N/A: É verdade, seus olhos não estão te enganando. Finalmente, depois de uns dois anos e meio de espera, estou postando o aguardado (ou não) capítulo do encontro da Lily com o James. Espero que gostem e que não tenham desistido de mim ainda. Agora, sem mais delongas (minhas desculpas no fim do capítulo), façam bom proveito dessas 24 páginas no Word. A gente se encontra no fim do capítulo.
Itinerário do meu encontro
Por Lily Evans
09:00am: O despertador toca. Como qualquer garota normal sendo despertada às nove em um sábado, eu o soco.
09:10am: O despertador toca de novo. Eu o jogo do outro lado do quarto. Infelizmente, "do outro lado do quarto" é onde fica a cama da Marlene, e consequentemente, a própria Marlene. O meu despertador atinge sua perna e eu me deito e cubro a cabeça, fingindo que não fui eu. Por incrível que pareça, Marlene não pegou uma metralhadora de debaixo da cama e saiu cuspindo fogo pra todo lado. Meu dia de sorte.
09:24am: Alice me cutuca – ou cutuca o bolo de lençóis debaixo do qual ainda estou escondida - dizendo que é hoje.
09:25am: Entendo o que ela quis dizer e levanto da cama com um salto. Pra variar, meu pé enrola no lençol e, pra não cair, me seguro no cortinado, que cai junto. Nada como uma pequena baderna para começar o dia.
09:26am: Alice me empurra pro banheiro.
09:27am: Tomo um banho frio, finalmente despertando.
09:40am: Termino o banho e saio. Sou atropelada por uma Marlene apressada. E "apressada", nesse contexto, significa xingando alto até uma partícula de poeira que cruza seu caminho.
09:42am: De calcinha e soutien, abro o guarda-roupa.
09:43am: Visto uma saia jeans e uma blusa verde clara.
09:45am: Tiro a blusa, ficou romântico demais.
09:46am: Pego um top branco.
09:47am: Gostei, então tiro o top pra trocar de soutien.
09:48am: Tiro a saia. Pode ser desconfortável. Afinal, estou saindo com um Maroto! Nunca se sabe quando uma saia pode ser inconveniente.
09:49am: Pego uma jeans preta e visto.
09:50am: Ficou muito folgada na bunda, então eu tiro. Alice não pára de gritar para eu me apressar. Marlene passa por mim, de calcinha e soutien. Ela sempre é mais rápida do que eu.
09:51am: Pego uma jeans colada clara. Ficou boa.
09:52am: Começo a calçar as sandálias beges, mas percebo que sandálias baixas ficam horríveis com essa calça.
09:53am: Pego meias e um par de tênis da Nike.
09:54am: Entro no banheiro já meio lotado. Em um dormitório feminino, banheiro lotado não é nenhuma novidade: uma passa chapinha de calcinha e soutien, outra maquia a amiga, outra tá saindo do banho... Na verdade, é um tumulto aconchegante e divertido. Meu cabelo ainda está molhado. Deixo ele secar naturalmente enquanto estralo os dedos, pronta para a seção maquiagem.
09:56am: Antes que eu comece a me maquiar, Karol entra com uma bandeja cheia de comida pra nós. Diz que sabia que nos atrasaríamos e não quer que morramos de fome. Como uma maçã e tomo um copo de suco. Estou um pouco nervosa pra comer demais, o que é estranho por dois motivos: um, nada me tira o apetite e dois, é só o Potter! Qual é o meu problema?
10:05am: Corro pro banheiro.
10:07am: Só tenho tempo de passar um pouco de rímel e base, escovar os dentes e passar o gloss e o lápis no olho, já que Marlene chega me empurrando e tentando pegar o lápis da CoverGirl da minha mão, fazendo com que eu quase crave o lápis no meu globo ocular.
10:12am: Olho-me no espelho e gosto do resultado. O top branco é bonitinho e feminino. A calça é a minha preferida e cai bem. O tênis dá um ar mais esporte, afinal ainda é apenas Hogsmeade. E apenas Potter.
10:09am: Pego um casaco preto e visto. Está pequeno.
10:11am: Pego um casaco bege e visto. Ficou uma gracinha, mas ele é inútil. Eu vou passar frio se for com ele.
10:13am: Pego outro casaco preto, quentinho e do tamanho certo. Bom, um pouco comprido, mas não chega a ser um sobretudo. Ficou ótimo.
10:15am: Dou uma última olhada no espelho. Respiro fundo, já que acabo de perceber que estou muito nervosa. Calma, Lily. É o Potter. Só o Potter. Só. O. Potter.
10:16am: Alice atrapalha meu momento de meditação, me empurrando porta afora, dizendo que estou atrasada.
10:17am: Tento descer as escadas com elegância, apesar da pressa, mas paro ao sentir que estou sendo observada. Levanto os olhos.
10:18am: Por alguma razão desconhecida, minhas pernas começam a tremer. Era o Potter que estava me olhando. Ele se levanta de um salto. Sorrio, incerta. Ele abre o maior sorriso humanamente possível e eu me pergunto vagamente se não dói.
10:19am: Termino de descer as escadas e ando em sua direção, estranhamente tímida. Céus, cadê a Lily Evans que eu conheço? Aquela que já enfiou o dedo nos olhos do Malfoy e nem piscou quando ele pegou a varinha? Droga, enfie logo o dedo no olho do Potter e vamos ver se acabamos com isso! Odeio essa sensação!
10:20am: Potter diz que estou linda. Agradeço. Black se intromete, perguntando onde está Marlene. Respondo que ela já está descendo, e aproveito sua ausência para avisar que pode ser que ela esteja um pouco irritada, considerando que alguém lançou um despertador nela logo cedo. O fato de não ter dito que fui eu não os impediu de deduzir a culpada, pelo visto.
10:22am: Para minha salvação, Marlene desce as escadas. Escolheu uma calça jeans preta e justa e uma blusa azul, que deixa um pedaço da sua barriga à mostra. Os cabelos estão cacheados e brilhantes, e ela está linda.
10:23am: Black está de boca aberta, e eu, divertida, fecho-a por ele. Potter não parece apreciar muito minha tentativa de salvar o Salão Comunal de um afogamento em massa na baba de um Black, não sei por quê. (N/A: Caso alguém esteja se perguntando, sim, é ciúmes)
10:24am: Recuperando-se, Black diz que Marlene está linda. Ela cora e agradece, além de se desculpar pelo atraso. Troco um olhar divertido com Potter, tipo "Veja só esses dois agindo como pré-adolescentes apaixonados." Ele dá um sorriso. Droga, eu também corei!
10:26am: Os meninos perguntam se podemos ir. Dizemos que sim; as carruagens costumam sair às 10:30. Saímos do Salão Comunal.
10:27am: Durante o percurso, Potter caminha ao meu lado, e Marlene e Black andam mais na frente. O seguinte diálogo se segue:
Potter: Então, acha que a McKinnon e o Pads se entendem hoje?
Eu: Não sei... Mas ela tá saindo com ele. É um bom começo, não acha?
Potter, sorrindo: Espero que sim.
Eu, corando (porque afinal, estou na mesma situação): E o que o Black quer com a Lene, afinal?
Potter, distraído: Ah, creio que uma companheira pros chás das cinco às terças-feiras...
Eu: Oh, que pena. Marlene não gosta muito de chá.
Potter, sorrindo: Então, onde quer ir quando chegarmos à Hogsmeade?
Eu: Ah, não sei. Onde quiser.
Potter: Certo. Pensei em nos separarmos deles quando chegarmos...
Eu o olho, desconfiada. Ele completa, nervoso: Pra darmos um tempo pros dois se acertarem.
Eu, pensativa: Certo, então.
10:30am: Nisso, nós chegamos aos jardins. Subimos, os quatro, em uma das carruagens. Potter pára na frente dela, no entanto, e olha para as trelas. (N/A: A coisa que fica na carruagem, segurando o cavalo com a carruagem em si)
10:31am: Dentro da carruagem, Marlene senta ao meu lado. Na minha frente senta o Black, e ao seu lado, Potter. A conversa é mais ou menos essa:
Marlene: Então, Lily, eu estava comentando com o Black como você e o Potter parecem estar se dando bem.
Eu coro e Black ri.
Potter: Mesmo? E eu e a Lily estávamos falando de como o Sirius babou quando a McKinnon desceu as escadas.
Eu, sorrindo, enquanto Black ruboriza: E de como a Marlene corou quando ele a elogiou.
Marlene também enrubesce e eu sorrio para Potter.
Black: Mas você não pode falar nada, James. Seus olhos quase saíram da órbita quando você viu a ruivinha.
Eu, divertida: Que culpa ele tem se eu sou irresistível?
Marlene: Ai Merlin! Lily, eu que não vou te agüentar quando esse encontro acabar! Três minutinhos sozinha com o Potter e já está se achando desse jeito, imagina depois de um dia inteiro!
Potter ri. Eu coro e olho pra janela. Logo Marlene cochicha algo pra mim:
Marlene: Lil, o Black sugeriu que a gente se distancie um pouco, pra dar um espaço pra vocês dois se entenderem.
Eu, sorrindo sarcástica: Não diga! O Potter disse o mesmo.
Marlene: E então, vamos deixá-los nos guiar?
Eu, pensativa: O que custa? Afinal, eles deram tão duro pra nos levarem pra um simples passeio... É maldade demais obrigá-los a passar o dia em quatro.
Marlene, fazendo biquinho: Que pena, eu adoraria vê-los sofrer.
Eu: Vai agüentar segurar sua crueldade latente contra o pobre Black hoje?
Marlene: Se ele merecer. E aí, onde vocês vão?
Eu: Não sei, disse que ele podia escolher. E vocês?
Marlene: Também, mas ele disse que eu vou gostar.
Eu: Que gracinha, eles querem nos levar a algum lugar especial!
Marlene: Talvez o dia não vá ser tão ruim quanto eu imaginava...
Black: Ei, do que vocês duas estão falando?
Marlene: De como você é adorável, queridíssimo Black.
