Capítulo I

A noite abate-se sobre a cidade de Station Square, fazendo candeeiros e mais candeeiros de rua iluminarem todos os recantos escuros e sombrios da enorme cidade. A actividade cessa completamente em todas as ruas deixando-as absolutamente vazias e desertas, passando de vez em quando um carro em alta velocidade, ou então um pobre mendigo que deambula em busca de um pedaço de pão. Mais uma vez, esta enorme metrópole fecha os seus olhos e prepara-se para um merecido descanso. Mas nem em todos os sítios isto acontece. A cerca de 10 Km de Station Square, no meio de um pequeno conjunto de montanhas que em tempos foram vulcões activos situa-se o quartel-general da G.U.N. Army, uma das maiores corporações militares do planeta responsável pelo abastecimento de todo o tipo de armas nos quatro cantos do mundo, a segurança não cessa nem por um segundo. Este quartel-general é um dos complexos militares mais avançados e mais bem protegidos do mundo. Composto por um arranha-céus de quarenta andares e três pavilhões suficientemente grandes para meter toda a população de Station Square, este complexo é uma autêntica prisão de alta segurança. E não é para menos, dentro do arranha-céus, o qual é o centro de operações estão guardados algumas das armas mais perigosas do universo e alguns dos documentos mais secretos alguma vez escritos pelo Homem. Caso algum destes objectos caísse nas mãos erradas, possivelmente estaríamos condenados. Muitos já tentaram entrar nas entranhas desta inexpugnável fortaleza na tentativa de conseguir alguma arma ou então algum documento, mas nenhum conseguiu. Os poucos que conseguiram entrar lá dentro e sair com vida contam-se pelos dedos das mãos, pois os sistemas de segurança desta base são controlados por um super computador da última geração de inteligência artificial chamado "Diamond X-79" que está programado para matar qualquer intruso que se infiltre no perímetro da base.

No seu interior, homens e mulheres de todas as idades, religiões e personalidades trabalham incessantemente para assegurarem que estes segredos continuam tão secretos quanto no dia em que foram designados como segredos de estado. A maior parte desses segredos estão vigiados 24 horas sobre 24 horas por sistemas de alta segurança, porém, uma pequena minoria desses segredos que são considerados como "Extremamente Perigosos" estão armazenados no cofre-forte mais poderoso alguma vez construído pela Humanidade. Parece que todos estes sistemas significam o Inferno puro para qualquer conspirador, traidor ou espião que se atreva a desafiar a segurança.

Subitamente, no interior da enorme base ouve-se uma espécie de rugido que ecoa nas estruturas de aço e betão produzindo um som horrivelmente incomodativo, alertando toda a gente que algo estava a acontecer. Era o alerta de segurança máxima. Nos corredores e no exterior do próprio recinto sirenes vermelhas continuavam a girar sobre si mesmas projectando feixes de luz vermelha por todos os lados.

No interior da sala de segurança do complexo militar os dois responsáveis pela monitorização das câmaras de segurança ficam completamente baralhados e confusos quando lhes parece que o sistema inteiro ficou maluco. Esta sala era uma sala com cerca de quarenta metros quadrados. Nas suas paredes estavam afixados ecrãs e mais ecrãs de televisão ligados a um enorme teclado. O chão era pavimentado com azulejos negros espelhados. As únicas coisas que mobilavam aquela sala eram duas poltronas de escritório com rodinhas por baixo.

Os dois responsáveis vestiam batas de ganga azul, com os seus nomes na lapela. Monty era o mais velho, 48 anos de idade com apenas mais alguns anos até à reforma, bem constituído, alto, moreno, com olhos verdes. O outro era Robert, 43 anos de idade, baixo, ligeiramente obeso, moreno, com olhos castanhos e com um maldito gosto por donuts que até enjoava. Embora fossem amigos já de longa data, havia sempre uma ou outra briga ou discussão entre os dois, tal e qual como naquele momento.

Não percebo o que se passa, Robert! Nada disto faz sentido!

Achas que ainda não percebi isso, Monty! Mas que diabos, o que é que está a acontecer?

Não me perguntes, segundo o computador o intruso foi localizado não no exterior mas sim no interior do próprio complexo.

Mas, isso é praticamente impossível, ninguém conseguiria entrar cá dentro sem que nós ou computador déssemos conta.

A menos que fosse alguém que já cá estivesse dentro. Lança o apelo às forças de segurança de choque, nunca se sabe se serão precisas.

Lançado o apelo, todos os agentes das forças de segurança de choque largam o que estavam a fazer e dirigem-se para a sala onde estavam as armas. Esta não era muito grande, para dizer a verdade não era mais larga que um corredor de um estádio de futebol. Mal iluminada, com um chão de metal, e mobilada apenas com alguns cacifos, esta sala era um pouco sinistro.

Abrindo os cacifos a correr arrancam as espingardas e as caçadeiras que estão no seu interior, ao mesmo tempo que saem disparados. Ainda não tinham saído todos da sala, quando se dá uma forte explosão nos andares acima do trigésimo primeiro andar. Toda a gente que estava nos andares inferiores sai disparada para a rua para verem o que é que se passou. Mal chegam lá fora olham para cima, vendo que uma pequena parte do trigésimo segundo, trigésimo terceiro e trigésimo quarto andares estavam destruídos. Fumo negro saía pelo espaço que antes tinha sido uma parte do arranha-céus e pelas janelas mais próximas, as quais tinham os vidros todos partidos. Não se percebia muito bem como é que aqueles andares explodiram pois naqueles andares a única coisa que existia eram algumas das salas onde estavam armazenadas as armas menos perigosas, as quais não tinham poder suficiente para fazer tais estragos.

Do meio da confusão, aparece o comandante Graves, o responsável máximo por aquele complexo e também o chefe máximo da G.U.N. Army. Este era um homem dos seus trinta anos, alto, bem constituído, com cabelos castanhos e olhos azuis. Vestia um uniforme azul pálido, onde na lapela estavam penduradas várias condecorações militares e usava um chapéu baixo com uma pequena aba virada para frente. Logo que viu o que se tinha passado, o comandante entra basicamente em pânico.

Toda a gente acalme-se, por favor! Isto não é nada, mantenham-se dentro do perímetro para que a equipa médica os possa examinar.

Virando-se para o seu secretário pessoal, ele diz:

Temos de apurar isto tudo, sabes perfeitamente que se o Presidente sabe que algo que nós tínhamos aqui guardado explodiu sem que nós pudéssemos fazer fosse o que fosse, ele corta-nos o orçamento. Trata de descobrir o que é que se passou aqui realmente e quando os jornalistas chegarem diz-lhes que o que se passou não foi mais nada do que a explosão de uma válvula de gás e que a explosão não pôde ser evitada.

Não se precisa de preocupar, comandante. Eu trato de tudo, pode ficar descansado.