininha muito encantadora, a Rin-chan, que faz aniversário hoje! É uma simples lembra para você, fofinha. Lis-sama ama muito Rin-chan o/. Parabéns e felicidades, Rin... Você merece!


Notas da Autora – Pessoal, olá!

Aqui está minha nova história com o casal Rin e Sesshy. Diferente das demais que estou escrevendo, essa aqui é um drama, para variar um pouco. Esse é meu primeiro épico... Sempre quis escrever um épico e, finalmente, estou fazendo um \o/.

Agradecimentos a Shampoo-chan por revisar o capítulo para mim. Sim, eu também te amo (Essas meninas são tão ciumentas u.u).

Espero sinceramente que gostem e que comentem, ok?

Well, acho que é só...

Até o próximo capítulo.

Beijos,
Lis


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Tudo que Preciso é Você

By Palas Lis

For Rin-chan

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Prólogo

O Início da Desgraça de Uns...

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Edo, Japão. Período Feudal. Ano – aproximadamente – de 1.620 d.C.

Uma época conturbada acontece no Japão: há intermináveis, sangrentas e cruéis guerras civis no país. O caos está implantado. Só há dor, miséria e lástima. A fome não é devidamente saciada para uns, já que as plantações e alimentos são insuficientes com as invasões.

Edo é praticamente dividida em duas potências: o Reino das Terras do Leste, controlado Nakayama Toshiro, e é um lugar onde vivem humanos; e o Reino das Terras do Oeste, comandado por Inokuma Taisho, com seus súditos youkai's.

Reinos diferentes, reinos rivais. Não há combates entre eles, mas a preocupação em uma guerra de dimensões estrondosas é presente na mente de ambos os lados. Toshiro e Taisho não querem combater – já que isso acarretaria na destruição dos dois lados –, mas também não aceitam uma aliança entre seus reinos.

O medo era um sentimento permanente naquela época. Ninguém conseguia viver de maneira plena... Existe sempre o temor de um ataque surpresa... De um ataque que não se poderiam defender... A desconfiança é perpétua...

Terras do Leste – Castelo da família Nakayama

Por ser uma época difícil, aquele dia estava até agradável: nem quente e nem frio. Um dia comum de Outono. Nada parecia estar diferente. Aproveitando que não tinha nada para fazer, a caçula da família real do Leste saiu para aproveitar o dia no jardim do castelo.

Nakayama Rin era a única filha de uma linhagem real de sete homens. Os pais não tinham do que reclamar por – como era costume na época – serem infelizes por terem tido uma filha mulher, já que tinham vários filhos homens para serem sucessores do rei.

Então, Rin era uma menina muito amada e querida. Sua mãe, Nakayama Tami, tratava a filha como uma boneca de porcelana, era sua princesa – literalmente. Seus irmãos também eram muito carinhosos com ela. O único que não era muito de demonstrar carinho para a menina era o pai, mas não porque não gostava dela, e sim porque tinha uma personalidade mais fria e séria.

Rin estava no jardim do castelo no começo daquele dia de fim do mês de Setembro, olhando para além dos portões. Seu longo cabelo, preso em uma trança bem feita, lhe caía nas costas e eram balançados pelo vento suave que soprou. Ela vestia um traje tradicional japonês, na cor rosa com desenhos de nuvens brancas.

O rosto de traços delicados e infantis se contraiu visivelmente ao ver um pequeno aglomerado de pessoas próximo ao castelo e levou a mão ao peito, sentindo-se agoniada. Parecia-lhe que discutiam, gritando insultos e palavras de baixo calão, que Rin não conhecia o significado, pois, se conhecesse, certamente ficaria corada e sem graça.

"Será que está acontecendo alguma coisa?", ela preocupou-se ao ver uma briga formada. Depois de presenciar tantas brigas e revoltas, qualquer amontoado de pessoas alteradas já lhe assustava. "Será que está acontecendo mais uma batalha...?".