Black, ficando sério: Eu tenho cara de otário?
Eu, rindo: Tem!
Marlene: De idiota também.
Eu: E tapado.
Marlene: E retardado.
Eu: E obtuso.
Marlene: E...
Ela pára, pois Black está fazendo uma irresistível carinha de coitadinho.
Marlene: E... E... Ah, pare com isso! Não posso xingar alguém tão fofo!
Eu caio na gargalhada, Potter também, Black abre um sorriso e Marlene cora um pouquinho. Pelo jeito, estamos todos muito tímidos hoje.
Black, sorrindo abertamente: O dia vai ser interessante...
Olho pra janela novamente. Depois, vejo que Potter também olha lá pra fora, com um olhar um pouco perdido. Mas não penso muito nisso, pois a carruagem pára.
10:45am: Descemos, e eu imediatamente sinto um vento frio bater em mim. Digo baixinho:
"Droga! Esqueci o cachecol!"
Potter me olha e em seguida começa a mexer em alguma coisa. Então estende um pacote pardo pra mim (não me pergunte de onde ele o tirou).
Eu, espantada: O que é?
Potter, ansioso: Abra, oras!
Eu, curiosa, abro. Um pano deliciosamente macio e quentinho entra em contato com a minha mão. Estendo-o. É um lindo cachecol, negro como a noite.
Potter, ainda ansioso: É de pele de carneiro alado montanhês. Macio, quente, delicado. E muda de cor, também, porque contém pigmentos de camaleão silvestre.
Eu, sinceramente tocada: É... É...
Juro que me faltaram palavras. Foi um gesto tão lindo, meigo e doce! Que eu fiz o que qualquer garota sem palavras faria em meu lugar.
Não, eu não o beijei.
Eu apenas o abracei, bem forte. Claro, não tão forte a ponto de sufocá-lo. Só a ponto de ser um abraço verdadeiro, sabe?
Eu, depois de soltá-lo: É maravilhoso. Muito obrigada. Mas... Como sabia que eu—
Potter, sorrindo bobamente: Ia esquecer o cachecol? Você sempre esquece.
Sorrio de volta, que nem uma idiota.
10:53am: Só então olhei em volta, já com o gostoso cachecol (em vários tons de verde) e percebi que nem Black nem Marlene estavam mais ali.
Eu: Bem, acho que fomos abandonados.
Potter: É? Eu não me importo.
Eu sorrio e pergunto: E então? O que tem em mente?
Potter sorri maliciosamente. Eu coro ligeiramente (se bem que minhas bochechas já deviam estar rosadas pelo vento) e ele diz: Eu tenho algumas idéias...
Eu, revirando os olhos: Não diga. Envolvem sexo selvagem e chantilly, eu aposto. Pode pensar em uma sugestão mais respeitável, Sr. Potter, ou seu encontro termina antes mesmo de ter começado.
Ele, apressadamente: Que tal darmos uma volta, e depois almoçamos?
Eu, sorrindo: Parece ótimo.
10:59am: Começamos a andar pelo povoado, com cerca de trinta centímetros de distância. O começo pode ter sido até um pouco incômodo, mas Potter, afinal, é um cara engraçado e carismático, de modo que acabei por me divertir. Passamos por várias lojas, e entramos em algumas. Lógico, não resistimos entrar na Dedosdemel (onde ele me deu um chocolate que era apimentado, me fazendo ficar quase roxa e com a língua ardendo, enquanto ele gargalhava de mim. Por fim, tive que tomar a garrafa de água de um cara desconhecido e azarado e beber quase tudo, e por isso, pedir milhões de desculpas, toda cheia de sorrisos. Tenho que acrescentar que foi gratificante ver a cara de ciúmes do Potter enquanto o dono da garrafa me dava mole. Ah, doce e ardida vingança!) e na Zonco's (onde Potter me mostrou os truques mais divertidos da loja, como o grande conhecedor que ele é, contando sobre as peças memoráveis que ele e os outros Marotos já pregaram, hilárias. E quando ele foi falar do Juice Jelly, eu o surpreendi dizendo que conhecia e contando da vez em que, por vingança de uma peça que Marlene me pregara, eu dei pra ela, e contei também como ela ficava derrubando as coisas, sem controle sobre o próprio corpo.), e o fiz entrar também em uma loja de fantasias e acessórios (onde, quando eu pus uma peruca loira-barbie, ele disse que eu estava linda, mas me preferia ruiva, e ele pôs uma máscara horrível, e quando eu me virei, tomei um susto, gritando e virando a caixa que segurava, de tal modo que as coisas dentro dela caíram em cima de um inocente espectador. Tal cena o fez chorar de rir, e eu até tentei ficar brava, em respeito à vítima desconhecida, mas no final ficamos os três rindo muito.). Foi tudo muito divertido, a ponto de eu me esquecer que era com o Potter que eu estava. E, uma hora e quarenta minutos depois, quando fomos almoçar no Três Vassouras, a distância entre nós tinha diminuído. Bastante.
12:40pm: Potter abriu a porta e me deu passagem. Entrei e tirei o casaco e o cachecol. Escolhemos uma mesa e Rosmerta (filha dos donos) nos trouxe o cardápio, nos cumprimentou animadamente e saiu em seguida. Começamos a analisar as opções, mas logo estávamos conversando. Potter contou histórias fofinhas e engraçadas de quando era criança. Eu achei tão adorável que acabei contando algumas historinhas da minha infância também, tentando encontrar as mais engraçadas e fazendo-o rir. Normalmente, Marlene e eu éramos as engraçadas do grupo, de modo que eu já tinha prática em contar casos do modo mais engraçado possível. Mas é dificílimo bater um Maroto nesse quesito, e apesar de ter me saído esplendidamente bem, ele se saiu ainda melhor.
12:51pm: Rosmerta volta e pergunta se já escolhemos. Ainda não tínhamos escolhido, mas Potter decide na hora, pedindo um salad egg bacon cheese burger, uma cerveja amanteigada e uma porção de frango frito. O encaro por um instante, indecisa: será que eu deveria pedir uma salada básica, um peito de frango grelhado e um suco natural? Céus, o que estava havendo? Eu nunca fui indecisa para pedir comida preocupada com a opinião de algum garoto! Minha barriga doeu, respondendo por mim: peço o mesmo, trocando apenas a porção de frango frito por uma porção de nuggets, esperando que seja o certo a fazer. Potter abre um sorriso, dizendo: "Boa escolha". Sorrio de volta. Um homem que não se intimida com uma mulher que come quase tanta gordura saturada quanto ele? Minha consciência me mandou não deixá-lo escapar, mas eu abafei a vozinha.
13:00pm: Por incrível que pareça, a conversa vai fluindo naturalmente, e pasmem, sem brigas! Parece até que somos amigos de longa data! Impressionantemente, Potter faz parecer que é tudo tão natural e divertido!
13:16pm: Estamos discutindo o que faríamos se, por algum motivo, parássemos em um bar de blues, daqueles que não te deixam ir embora sem "cantar o blues" (eu disse que tentaria contar como fui parar lá em ritmo de blues, como naquele filme, "Adventures in Babysitting", e ele diz que tentaria transformar algum hino de Quadribol em blues), quando os pratos chegam.
13:40pm: Estamos conversando e comendo. Estou contando a historia do filme "O Exorcista" – porque ele acha que pode haver um fundo verdadeiro bruxo na história, e a estou contando para podermos analisar – quando sua perna encosta na minha acidentalmente. Ele se desculpa e a afasta.
13:44pm: Porém, ele encosta de novo, e dessa vez não a retira. Como uma adolescente idiota , fico vermelha e engasgo com a cerveja. Ele acaba tirando, no meio do processo de convulsões que eu tive.
13:50pm: Por algum motivo desconhecido pela psicologia, eu encosto meu joelho no dele. Será que ele vai me achar uma oferecida?O que significa um cara encostar o joelho da moça? É um flerte básico? Pode ser só acidente? E se ela encostar nele? É um convite para sexo selvagem com chantilly? Céus...
14:00pm: Já acabamos de comer. Nossos joelhos se encontram algumas vezes, de forma quase natural e despretensiosa, de modo que não creio que haja uma mensagem subentendida a respeito de atividades obscenas. Não fico vermelha mais, mas meu coração dispara todas as vezes, e algo dá mortais triplos com parada de mão e desfecho frontal no meu estômago. E ainda assim, a sensação é...boa.
14:10pm: Decidimos ir embora. Apesar dos meus protestos, J... Potter paga.
14:12pm: Colocando de volta o maravilhoso cachecol – que peninha, o tempo está esquentando – e o casaco, pergunto: E então, para onde vamos?
J-Potter pensa um pouco e responde: Eu conheço um lugar legal... Venha, não é longe.
E então ele me pegou pela mão – pois é, meu coração quase sai pela boca – e me guiou até praticamente o final do povoado.
14:20pm: Se você acha que ele me levou para um um lugar lindo onde pode-se ver as maravilhosas colinas verdes e um lago azul sereno em meio a grandes e majestosas arvores, parecendo o Paraíso, você errou feio. Ainda bem. Quero dizer, seria lindo e romântico e coisa e tal, mas é o tipo de lugar pra onde te levam com a intenção de te encantar e fazer você abrir as pernas, se é que me entende.
Não. Ele me levou para um grande campo de grama, cheio de enormes colchões de plástico (N/A: É o seguinte: imagina um pula-pula daqueles de castelo, sei lá. Agora tira as torres e as paredes. Fica só o chão, certo? Então, é mais ou menos isso, só que de vários tamanhos e larguras e cores e posições) e canos gigantes também coloridos espalhados. Do outro lado, uma espécie de barraquinha, onde um homem barrigudo e vermelho estava sentado. No alto da barraquinha, uma placa: PAINT BALL. Isso é lugar onde você leva alguém com quem você realmente se importa.
14:21pm: Ainda de mãos dadas, fomos até a barraquinha.
