CAPÍTULO VIII

Lois tomava uma caneca de café sentada sobre uma perna no sofá em frente à janela do apartamento no Talon enquanto via a neve cair incessantemente naquele final de dia triste e amargo.

Enquanto pensava que poderia ter conhecido melhor Lana Lang, que talvez pudessem ter sido mais próximas, e até mesmo amigas, uma música começava a tocar no seu aparelho de som: Bittersweet Symphony - The Verve.

Lois inclinou a cabeça para o lado, fechou os olhos e deu um longo suspiro, pensando o quão frágil era a vida.

Foi então que ela percebeu que não estava só.

Abriu os olhos lentamente e virou a cabeça em direção à porta.

Ajeitou-se então no sofá, colocou cuidadosamente a caneca sobre a mesa ao lado e se levantou ao ver que se tratava de Clark, parado ao lado da porta, com o olhar perdido e desolado.

Ele a observava com os olhos lacrimejantes, sofrendo em silêncio a dor de ter lhe lidar com o fato de que não poderia mais mudar as coisas, de que não poderia mais trazer Lana de volta.

Lois caminhou lentamente em sua direção, e parada a poucos metros de Clark, esperou, imaginando se ele queria dizer ou mesmo desabafar alguma coisa, mostrando-se plenamente disposta a ampará-lo no que quer que fosse.

Mas Clark nada disse, embora quisesse e soubesse que podia. E ela viu algo que parecia ser uma lágrima correr por sua face, a primeira após a notícia da morte de Lana.

Lois moveu os lábios para dizer algo, mas nada foi pronunciado.

Clark tentou se recompor, mas não conseguia.

Sentia-se completamente impotente.

Com todas aquelas habilidades... e não pôde salvá-la.

Sem nada dizer, Lois se aproximou mais, com os braços cruzados e apertados contra o peito, como se estivesse se contendo para não desabar com aquela visão de Clark Kent, que sempre havia se mostrado tão forte e inatingível.

E ele a fitou nos olhos, buscando neles conforto para a angústia de que nada mais do que pudesse fazer mudaria a roda do destino, e que de um jeito ou de outro, alguém pagaria o preço.

Foi então que Lois não resistiu mais vê-lo naquele estado tortuoso e o abraçou.

Surpreso com o gesto, Clark, desnorteado, retribuiu, e fechou os olhos, finalmente se entregando ao mais tortuoso sentimento humano, que era a dor da perda, enquanto sentia o calor de Lois e o pulsar do seu coração, sincronizado ao seu.

E ela também fechou os olhos, imaginando se algum dia Clark Kent saberia o quanto ela se importava com ele, e ao embalo de Bittersweet Symphony, abraçou-o, como nunca havia abraçado alguém antes.

Foi então que o coração de Clark aquiesceu, e ele teve a certeza de que nunca se sentiu tão bem como naquele momento que encerrava um acontecimento tão trágico em sua vida.

Envolvido no abraço terno, afável e intenso de Lois, Clark sentiu que era como se ela quisesse lhe transferir toda a sua força de modo a fazer cessar a atribulação que a ele se sobrepunha.

E ao invés de salvar alguém, ele mesmo estava sendo salvo.

Mas enquanto a presença da mulher amada acalentava seus temores, tormentos e, principalmente, sentimento de culpa, sabia ele que nada mudaria o fato de que, por maior que fosse seu destino, teria ainda que aprender a lidar com suas limitações, e que não apenas era vencível a certos embates, como também, sofria as mesmas dores de um ser humano qualquer...

Cause it's a bitter sweet symphony that's life...
Try to make ends meet , you're a slave to the money then you die
I'll take you down the only road I've ever been down...
You know the one that takes you to the places where all the veins meet, yeah.

No change, I can change, I can change, I can change,
but I'm here in my mould , I am here in my mould.
But I'm a million different people from one day to the next...
I can't change my mould , no,no,no,no,no,no,no

Well I've never prayed,
But tonight I'm on my knees, yeah.
I need to hear some sounds that recognise the pain in me, yeah.
I let the melody shine, let it cleanse my mind , I feel free now.
But the airwaves are clean and there's nobody singing to me now.

No change, I can change, I can change, I can change,
but I'm here in my mould , I am here in my mould.
And I'm a million different people from one day to the next
I can't change my mould, no,no,no,no,no,no,no

Have you ever been down?
I can change, I can change...

Cause it's a bittersweet symphony this life.
Trying to make ends meet, try to find somebody then you die.
You know I can change, I can change, I can change,
but I'm here in my mould, I am here in my mould.
And I'm a million different people from one day to the next.
I can't change my mould, no,no,no,no,no,no,no

We've got ya sex and violence melody and silence
(Have you ever been down)
(I'll take you down the only road I've ever been down)

--------------------------------------------

Por enquanto…

FIM