Suas suspeitas se confirmaram ao ver dois de seus irmãos montados em cavalos, trajando devidamente armaduras grandes e com armas afiadas em mão, se aproximarem dela. Eles estavam se preparando para lutar, novamente... Como já vinha acontecendo há algum tempo.

Os súditos no rei Toshiro faziam revoluções, querendo que houvesse um ataque em massa ao reino de Taisho. O ódio pelos youkai's era tamanho que não se importavam colocar mulheres e criança em perigo, queriam apenas a destruição daquela raça – considerada desprezível, por eles. Queria a morte da linhagem youkai, mesmo que isso custasse a sua própria extinção.

- O que está acontecendo, Suikotsu? – Rin perguntou; os olhos castanhos preocupados encaravam os dois irmãos.

- Alguns problemas, irmãzinha. – o seu irmão mais velho respondeu, sorrindo. – Mas já iremos resolvê-lo.

- Mais uma batalha, não é? – Rin contraiu o rosto.

- Hai. – ele não mentiu e Rin desviou os olhos dos de Suikotsu, olhando para as mãos fechadas em punho que apertavam o tecido caro do quimono – Mas não há nada com que precise se preocupar.

- O que faz aqui? – Jakotsu perguntou, animado, tentando distrair a caçula. – Kaa-san está esperando-a para fazerem origami's.

- Ah, eu já irei. – Rin sorriu, levou a mão ao cabelo e colou para trás da orelha uma mexa que soltou da trança. – Estava apenas olhando...

Sentiu o coração apertado ao pensar que novamente os irmãos lutariam e se preocupou com o pai. Ele era o rei, mas antes se considerava com guerreiro e não pestanejava em aceitar ir para frente da batalha, se fosse necessário. Infelizmente, na última luta, acabou ferindo-se seriamente no ombro e ainda nem conseguia movê-lo direito.

-Tou-san vai lutar também? – Rin deu um passo para frente e encarou os olhos vibrantes do irmão. – Ele ainda não está bem...

- Iie. – Suikotsu respondeu. – Ele não irá sair desse castelo.

Um suspiro aliviado saiu dos lábios dela ao ouvir a resposta do mais velho. Levou a mão à franja que caía nos olhos e jogou a para trás – não adiantou muito, já que ela tornou a cair-lhe nos olhos brilhantes e castanhos.

- Não se preocupe, pequena.

- Ah! – ela ficou sem jeito ao ouvir Jakotsu a chamar daquele jeito e suas bochechas coraram.

- Se bem que você não é mais tão pequena assim... – Jakotsu brincou, coçando a parte de trás da cabeça, divertidamente.

- Rin virou uma bela moça. – Suikotsu concordou. – Logo teremos que encontrar um bom marido para ela e...

- Ora, não diga besteira! – Jakotsu disse divertido, querendo tirar a expressão preocupada do rosto da caçula. – Não deixarei que minha pequena irmã se case!

Rin deu uma sonora risada.

- Eu não penso em casar, rapazes... – Rin falou visivelmente menos nervosa.

- Faz muito bem – o segundo da linhagem da família real fez um gesto com a mão, demonstrando satisfação com a resposta de Rin. – Não quero que homem nenhum toque em minha pequena irmã.

- ... Não até eu encontrar a pessoa certa. – ela tratou de completar.

Ele fez uma falsa carranca.

- Eu até deixo, mas ele terá que ser muito bom para você... – ele sorriu e mostrou a língua de maneira traquinas. Parou de falar e levou a mão queixo, olhando para cima com um ar pensativo. – Se bem que homem nenhum será bom o suficiente para Rin.

- Finalmente você disse algo aproveitável. – o mais velho concordou.

- Eu sempre digo. – Jakotsu fez um gesto de impaciência com a mão.

- Claro...

- Eu senti um leve tom de ironia em sua voz... – ele estreitou os olhos para o mais velho.

- Talvez seja porque eu estava sendo irônico. – Suikotsu deixou que um pequeno sorriso aparecesse no canto de seus lábios.

- Baka! – Jakotsu fez uma careta e o irmão riu.