14:30pm: Já tinha deixado o casaco e o cachecol no guarda-volumes e já tinha vestido o macacão especial branco que eles davam para não sujarmos a roupa quando Ja... Potter me chamou. Fui até ele, que estava em frente a um monte de tralha na entrada da barraquinha. Quando cheguei perto o suficiente, vi que eram duas armas desmontadas e um montão de "balas". Peguei uma delas e a aproximei dos olhos: eram muito mais bonitas do que as trouxas. Era uma bolinha transparente. Dentro, algo de consistência indefinida pairava como se não houvesse gravidade. Essa substancia parecia várias gotas de tinta juntas, e era colorida. Uma bolinha tinha roxo e rosa. Outra apenas vermelho, e outra apenas amarelo, mas outra tinha verde com vermelho, e por aí ia. Encantada, guardei uma toda vermelha no bolso discretamente. Então Potter voltou-se para mim e disse: Presta atenção, eu vou montar a minha arma, e você tenta repetir com a s—
Mas ele não terminou de falar ao ver, chocado, que eu já tinha terminado de montar a minha.
Potter: Mas... Como...
Eu, marotamente: Morei na rua até uns 7 anos. Se não soubesse montar uma arma, não teria sobrevivido.
Potter está com os olhos arregalados, com certa... preocupação? Pena?
Sem me agüentar mais, caio na gargalhada, e digo quando consigo: Brincadeira.
Ele ri também, e depois eu respondo direito: Também há Paint Balls no mundo trouxa. Eu jogava quando era mais nova.
Potter, sorrindo: Uau. Quer dizer que eu tenho uma inimiga em potencial?
Eu, corando: Bem...
14:41pm: Antes que eu respondesse, o homem barrigudo chegou, nos entregando cintos com mais bolinhas para recarregar.
14:43pm: Foi incrivelmente divertido. Os blocos infláveis e os túneis se moviam o tempo todo. Ficamos brincando, correndo, gritando, rindo, caindo e atirando, como duas criancinhas. Ou dois apaixonados. Oh, céus. Isso está se complicando.
15:18pm: Após uma crise de riso particularmente longa, fizemos uma pausa. Com os macacões cheios de manchas laranjas, amarelas, vermelhas, roxas, azuis, verdes e rosas, nos sentamos lado a lado – muito próximos – na grama.
Potter: Então, está gostando do passeio?
Eu, tentando recuperar o fôlego: Tá brincando? Estou amando!
Ja... Potter sorri. Eu continuo: De verdade. Se eu soubesse—
Ja... Potter: Se você soubesse...
Eu, envergonhada: Bem, se eu soubesse que seria assim, eu teria aceitado seus convites mais cedo. Acho.
Jam-Potter abriu um sorriso enorme. E começou a se aproximar, devagar. E eu não desviei o olhar, e nem me movi, apesar de meu coração estar praticamente rasgando meu peito. Ele continuou se aproximando. Eu senti o cheiro delicioso de perfume masculino dele – e não era colônia barata – e fechei os olhos. E então...
15:25pm: Uma voz masculina nos assustou, fazendo com que a distância antes tão mínima virasse enorme. E... dolorosa. Por quê? Ai, Merlin, por que é pior estar a um metro do Potter do que um centímetro? O que está acontecendo comigo? Merlin, eu quase o beijei! Me internem.
A voz repetiu: Ei, vocês dois. Vão jogar?
Eram quatro homens, de aparência rude. Eram enormes, também, e barbudos e algo me dizia que o cheiro deles possivelmente não era dos melhores, apesar de não dar pra sentir de onde eu estava. O macacão branco estava justo neles, mas não de um jeito sexy, como o do Jam... Potter, e sim como se eles fossem nojentamente grandes demais.
Olhei meio assustada para Potter, esperando sua resposta. Por favor, diga não, por favor, diga não, por favor...
Mas eu sentia os olhares, digamos...gulosos, que os quatro me lançavam, e via também a raiva e... ciúmes?, nos olhos de Jam...Potter, de modo que eu já sabia a resposta.
Potter: Vamos. Esperem só um pouco, estão chegando mais dois jogadores para o nosso time.
Olhei espantada para ele. Estávamos esperando alguém?
15:30pm: Potter se levantou. Confusa, levantei também.
Eu: Potter, quem estamos esperando?
Mas ele não me respondeu. Então, irritada, decidi usar a técnica que sempre funciona.
Eu, com irritação crescente: Ah, tudo bem ignorar a Evans, não é? Afinal, quem ela pensa que é? Deixa ela na ignorância mesmo, quem se importa. Demorou três anos para ela sair comigo, mas tenho certeza de que a chave para o sucesso é ignorá-la e fazê-la achar que ela é uma imbecil que nem ao men—
Parei, porque Potter virou-se pra mim, com um sorriso no rosto.
Eu, ainda irritada, apesar daquele sorriso perfeito: Ah, agora ele resolve olhar pra mim. E então, sou digna de atenção por um segundo?
Potter se aproxima devagar, me deixando sem reação, e diz: Meu anjo, você é digna da minha atenção vinte e cinco horas por dia, oito dias por semana e treze meses por ano.
Eu, tentando manter a raiva, que parece se esvair como água pelo ralo: Ah, é? Desde agora, né? Por que há um minuto, eu estava sendo solenemente ignorada, não sei se notou.
Potter, ainda sorrindo como quem pede desculpas: Desculpe, Lily, mas tenho que ir até o guarda-volumes para chamar mais duas pessoas pra jogar.
Eu – a curiosidade tomou lugar da raiva – confusa: O quê? Vai chamar o gordinho pra entrar no nosso time?Não tenho certeza de que ele possa fazer isso no turno dele, sabe...
Potter, rindo e voltando a andar, mas agora segurando minha mão para que eu possa acompanhá-lo sem me sentir abandonada: Não. Eu vou apenas ver se o Sirius está por perto. Então ele e a McKinnon podem vir jogar.
Eu, com uma sobrancelha erguida: E o que exatamente você pretende fazer? Subir no telhado daquela barraquinha e gritar pelo Black?
Potter, sorrindo misteriosamente: Não.
Decido que não gosto desse sorriso. É altamente irresistível e irritante ao mesmo tempo. E essa combinação não é segura. Resulta em uma perigosíssima vontade de beijá-lo imediatamente.
15:38pm: Um espelho de duas faces. É isso que Potter pega no guarda-volumes. Mirando-se no objeto, ele diz "Sirius Black", e o dito cujo logo aparece no reflexo, que portanto não é um reflexo, pois não está refletindo nada.
Potter, em poucas palavras, manda Sirius e Lene nos encontrarem ali. Agora que não estou mais brava com ele, fico torcendo minhas mãos nervosamente. Nós vamos jogar com aqueles caras ali, que estão...argh! Me encarando e... Piscando...e mandando beijinhos! Potter, cadê você ? !
15:41pm: Potter termina de falar com Black e me abraça por trás, lançando um olhar fulminante para os caras. Ainda bem que não sou eu recebendo esse olhar. Sério, eu já estaria buscando asilo político do outro lado do oceano!
15:43pm: Duas pessoas se aproximam do outro lado do campo. São Black e Lene, e posso ver que estão... próximos?
De qualquer forma, nós nos cumprimentamos rapidamente (não que Marlene e eu não tenhamos tentado ficar batendo papo e jogando conversa fora, mas os meninos nos apressaram) e eles vão se vestir e pegar as armas. Potter e eu recarregamos as nossas.
15: 50pm: Os oitos participantes se encontraram no meio do campo. Os carinhas se apresentam e piscam tanto pra mim quanto pra Lene. É reconfortante não ter que carregar esse fardo sozinha.
O primeiro se chama Tom. É alto, moreno, barba rala. De perto, percebo que não são tão velhos. Parecem ser só uns adultos jovens que escolheram o caminho errado uma vez ou outra na vida. Certo, várias vezes. Olá, Tom.
O segundo se chama Tad. Também é alto e grande, mas seu cabelo é castanho. Uns milhões de brincos prateados na sua orelha tentam dar aspecto de mau, mas fica um pouco gay. Olá, Tad.
O terceiro se chama Tim. É, eu sei, ridículo. Como o Tom e o Tim tem coragem de andar juntos? Tim tem cabelos escuros, é grande e alto, blábláblá. Tem um pedaço de tatuagem escapando pela blusa. Eu me pergunto se é um coração sangrando cheio de espadas escrito "Mamãe". Olá, Tim.
E o ultimo se chama Todd. Agora eu sei porque o Tim e o Tom andam juntos. Por que os dois gostam do Tad e do Todd, e eles andam juntos. Fala sério, parece um circo de horrores. Todd tem cabelos espessos e curtos, que parecem ser castanhos. Ou coisa assim. Obviamente, é grande e alto. Olá, Todd.
O cara gordinho que tava na cabana começa a explicar alguns procedimentos e regras. Se você for acertado nos lugares tais morre, blá blá blá. Como podem ver, eu não estava prestando a menor atenção.
Marlene se aproxima um pouco e pergunta, baixinho: E aí, vamos nos encontrar mais tarde?
Eu, baixinho: Claro. Que tal no Três Vassouras, perto do fim do passeio?
Marlene: Tipo uma saideira. Parece ótimo.
Eu: Certo. Nos vemos lá.
Marlene, depois de um tempo: Será que eles se importariam se eu os chamasse de T1, T2, T3 e T4?
Seguro o riso e respondo no mesmo tom: Algo me diz que é melhor não arriscar.
Mas Marlene não me dá ouvidos, e fala para eles, sem que o gordinho ouça: Sinto muito, garotos, mas eu tenho uma péssima memória. Importam-se se eu chamá-los de T1, T2, T3 e T4?
Os quatro se entreolharam, confusos. Então, Tad praticamente gritou, erguendo a mão: Eu sou o T1!
Todd, muito chateado, reclamou: Mas eu queria ser o T1!
Tim exclamou: Eu sou o T2, então!
E Tom acrescentou imediatamente: E eu sou o T3!
Todd gritou, realmente aborrecido: Ah, droga! Eu vou ter que ser o T4?
Dando de ombros, Marlene falou: Parece que sim. Sinto muito, T4. Da próxima vez, tente ser mais rápido.
