Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR. Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!


Nota da Autora:

1 - Essa fic foi escrita muito tempo atrás, e ficou muito tempo parada. Finalmente, decidi continuar de onde parei, mas para isso, ela precisa ser reeditada. Até reescrita em algumas partes. A partir de agora, a Entrelaçados será continuada e os capítulos serão postados novamente pois relendo-a, encontrei coisas mal escritas e sem sentido, que preciso muito melhorar, para vocês terem uma melhor experiência de leitura comigo.

2 - Como todos que já acompanham sabem, a história é uma releitura dos anos em Hogwarts, só que escrita do ponto de vista do casal principal desta trama (Severus e Hermione). Inicialmente, nada de envolvimento romântico, com o passar dos anos dela na escola, isso será inevitável (paciência, gente).

3 - Alguns trechos serão como a história original da JK, mas a maioria deles, será devidamente arranjado para o desenvolvimento do nosso Shipper. Então, é isso. Vamos lá!


Capítulo 01 - Escolas


Amanhecia no típico bairro londrino, era o início do verão e os pássaros cantavam na calma rua onde a família Granger reside. Os raios de sol aqueciam os jardins bem cuidados das casas. Todas pareciam iguais, em estilo vitoriano e suas fachadas assimétricas que destacam janelas de guilhotina em vãos salientes. Com pavimentos térreo e superior, as colunas do alpendre eram um charme por serem muito bem torneadas e balaústres.

A casa do casal Granger fica no fim da rua, a pintura brilhante completava a riqueza dos detalhes daquele modo de vida. Internamente a casa é completamente aconchegante, móveis finos podem ser vistos em qualquer um dos diversos ambientes. Na lareira com frontão de mármore, vários porta-retratos indicam a felicidade que mora ali, junto com a simpática família. Os Granger são um casal muito querido pelos vizinhos e amigos, têm uma brilhante carreira de dentistas. Em algumas das fotografias dispostas sobre a lareira viam-se em países diversos, para os quais o casal viajava a trabalho ou de férias.

O casal Granger têm uma única filhinha; ela é o maior bem que possuem. Hermione Jane Granger agora está com onze anos de idade. Completa doze em breve. Ela é uma garota que todos dizem ser crescida demais para sua idade. Sempre atenta ao que se passa ao seu redor, Hermione destaca-se em tudo que faz; nos locais que costuma frequentar com seus pais, sempre é observada por crianças que se espantam com a sua esperteza e admirada por adultos que acham seu Q.I. acima do normal.

Sua inteligência aguçada é justamente o motivo pelo qual seus pais conversam tão cedo na cozinha da casa deles, enquanto o café da manhã ainda está sendo preparado pela própria Sra. Granger.

— O que você acha desta aqui Marie? É uma escola na suíça para crianças superdotadas.

— Superdotadas? Allan, que exagero! A nossa filha só é um pouco estudiosa demais. Ela é inteligente e se esforça para demonstrar isso. E aqui no folheto diz que há testes a cada mês para saber se a criança continua apta para os estudos! Não, ela realmente não vai gostar.

— Claro que ela vai gostar Marie. E nossa filha não é só inteligente, não sei como explicar, mas às vezes tenho a impressão que ela tem algo muito mais especial do que só inteligência.

— Óbvio que ela tem algo especial, é a nossa filha.

— Não Marie, não especial só por ser nossa. É algo a mais, algo como... algo como... Uma pára-normalidade, é isso! Tenho certeza que já vi a Hermione fazer alguma coisa estranha... Não lembro bem, mas talvez tenha sido movimentar alguma coisa sem usar as mãos.

Marie não conseguiu abafar uma risadinha.

— Allan, por favor, não me faça rir a essa hora da manhã. Nós já concordamos que isso deve ter sido apenas impressão sua. O assunto agora é a escola que vamos mandá-la e lá vem você falar de novo em pára-normalidade. A nossa Hermione é perfeitamente normal.

Allan suspira em resignação.

— Como quiser querida, não vamos retornar à esse assunto. Mesmo assim, vou mostrar a proposta do colégio suíço para ela. Nossa filha sempre discutiu conosco suas decisões. E você, Sra. Granger, vai aceitar o que a Hermione decidir, ouviu bem? Você tem a mania de tentar persuadi-la a mudar de opinião.

— E até parece que ela muda não é? A nossa filha tem opinião própria, se você se esqueceu, e também tem a cabeça no lugar. Tenho certeza que vai escolher o que for melhor para ela.

A conversa dos dois continua sobre as propostas de estudos que sua filha tem, antes de mudar para as casualidades do dia-a-dia deles como dentistas. Naquele mesmo instante, muito longe dali, algumas outras pessoas também conversam sobre o futuro da garotinha Hermione Jane Granger, mas essas pessoas já sabem para qual escola ela irá.


Na sala dos professores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, o Diretor Alvo Dumbledore debate com seus funcionários sobre o ano letivo que começará em setembro próximo.