Rin encarou os dois e sorriu. Não era um momento propício para sorrir, mas esse era um modo de demonstrar os outros que era forte e não se abalaria com os problemas que estavam enfrentando. Seus irmãos eram fortes e lutavam; ela era forte e sorria.

- Prometem que vão voltar, prometem? – ela pediu, comprimindo os lábios ao ver um irmão olhar para o outro com uma expressão séria.

- Bem... – Jakotsu colocou a mão na cabeça dela e alisou-a, num ato de carinho. – Rin, nós...

- Faremos o possível. – Suikotsu completou, inclinando-se para beijar o topo da cabeça dela, tirando a franja que teimava em cair nos olhos de Rin. – Agora quero que vá fazer origami´s com kaa-san.

- Hai, Suikotsu. – ela fez uma profunda reverência aos irmãos e sorriu.

Viu-os virarem os cavalos e depois os dois saíram cavalgando apressados em direção aos portões gigantescos do castelo, sumindo de sua vista ao passarem por eles e os portões serem fechados novamente, por sentinelas do palácio.

Rin sentiu um estranho aperto no peito... Era como se nunca mais fosse vê-los ou que fosse perdê-los... Não queria pensar naquilo, ainda os veria novamente! Eram seus queridos irmãos e não ficaria sem eles... "Nada de ruim irá acontecer...", ela suspirou, "Então por que me sinto agoniada?".

Balançou a cabeça para os lados várias vezes, tirando os pensamentos pessimistas da mente. Andou quase saltitando até a sala do rei, esquecendo sua angústia. Ao fim da sala, onde se encontravam o trono e uma poltrona um pouco atrás – do rei e da rainha, respectivamente –, estavam os pais, conversando.

- Kaa-san! – Rin sorriu, acenando para eles, correndo para chegar mais rápido aos pais. – Tou-san!

- Rin, o que eu lhe disse sobre correr, querida? – a voz calma e aveludada a mãe foi ouvida na ampla sala.

- Ah! – Rin parou subitamente e corou, baixando os olhos. – Que uma princesa não deve correr...

- Hai. – Tami sorriu. – Então, por que está correndo?

- Ah, mas é só hoje! – Rin sorriu e tornou a correr, sentando no colo da mãe, apesar do protesto no olhar da senhora. – Prometo que vou comportar-me como uma princesa amanhã!

- Não quero esse tipo de modos, mocinha. – Toshiro alertou; os olhos castanhos, quase negros, direcionados a princesa, estreitos. – Precisará ser mais recatada, se quiser algum dia casar-se.

- Ah, tou-san, não quero pensar nisso agora. – Rin sorriu, sem graça.

- Pois devia, já é uma moça. – Toshiro sorriu.

- Kaa-san, vamos fazer origami's, vamos! – Rin se levantou do colo da mãe e a segurou pela mão, puxando-a.

- Hai. – Tami concordou e beijou a face do marido, antes de entrar em uma sala com a filha.

- Nakayama-san, deseja algo? – uma das serviçais da casa perguntou, ao ver as duas entrando na sala, curvando-se numa reverência.

As outras muitas jovens serviçais ajoelharam no chão e encostaram a testa nela, dispostas a servir a rainha e a princesa em qualquer coisa que fosse preciso, em reverência para indicar submissão e respeito a elas.

- No momento, nada. – ela continuou a entrar na sala e ajoelhou no chão, sentando-se sobre eles, próximo a uma mesinha no centro do ambiente.

- Eu gostaria de um pouco de água, onegai. – Rin pediu, sentando-se na mesma posição que a mãe. – Estou com sede.

- Irei buscar nesse instante. – uma linda jovem de cabelos e olhos castanhos, respondeu, endireitando-se, assim como as outras que estavam com a testa no chão.

- Eu agradeço, Sango. – Rin sorriu, pegando uma folha de papel e começando a dobrar.