Segurei a gargalhada, mas estava cada vez mais difícil, ao ver o T4 chutar o chão, de raiva, e começar a pular em um pé só. Eles eram simplesmente tão patéticos! Como eu pude chegar a sentir medo deles?
Mas então T2 falou algo como "Ei, Fadinha, você pode correr, mas não pode se esconder!", com um sorriso meio desdentado e um olhar muito mau, e eu tive um pouquinho de medo de novo. Mas só um pouquinho, de qualquer forma.
16:00pm: A partida começou. Assim que consegui, corri e me escondi covardemente em um dos canos gigantes, um particularmente chamativo, amarelo-canário, meio enferrujado, com alguns pregos tortos saindo. Ei, não me julguem! O que esperava que eu fizesse? Ficasse lá fingindo que sabia atirar até alguém me acertar com uma facilidade patética? Não, obrigada. Jam...Potter não precisava saber que a minha mira é tão boa que eu seria capaz de errar um hipopótamo roxo a cinco metros de distância. Sinta a ironia.
Não, definitivamente. Eu estou perfeitamente bem aqui, escondida em um cano extravagante e deixando meus amigos resolverem a parada toda no campo de batalha.
16:40pm: Eu estava confortavelmente instalada (bom, na medida do possível) no meu cano protetor quando, repentinamente, Marlene entrou, arfando, com pose de agente especial de filme de espiões. Não tenho certeza se assistir Missão Impossível foi uma coisa boa que fiz a ela.
Pigarreei. Marlene olhou para mim espantada e perguntou: Lily? O que faz aqui?
Pensei em dizer que estava estudando a reprodução dos fungos, mas respondi, abanando a mão com pouco caso: Ah, estou só me escondendo para não ter que tomar uma parte mais perigosamente ativa na guerra.
Marlene praticamente teve uma parada respiratória e perguntou, incrédula: O quê?! Você esteve escondida aqui todo esse tempo? !
Me encolhi, tentando me defender: Bem, Lene, é melhor assim, acredite em mim. Não vai fazer absolutamente bem nenhum eu sair daqui.
Marlene me cortou: Lily, acredite em mim, não há nada no mundo que eu queira fazer mais do que apertar lentamente esse seu lindo pescocinho, mas até agora, com um membro a menos, só conseguimos matar um dos Ts, e no momento há dois deles me perseguindo, em busca de vingança...
Ela se interrompeu, foi até a abertura do cano, olhou cautelosamente para fora e voltou, completando: De modo que sugiro que levante esse traseiro que o Potter adora secar e vá à luta!
Arregalei os olhos, mas não tínhamos mais tempo para conversa.
16:50pm: Ouvimos um som alto, não muito longe. Marlene correu para o cano do lado, a uns três metros de distância, deixando-me outra vez sozinha, mas ainda era possível conversarmos, apesar de difícil.
Marlene se esgueirou para fora e voltou para seu cano laranja berrante, sussurrando: Lily, é melhor você sair daí. O T4 tá vindo pra cá.
Sem esperar segunda ordem, me levantei e saí silenciosamente pelo outro lado. Não havia ninguém à vista, e eu corri para um dos grandes colchões de ar, vermelho vivo. Como ele estava em pé, foi consideravelmente difícil subir, mas quando consegui, obtive uma visão privilegiada de tudo o que acontecia sem que ninguém me visse, cinco metro acima do solo. Eu tinha encontrado o esconderijo perfeito!
17:20pm: Eu estava no meu QG, quietinha, quando vi, muito longe para que eu pudesse atirar, Marlene sendo cercada por dois dos Ts. Antes que eu pudesse pensar em dar o alerta, ela foi atingida. Pobrezinha. Fiquei com um nó na garganta. Ela era tão corajosa e valente! Tão diferente de mim, aqui em cima, longe do perigo! A vida é totalmente injusta!
17:40pm: Eu não estava mais agüentando! Potter e Black estavam sozinhos contra três dos enormes (e idiotas) Ts! Céus, aquilo era injusto! A nossa equipe estava em desvantagem numérica! Certo, o numero de componentes vivos era o mesmo, mas nós tínhamos uma covarde, eles não!
Era nisso que eu estava pensando quando ouvi gritos. Virei-me com cuidado em cima do colchão. Um movimento em falso e eu desabava lá embaixo. E então eu vi o que acontecera. Sirius tinha sido atingido, e o T (sabe-se lá qual) gritava para o amigo alguma coisa.
Nesse momento, para o meu total desespero, percebi algum movimento do outro lado do colchão. Cheguei na quina a tempo de ver Jam...Potter ser atingido impiedosamente. Não muito longe, o corpo de outro dos Ts. Era uma covarde contra dois gorilas. E Jam...Potter estava morto.
Eu estava sozinha.
17:50pm: O T que matara o meu acompanhante saiu, contando vantagem para o amigo. Os dois saíram conversando, provavelmente sem se dar conta de que ainda faltava uma integrante. Quando eles sumiram de vista, aproveitei a chance e desci com cuidado pelo colchão e dei a volta, me jogando em cima do corpo quase sem vida do Jame-Potter.
Ele abriu os olhos devagar e sussurrou: Lily? Você está bem? Cuidado... Peça para o Pads cuidar de você...
Segurando a sua mão, respondi: Ele... Ele se foi.
Jame-Potter fechou os olhos, pesaroso, e lágrimas encheram meus olhos. Eu não tenho culpa se sou doida e levo algumas brincadeiras muito a sério!
Ele reabriu os olhos e falou: Lily, tenha cuidado... Não se machuque...
Contendo as lágrimas, eu o cortei, mesmo sabendo que não é nada legal cortar alguém que está em seu ultimo suspiro: Não se preocupe comigo, eu...
Ele me cortou de volta, e era óbvio que estava adorando o drama: Lily, não...
Virando uma atriz digna de Oscar, falei: Eu vou vingar a sua morte, James! Não se preocupe comigo, meu amor.
E dei um beijo em sua testa, soltei sua mão e saí correndo. Eu tinha uma vingança a planejar.
18:00pm: Tive sorte: na hora em que saí correndo, pude ouvir os gritos irritados dos dois inimigos. Acho que tinham se lembrado de mim.
Certo, venhamos e convenhamos. A minha mira é simplesmente vergonhosa. Humilhante. Embaraçosa. Degradante. Mortificante. Indigna. Infame. É um fato, vamos aceitar. Quais eram as chances de eu derrotar dois caras que tinham três vezes o meu tamanho? Nulas, digamos. Eles obviamente tinham mira.
Por outro lado... Bem, tamanho não é documento, certo? E eu tinha, afinal, uma coisa que eles não tinham, com toda a certeza: cérebro.
Oras, eu sou uma das alunas mais inteligentes da escola! Isso tem que servir de alguma coisa, não é?
Ouvi um dos Ts gritar: Fadinha! Eu avisei que podia correr mas não podia se esconder!
É. Eu ia morrer. Sem chances de sair viva dessa.
Então o outro T retrucou: Você não disse o contrário?
Mas eu não ia facilitar as coisas. Se eles me queriam morta, teriam muuito trabalho.
18:09pm: E lá estava eu, outra vez no cano amarelo canário, meu velho companheiro de guerra. Mas dessa vez não estava nos meus planos ficar escondida covardemente. Afinal, eu sou uma grifinória. Independente da minha mira.
Por que eu estava lá, então? Simples. Fazia parte do plano. Era a parte DI. Donzela Indefesa.
Então, eu saí do cano, me postei em sua entrada e comecei a gritar: James? James, onde você está? Marlene? Sirius? Cadê todo mundo? James, pare de brincar comigo! Apareça!
Logo apareceu um dos Ts, com um sorriso sacana, e eu parei de gritar e olhei pra ele, genuinamente surpresa.
Ele disse, se aproximando devagar, vendo que eu estava sem a minha arma: Então, Fadinha, procurando seus amiguinhos? Então não sabe da última? Eles morreram.
Escondi a raiva por causa da satisfação macabra do T e gaguejei: Eles... oh não!
Se aproximando mais, do jeito que eu queria, ele continuou: E agora você vai se juntar a eles, Fadinha.
Mantenha ele falando, Lily!
Olhei para os lados e recuei dois pequenos passos, apenas o necessário. Quase nada. Continuei: Quer dizer que vamos perder?
Ele riu, sempre se aproximando: Sim. E eu serei o herói do meu time. Matei você e o Porco-Espinho.
Engoli em seco. Só mais alguns passos...
Perguntei, piscando inocentemente: Tenho direito às minhas ultimas palavras?
Ele sorriu e disse: Claro, Fadinha. Vou te dar essa satisfação.
Ótimo. Ele estava no lugar perfeito. Desfiz toda a minha aparência de Donzela Indefesa e falei, erguendo o braço e apertando o gatilho da arma que estava apoiada ao meu lado: Nunca mais me chame de Fadinha.
E atirei uma bolinha roxa em seu peito, seguido de uma rosa em sua barriga e outra roxa no outro peito. Com uma feição surpresa, ele caiu para trás.
Com cuidado, soltei o meu colar do parafuso enferrujado do cano, desfazendo assim o suporte que eu havia armado para pegar o T-algum-número.
Prendi meu colar no pescoço de novo e o pus pra dentro do macacão branco. Peguei a arma – propositalmente carregada apenas de rosa e roxo – e sai, pulando graciosamente o cadáver do meu quase assassino.
18:38pm: Certo, já era um. Eu podia fazer isso. Eu podia conseguir matar o outro e assim me desculpar pela minha covardia mais cedo. E então venceríamos e a guerra acabaria, e aqueles arrogantes teriam que engolir a própria língua, e...
Uma voz masculina, perigosamente próxima, atrás de mim, falou: Ei Fadinha. Te encontrei.
Voltei-me lentamente para encarar o ultimo dos Ts. Engoli em seco. Eu estava totalmente indefesa, e não fazia parte de nenhum plano.
Ele disse, sorrindo: Já era, Fadinha. Agora, fica quietinha aí, como você fez o jogo inteiro, e me deixa carregar a arma aqui, tá bom, querida?
