Eclipse por Mijan

tradução por Camila Merlin Gesser
tradução betada por Hanna Snape

Rating: T
Par: Drarry (Draco Malfoy – Harry Potter)

Disclaimer: Eu não sou a J. K. Não criei Harry Potter e nenhum dos outros personagens nos livros de Rowling. No entanto, vou, respeitosamente, mas ainda que sem vergonha, arrastar esses personagens por uma longa (e, no caso de Harry, às vezes dolorosa) história para sua diversão. Não estou ganhando dinheiro com esse trabalho; estou fazendo pela minha pura adoração por escrever e pela minha completa obsessão com o par Harry/Draco.

Email da Autora: jedi (underline) mi . jan (arroba) yahoo . com

Sinopse: Draco jurou se vingar de Harry pelo encarceramento de Lucius e, dessa vez, cumpriu sua promessa. A antiga rivalidade torna-se mortal quando Draco rapta Harry para Voldemort. Mas quando o mundo de Draco vira de ponta-cabeça, a luta para salvar Harry e a si mesmo começa.

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Capítulo Primeiro: Predador e Presa

Se os corredores de Hogwarts eram interessantes durante o dia, eram nada mais do que deslumbrantes à noite. As paredes reluziam levemente com o brilho etéreo dos resíduos de magia. As próprias sombras pareciam esconder coisas que simplesmente não poderiam estar ali quando havia luz, confundindo os sentidos com a sugestão de que algo estava se escondendo nos cantos mais escuros. Nessa noite, isso era verdade.

Draco Malfoy não ligava para o esplêndido cenário de Hogwarts à noite. Tinha deixado as masmorras a fim de cumprir uma missão muito esperada, e a promessa da doce vingança. Mais cedo naquele dia, ao fim da aula de Snape, ele havia conseguido tirar o trabalho de Poções de dentro da mochila de Potter. O trabalho era para o dia seguinte e, se Potter queria ter alguma chance de não reprovar, teria que ir procurar pelo papel. Quando o fizesse, Draco estaria esperando-o. Era tão simples, mas tão profissional ao mesmo tempo. Agora, tudo que ele tinha que fazer era esperar.

Deslizou pelas sombras, procurando qualquer sinal de movimento vindo do grande retrato pendurado serenamente na parede, separando a torre da Grifinória do resto de Hogwarts. Forçando sua audição, ele podia ouvir o leve som da Mulher Gorda roncando em sua pintura. Além desse, o único som que podia ser ouvido era o sutil batimento de seu próprio pulso em seu ouvido.

Cuidadosamente se balanceando em seus dedos do pé, equilibrando-se com uma mão, Draco estava completamente alerta. Nunca tinha se preparado tão bem para nada em toda sua vida. A poção que tinha tomado o livrava da necessidade de dormir; ele poderia esperar a noite inteira se necessário, sem vacilar. Ser o aluno favorito de Snape tinha suas vantagens, sua vantagem preferida era o acesso a todos os suprimentos de poções. Escondido debaixo de sua camisa estava o incomum medalhão que seu pai insistira para que ele usasse naquela missão. O objeto fazia com que todos os feitiços de rastreamento lançados nele tornassem-se inúteis e também o manteria completamente escondido de qualquer detecção mágica até que ele e Potter estivessem muito longe de Hogwarts. Além disso, suas habilidades e seu sigilo deveriam mantê-lo escondido de qualquer outro tipo de detecção. Esticou sua mão e passou-a na ponta da pequena faca que estava na bainha de seu cinto, cuidadosamente escondida embaixo de sua roupa. A lâmina tinha sido banhada em uma Poção de Congelamento de sua própria criação. Aquela mistura tinha-lhe rendido ótimas notas nos N.O.M.'s. Agora, iria render-lhe Potter.

Um barulho repentino de algo raspando o fez piscar, mas não causou outra reação. O retrato abriu gentilmente para trás e para longe da parede com um rangido agudo, fazendo a Mulher Gorda se mexer, mas não acordar. Vagarosamente, o retrato voltou à sua posição original na parede, mesmo que parecesse para qualquer observador que ninguém havia saído.

O sorriso de Draco ficou um pouco mais largo. Então Potter estava com a Capa da Invisibilidade. Não fazia diferença para Draco; ajudava-o, na verdade. Potter estaria se sentindo mais confiante, escondido como estava, e seria naturalmente menos cuidadoso. Presas descuidadas sempre eram mais fáceis de se apanhar.

Ele ouviu o som de sapatos se arrastando no chão de pedra e o leve movimento de tecido no ar. Um bom predador sabia exatamente quando e onde atacar. Era evolução; sobrevivência do mais adaptado. Sabendo quando esperar, quando assustar, quando correr, e quando dar o golpe fatal. Ele seguiria Potter até o local certo, e então atacaria. Potter estava prestes a se encontrar caindo até o final da cadeia alimentar.