Mãe e filha dobravam os papéis em silêncio. O sorriso sempre presente nos lábios rosados de Rin sumiu e ela ficou séria, olhando para as mãos da mãe que faziam origami's habilmente, mas não para admirar a destreza da mulher, e sim porque estava distraída.

- O que foi, minha filha? – a rainha percebeu o sorriso dela se apagar e perguntou. – Algum problema, querida?

- Meus irmãos foram lutar de novo, não é mesmo? – ela perguntou, segurando para não chorar.

- Hai. – Tami respondeu. – Eles estão lutando para nos proteger, Rin.

- Eu me preocupo com eles, kaa-san. – Rin falou, num suspiro e passou a costa da mão para limpar duas lágrimas que escorreram pela face. – Eles têm lutado muito.

- Rin – a mãe tocou na mão da filha e ela levantou os olhos para encará-la –, não quero que fique assim.

-Mas, kaa-san... – Rin tentou falar, mas Tami levou a mão o dedo indicar aos lábios dela e ela se calou, baixando a cabeça.

- Isso tudo vai acabar. – a mulher disse esperançosa.

- Eu estou agoniada, kaa-san... – Rin levou as mãos ao peito, sentindo o coração contrito. – É como se algo ruim fosse acontecer...

- Rin, nada de ruim irá acontecer. – Tami levantou o queixo da menina com a mão e a encarou com um sorriso doce.

- Está bem. – Rin sorriu, apesar de seu coração não concordar com o que sua mãe dizia. – Já sei! Vou fazer origami's para meus irmãos!

- Hai, eles vão gostar. – a mulher sorriu e continuou a dobrar o papel.

- Amo você, kaa-san. – Rin falou, subitamente, sem olhar para a mãe, já que fazia origami's e olhava para as dobraduras dele.

- Eu também amo você, minha filha. – Tami falou, inclinando o corpo para o lado e beijando a testa da filha.

Parecia estranho, mas para Rin aquelas palavras soaram como uma despedida. Ela mordeu o lábio inferior e segurou a vontade incontrolável de chorar. Sua mãe tinha afirmado que nada de ruim iria acontecer, então ela acreditava e não precisaria chorar.

-o-o-o-

Era madrugada em Edo, e um vento mais gélido e forte fez as janelas dos aposentos de Rin sacudirem-se bastante e baterem na parede violentamente. Ela acordou assustada com o barulho e sentou-se na cama, assustada com o som.

- O quê... Foi? – a voz sonolenta foi seguida da mão levada ao olho direito e esfregá-lo. Encolheu-se ao sentir o vento soprar mais forte e tocar em sua pele quente. – Está... Frio.

Levantou-se da cama e fez uma careta ao tocar, com os pés descalços, a superfície áspera e fria do chão do castelo.

Caminhou arrepiando-se de... Frio? Não. Sentia frio, mas não era exatamente isso que lhe causava calafrios. Esfregando os braços para tentar manter-se aquecida, ela sentia-se agoniada. Algo não estava certo, sentia isso...

Aproximou-se dos vidros quebrados no chão e foi fechar a janela.

- Rin Hime! – uma jovem falou alto, bracejando.

- O que é, Sango? – Rin deu um sobressalto, levando a mão ao peito, assustada com a maneira urgente que serviçal do castelo falou. – Aconteceu alguma coisa?

- Não devia levantar-se para fechar a janela! – Sango a empurrou pelos ombros até a cama e praticamente obrigou-a a deitar-se. Puxou o coberto cobre o corpo franzino e fez uma carranca. – Quando precisar, chame.

- O que há de errado em eu fechar uma simples janela? – Rin perguntou, vendo a mulher fechar a janela e recolher os cacos de vidro com cuidado para não se cortar.

- Você é a princesa das Terras do Leste! – Sango disse, como se fosse algo óbvio. – Quer motivo maior?

- Mas...

- Não, não! – Sango falou, fazendo uma profunda reverência para a menina. – Rin Hime precisa dormir. – ela afastou-se com os cacos na mão e parou na porta, fazendo outra reverência. Falou, antes de puxar a porta de correr: – Konbanwa.