Ele levou uma das mãos à bolsinha que tinham-nos dado. Calma, Lily... Calma...
Com a outra, apertou o mecanismo que abria a arma.
Era agora. Hora do plano PQ. Pernas pra que te Quero.
Saí correndo desesperadamente, ouvindo-o praguejar muito alto atrás de mim.
18:49pm: Ninguém pode me acusar de abandonar os velhos amigos. Porque lá estava eu, outra vez escorada em cima do enorme colchão vermelho, de onde eu vira Marlene, Black e Jame...Potter serem mortos.
E só restava eu. E um dos Ts.
Eu estava agachada, para dificultar que ele me visse, quando o vi andando pelo campo, gritando a plenos pulmões: Fadinha! Cadê você? Pra que está se escondendo? Acabou o jogo mesmo! Nem aquele seu namorado conseguiu me matar, o que te faz pensar que você poderia? Não há nada que possa fazer. Venha logo aqui pra acabarmos com isso de uma vez! Prometo que não vai doer... Muito.
Vamos, Evans, vamos... Pense. Será que a minha única saída era arriscar acertá-lo de onde eu estava? Quais eram as chances de acertar? Quase nenhuma, que eu saiba. E além disso, errando eu estaria denunciando minha posição. Por outro lado, eu não podia ficar ali pra sempre, certo? Cedo ou tarde ele ia me descobrir.
18:51pm: O T continuava se aproximando. Minha mão estava tremendo de leve enquanto eu tentava mirar nele. Iria esperar ele se aproximar um pouco mais e então arriscaria. Era a única saída, afinal.
18:52pm: De repente, outra solução me veio à cabeça. Talvez eu não precisasse fazer isso, afinal de contas. Não precisava matá-lo.
Droga, porque foi que não prestei atenção no gordinho quando ele dava as instruções antes do jogo? Tudo culpa da Marlene, que fica me distraindo!
Certo, concentre-se, Evans. Você consegue lembrar... Ele falou alguma coisa sobre... uma bandeirinha!
É isso! Se eu achasse a bandeirinha do time deles, não precisaria matar o último T. Cuidadosamente, para não ser ouvida, comecei a me virar em cima do colchão. A vista era privilegiada, eu podia ver boa parte do campo.
E eu a vi!
Linda, tremulante ao vento, azul piscina, assim como as pulseirinhas que tinham entregado para eles. A nossa bandeira era vermelha, mas eu não a via. Acho que antes que meu time tivesse decidido onde deixa-la eu já tinha fugido. Que vergonha, Lily Evans.
18:59pm: Demorou um bom tempo para que o T se cansasse de olhar em volta o campo deserto, me procurando em vão. Acho que ele se lembrou de olhar alguns dos canos mais afastados, e foi pra lá.
Assim que ele sumiu de vista, desci o mais elegantemente possível do colchão – certo, não foi nada elegante. Eu estava inclusive com a língua de fora – e saí correndo para o lugar onde tinha visto a bandeirinha.
19:03pm: Cheguei no local onde a bandeirinha estava, de acordo com os meus cálculos, mas não a via por ali. Comecei a procurar, desesperada para encontrá-la logo e terminar com aquilo de uma vez. Foi quando ouvi uma voz atrás de mim: Ei, Fadinha. Te achei. Comecei a me virar, e foi quando meus olhos bateram na bandeirinha azul, a menos de dois metros de mim, entre alguns arbustos.
Mas o T estava com a arma apontada para mim. Eu tinha que enrolá-lo um pouquinho, para distraí-lo o suficiente.
Ele continuou falando, enquanto todos esses pensamentos passavam voando pela minha cabeça: E então? Qual é o seu último desejo? Sabe, eu até deixaria você me matar se me concedesse um último desejo. Mas seu namorado não gostaria nem um pouquinho... Você é a encarnação da mulher dos meus sonhos, praticamente. Só não é loira. Mas eu gosto de ruivas também. São quentes.
Tentando ganhar tempo, falei: Ah, é? Ele... Ele não é meu namorado.
O T pareceu um pouco surpreso: Não? Mas ele te olha como se fosse muito apaixonado mesmo.
Eu não disse nada, surpresa demais para falar.
Ele falou, um pouco amargo: O quê? Só porque eu sou grande e meio idiota não quer dizer que eu seja um tapado completo. Uma vez o Todd se apaixonou perdidamente por uma menina, e era assim que ele olhava pra ela. Mas o seu namorado olha ainda mais apaixonado pra você.
Eu pisquei algumas vezes e a única coisa que consegui dizer foi: Ele não é meu namorado.
Ele continuou: E você parece gostar dele também. Quando ele pega na sua mão, quando ele olha pra você, quando ele te abraça. Parece que você gosta muito.
Eu, confusa: Bem... Não é que eu goste, mas... Ah, quem não gostaria? Ele corre atrás de mim faz anos, ele é bonito, engraçado, forte, charmoso, inteligente... Não é porque é ele que eu gosto quando ele faz essas coisas!
O T demorou um pouco para entender – confesso que eu não fui exatamente clara – e disse: Você gosta quando ele faz essas coisas por que ele corre atrás de você faz anos, é bonito, engraçado, forte, charmoso, inteligente?
Fiz que sim, meio incerta. Ele respondeu: Então você gosta dele. Isso tudo é ele. Faz parte dele.
Pisquei os olhos, impressionada. Sabe, o T realmente tinha me deixado abalada. Mas então ele parou de ser simpático, sorriu de um jeito mau e ergueu a arma devagar, falando: Agora fica quietinha que tá na hora de ganhar o jogo.
Antes que ele fizesse alguma coisa, falei: Você está certo.
Ele parou a arma no meio do caminho.
Completei: Eu gosto dele. E está na hora de ganhar o jogo.
E então, antes que ele se recuperasse da surpresa, me joguei nos arbustos e peguei a bandeirinha. Assim que a minha pulseira encostou nela, um alarme soou por todo o campo. A arma do T, que estava atirando a torto e a direito, travou-se. O jogo tinha acabado.
19:18pm: De repente Marlene, Black e James (desisti. Não tem mais jeito de continuar chamando ele de ser humano. Eu já admiti que gosto dele, que mal vai fazer escrever o primeiro nome?) estavam na minha frente, sorrindo abertamente.
Ajudando-me a me levantar, Marlene contou, empolgada: Você ganhou pra gente! Sozinha! Superou seu medo!
Os dois rapazes olharam pra gente com as sobrancelhas erguidas. Black perguntou: Que medo?
Fiz um gesto de pouco caso com a mão, sem graça. Mas Marlene continuou tagarelando: Que ótimo! Eu apostei em você, sabe? Aliás... Ei, T2, pode me passar minha grana!
Um dos Ts se virou espantado: Mas eu não tô te devendo nada.
Marlene falou, aborrecida: Você não. Ele.
O outro T resmungou: Eu sou o T4.
Marlene revirou os olhos e falou: Foi mal. Agora me passa a minha grana. E nem tente me enrolar. Ou eu peço pra Lily matar vocês.
Revirei os olhos e me voltei para os meninos.
Black falou: Parabéns, Lily! Você acabou com eles mesmo estando em minoria.
James completou: E tendo uma péssima mira.
Olhei espantada para ele: Como você sabe?
Ele sorriu um pouco envergonhado e deu de ombros. Black riu e falou: Ah, o Prongs sabe umas coisas sobre você que duvido que até você mesma saiba.
Olhei para James outra vez: O quê?
James, encabulado: Ah, o Pads é exagerado. Eu só descobri algumas coisinhas sobre você no quinto ano, enquanto tentava te conquistar pra você sair comigo.
Sorri de leve. Não pela história, mas pelos apelidos. Os Marotos não sabiam, mas Alice, Marlene, Karol e eu sabíamos o segredo deles. Remus, o Moony, um lobisomem. James, o Prongs, um animago ilegal na forma de cervo. Black, o Padfoot, um cão. E Peter, o Wormtail, um rato.
Acho que foi quando eu soube o trabalho enorme que eles tiveram que comecei a ver os Marotos de um modo diferente. Mais ameno. Menos crítico. Mesmo que não demonstrasse tanto. Mas os mais próximos perceberam que eu dava muito menos patadas em James e Marlene em Sirius, e acabamos nos aproximando. Era como enxergá-los por um outro ângulo.
19:38pm: Parei de viajar quando Marlene falou: Bom, meus queridos, foi bom enquanto durou e tal, mas eu e o Black vamos indo.
Black deu um sorriso safado e comentou, feliz: Sabem como é, a Lene não quer me dividir.
Ela deu-lhe um safanão de leve e eles foram se afastando de nós.
James perguntou: Vamos?
Fiz que sim com a cabeça. Voltei para a cabana para tirar o macacão branco todo manchado (da partida que tinha feito com James mais cedo) e pegar minhas coisas. O único T de quem me despedi foi o ultimo que sobrara no jogo comigo, com um sorriso cúmplice.
Enquanto nos afastávamos, James perguntou como quem não quer nada, mas com ciúmes perceptível na voz: Sorrindo para o Tim?
Eu exclamei: Ah, então ele era o Tim! É, acho que sim. Ele não é tão mal assim. Falou umas coisas pra mim que foram meio duras, mas era tudo verdade.
Agora curioso e com ciúmes, James perguntou, ainda casualmente: Ah, é? E o que foi que ele disse?
Eu, me divertindo: Ah, ele disse várias coisas. Alguns elogios. Algumas coisas mais grosseiras. Falou de você. Falou do Todd.
James, agora espantado e com um princípio de irritação: De mim? E o que ele disse sobre mim que era uma verdade dura?
Eu, escolhendo as palavras lentamente, enrolando uma mecha do meu cabelo com o dedo: Bem... Ele disse que o jeito que você me olha... É igual ao jeito que o Todd olhava para uma garota por quem ele era apaixonado.
James corou e olhou para o lado.