Harry, enquanto isso, estava dizendo uma silenciosa cadeia de xingamentos em sua cabeça. Sem muitas opções, correu os olhos pelas opções mais plausíveis da lista mais uma vez. Não acreditava no que tinha feito. De todas as burrices, como conseguira perder o trabalho de Poções? De todas as matérias, e justo agora, por que tinha que ser Poções no dia antes da data de entrega? Pior ainda, esse era só o primeiro trabalho do ano!

Podia jurar para qualquer um que tinha colocado o papel na mochila no final da aula, mas, naquela tarde, quando ele e Ron jogaram os livros na frente da lareira para começar as tarefas, o trabalho tinha sumido. Tinha levado a semana inteira só para escrever aqueles catorze centímetros de texto, e não tinha como reescrever tudo em uma noite. Hermione talvez pudesse tê-lo ajudado, mas, em vez disso, insistiu que ele aprenderia a ser mais responsável com seus pertences se lidasse sozinho com a situação. Então agora ele estava aqui. Caçando a maldita coisa.

Harry virou no final do corredor para descer as escadas, quase tropeçando no primeiro degrau. Adicionou algumas novas palavras para sua coleção de xingamentos.

A escuridão nunca tinha incomodado Harry. Após ter passado a maior parte da sua infância trancado num velho armário sem sequer um abajur, tinha se adaptado a ela. As sombras dos corredores de Hogwarts à noite eram território familiar para ele e geralmente ele se mexia no meio delas com a certeza de um homem em seu lugar. Porém, a frustração sobre seu trabalho de Poções e a irritação de ter que ficar longe de sua cama tinham-no deixado um pouco nervoso. Nessa noite, estava com o pressentimento de que algo novo estava se escondendo nos cantos escuros. Quase como se algo estivesse respirando muito perto dele; entrando em seu território, violando seu espaço.

Pare com isso, Harry, ele disse a si mesmo. Você vai ficar paranóico se continuar assim. O Mapa dos Marotos não mostrou ninguém nesse corredor. Não tem ninguém aqui. Apenas vá às masmorras, encontre o maldito papel, e volte para a cama.

Concentrado em sua missão e encontrando mais um xingamento para adicionar em sua mente, fez seu caminho descendo as escadas, através de longos corredores, com destino às masmorras. Não havia sinal de Filch ou Madame Norra, Pirraça ou o Barão Sangrento. Harry agradecia pelo silêncio, mas, então, Draco também. O homem invisível e sua sombra.

Draco tinha seguido Harry por uma distância confortável de aproximadamente dez metros, notando com cuidado a localização exata dos passos de Harry; o som rítmico de sua respiração. Ele seguiu-o com precisão treinada, como se seu pé estivesse no calcanhar do outro garoto.

Embaixo, nas masmorras, Potter estava deslocado e Draco estava em seu território mais familiar. Draco conhecia cada pedra no chão, cada sombra, cada vão de porta. Em silenciosa companhia, Harry e Draco passaram pela curva que os levaria ao dormitório da Sonserina, e continuaram indo reto até a sala de Poções. Tinha quase nada de significância acadêmica depois das masmorras de Snape. Aqueles corredores tinham sido abandonados anos atrás, mas Draco tinha considerado esperteza explorá-los. Suas explorações tinham-no levado a uma velha passagem, empoeirada por desuso. Naquela época, seus passeios tinham parecido nada mais do que um passatempo divertido. Agora esse conhecimento iria provar seu valor.

O leve som do arrastar dos pés de Potter cessou na frente da porta da sala de Snape. Draco ouviu o movimento da capa e o pesado barulho da maçaneta tentando ser virada enquanto Potter tentava abrir a porta da sala. É claro que está trancada, seu tolo. A inteligência de Potter diminuiu alguns pontos na estimação de Draco.

Contudo, a demora era a brecha de que Draco precisava. Moveu-se furtivamente pela parede oposta da porta até estar diretamente atrás de Potter. Então era assim que uma serpente se sentia quanto cheirava a presa, preparando-se para atacar. Seu pai ficaria tão orgulhoso se o visse agora. Finalmente, agindo como mais do que um espinho na pata do leão, estava prestes a marcar um ponto muito maior. Draco seria aceito com honra nos postos dos Comensais da Morte. Mal se atrevendo a respirar para não estragar essa chance, ele se aproximou de Potter.