- Sango... – Rin desistiu de falar com a mulher e virou o rosto para a janela, vendo a cortina ser sacudida pelo vendo que passava pela fissura onde antes estava o vidro.

Fechou os olhos para dormir quando ouviu um grito estridente escoar pelo castelo, fazendo-a sentar-se de uma vez na cama. Levantou-se depressa e caminhou para fora do quarto, trajando apenas o vestido simples de dormir.

Andou a passos rápidos pelo amplo corredor que dava para a sala do trono, de onde o som vinha. Parou frente à escadaria que levaria para o segundo andar, subitamente; a respiração presa na garganta e a expressão de surpresa no rosto.

No andar de baixo, youkai's estavam atacando os guardas e muitos já estavam, inclusive, mortos. Rin levou as mãos até a própria boca para conter um grito de surpresa. Eles estavam se preparando para incendiar o lugar com tochas, que foram jogadas nos móveis, cortinas e tapetes.

Correu para os aposentos reais dos pais, desesperada. Abriu a porta de uma vez e aproximou-se da cama... Estranho, mesmo com o barulho que fizera e com os sons do ataque youkai, os pais não acordaram e...

Dessa vez Rin não conseguiu segurar o grito de espanto: jaziam na cama, envoltos em uma poça de sangue que já começava a escorrer pelo chão, Toshiro e Tami degolados; os rostos sem vida uma expressão de dor e sofrimento marcados da hora de suas mortes.

A menina afastou-se da cama, sentido-se zonza, até encostar-se na parede fria.

Por um momento parecia que sua respiração havia parado, assim como seu coração, e uma onda de tremor dominou seu corpo. Não poderia ser verdade... Seus pais estavam mortos a sua frente, com a cabeça desprendida do corpo... Não podia ser verdade!

Sua mente não aceitava aquela situação. Era horrendo demais para ser verdade. Não era... Não poderia ser realmente verdade... Era muito hediondo para ser real...

Não viu quando alguém passou pela porta de uma vez, rapidamente. Estava em estado de choque. Braços fortes a puxaram de encontro ao tórax com armadura e contornaram seu corpo frágil, trêmulo e gélido, sem que Rin tivesse alguma ação. Ela apenas continuava a olhar os pais; duas lágrimas rolaram pelo seu rosto assustado.

- Rin, não devia ter visto isso. – Bankotsu, o quarto herdeiro real, falou, preocupado com o estado inerte da irmã.

Ela abriu a boca para falar, mas a voz não saiu. Seu corpo tremia intensamente e sua boca parecia seca. Quase não sentia os braços do irmão contornarem seu corpo pequeno e a enrolar em uma manta, tirando-a do quarto para não ver mais os pais mortos de maneira cruel.

Quando saíram no corredor do castelo, tiveram que desviar de alguns youkai's que os atacavam. Bankotsu empurrou Rin para trás de si e matou o invasor com sua alabarda. Passando o braço pelo ombro dela, ele tentou conduzi-la para o andar de baixo.

- Kuso! – ele xingou, ao ver que o andar debaixo era destruído pelas chamas de fogo colocadas pelos invasores. – Precisamos sair daqui!

Segurou uma Rin estática e correu por outra parte do castelo. A parte de baixo estava impossibilitada de ser usada, então tinham que procurar uma outra parte do castelo. Em mente, Bankotsu só pensou em uma alternativa: a saída secreta do lugar.

- Bankotsu! – correndo pelo correr, logo atrás dos dois, Jakotsu apareceu ao lado de Suikotsu. Ele estava com o ombro ferido e um corte do rosto.

- O que está havendo aqui, Suikotsu? – Bankotsu perguntou, sem soltar Rin. – Viu o que fizeram com nossos pais?

- São os youkai's das Terras do Oeste. – ele falou; a voz contendo um ódio visível, enquanto fechava a mão em punho. Ele olhou para Rin e viu os olhos dela um vazio tão grande que ficou preocupado. – Rin?