Continuei, colocando as mãos no bolso: E quando eu disse que você não era meu namorado... Ele disse que não parecia... Porque quando você me abraçava, ou segurava a minha mão, ou me fazia rir... Parecia que eu também... Gostava muito de você.
James se virou tão rápido que ouvi seu pescoço estalar. Mas continuei falando, sem olhar pra ele: Engraçado. As pessoas vivem me dizendo que você gosta de mim de verdade. Mas eu precisei ouvir isso de um cara prestes a atirar em mim pra ouvir de verdade.
James perguntou, muito ansioso, com a voz meio rouca: E... E quanto à parte de você gostar de mim também? O Tom estava certo?
Eu exclamei: Não!
A cara que James fez foi horrível. Foi desolação total. Ele até empalideceu. Então me apressei a explicar: Não, não é Tom, é Tim. E sim, ele estava totalmente certo. Eu que fui idiota demais pra perceber.
A cara que James fez foi maravilhosa. Foi alegria total. Eu abri um sorriso tímido que logo aumentou ante o sorriso enorme e lindo de James.
Ele disse, ainda rouco: Lily, eu... Eu... Caramba! Nem acredito... Você...
Eu ri de leve e comentei: É, eu sei. O Tim não é tão idiota quanto parece, afinal.
James riu e se virou pra mim.
A rua estava movimentada. Já estava ficando escuro, e o frio estava uma delícia. Alguns postes estavam acesos, outros não.
E no meio de tudo aquilo, James parou e me parou também. Pôs as mãos na minha cintura. O simples toque daquelas mãos, fortes e protetoras, fez meu coração disparar. Pus as minhas mãos delicadamente sobre o seu peito totalmente definido. Nos aproximamos devagar. E então, finalmente, nos beijamos.
20:07pm: Merlin, foi o beijo mais incrível que eu já experimentei. Sabe tudo aquilo que dizem sobre o beijo do Potter? Quente, envolvente, sexy, estonteante. Pois é. Era isso. E muito mais. Minhas mãos correram do tórax para o pescoço dele, arranhando de leve seu pescoço e sentindo ele se arrepiar. Suas mãos, másculas e ao mesmo tempo cheias de ternura, passearam pelas minhas costas e voltaram para a minha cintura.
E possivelmente estaríamos nos beijando até agora se alguém não tivesse esbarrado com força em mim, nos fazendo parar. Olhei para trás procurando o imbecil que nunca mais teria filhos, mas a rua estava bem mais cheia e foi impossível.
20:11pm: James perguntou se eu queria sair dali. Concordei e segurei sua mão. Era tão perfeito. Nossas mãos simplesmente se encaixavam. Eu não esqueço aquele filme, "As sete regras do amor", que dizia que você saberia que encontrara o amor da sua vida se suas mãos se encaixassem. Bem, se fosse assim, James e eu éramos almas gêmeas.
Sorrindo bastante, James começou a andar até o Cabeça de Javali, comentando rapidamente que o Três Vassouras estaria muito lotado, o que foi muito educado da parte dele e tal. Quero dizer, ele não queria ficar me mostrando como troféu por aí, e sim ficar sozinho comigo.
Muito feliz, andei ao seu lado, encostada nele. Parecíamos aqueles casais totalmente apaixonados em um dia feliz no inverno frio. Entramos no bar, bem mais quente do que a rua. Antes de ir até o balcão, James virou-se e me deu um beijo rápido, de surpresa.
Perguntou, sorrindo: Vai querer uma cerveja? Ou alguma outra coisa?
Sorri de volta e falei: Fire Whisky. Vou pegar uma mesa.
E me aproximei e dei um beijo rápido, de surpresa. Ele abriu ainda mais o sorriso, se é que era possível, e eu me virei para procurar uma mesa. Escolhi uma mesa de madeira escura, como todas lá, redonda, perto da janela, de onde eu podia ver o tempo frio, e me sentei.
20:19pm: James chegou com duas canecas de Fire Whisky e sentou-se ao meu lado, bem próximo. Maravilhosamente próximo. Eu estava simplesmente amando aquilo.
Como é que pode? Nós passamos o dia inteiro normais, como amigos, e os pequenos gestos ligeiramente mais íntimos me enlouqueciam. Agora, de repente, eu estava total e perdidamente apaixonada, e não queria me separar mais dele! Céus, meu caso estava sério. Se eu tivesse demorado mais um pouco para abrir as olhos, pularia na cama com ele de vez. Mas vamos lá, analise. Já tínhamos perdido tempo demais. Agora vamos aproveitar, certo? Certo!
Falei, chateada, pegando o meu copo: Só temos mais dez minutos até voltarmos para o castelo. Eu não queria que esse dia acabasse.
James falou: Eu sei. Mas... A gente não precisa voltar com o resto do pessoal.
Notei seu nervosismo e perguntei, espantada: Não?
Eu sabia da passagem entre Hogwarts e Hogsmeade pela Casa dos Gritos, mas honestamente, não tinha o menor interesse de terminar esse dia lindo lá. Logo lá, onde Remus sofria tanto uma semana por mês.
James respondeu: Não. Existem algumas passagens que podem nos levar para a escola outra hora... Claro, se você quiser. Quero dizer, se não quiser usar as passagens, não tem problema, podemos ir agora e...
Eu, aliviada pelo plural: Claro que quero ir mais tarde! Mas será que pode me dizer onde fica a passagem que vamos usar?
James: Tem uma na Dedosdemel. Por quê?
Eu sorri: Por nada nesse mundo você me faria ir pela passagem da Casa dos Gritos. Então, vamos mais tarde?
James: Como quiser, madame.
Eu sorri também e ia pegar o copo quando um pensamento cruzou a minha mente, me deixando... basicamente assustada.
Sem graça, soltei o braço (forte e protetor e maravilhoso e quente) de James, que olhou para as minhas mãos – que até então estavam no braço acima mencionado – meio decepcionado, meio assustado.
Perguntei: James, você não... Quero dizer... Eu não estou...
Era difícil perguntar aquilo. O que eu queria saber era se eu estava sendo meio... grudenta. Quero dizer, só tínhamos nos beijado uma vez (certo, um senhor beijo, mas mesmo assim, "tu é grande mas não é dois") e eu já estava pegando na mão dele e me encostando e me agarrando nele. Eu nunca fui esse tipo de menina. E até onde eu sei, meninos não gostam muito disso, a não ser quando a menina em questão tem o direito, ou seja, esteja namorando com ele. O que eu não estava. Namorando, quero dizer. Remus falou que Marlene e eu não podíamos bancar as ciumentas, e eu tinha achado isso ridiculamente fácil na ocasião. Mas e se ser grudenta fosse tão ruim quanto ser ciumenta? E se fosse pior?
Tentei outra vez: Eu não estou sendo... grudenta, estou? Quero dizer, se quiser, eu me afasto. Sabe, ficar segurando sua mão, me encostando em você... Quero dizer, eu não tenho esse direito, e ninguém gosta de gente chiclete, e...
Sorrindo, James passou a mão no meu rosto: Não, Lily. Você não está sendo grudenta. A única parte que eu não gosto é quando eu não estou perto de você. Sentindo sua mão na minha. Sua cabeça no meu ombro. Sua boca na minha.
Corei, mas sorri. E aproximei meu rosto e o beijei. Sua mão foi para o meu pescoço, e a minha para o seu cabelo já totalmente desgrenhado, mas delicioso de se pegar.
19:31pm: Interrompendo o beijo, apareceram Marlene e Black, entrando no bar enquanto um grupo saía.
Black, assim que nos viu, exclamou: Aê, Prongs!
Era de se esperar que Marlene, sendo mulher, e conseqüentemente mais sutil, desse uma cotovelada ou um beliscão no seu alguma-coisa. Mas a Marlene nunca faz o que é de se esperar. Então ela apenas gritou também: Vai fundo, ruiva!
James sorriu e passou carinhosamente o braço em torno dos meus ombros, me trazendo mais pra perto. Marlene e Black se sentaram na nossa frente, e Black pediu dois copos de Fire Whisky. Claro que antes olhou para Marlene, sem falar nada, com um olhar interrogativo, e ela fez um aceno com a cabeça dizendo que sim. Pelo visto, Black aprendera alguma coisa sobre a minha amiga hoje.
Black perguntou, jogando um dos braços por cima do banco, mas sem encostar na Lene: Então, prontos para ir embora?
James: Oh, não. Decidimos ir mais tarde.
Black: Perfeito! Eu sabia. Então, Lene, o que acha?
Marlene: É, por mim pode ser. Lily, banheiro?
Esse é o código mais batido da linguagem feminina secreta de encontros, de modo que me soltei com pesar dos braços de James e fui com minha amiga até o centro de fofocas das ladys.
19:40pm: Assim que a porta se fechou atrás de nós, eu e Marlene falamos ao mesmo tempo, uma mais empolgada que a outra: E então?!
Rimos e andamos até o espelho meio enferrujado, enquanto ela resumia: Eu não acredito nisso, Lils! Eu quase me soquei hoje, de tanta raiva de mim mesma por estar de fato me divertindo na companhia do Black!
Eu falei, indignada mas sorrindo: Eu sei! Senti o mesmo!
Marlene prosseguiu: Mas aí me mandei parar de frescura, senão ia enlouquecer, e decidi aproveitar o passeio a todo custo, e pensar nas conseqüências depois.
Eu, empolgada: Apoiado! E então, funcionou?
Antes que ela pudesse responder, a porta foi aberta com violência e entraram duas garotas quase histéricas. Espantada, não identifiquei quem eram até elas gritarem: Parem as confissões! Não contem as fofocas ainda! Pára tudo!
É claro que eram Karol e Alice.
Arfando, Karol respondeu à nossos olhares assustados e inquisidores: Remus e eu encontramos Frank e Lice lá fora, então resolvemos entrar, já que já tínhamos perdido a carruagem mesmo, e então vimos os meninos e nos sentamos com eles, e eles disseram que vocês estavam no banheiro e viemos o mais rápido que pudemos, para não perder nem um segundo da fofoca. Então, ponham-nos em dia.