— Bem queridos professores, essas são as cartas para os alunos do primeiro ao sétimo ano da escola; a professora Minerva aprontou todas elas pessoalmente. Preciso informar aos senhores que irei me ausentar da escola durante todo o mês de Julho e metade do mês de Agosto. Tenho que resolver assuntos de extrema importância na Confederação Internacional dos Bruxos, que infelizmente não podem ser adiados. Durante minha ausência, a Diretora Substituta ficará atarefadas com os encargos da escola. Esse é um ano especial. Todos sabem quem está vindo para estudar conosco, e eu temo que a segurança de alguns de nós esteja ameaçada. As forças das Trevas que andam adormecidas podem querer voltar a agir diante da chegada do "menino que sobreviveu". Eu cuidarei pessoalmente para que todos estejam seguros aqui, mas sugiro à todos vocês que redobrem os cuidados pessoais.

O professor Snape, sentado mais ao fundo da sala, amplia a carranca de total desagrado por estar naquela reunião ao ouvir a referência ao garoto Potter. Como se já não bastasse ser obrigado a dedicar sua vida a ensinar, e não ser segredo para ninguém que não estava ensinando a matéria que desejava, agora tinha um motivo a mais para odiar aquele ambiente: seria forçado a reviver uma época da sua vida que gostaria de esquecer. O garoto estava vindo, o "menino que sobreviveu" , como todos o chamavam. Ele viria para Hogwarts atormentá-lo, igual aos fantasmas do passado que o atormentam em seus sonhos.

Severo foi trazido novamente a realidade da reunião ao ouvir seu nome.

— Severo? — Dumbledore o fitava indagador, com seus atentos olhos azuis. — Eu estava comunicando aos presentes nesta sala, que temos que designar os professores que irão buscar os alunos nascidos trouxas.

Snape acenou com a cabeça e lançou um olhar de total desprezo à professora Trelawney que abafou um risinho por ter visto o professor ser sutilmente repreendido.

— Como eu ia dizendo — Continuou o Diretor —, eu designei cada professor para visitar as famílias dessas crianças. Temos, nesse ano, um total de quatro alunos totalmente nascidos trouxas, e todos sabem que eles precisam desse acompanhamento, por nunca terem tido contato com o mundo bruxo. Por motivos já esclarecidos, eu e a professora Minerva não participaremos dessas tarefas.

Severo espantou de vez os fantasmas que o perseguiam, e passou a dar muito mais importância ao que o Diretor falava a partir desse ponto. Já sabia o que o esperava.

— À frente de cada professor designado, estão as anotações sobre as famílias que visitarão.

O Diretor acenou levemente a varinha, e pergaminhos surgiram à frente dos professores Flitwick, Sprout, Vector e, para total desagrado do próprio, Snape.

— Aí estão descritos os endereços, nomes dos pais e das crianças e algumas características delas, assim como a relação de feitiços involuntários que realizaram. Peguem suas relações, e podem se retirar. Exceto você Hagrid. Espere-me no meu escritório; preciso conversar com você a sós.

Snape se levantou de imediato de sua cadeira dirigiu-se à porta. Aquilo era uma total perda de tempo para ele. Um aluno nascido trouxa obviamente nunca seria selecionado para sua Casa. Estaria apenas prestando favor às outras Casas da Escola, e essa ideia não lhe agradava em nada. Como se adivinhasse o que passava pela cabeça do seu Mestre em Poções, o Diretor dirigiu-lhe a palavra:

— Severo? Só mais uma observação, por favor.

Ele estancou junto ao umbral da porta e retrocedeu dois passos.

— Pois não, Diretor.

— Essa era a designação da professora Minerva, mas devido às circunstâncias, passei-a para você. Tenho plena confiança que conhece as regras.

— Obviamente.

— Assim espero Severo. Pode ir agora.

Dumbledore acompanhou com o olhar seu professor de Poções ir embora. Soltou um suspiro cansado antes de também sair da sala dos professores. A missão de Hagrid era agora o que mais importava. A amargura do seu professor de Poções talvez já fosse um caso perdido.


Severo dirigiu-se aos seus aposentos com o pensamento de que aquela tinha sido mais uma reunião totalmente inútil. Só serviu para tomar-lhe um tempo em que poderia estar fazendo algo mais agradável do que conversar sobre trouxas. Gemeu por dentro. Um de seus fantasmas, com certeza um dos que mais lhe incomodavam, era trouxa. Não iria deixar assombrar-lhe agora, somente à noite ele tinha esse direito.

Durante o dia, Severo tinha trabalho a fazer. Desdobrou o pergaminho da reunião e passou os olhos por ele. Iria se encarregar da família trouxa hoje mesmo. De novo essa palavra. Ele soltou uma praga em voz alta, recolheu sua capa e saiu batendo a porta.

Caminhou pelos corredores desertos do castelo e saiu pelo jardim. Odiava sair no sol; suas vestes esquentavam e o faziam sufocar, sem contar a claridade que ofuscava sua vista. Passou pelos portões da escola e aparatou diretamente para o Caldeirão Furado.