- Ela viu... – Bankotsu falou, ao ver o mais velho a balançar pelos ombros. – Nossos pais. Acho que entrou em choque.

- Rin... – ele a abraçou, sem obter um único som dela. – Seja forte, minha irmã. Vamos acabar com quem fez isso com nossos pais.

Um som ensurdecedor fez os três homens olharem para trás, a tempo de ver um dos irmãos ser arremessado contra a parede e cair pesadamente do chão em seguida, gemendo de dor; um ferimento grave no pescoço e todo machucado, coberto de sangue.

- Renkotsu! – os três se aproximaram dele e Rin apenas o seguiu com os olhos castanhos.

- Eu... – o que estava caído no chão tentou murmurar, mas engasgando com o próprio sangue que impossibilitava de falar. Ele tossiu e sangue escorreu pelo canto de sua boca, fechando os olhos por um momento para reabri-lo depois. – Nossos irmãos... Ginkotsu, Kyokotsu e Mukotsu... Eles... Estão mortos...

Aquelas palavras pareciam ter atingido Rin como um relâmpago, mas não teve nenhuma reação aparente. A única coisa que mostrava que ainda estava viva eram as lágrimas densas que escorriam pelo seu bonito rosto.

- Kami! – Bankotsu falou, passando a mão nervosamente pelo cabelo para depois socando com a mão que estava segurando a alabarda à parede. – Esses malditos youkai's!

- Renkotsu, resista. – Jakotsu agachou ao lado dele e levou a mão ao lugar atingido, fazendo-a manchar-se com o líquido vermelho.

- Eu não posso... – ele falou, tendo uma convulsão pela dor intensa que o ferimento no pescoço lhe causara. – Está frio... Muito frio...

- Tirem Rin daqui! – Suikotsu jogou-se de joelhos no chão, para tentar ajudar o irmão. Ele rasgou um pedaço do quimono que usava e colocou no corte, tentando inutilmente estancar o sangramento. – Ele está morrendo!

Bankotsu entrou na frente irmã e a puxou em direção a saída secreta do castelo. Antes de sair na área plana, olhou para os lados, certificando que não havia nenhum youkai para atacá-los. Não tinha, então ele saiu, puxando Rin atrás dele.

- Rin, você está bem? – ele perguntou, fitando o rosto dela com a pouca luz do lugar, iluminado apenas pelas poucas estrelas num céu sem lua. – Rin-chan?

- Eu... – ela levantou o rosto assombrado para ele e piscou, deixando a manta que estava no ombro escorregar por ele e cair no chão. – Diga-me que tudo isso é um pesadelo...

- Rin... – ele passou os braços pelo corpo pequeno dela e a abraçou, protetoramente.

- Eu te imploro, não diga que tudo isso é real... – Rin murmurou, abraçando o mais forte que pode o irmão, entrando em desespero.

- Rin, eu sinto muito... Mas é tudo real. – Bankotsu estava desolado com a situação que a irmã estava. – Estamos sendo atacados... Nossos pais, e irmãos morreram... Só sobreviveram Suikotsu, Jakotsu, você e eu...

- Não! – Rin gritou, debatendo-se nos braços dele, socando seu tórax protegido com a armadura, não ligando em estar machucando as mãos. – Você está mentindo!

- Rin...

- Eu sei que está me pregando uma peça com sempre faz com Jakotsu, eu sei! – Rin falou, em prantos.

Bankotsu segurou os pulsos dela e com a outra mão levantou seu rosto, fitando a face vermelha de tanto que chorava e molhado de lágrimas dela. Ele desviou os olhos azuis escuros dos castanhos de Rin, não conseguindo sustentar o olhar e ver o sofrimento nos orbes da caçula.

- Tem que aceitar o que Bankotsu disse, pequena.

- Jakotsu! – Rin olhou para trás e viu os outros dois irmãos ainda vivos: Jakotsu e Suikotsu. Assustou-se ao ver que o mais velho tinha a roupa suja e sangue e o outro estava ferido. – Então, é verdade...?