Sorrimos e nos acomodamos o melhor possível no banheiro pequeno, escuro e velho, mas estranhamente reconfortante, e por incrível que pareça, limpo.
Retomamos a conversa, depois de duas frases explicando o que elas haviam perdido.
Marlene: Se antes, mesmo contra vontade, eu estava me divertindo, depois de me obrigar a me divertir e esquecer o resto, então! É um dos melhores dias da minha vida, meninas!
Karol e Alice abriram sorrisos quase grandes demais para seus rostos.
Eu: Gente, eu estou... amando! É tudo tão perfeito! Eu até me... declarei.
Houve um segundo de silêncio respeitoso depois disso. Era uma coisa solene, afinal. Após esse tipo de babado, ou você faz um silêncio respeitoso, ou faz um escarcéu dos diabos. E o último escândalo fora há pouco tempo, de modo que elas optaram pelo silêncio. E mais tarde, no dormitório, só iríamos dormir depois que todos os detalhes fossem analisados até a exaustão por todos os ângulos, como melhores amigas fazem.
Marlene, baixinho: Então, você realmente gosta do James?
Eu, mordendo o lábio inferior: Eu estou apaixonada por ele.
Alice respirou profundamente, devagar. Então, ao invés de soltar o ar, soltou um gritinho: Ai, que perfeito!
Caí na gargalhada junto com elas, e quando paramos, perguntei: E você e o Sirius, Lene? Como estão?
Marlene, pensativa: Bem... Estamos nos divertindo. Agindo como amigos. Algumas discussões ocasionais, da minha parte, é claro; ele não se abala por nada. E temos alguns... bons... não, ótimos... momentos. Sabe, aquele tipo de momento.
Nós sabíamos. Toda garota sabe. É aquele momento que você não acredita que realmente esteja acontecendo com você. Que acontece nos filmes e nos livros. Que você perde o fôlego, perde o controle, perde a cabeça. Que seu mundo poderia acabar naquele momento, mas sempre ficaria feliz só de lembrar que aquilo já havia acontecido com você. Momentos com as quais toda garota sonha, e toda garota merece ter.
Marlene continuou: E é tudo tão natural! Tão espontâneo, tão "encaixável", tão meant to be!
Karol sussurrou: Eu sei o que quer dizer; Senti o mesmo quando comecei a sair com Remus, e lembro que Alice sentiu também quando começou a sair com o Frank. Mas ainda assim, nossos namorados fazem o estilo fofo. O de vocês faz o estilo garanhão.
Alice completou: O que torna tudo ainda mais encantador, e diferente, e especial.
Suspiramos em conjunto mais uma vez.
Karol: Bom, queridas, hora de voltar para a mesa. O papo tá bom, mas nós sabemos que essa noite examinaremos juntas até o último detalhe dos encontros do século. Por enquanto, o mais sábio seria aproveitá-los, não?
Era freqüente Karol, que era da Corvinal, vir dormir no nosso dormitório vez por outra. Só tínhamos nos tornado amigas depois que ela e Remus tinham começado a namorar, e ela tinha suas próprias melhores amigas, mas isso não impedia que nos tornássemos grandes companheiras.
19:57pm: Voltamos à mesa. Marlene e eu cumprimentamos Remus e Frank. Lene sentou-se bem próxima à Black, que abriu um sorriso enorme. Eu sentei-me encostada em James, que não disfarçou um sorriso gigante também. Todos riram dos dois bobos alegres e pedimos mais uma rodada de bebida. Conversamos por um tempo, em grupo, até decidirmos brincar de Verdade ou Conseqüência. Brincadeira de criança, como Marlene fez questão de ressaltar, mas todos foram a favor.
Se fazendo de macho, Sirius adiantou o braço pra pegar uma garrafa. Mas Marlene a tomou da mão dele e tomou metade de um fôlego só. Com os olhos quase arregalados, mas cheios de admiração, Black ia estendendo a mão para tomar o resto, mas Marlene estendeu a garrafa para mim, que virei o que sobrara.
Karol: Eu falei que elas possivelmente bebem mais do que vocês!
Eu: O que quer dizer com isso?
Marlene, com os olhos estreitos: É. O quê?
Karol, corada: Nada, nada.
Marlene e eu, ao mesmo tempo: Karol!
Alice gargalhou. Frank parecia perdido. Remus tinha uma expressão indecifrável. Foi então que notamos que havia duas pessoas anormalmente quietas, que obviamente tinham alguma coisa a ver com aquilo.
Eu, virando-me pro James: O que aconteceu?
Marlene, pro Sirius: Desembucha, homem!
James, sem graça: Bem...
Sirius, ainda mais sem graça (Marlene é bem mais perigosa do que eu): É que...
Karol: Eu só dei algumas dicas inocentes sobre vocês. Não foi nada demais.
É claro que a gente sabia que ela ia entregar. Karol não chega a ser como Alice, toda pacífica, meiga e calma, mas em geral não apresenta muita resistência.
Olhei pra Marlene, e ela olhou pra mim. Trocamos um diálogo, muito rápido, como se não tivesse mais ninguém ali, nos entendendo em poucas palavras:
Marlene: Gravidade, de um a dez.
Eu: Cinco. Informações sem relevância, ao meu ver.
Marlene: Idem. Matamos eles ou matamos ela?
Eu: Eles não têm culpa.
Marlene: Ela não teve intenção.
Eu: Sem matanças.
Marlene: De acordo.
Karol soltou um audível suspiro de alivio. James soltou o ar que estivera segurando, e eu sorri meigamente para ele, como se agorinha mesmo não estivesse discutindo, na sua frente, as circunstâncias de seu assassinato.
20:16pm: A garrafa girou pela primeira vez. Os escolhidos foram Alice e Sirius.
Alice: Quero verdade.
Sirius, o indiscreto: Você e o Frank já passaram para aquele estágio do relacionamento?
Alice corou fortemente. Assim como Frank. Contendo-se, ela respondeu, depois de um tempo de choque: Estamos cogitando a possibilidade.
Os rapazes mais próximos deram tapinhas nas costas de Frank. As meninas lançaram olhares de clemência à Alice. Exceto Marlene, é claro, que gritou: Se deu bem, Frankie!
20:22pm: Novos escolhidos: James e Sirius.
James: Verdade.
Sirius ficou decepcionado, mas então sorriu de modo safado: O que achou da ruivinha aí? Você sabe em que sentido.
Corei fortemente e me encolhi, encostada em James. Todos riram, e ele estava sorrindo quando respondeu: Ela é... quente.
Os risos viraram gargalhadas. Virei-me indignada, mas sem conseguir deixar de sorrir, e dei um tapa no braço do moreno maravilhoso que ria ao meu lado.
20:48pm: Quando nos acalmamos outra vez, a garrafa foi girada. Sirius e eu.
Sirius: Tá na hora de esquentar isso. Apesar de você ser a quente aqui, claro, Lily. Conseqüência.
Todos riram do comentário e eu sugeri, inocentemente: Vejamos... Porque não... Beija a Marlene?
Quase tão inédito quanto Sirius Black corar, minha amiga corou. De leve, claro.
E com um sorriso entre canalha e genuinamente feliz, Sirius virou-se para ela e segurou seu rosto, firme, mas delicado. E se aproximou devagar e tocou seus lábios. Por um momento, foi só isso.
Até que eu falei: Eu disse beijo. Que coisa mixuruca é essa aí?
Como ambos são orgulhosos ao extremo, o que vimos a seguir foi de tirar o nosso fôlego. A mesa estourou em aplausos, assovios e gritos.
20:59pm: Depois que eles se recompuseram, a garrafa foi girada. Marlene e James.
James: Conseqüência.
Marlene, sorrindo marotamente, com tom de desafio: Barre-nos.
Ergui uma sobrancelha. Era guerra, então?
Quando James se virou pra mim, colei nossos lábios devagar, pondo a mão em seu pescoço. Ele aprofundou o beijo – Merlin, e que beijo! – e me puxou pra mais perto. E pode apostar, se a gente não ganhou, ficamos no mínimo em pé de igualdade com o casal cinematográfico.
Outra vez a mesa toda fez a maior barulheira.
21:06pm: Antes que a garrafa pudesse escolher suas próximas vítimas, Remus a segurou, sob protestos (não muito entusiasmados. A brincadeira de criança já dera o que tinha que dar).
Remus: Galera, acho que é melhor a gente ir caçando um rumo.
Sirius: Mas ainda são nove horas!
Remus: Mas podemos andar pelo vilarejo. É mais bonito à noite, e não creio que as meninas tenham tido muitas oportunidades de vê-lo assim.
Claro que todos perceberam a mensagem implícita. Agora era a hora dos casais. Não que eu me incomodasse.
Enquanto estávamos todos pegando casacos e tirando as carteiras do bolso, Sirius, esparramado na cadeira, falou, como quem não quer nada:
Sirius: Antes de sairmos, eu achei uma coisa que acho que vocês vão gostar de ver.
Ele retirou um papel amarrotado do bolso e o entregou a James. Como estava muito próxima a ele, pude ler junto. Caso contrário, não sei se acreditaria no que ele estava lendo em voz alta.
Quadro de Apostas
Zelador Filch: Cinco galeões que aquele fanfarrão impossível vai se dar mal.
Madame Pince: Cinco galeões que a garota Evans é esperta demais para cair no papo do Potter.
Madame Ponfrey: Cinco galeões que o Potter vai aparecer pra me visitar em 24 horas por causa da Evans.
Profº Flitwick: Dez galeões que Potter e Evans continuarão brigando. Ainda mais, se possível.
Profª Sprout: Cinco galeões que a garota Evans e o rapaz Potter não vão mais gritar um com o outro. Por uma semana.
Profº Kettleburn: Dez galeões que não são compatíveis.
Profº Slughorn: Dez galeões que a minha Lily vai dar um jeito no rapaz Potter. Aquela garota é brilhante! Já contei da vez que Potter tentou explodir o caldeirão do Severus – aluno igualmente brilhante, aquele! – e a Lily viu e—(borrão de tinta).