Reapareceu no bar de aspecto sombrio. Um rápido aceno de varinha e um sussurro inaudível, e suas vestes não eram mais as mesmas. Agora estava vestido com um elegante terno. Os cabelos estavam bem penteados e presos num rabo de cavalo. Caminhou em direção a saída e já quase na porta quando alguém pôs a mão sobre seu ombro e o fez estancar.

— Severo! Como está elegante. Vai a um encontro romântico?

Respirou fundo ao ouvir aquela voz, e virou-se para encarar o homem de face pálida e cabelos tão louros que quase lhe ofuscavam a vista. Sua expressão se fechou mais ainda e a voz saiu mais dura do que de costume:

— Lúcio, não esperava encontrá-lo por aqui hoje. Imagino que estava tratando de negócios. Na Borgin e Burkes?

O homem louro deu um sorriso sarcástico.

— Meus negócios, Severo, mesmo na Borgin e Burkes — Lúcio mirou por um instante a roupa do outro e ampliou ainda mais o sorriso –, não me rebaixam a certos níveis.

Foi a vez de Severo rir sarcasticamente.

— Ah claro, meu bom e velho amigo Lúcio Malfoy nunca se vestiria como um trouxa, mas adora um contrabando de artefatos das Trevas. Realmente você não se rebaixa a certos níveis, descer mais seria impossível.

— Cuidado com o que anda fazendo Severo. Acha mesmo que esse "bom tempo" vai durar? Quando o Lorde das Trevas voltar ao poder, você não vai estar com essa arrogância toda. Afinal, estando do lado daquele amante de trouxas, sua reputação no nosso meio estará como essa escória que está vestido.

— O Lorde das Trevas não precisa que ninguém o diga quem é a escória do mundo bruxo, Lúcio. Quando, e se, ele retornar, veremos quem fez o seu trabalho com competência. E eu não tenho mais tempo para perder com você.

Os olhos do loiro refletiram o sentimento que fervilhava dentro de si e ele observou Severo se afastar, com a raiva explodindo dentro dele. Aquele homem que se afastava era uma pedra no seu caminho, e tudo era incerto ao redor dele. Nenhum dos que ainda restavam no círculo dos seguidores do Lorde das Trevas sabia o que se passava dentro da cabeça daquele bruxo. Lúcio tinha absoluta certeza que do outro lado, ninguém sabia também, exceto talvez um único bruxo.


Snape embarcou no metrô trouxa e seguiu para o bairro que estava escrito no pergaminho. Não era longe do centro, mas quanto mais rápido acabasse com aquela idiotice, melhor. Apanhando o pergaminho de Hogwarts, leu as informações que continha abaixo do endereço:

Aluna: Hermione Jane Granger.

Responsáveis: Sr. Allan Scott Granger e Srª. Marie Jane Granger.

Mágicas involuntárias: Registros do Ministério da Magia indicam que o feitiço Lumus foi acionado em duas ocasiões distintas, quando tinha seis e oito anos de idade, respectivamente. Mais recentemente, aos nove anos, foi identificado o feitiço Accio.

Soltou um muxoxo de impaciência. Não suportava a ideia do Ministério da Magia ter a mania de vigiar a vida dos outros. Um bando de desocupados que, ao invés de procurarem o bem estar do mundo bruxo, se preocupavam com feitiços involuntários feitos por crianças. Era demais para o seu entendimento.

Desceu na estação indicada e andou a passos largos pela rua. Se não fosse tão arredio com o que dizia respeito aos trouxas, Snape teria admirado a caminhada; Notting Hill é um bairro de charme incomparável. Ao mesmo tempo em que é um bairro central, ele inspira tranquilidade e segurança. O burburinho dos bares, feiras ao ar livre e das inúmeras lojas de discos, fazem qualquer um se encantar, exceto claro, o Mestre em Poções de Hogwarts.

Encontrou a rua citada no pergaminho e se direcionou para o que, a seu ver, era a casa mais bonita dela. Viu movimento no interior, verificou a varinha dentro do paletó e se encaminhou para a entrada. Tentou pôr no rosto uma expressão de simpatia, que simplesmente não existia. Percebeu que não adiantaria muita coisa, e decidiu usar sua própria expressão, aquela que todos ao seu redor conheciam: total impassividade, e tocou a campainha.

O pais de Hermione estavam tão entretidos no café da manhã que se assustaram com o barulho.

— Está esperando alguém Allan?

— Não, hoje não.

— Certo. Deixe que eu mesma vou atender, continue com o seu café.

Marie abriu a porta, e encarou o homem à sua frente com uma expressão curiosa.

— Posso ajudá-lo?

— Sim, sou o professor Severo Snape e estou aqui para conversar com o Sr. e Sra. Granger.

— Sou Marie Granger. — Ela estendeu a mão para cumprimentá-lo. — Qual seria o assunto, Sr. Snape?

— Sua filha, Srta. Hermione Jane Granger.


Beijos e até o próximo!