Rin cobriu a face com as mãos e chorou amargamente, cercada pelos três irmãos. Segundos depois uma voz assustadora a fez arregalar os olhos e olhar para a direção dela. Um youkai enorme estava ali, atacando-os novamente!

- Kami! – Rin encolheu e Bankotsu tentou protegê-la de um imenso monstro, mas ele foi mais rápido e a segurou pela cintura, levando-a do chão. Ao sentir os pés fora do chão, ela deu um grito estridente. – Tasukete!

Um trabalho em trio foi feito: Bankotsu – usando sua Banryu – atacou o gigante junto com Jakotsu – usando sua espada Serpente. Sem instantes, a Banryu e a espada Serpente arrancaram o braço do youkai e o mataram; Suikotsu foi encarregado de segurar a irmã da queda.

- Muito bem... – um youkai, moreno, vestido uma capa de babuíno se aproximou, batendo palmas e com um sorriso de escárnio para os três apareceu nos lábios finos. – Ainda temos alguns membros da família real das Terras do Leste vivos... Estão de parabéns por isso.

Suikotsu deixou a irmã próxima à porta que saíram do castelo, pela passagem secreta, e se colocou ao lado de Jakotsu e Bankotsu para lutarem. Rin ficou em pé, olhando para aquele ser, tremendo de medo, encolhida e encostada à parede.

- O que faz aqui, maldito? – Bankotsu gritou.

- Ainda não percebeu que viemos matá-los? – uma risada maligna foi dada por ele. – Além de humanos fracos, são humanos burros também.

Aquele foi o fim, e Bankotsu atacou o monstro. Para sua surpresa – e dos irmãos que o viam –, em uma velocidade sobre humana um outro youkai o atacou, arremessando-o longe.

- Esses são meus bichinhos de estimação... – o youkai de babuíno falou, olhando Bankotsu caído no chão. – Apresentou-lhes Juuroumaru e seu irmão, Kageroumaru.

Suikotsu também tentou investir contra o Kageroumaru, mas foi acertado e caiu ferido no chão, sangrando com um ferimento grave no peito. Jakotsu pensou em atacar, mas arregalou os olhos a tempo de perceber que o alvo do próximo ataque não seria ele, e sim sua irmã.

Só teve tempo de colocar-se frente a ela, recebendo todo o impacto do golpe: uma punhalada afiada no estômago, atravessando seu corpo. Segundos depois ele caiu no chão, quase inconsciente, e o sangue do ferimento chegou aos pés descalços de Rin.

- J-Jako... Tsu! – ela agachou-se ao lado dele e segurou seu rosto, assustada. – O que você fez, meu irmão?

- Eu... – ele fechou os olhos, não agüentando ficar com eles abertos. – Apenas a protegi...

- Não... – Rin chorou, abraçando o irmão, sentindo a cabeça dele pender para o lado e saia que ele morrera ali, em seus braços e para defendê-la. – Por quê, Jakotsu?

- Hum... – o youkai de babuíno levantou a mão, fazendo o Juuroumaru atacar a menina novamente.

Irado, Bankotsu – a muito custo – se levantou e rodou a alabarda em uma mão, matando com apenas um golpe Juuroumaru. Porém, Kageroumaru estava logo atrás e o acertou no abdômen, fazendo-o tombar imediatamente para trás com o impacto do golpe.

Rin viu o que aconteceu e soltou Jakotsu, indo até o outro irmão, murmurando seu nome enquanto se arrastava no chão para chegar até seu corpo e tentar ajudá-lo, mas instantes depois ele estava morto em seus braços.

- Não, Bankotsu... Não! – Rin apertava-o contra o peito, chorando. – Bankotsu...

Só restavam vivos Rin e Suikotsu, Kageroumaru e o misterioso babuíno. Uma luta difícil foi travada entre os dois. Apesar do herdeiro do trono das Terras do Leste estar ferido gravemente e ter dificuldades em lutar, ele não desistia. Kageroumaru, por sua vez, apenar de parecer normal, estava ofegante.