Profº Vector: Cinco galeões que serão um casal feliz. A numerologia bate, sabem?
Profº Binns: Cinco galeões que Potter e Evans continuarão a mesma coisa de sempre. São aqueles dois que vivem brigando, não é mesmo? É, mantenho o que disse.
Profª McGonagall: Dez galeões que Potter e Evans começarão a namorar em breve.
Diretor Dumbledore: Dez galeões que James e Lily se tornarão o mais famoso casal do sétimo ano – mas sinceramente não tenho garantias quanto aos gritos.
Marlene, gargalhando: Oh, não! Não acredito! Lily Evans, eu me enganei. Os professores não te conhecem só pelas suas notas.
Eu, horrorizada: Eu não grito tanto! Grito?
James, sem graça: Bem, não. Mas quando grita, meio que fica marcado, entende?
Alice: Tipo no quinto ano, perto do Lago.
Remus: Ou depois do jogo de Quadribol no sexto ano.
Frank: Ou no quarto, antes do café-da-manhã, lembra?
Marlene: Ou...
James, muito sem graça: Tá bom, tá bom, ela já entendeu.
Sirius, já na porta: Então, vocês vão ficar aí pra sempre ou o quê?
21:32pm: Todos nós saímos, colocando casacos, gorros, luvas e cachecóis (sim, recebi os mais animados elogios ao meu novíssimo cachecol), e antes que eu pudesse dizer "James Potter é gostoso pra caramba" (o que ele é, mas eu não ia dizer), percebi que os casais já estavam se juntando e se afastando. Marlene, que tinha ficado por último, se aproximou de mim.
Marlene, baixinho: Ei, ruiva, sabe se vamos voltar pela Casa dos Gritos?
Eu: Não, vai ser pela Dedosdemel.
Marlene: Ótimo. Não quero... Bem, você sabe.
Concordei com a cabeça. Marlene prosseguiu: Então, eu vou ali aproveitar que tenho Sirius Black só para mim. E você, não faça nada que eu não faria, hein?
Eu, rindo: Oras, Lene, você acaba de me dar carta branca pra fazer qualquer coisa.
Marlene, sorrindo marotamente: Esse é o espírito, garota.
21:34pm: Potter envolveu minha mãozinha pequena e delicada na sua mão grande e forte e eu senti que eu poderia explodir de felicidade. Começamos a andar pelo povoado, calmamente.
21:40pm: Estávamos conversando tranquilamente enquanto andávamos pelo povoado.
James: Lily, você acredita em amor à primeira vista?
Eu, rindo: Oras, James, não tente me ganhar com esse papo fajuto. Eu sei tão bem quanto você que a primeira vez que nos conhecemos foi uma cortesia da varinha de Sirius Black, que por algum motivo, achou que seria engraçado jogar um balde d'água em mim.
James: Ei, mas foi o Sirius. Quando eu cheguei e te vi, correndo atrás dele, encharcada dos pés à cabeça, vermelha como um pimentão, gritando que você mostraria onde ele poderia enfiar aquela varinha...
Eu: Você não se apaixonou por mim nesse dia, James! Quando você nos encontrou, você riu até chorar e disse que eu não tinha do que reclamar, já que o plano original era me jogar no Lago enquanto íamos para a Escola.
James: Tudo bem, tudo bem. Não foi nessa ocasião que eu me apaixonei. Foi quando eu te vi pela segunda vez.
Olhei confusa para ele.
James: No primeiro dia de aula. Um cara do terceiro ano achou que seria divertido colocar o pé na frente de Remus para fazê-lo cair. Você nem o conhecia. Mas o ajudou a se levantar, e disse pro cara: "sabe, eu lamento que seu pé seja maior do que a sua cabeça..."
Eu: "...Mas você devia prestar mais atenção em onde você o coloca. Para evitar mais acidentes, entende?"
James, rindo: Eu nunca tinha visto uma garota, com tão poucas palavras, colocar alguém mais velho no seu devido lugar.
Eu: Acho que eu tive muita sorte. Aquele cara era enorme, se comparado comigo. Ele podia ter me quebrado.
James, abanando a mão: Não, eu acho que são seus olhos verdes. Eles podem ser intimidantes, às vezes.
Eu: Ah, é? E você se intimida com eles?
Olhei para ele, com o olhar mais sedutor que consegui fazer. Mas o olhar que recebi de volta me surpreendeu. Os olhos castanho-chocolate de James estavam tão sinceros, profundos e... apaixonados. Sem perceber, prendi a respiração.
21:47pm: Ficamos nos olhando por alguns segundos. Então, tão de repente que eu até me assustei, James colou sua boca à minha e pôs suas mãos na minha cintura e nas minhas costas, enquanto eu coloquei as minhas em seu peito. Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, ele me puxou delicadamente para o que eu notei distraidamente ser um beco escuro.
Mas eu quase não conseguia perceber o mundo ao meu redor. Porque não era um dos beijos que eu tinha provado antes. Era intenso, apaixonado, selvagem. Era uma coisa enlouquecedora.
Tão enlouquecedora que eu senti um calor subir pelo meu corpo. Calor esse que se intensificou quando James escorregou uma das suas mãos para dentro da minha blusa. Por um segundo, ele parou de me beijar, e eu senti que preferia morrer a ficar sem aqueles beijos. Então ele foi trilhando um caminho de beijos quentes no meu pescoço, e eu não resisti e ofeguei alto.
Ele percebeu, claro, e murmurou na minha orelha, com a voz rouca mais sexy que eu já ouvi: Então, achei seu ponto fraco.
Meu suspiro foi resposta o suficiente, e James deu um sorriso maroto meio de lado antes de atacar meu pescoço outra vez com os beijos maravilhosos dele.
Depois de alguns segundos, em algum lugar da minha mente não totalmente anestesiada, decidi que não era justo que ele me tivesse na mão, e resolvi contra-atacar.
Procurei sua boca com a minha e o beijei com paixão, percorrendo com a mão, por baixo da blusa, seu abdômen totalmente definido. Depois de conhecer cada linha daquela barriga perfeitamente esculpida, percorri, por cima da blusa, seu peito, seus ombros, seu pescoço, terminando na sua nuca. Assim que toquei no seu cabelo, senti que James se arrepiou.
Afastei nossas bocas por um momento e sussurrei, com voz doce e rouca: Então, achei seu ponto fraco.
Continuamos nesse amasso forte por mais algum tempo – realmente, não faço idéia. Perdi toda a noção de tempo, e James também. Nós só paramos quando ouvimos o relógio do povoado bater dez vezes, indicando que eram dez horas.
22:00pm: Eu, ofegante: Acho... Acho que é melhor...
Ele, também ofegante: É. É, já está tarde...
Eu me afastei um pouco e tentei arrumar o cabelo e ajeitar a roupa. Ele sorriu, meio de lado, de um jeito que tornou para minha a tarefa de parar os amassos muito mais difícil.
Ele: Você fica maravilhosamente linda assim.
Eu, confusa: Bagunçada?
Ele riu: Com essa cara corada, com expressão de quem estava fazendo alguma coisa escondida.
Eu corei e fechei o casaco, e James me abraçou, ainda sorrindo, para sairmos do beco.
22:05pm: À medida que íamos caminhando pelo povoado, íamos retomando o fôlego e a calma, e até voltamos a arriscar uma conversinha.
Eu, encantada: Os passeios a Hogsmeade deveriam ser feitos à noite. É tudo tão lindo e charmoso!
James: No inverno fica ainda mais bonito. As lojas acendem luzes mágicas de decoração de Natal, as casinhas parecem de contos de fadas, com a neve cobrindo os telhados, e todo mundo fica tão mais simpático...
Eu, casualmente: Deve ser perfeito. Sabe, se no inverno você me convidar para um passeio, há grandes chances de eu dizer sim.
James parou de andar e me encarou, sério: Você está dizendo que depois de hoje vai sair comigo de novo?
Eu: Mas é claro que vou, James! Acha que eu me entrego tão facilmente no primeiro encontro com alguém que nem pretendo me encontrar outra vez?
James: É que... Bem, Lily, eu quero que você saiba que o que eu quero com você é bem sério. Não é brincadeira, não é só curtição. E não quero que você pense isso.
Eu: Você quer dizer que...
James: Que estou apaixonado pra valer por você, Evans, e não vou te deixar escapar, agora que eu te tenho. Ou quase tenho.
Eu: Bom saber, Potter. Porque eu também estou apaixonada por você, e não pretendo te deixar fugir tão facilmente.
Ele sorriu, eu sorri e nos beijamos.
E, nesse exato momento, começou a nevar.
N/A: Pronto. Gostaram? Nem valeu a pena a demora, eu sei, mas eu realmente estava incapacitada de postar antes. E depois, acabei me enrolando tanto que praticamente desisti da fic. Mas hoje resolvi postar pelo menos esse, porque se eu resolver mesmo parar com Pena e Pergaminho, pelo menos dou pra vocês o capítulo que tanto esperaram, né? Esse é praticamente a razão da fic!
Enfim, eu devo a todos vocês as mais sinceras e arrependidas desculpas. Acho uma falta de consideração sem tamanho demorar o tanto que eu demorei, mas só eu sei o quanto me foi custoso escrever esse capítulo várias vezes, e depois nem conseguir mais olhar para a cara dele. Ainda assim, mil desculpas. Espero que vocês possam me perdoar, me deixar uma reviewzinha e talvez até voltar a acompanhar a fic, caso eu consiga (com um incentivozinho de vocês) escrever logo o encontro da Marlene com o Sirius (tenho o roteiro básico na cabeça, o difícil é passar pro papel!).
Por último, muito obrigada aos que mandaram reviews no último capítulo, cada uma delas teve um papel fundamental para não me deixar excluir logo a fic. É incrível o poder que as palavras gentis e encorajadoras de pessoas que você nunca viu tem, cara :D E obrigada à Ceci, que betou o capítulo cem mil anos atrás.
Beijos, e até breve (cruzem os dedos).
Flavinha.
PS: Aliás, gostaram do capítulo? Eu, particularmente, amei o final! :D