Harry alcançou e apertou a maçaneta da sala de aula e a puxou. Não se mexeu. Tentou novamente, mesmo estando obviamente trancada. Parando por um momento em irritação, procurou sua varinha na roupa. Harry ouviu um pequeno barulho atrás dele apenas um segundo antes de algo agarrar sua capa e a arrancar de seu corpo. Ele se virou em choque, instintivamente trazendo seus braços para escudá-lo.

"Malfoy!".

Draco sorriu desdenhosamente. "Não deveria estar rondando pelos corredores à noite, Potter. Você poderia ser pego".

"E você tem mais direito que eu de estar aqui?", Harry respondeu bruscamente. "Que diabos você pensa que está fazendo?".

"Só um dever de Poções". Draco alcançou seu bolso, tirando um papel amassado. "Parece familiar?".

Através do pouco brilho no corredor, Harry conseguiu reconhecer sua letra.

Sua boca abriu e fechou algumas vezes, chocado e surpreso, antes que finalmente conseguiu falar, "O que você está fazendo com isso? Você não tem outras pessoas pra perder seu tempo incomodando?".

Malfoy deu um passo na direção do garoto menor, colocando-se em uma posição quase ameaçadora. Harry podia sentir a respiração quente de Malfoy em sua bochecha. Tentou recuar, repentinamente sentindo-se mais desconfortável que o normal perto do sonserino, mas a parede estava atrás dele. Percebeu que estava sem saída, preso entre Malfoy e a parede. Malfoy sorriu, e Harry concluiu que aquele era o sorriso mais desagradável que já tinha visto, com exceção do de Voldemort.

"Eu estou perdendo meu tempo, Potter?", ele perguntou, com um brilho estranho em seus olhos. "Mesmo? Eu acho que é melhor não perder mais, então".

Mesmo que Harry tivesse para onde correr, não teria tempo. Draco moveu-se muito rápido. Harry viu o brilho de metal na mão de Malfoy apenas um instante antes de sentir a lâmina cravando em seu ombro.

O choque deixou-o sem a capacidade de gritar, mas ele sugou ar sufocadamente. O metal parecia como puro gelo em sua carne. Sorrindo maliciosamente, Malfoy girou a faca antes de retirá-la, mas a sensação gelada não desapareceu. Na verdade, estava se alastrando rapidamente.

O gelo fluía nas veias de Harry, descendo em seus braços, através de seu peito. "O que você...?" O gelo tinha chegado a seu pescoço, congelando as últimas palavras em sua garganta. Ele caiu no chão quando suas pernas ficaram dormentes.

Malfoy olhou para ele, de cima, triunfo escrito pelo seu rosto. "É uma mistura especial da minha criação, Potter. Um pouco além das suas habilidades. Pena que você nunca tenha prestado muita atenção em Poções. E, ah, seu trabalho estava terrível por falar nisso".

Ele se inclinou, seu rosto centímetros do de Harry. Sua voz estava enganosamente suave. "Não se preocupe, Potter. Eu não vou matá-lo. O Lorde das Trevas ficaria muito descontente se eu tirasse esse prazer dele. Eu disse que faria você pagar".

Harry tentou gritar, mas tudo estava ficando vago e confuso. Seus batimentos cardíacos diminuíram o ritmo, e som ecoava em seus ouvidos. Ele mal podia fazer seu peito se encher para respirar. O gelo envolvia seu coração e parecia tentar arrancá-lo. Com um último suspiro sufocado, Harry assistiu as sombras se aproximarem dele, envolvendo-o, até que tudo ficou preto.

Draco pegou o braço dormente de Potter e procurou por uma pulsação. Os batimentos estavam fracos e quase dez segundos os separavam, mas era o suficiente. Com um sinal de satisfação, ele deslizou a faca novamente em sua bainha e colocou o trabalho de Potter em seu bolso. Colocou suas mãos embaixo dos braços de Potter e o puxou na direção da entrada de sua passagem secreta. Draco estava surpreso de quão leve o garoto era. Talvez não fosse fazer um favor a Potter e o levitar até o túnel. Ele conseguiria carregar o leve grifinório facilmente e deixar o lindo pequeno Potter com alguns arranhões seria muito gratificante.

Draco já tinha contado o plano a seu pai e Lucius Malfoy estaria esperando para encontrá-lo na saída. Se Draco tivesse falhado, haveria castigos, mas o risco tinha valido a pena. Seu pai o receberia com louvor e o próprio Lorde das Trevas iria reconhecer seu sucesso. Tinha completado uma missão que era a inveja de todos os Comensais da Morte. Ele, Draco Malfoy, tinha capturado Harry Potter.


N/T: Bem, gente, espero que vocês gostem dessa fic. Ela vai ser atualizada toda quinta-feira. Isso quer dizer que no meio da semana teremos outros capítulos!

Mila Crazy.