Um golpe rápido e colocando todas suas forças, Suikotsu atacou Kageroumaru, arrancando sua cabeça fora do corpo, fazendo-a rolar até os joelhos da irmã. Rin viu a cabeça do youkai parar aos seus pés de levantou-se de uma vez, assustada, sem tirar os olhos castanhos da cabeça.

- Suikotsu... – Rin balbuciou, olhando para as costas do irmão ao desviar os olhos da cabeça.

- Rin, quero que fuja. – ele disse, sem tirar os olhos do youkai que restava vivo. – Corra o máximo que puder e se esconda. Quando tudo terminar, peça ajuda.

- Eu não quero deixá-lo! – Rin balançou a cabeça para os lados e os cabelos longos negros caíram no rosto; as pontas deles manchadas de sangue, assim como a vestimenta branca que usava. – Só você que me restou!

- Isso é uma ordem, Rin! – ele gritou, virando um pouco o rosto para ela; na voz uma severidade nunca vista pela caçula. – E quero que me obedeça.

Rin olhou-o novamente, balançando a cabeça para os lados, não querendo ir. Suikotsu lançou um olhar suplicante, e Rin entendeu que se não fosse, ele talvez não conseguiria lutar direito, pois ficaria preocupado com ela.

A caçula abaixou os olhos e preparou-se para correr, entretanto, o que aconteceu a seguir a fez arregalar os olhos, apavorada: o youkai de babuíno atacará seu irmão e dividira seu corpo ao meio, fazendo uma metade cair para a direita e a outra para a esquerda.

Depois de tudo o que virá, aquilo acabou com as forças de Rin e seus joelhos não suportavam mais o peso do corpo e cederam, fazendo-a cair de joelhos no chão sujo de sangue. Seus braços finos contornaram a cintura e ela inclinou o corpo para frente, chorando.

- Todos morreram... – ela murmurou, quase encostando a testa no chão, mas seu cabelo escorregou detrás do corpo e tocou no sangue ao chão, assim como a franja. – Eu estou... Sozinha...

A dor em seu coração foi tanta que ficou com falta de ar e levantou a cabeça do chão para tentar respirar; a franja caindo no rosto, manchando a pele clara com sangue, e o cabelo salpicando o líquido viscoso e vermelho na roupa de dormir branca.

Respirou fundo várias vezes, tentando acalmar-se, mas as cenas presenciadas naquela madrugada voltaram a sua mente e não conseguia não temer. Estava entrando em choque novamente e seu corpo tremia, enquanto chorava; as lágrimas misturando com o sangue no rosto.

- Restou apenas você... – o babuíno aproximou-se dela, mas Rin não notou. A dor interior dela não lhe permitia perceber o exterior. Ele levantou uma espada e a desceu com rapidez em direção ao pescoço de Rin, chegando a tocá-lo e causar um corte fino que fez um filete de sangue escorrer. – Não vou matá-la... Tenho outros planos para você, Nakayama Rin...

A mente de Rin não trabalhava mais e os braços largaram-se ao lado do corpo ajoelhado no chão. Não sentiu quando o youkai a segurou pelo braço e a arrastou, sem dó nem piedade, em direção aos outros sobreviventes youkai's que o acompanharam ao ataque surpresa ao castelo.

Suas pernas travaram e não conseguia andar no ritmo do youkai, então seus joelhos se ralaram no chão de terra, sem saber o destino que lhe aguardava. Também não se importava, não lhe restara nada... Perderá tudo de mais especial que tinha: família e lar.

Olhou para trás e viu a fumaça do castelo em chamas alcançar uma imensa altitude. O cheiro de fumaça misturada ao cheiro insuportável e nauseante de sangue a fazia sentir tontura. Os olhos perderam o brilho e os fechou, deixando somente as lágrimas rolarem pelo rosto.

"Estou sozinha... Sozinha...", eram as únicas coisas que ainda reproduzia, como um eco, na mente vazia. "Sozinha...".

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